Moisés, sacerdote egípcio
Autor: João Anatalino
Antigos textos sugerem que Moisés, antes de fundar a Grande Irmandade dos Filhos de Israel foi príncipe do Egito e membro da Sublime Ordem dos Irmãos de Heliópolis. Nessa Irmandade, que congregava grandes sábios e as principais personalidades do estado egípcio, ele exercia altas dignidades, quando descobriu ser realmente descendente de pais hebreus. Essa descoberta muito o perturbou, pois foi então que percebeu o erro mortal em que vivia, adorando falsos deuses e adotando costumes diferentes daqueles que seu povo praticava. Os hebreus, seus conterrâneos, adoravam um único Deus, cujo nome podia ser escrito de diferentes formas, mas a pronúncia lhes era desconhecida, razão pela qual eles o chamavam por vários nomes alternativos.[1]
Os egípcios cultuavam uma infinidade de deuses. Seu panteão de divindades reconhecia um deus para cada força da natureza ou habilidade humana, ou ainda característica de animal. Essa prática politeísta prejudicava a unidade daquele povo como nação, pois cada cidade adorava um deus em particular, o que concorria para gerar muita contenda entre elas.
O Egito, como todas as nações antigas, não distinguia a política da religião. O soberano - rei sacerdote - era uma extensão da divindade local. Cada cidade tinha a sua própria divindade. Na época de Moisés, Tebas, no Médio Egito, era a capital do país e o deus daquela cidade, Amon-Rá, tornou-se a principal divindade dos egípcios. Embora Oos santuários de Luxor e Carnac, em Tebas, dominassem a vida religiosa e política da nação, o santuário de Heliópolis, no alto Egito, o mais tradicional do país, não havia perdido a sua influência nem abdicara de sua pretensão de conduzir a vida espiritual dos egípcios. Essa disputa era motivo de constantes conflitos entre o poder político, exercido pelo faraó, e o religioso, exercido pelos sacerdotes daqueles santuários.
Nesse tempo, reinava no Egito um faraó cujo nome era Amenhotep, o quarto rei desse nome. Ele estava em guerra com os governadores das províncias egípcias, pois seu desejo era unificar o Egito sob o poder de sua coroa, eliminando a oposição que os governadores procinciais lhe faziam. Assim, na esteira da unificação política, a unificação religiosa era uma necessidade a ser provida.
Amon- Rá, o deus de Tebas, era considerado o rei dos deuses, “Aquele que não é visto, ou “O que está escondido”. Essa expressão se referia ao sol, que se punha todas as tardes e retornava todas as manhãs Acreditava-se que nessa capacidade que o sol possuía, de sumir e reaparecer de novo todos os dias, estava a explicação do grande mistério da morte e do nascimento da vida na terra. Assim, Amon-Rá era cultuado como sendo o “poder que dá a vida”, o poder oculto do sol.
Essa crença era adotada por todos os egípcios e eles a praticavam em formas de ritos e sacrifícios, os quais compunham toda a liturgia da sua religião. Daí se dizer que a religião egipcia era uma religião solar, pois tinha o astro-rei como divindade suprema.O faraó viu nessa crença, que era talvez a única de caráter nacional, a possibilidade de unificar o país[2]
A revolução de Akhenaton
Akhnaton foi o nome adotado por Amehotep, depois que ele proclamou Aton (Amon-Rá), o deus de Teba, como divindade suprema do Egito.
A revolução monoteísta de Akhenaton é um dos episódios mais marcantes da história antiga. Baseados nas recentes descobertas feitas no sítio de El Amarna, alguns estudiosos têm aventado a possibilidade de que os episódios da imigração israelita para o Egito na época de Jacó (Israel), e sua posterior volta para a Palestina, sob o comando de Moisés, serem, na verdade, memórias de acontecimentos relatados na história egípcia, relacionados com a tentativa de implantação, naquele país, de uma religião monoteísta.
Aventou-se, inclusive, a possibilidade de José (o filho de Jacó, que a Bíblia diz ter sido vendido por seus irmãos como escravo para o Egito, e que depois se tornou um poderoso vizir, graças aos seus dotes de adivinho e talentoso administrador), ser na verdade, o vizir conhecido pelo nome de Yuya, que foi ministro de dois faraós (Tutmósis IV e Amenhotep III, pai de Akhenaton). A tumba de Yuya foi encontrada em 1905 no Vale dos Reis e as inscrições ali registradas corroboram essa hipótese.[3]
A Maçonaria egípcia
Akhenaton fez de Moisés, cujo nome egípcio era Osarseph, o Sumo Sacerdote da nova religião, dando-lhe por esposa sua filha mais velha, de nome Atonith (ou Meritaten) e por dote a terra de Gósen, onde ele reinou por dez anos e exerceu muito poder sobre os negócios do reino egípcio, tendo inclusive organizado uma grande associação entre os trabalhadores das muitas pedreiras ali existentes, a maior parte deles hebreus de origem.[4]
Foi nas pedreiras de Gósen onde primeiro se adotou a prática de dividir os obreiros em graus, pois ali os trabalhadores eram agrupados em três especialidades, sendo a primeira, aqueles que retiravam as pedras das pedreiras, os segundos os que as lavravam e os terceiros aqueles que comandavam os grupos e faziam a administração.
Gósen é identificada como a antiga Avaris, capital dos hicsos, povo semita que dominou o Egito entre os séculos XVIII a XV a C. O relato dessa experiência foi feito por Maneto, historiador egípcio que viveu no terceiro século a C. Essa história é referida também por Apião, historiador romano que viveu no primeiro século da era cristã. No entanto, Maneto se refere a essa organização de pedreiros como sendo composta por hebreus e egípcios expulsos das cidades pelo fato de serem leprosos. (o que justifica o fato de Moisés se preocupar tanto com a lepra entre os hebreus e até ter prescrito muitas regras a respeito do tratamento dessa doença).
Apião diz que esses leprosos tinham sido postos a trabalhar nas pedreiras para que não contaminassem a população sadia. Lá eles teriam se organizado e escolhido como seu líder um sacerdote de Heliópolis chamado Osarseph, o qual lhes deu uma organização de sociedade exclusiva e secreta, que repudiou os deuses do Egito e adotou costumes completamente diferentes dos vigentes entre os egípcios. Esses costumes são muito semelhantes aos que Moisés prescreveu para os hebreus, razão pela qual se sugere aqui que a história de Moisés, conforme contada no Êxodo, tenha origem nesses eventos.[5]
Essa formulação foi trazida depois para a Fraternidade dos Filhos de Aton, organização fundada pelo faraó Akhenaton para disseminar a nova religião e treinar a elite que deveria governar o reino egípcio. Nessa organização os estudantes eram escolhidos no seio da sociedade pelos méritos que mostravam em seus estudos e nas atitudes da vida, (ou prática da Maat, como se chamava o viver de forma virtuosa no antigo Egito). [6]
Essa Fraternidade tinha sede no Templo de Karnac, onde os estudantes, além dos mistérios mais profundos da religião, aprendiam também os segredos da construção dos grandes edifícios, a prática da medicina e as artes da agricultura e da metalurgia, na forma como foram ensinadas ao povo egípcio pelo deus Thot, o Enviado de Aton, onze mil anos antes da unificação política do Egito, feita pelo primeiro faraó, de nome Menés, que se deu três mil antes do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo.[7]
[1] Os historiadores Maneto e Apião, que viveram no terceiro Século a C e primeiro século depois de Cristo, respectivamente, foram os primeiros autore s a publicar tais informações a respeito dessa vida desconhecida de Moisés. Quanto aos nomes de Deus, é sabido que Senhor, Adonai, Jeová, Elohin, Abba, etc. são nomes alternativos que os hebreus usavam para se referir a Ele, evitando dessa forma, pronunciar seu verdadeiro nome.
[2] Aton, na verdade, era o mesmo Deus que os egípcios cultuavam com o nome de Amon-Rá, o sol radiante. Todavia, Amon-Rá convivia com uma plêiade de outros deuses, e Akhenaton quis fazer dele o único Deus do Egito.
[3] Amemhotep IV (Akhenaton ) reinou 17 anos, de 1367 a 1350 a C. Seu governo é identificado como um dos mais agitados da historia egípcia, por causa da prosperidade econômica e pelas profundas mudanças políticas, sociais e religiosas que ocorreram no pais.
[4] Acredita-se que o culto a Aton como deidade universal tenha inspirado Moisés na instituição do monoteísmo hebraico. Nesse caso, Jeová, a divindade hebraica, seria o mesmo Aton dos egípcios. Como aos hebreus era proibida a pronúncia do nome de Deus, eles o chamavam de Adonai, uma corruptela do nome Aton.
[5] Veja-se Ahmed Osmam, Moisés e Akhenaton, Madras, São Paulo, 2002.
[6] Flávio Josefo, em sua obra “Contra Apião”, também se refere a essa experiência, porém para contradizer o escritor romano. A especulação que identifica Moisés com o sacerdote Osarshep é uma intuição nossa e não consta de nenhum registro oficial ou de qualquer informação presente em antigas obras .
[7] Organização referida por Apião, porém não nessa ordem e estrutura. Ele fala apenas em trabalhadores qualificados e sem qualificação, sendo os primeiros muito requeridos no mercado da construção civil no Egito. A analogia com a organização maçônica, disposta em graus, é uma inspiração nossa, baseada bo romance de MIka Waltari, Sinoue, o Egipcio.
[8]Referências a essa “organização” são feitas em documentos escavados em El Amarna e na vasta literatura religiosa gravada nas tumbas dos faraós e sacerdotes. Há também referências à essa organização no papiro de“Sinouê, o Egípcio”.
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DO LIVRO "MISTÉRIOS DA ARTE REAL- NO PRELO
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 17/01/2012
Código do texto: T3446317
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