sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O segredo do Tabernáculo


Autor: João Anatalino

Todo iniciado na tradição maçônica sabe que o Templo de Jerusalém foi erigido segundo instruções místicas, que visavam reproduzir nesse edifício o próprio desenho do Cosmo, e que, segundo acreditavam os israelitas, era a “morada de Deus ”. [1]

Essa visão se justifica plenamente, pois na construção de um edifício, quanto mais sofisticado ele for, mais encontraremos noções de ciência aplicada. Nele se aplicam conhecimentos de física, química, geologia, sociologia, matemática, astronomia e muitas outras disciplinas, necessárias á perfeita construção e adequação do logradouro às necessidades que ele visa atender. É o que dizia Fulcanelli, por exemplo, quando se referia á catedral gótica, que no seu entender, era um verdadeiro santuário de tradição e aplicação das ciências físicas e sociais. [2]

A Cabala chama de Sod aos enigmas que estão ligados ao desenho estrutural do universo, os quais foram reproduzidos na planta do primeiro Templo de Jerusalém. Por isso ele era originalmente chamado de Santuário da Solidão, pois ali reinava o Ùnico, o Santo dos Santos, que não tinha par entre todas as potestades do universo.

Como se sabe, o Templo de Jerusalém foi desenhado a partir das instruções que Deus deu a Moisés para a construção do Tabernáculo. Todos os utensílios, os adereços, as vestes dos sacerdotes e as próprias medidas do Templo tinham uma função específica e um significado arcano de grande importância.

O Tabernáculo tinha três divisões representando o céu (o altar onde ficava o Santo dos Santos), o mar (onde ficava o Lavatório, a grande bacia de bronze) e a terra (o Átrio, onde ficava o povo e altar do holocausto). Os quatro tipos de tecido usados na confecção do Tabernáculo simbolizavam os quatro elementos; a sobrepeliz do Sacerdote Supremo (Cohen gadol) com suas variações cromáticas era a imagem do universo nascente, que em sua origem apresentava uma profusão fantástica de cores.[3] As campainhas significavam a harmonia do som, já que esse é um dos elementos com os quais Deus constrói o universo; as doze pedras preciosas no peitoral do sacerdote e os doze pães da preposição simbolizavam, no plano cósmico, os doze signos do zodíaco e no sociológico as doze tribos de Israel, maquete da Humanidade Autêntica. As duas esmeraldas nas ombreiras do sacerdote eram o sol e a lua. Na mitra do sacer-dote as quatro letras do Nome de Deus (IHVH), diziam que todo o universo era construído a partir das letras do Nome Sagrado. O candelabro de sete braços (menorah) significava os sete planetas conhecidos na época. A mesa arrumada na direção norte, com os pães da preposição e o sal, todos arranjados na forma de uma mandala mágica, homenageavam a chuva e o vento, forças necessárias á produção da terra. A grande bacia de bronze que os sacerdotes usavam para lavar os pés e as mãos simbolizavam a limpeza de caráter que o homem devia mostrar frente á divindade.

Assim, na simbologia do Templo de Jerusalém e de seus utensílios estava descrita toda a estrutura de constituição física do universo e, além disso, um vigoroso código de moral para guiar os seus construtores. Essa também seria a formulação simbólica que viria a inspirar, na Idade Média, os maçons operativos na mística da sua arte. Por isso é que eles mostravam, na execução do trabalho puramente operativo, o desvelo próprio de um artista que sente estar copiando a própria obra de Deus; e na alma que assim se consagra a esse trabalho havia um sentimento de ascese que transcendia o plano físico para levá-lo ao arrebatamento próprio daqueles que se dedicam á uma prática de natureza sagrada. Estava, assim, nascida a mística operativa que deu origem á Maçonaria.[4]

O templo e o homem

Por outro lado, são muitas as tradições que sustentam ser o organis-mo humano, integrado á sua parte espiritual, um desenho do próprio universo, do qual reflete sua formulação mecânica e suas leis de formação e desenvolvimento. Essa analogia entre o homem e o universo se revela no postulado, tão caro aos hermetistas e já bem aceito por cientistas de renome, de que no microcosmo (o homem) se repetem as mesmas leis que formatam o macrocosmo (o universo).[5]Se tudo isso é verdade provada ou mera especulação, só Deus poderia dizer. Nós só podemos deduzir e acreditar ou não. Mas há algumas coisas que não podem ser ignoradas. Uma delas é o que diz a teoria da evolução. Segundo essa teoria, todas as espécies vivas são "fabricadas" pela natureza com um "programa" específico que as submete a um processo evolutivo inexorável. Esse “programa” é necessário tendo em vista as constantes mudanças ambientais a que o universo está sujeito. A espécie que não consegue adaptar-se a essas mudanças acaba sendo substituída por outras mais competentes.

Essa é uma lei existente na natureza, chamada pelos antropólogos, de lei dos revezamentos. [6] Ela existe para promover uma necessária evolução nas espécies por ela produzidas por meio do aperfeiçoamento das suas habilidades e capacidades. Não se aplica somente ás espécies vivas, mas á toda a realidade universal, inclusive aos elementos químicos e a matéria bruta em geral. Pois todos os elementos químicos também são obtidos por interação de seus componentes, da mesma forma que os organismos moleculares. Quer dizer, repetem-se na matéria bruta os mesmos processos que formatam a matéria orgânica e tanto uma quanto a outra estão sujeitas ás mesmas leis de nascimento, formação, desenvolvimento e desaparecimento, o qual se dá pelo fenômeno da transformação seletiva.

Por isso, a teoria da evolução encontra mais paralelos na doutrina da Cabala do que nas outras tradições religiosas. Aqui ela é figurada através de um desenho mágico ─ filosófico, chamado Árvore Sefirótica, ou Árvore da Vida, esquema místico que representa as manifestações da Vontade Criadora no mundo das realidades sensíveis. Nesse desenho, cada sefirá (que aqui é visto como um campo de energia atuante) é uma fase de construção do universo e reflete um processo de evolução perene, constante e ordenado, que serve tanto para explicar o processo de construção das realidades do mundo material, quanto as realidades do mundo espiritual.

A Árvore da Vida mostra o mundo (e o homem) sendo construído como se ele fosse um lago que transborda e vaza para outro lago, até formar o grande mar universal, onde todas as formas de existência, físicas e espirituais, podem ser encontradas. Essa visão não deve ser considerada uma alucinação mística nem apenas uma especulação metafísica. Sabemos que quando dois elementos químicos se juntam eles formam um composto. Conservam suas características particulares, mas também formam um terceiro elemento com diferentes propriedades. O composto, que é o filho nascido dessa união, possui as propriedades dos elementos que o formaram e agrega aquelas que são desenvolvidas por ele próprio. Nessa fórmula está o segredo da teoria da evolução. Dois átomos de hidrogênio combinados com um de oxigênio formam uma molécula de água. A água é um composto, "filho de H²0," que tem H (hidrogênio) e O (oxigênio) na sua composição, mas também tem outras propriedades que seus "pais", individualmente, não possuem. Ela tem a propriedade de incubar a vida. A água é necessária à vida. É o leito onde ela nasce. É nesse sentido que Teilhard de Chardin vê o homem como sendo um “complexo-consciência”, ou seja, um composto feito por elementos orgânicos, obtidos por sínteses naturais (seleção natural) e elementos psíquicos, produzidos por sínteses mentais cada vez mais elaboradas, que resultam em um espírito individual, e estes, em um ser pluralístico, que no final comporão um ser espiritual coletivo que ele chama de Ponto Ômega.[7]
Assim também acontece com o restante do universo. Cada fase da evolução é uma combinação de elementos. Cada nova fase desenvolve suas próprias particularidades, que são as propriedades com as quais ela contribui para o desenvolvimento do universo como um todo. Por isso cada fase constitui um passo a mais no processo de evolução porque o composto que nasce da união dos elementos é sempre um resultado mais complexo dos que os elementos que o formam. Nada se perde do que já foi conquistado, apenas se transforma em algo novo, com diferentes propriedades, sempre em um estágio mais avançado de evolução. 

Por isso o novo é sempre maior que a soma das suas partes. Novas propriedades são adicionadas ao universo a partir de cada interação praticada por seus elementos. E assim ele se supera em cada momento da sua constituição.

Por isso a Maçonaria adotou o Templo de Salomão como simbolismo máximo da sua arte. É que nesse edifício, construído a partir das instruções dadas por Deus para a construção do Tabernáculo, podem ser lidos o planos do Criador para o desenvolvimento estrutural do universo e do próprio ser humano. Nesse simbolismo está o grande segredo desse estranho e místico aparato da religião judaica, onde Deus, na sua glória, iria se manifestar ao mundo.


[1] Alex Horne- O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica. São Paulo. Ed. Pensamento, 1998.
[2] Fulcanelli. O Mistério das Catedrais. Lisboa, Ed. Esfinge, 1964.
[3] Ver, nesse sentido, a imagem apresentada por Stephen Hawking sobre a coloração inicial do universo saído do Big-Bang. O Universo em Uma Casca de Nóz- citado. Sobre esse assunto ver ainda a concepção de Gershon Scholem sobre a experiência mística, onde ele diz que “quase todos os místicos do nosso conhecimento retratam essas estruturas como configurações de luzes e cores”. Não seria essa uma indicação de que o nosso inconsciente tem, de fato, uma ligação mística com o início de todas as coisas?
[4] Alusão á crença dos antigos maçons que construíam os templos religiosos na Idade Média, de que eles eram os “operários do Bom Deus”, pois estavam construindo na terra as moradas da divindade. Por isso o caráter sacro da sua arte. Na Imagem, reconstituição do Templo de Jerusalém: Fonte: Alex Horne: O Templo de Salomão na Tradição Maçônica.
[5] Em linguagem hermética, “o que está em cima é como o que está em baixo.”.
[6] Lei dos revezamentos, em antropologia, é a lei segundo a qual os organismos que não desenvolvem uma estrutura capaz de sobreviver em ambientes desfavoráveis e diferentes daqueles nos quais vivem, fatalmente serão substituídos por outros mais competentes. Com isso a natureza mantém o processo da vida sempre ativo e com claro sentido evolutivo. Ver, nesse sentido, Teilhard de Chardin - O Fenômeno Humano, citado.
[7] Teilhard de Chardin- O Fenômeno Humano, Ed. Cultrix, 1990.
João Anatalino


O TEMPLO E A ÁRVORE


Autor: João Anatalino

Originariamente, nos templos maçônicos mais antigos, o altar do 2º Vigilante ficava no lado ocidental da Coluna do Sul, paralelo ao trono do 1º Vigilante, assim como ainda é encontrado em alguns graus superiores desse rito. Acredita-se que o deslocamento do altar do 2º Vigilante para a direita, na Coluna do Sul, como se observa na ritualística atual, tenha ocorrido para compatibilizar a planta do Templo onde se pratica o Rito Escocês com a dos templos ingleses, praticantes do Rito de York. Ocorreu, pois, como iniciativa destinada a unificar os dois principais ritos maçônicos, dando á Maçonaria uma característica de prática mundial.

Mas se tomarmos o formato original do Templo onde se pratica o REAA, formatos esses que foram conservados nas Lojas de Perfeição e Capitulares, é possível ver que a planta do Templo maçônico mantém uma formidável semelhança com a disposição das sefirot, como se vê na Árvore da Vida.
Nota-se, de início, que o Átrio, onde os neófitos aguardam para serem iniciados e onde os Irmãos são reunidos para a entrada no Templo é justamente a antecâmara onde se inicia a prática maçônica. Ali está o ponto intermediário, que separa o profano do sagrado, cuja porta é guardada pelo Irmão Cobridor. Ultrapassada aquela porta, o Irmão entra no território sagrado da manifestação divina, que na Cabala é simbolizada pela Árvore da Vida e na Maçonaria pelo recinto do Templo. Dali para frente toda uma ritualística terá que ser seguida para que o fluxo da energia que ali circula não seja obstruído. Por isso os detalhes de um ritual que muitas vezes escapa á compreensão dos Irmãos.
Essa é a razão de pensamos ser a planta do Templo maçônico uma inspiração da Árvore da Vida, embora nos Templos modernos uma boa parte dessa mística tenha sido obscurecida por força de adaptações e mudanças feitas nos rituais.

  

                                         

                 Atrio                                                         Arvore da Vida
   
Disposição atual dos oficiais da Loja
na planta do Tempo maçônico. 

VM- Venerável Mestre ( Kether)
Or. – Orador ( Hockmah) 
Sec- Secretário ( Binah) 
Ll- O livro da lei ) Daath) 
Tes- Tesoureiro (Gevurah) 
MC-Mestre de Cerimônias (Thiphered)
Ch- Chanceler (Hesed) 
PV- Primeiro Vigilante ( Hod) 
SV- Segundo Vigilante (Netzach) 
Mh- Mestre de Harmonia (Yesod) 
Ci -Cobridor Interno (Malkuth) 
Pn- Painel da Loja
Sd- Segundo Diácono

As sefirot na Árvore da Vida 

Kether-Coroa ou Princípio 
Hockmah- Sabedoria 
Binah- Compreensão 
Daath- Conhecimento
Gevurah- Julgamento 
HesedMisericórdia Thiphered-Beleza
Netzach- Eternidade
Hod- Esplendor
Yesod- Fundação
Malkuth-Reino


A Loja Maçônica

Sabemos que na tradição arcana, o termo Loja (em sânscrito Loka) designa as diferentes partes do universo onde a vida se manifesta. Essa é uma das informações que situa o conceito de Loja maçônica no mesmo sistema de referências que temos da Árvore da Vida na doutrina da Cabala. As duas estruturas referem-se ás diferentes emanações que a energia cósmica deve manifestar, em dez etapas de elaboração, para que o universo físico e a humanidade possam cumprir o seu destino cármico.[1]

Destarte, na terminologia maçônica, a terra seria uma Loka, assim como outras partes do Cosmo onde o Criador, supostamente, possa ter semeado alguma forma de vida. Nesse sentido, em termos puramente analógicos, o pensamento humano, reunido em Loja e dirigido para uma finalidade definida, poderia influenciar na conformação do universo como um todo. Num sentido místico, essa seria a função da Maçonaria enquanto obra de construção universal. 

Nasce daí a ideia de que a reunião dos Irmãos em Loja tem o condão de formar uma egrégora, ou seja, uma central de energia, da qual se beneficiam os membros da Loja para a elevação dos seus espíritos, e para proporcionar o equilíbrio do universo, que dela extrai a harmonia necessária ao seu perfeito desenvolvimento. [2]

Essa seria uma visão espiritualista dos propósitos da Maçonaria como estrutura arquetípica da arquitetura cósmica, onde os maçons são vistos como “pedreiros da construção universal” realizando a obra que o seu Grande Arquiteto planejou e executa. Por isso o Templo maçônico, onde se reúne a Loja dos maçons, é visto como sendo um microcosmo que reflete o macrocosmo, ou seja, uma representação simbólica do universo, onde a vida cumpre os seus ciclos energéticos, realizando sempre uma evolução no sentido da busca da perfeição suprema.[3]

Kav, o relâmpago brilhante

Quando comparamos a planta de um Templo maçônico e um diagrama da Árvore da Vida, não podemos nos furtar de fazer algumas analogias, tanto visuais como conceituais, pois, para o propósito para o qual as duas plantas foram desenhadas as relações são bastante visíveis. 

De pronto se vê que ambas são construídas utilizando-se planos geométricos bem semelhantes. Os pontos de emanação da energia, nos dois conjuntos, formam triângulos que se opõem pelo vértice, permitindo que a corrente de energia percorra os pontos de convergência e distribuição que se situam nos locais onde se colocam as sefirot, na Árvore da Vida, ou pelos pontos onde se distribuem os altares dos oficiais, em uma Loja maçônica. A correspondência é notável, conquanto do ponto de vista geográfico, os altares de alguns oficiais da Loja tenham sido deslocados para outros locais dentro do Templo o que acreditamos tenha ocorrido pela necessidade de facilitar a locomoção interna, ou como já referido, para unificar conceitos entre os diversos ritos. Mas essa disposição, adotada apenas por questões pragmáticas e geográficas, não invalida a analogia aqui proposta, de que o desenho da Árvore da Vida e a planta do Templo maçônico são correspondências simbólicas da mesma ideia.

Essa constatação pode ser feita através da análise dos significados de cada sefirá na Árvore da Vida e do simbolismo atribuído a cada cargo dentro da Loja e da própria mística que se atribui á um e outro desenho. 

Na Cabala, a Árvore da Vida retrata a formação do universo físico e espiritual, através da emanação da Luz que vem dos Véus da Existência Negativa[4]. Neles, Deus se manifesta como Luz Ilimitada e percorre as esferas da Árvore da Vida na forma de um Relâmpago Brilhante. É como um raio que esse relâmpago desce da primeira e primordial esfera (Kether), verticalmente, acendendo a segunda (Hokmah) e esta acendendo a terceira (Binah). E assim sucessivamente, até á ultima, de nome Malkuth. É a superior transmitindo a luz para a inferior, sem que cada uma perca a própria luminosidade, que continua intacta. Na Loja maçônica esse simbolismo é representado pela Espada Flamígera, a qual, como pode ver no desenho abaixo, guarda uma estreita semelhança com o Relâmpago Brilhante da Árvore da Vida.[5] E dessa forma o universo cabalístico se compõe como uma emanação do Principio Criador que se derrama pelo nada cósmico, gerando a realidade universal. É nesse sentido que a chamada Espada Flamígera, instrumento com o qual o Venerável Mestre consagra todas as iniciações e investiduras em Loja, pode ser considerado um simbólico sucedâneo desse “relâmpago” vital.



Da mesma forma, o universo maçônico se realiza na Loja. Tanto em relação ao universo físico quanto ao espiritual. E o que é verdade para a totalidade cósmica também o é para o mundo individual do iniciado, que na interação com seus Irmãos e no influxo da energia gerada pela egrégora, lapida o seu próprio caráter. Do céu para a terra, da terra de volta para o céu. O macrocosmo refletindo no microcosmo e deste voltando, como reflexo trabalhado pela consciência modificada do Irmão, para a imensidade cósmica. É assim que se compõe o edifício universal, como tal visto pela mística que a atividade maçônica inspira ao espírito do iniciado maçom. Aqui está inserta a antiga tradição egípcia simbolizada pelo culto á deusa Maat, cuja prática visava o mesmo resultado, ou seja, levar para o céu o fluxo dos pensamentos humanos e projetar de volta o reflexo da resposta dos deuses no coração dos homens, como resultado dessa relação simbiótica entre o divino e o profano.

Destarte, essa é a ideia que fundamenta a teoria da egrégora, que por definição é uma congregação de mentes, reunidas com a finalidade de captar a energia necessária, capaz de influenciar a psique dos Irmãos e dirigi-los em seus trabalhos. Daí se dizer que a função da egrégora maçônica é colocar “ordem no caos” (ordo ab chaos), como tal entendida a realização da harmonia, a conquista da paz social e a promoção do progresso da civilização, como objetivo coletivo, e o equilíbrio psíquico e a própria felicidade pessoal do Irmão, como objetivo individual.

[1] Ver, a esse respeito a nossa obra"O Tesouro Arcano”, publicado pela Editora Madras, São Paulo, 2013.
[2] Idem. Ver a nossa introdução a esse tema, publicada na obra acima referida.
[3] Ver a esse respeito René Guénon- Discursos Sobre a Iniciação- Ed. Pensamento, São Paulo, 1968.
[4] Os Véus da Existência Negativa são Ayn, Ayn Soph e Ayn Soph Aur. Ver a esse respeito, o capítulo VII desta obra.
[5] Note-se que a Espada Flamígera também apresenta onze meias esferas, numa estreita semelhança com a disposição das esferas da Árvore da Vida.
João Anatalino

A CABALA E O GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO

Autor: João Anatalino

“No princípio Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam as faces do abismo; E o Espírito de Deus movia-se sobre as águas.” Gênesis, 1; 2,3.


Como era uma “Existência Negativa”,
Que estava só num espaço atemporal;
Ele tornou-se a “Existência Positiva”,
Que agasalha em Si o Todo universal. 

Quem sabe esse Big- Bang dos ateus,
Que um cientista vê no seu telescópio,
Não é o justo momento em que Deus,
Está fazendo um parto em Si próprio?
.
A visão é bem estranha, eu reconheço;
Mas a imagem transmite boa filosofia
E fica mais fácil a ideia de um começo.

Este tema merece um pensar profundo:
Se antes do universo já um Deus havia
O que Ele era antes de ser este mundo?

O Big-Bang

Em um de seus mais interessantes trabalhos, o físico Stephen Hawking situa o início do tempo no momento de nascimento do universo conhecido, momento esse chamado de Big-Bang.[1] Assim, o tempo, para os cientistas, começou junto com o espaço e por isso o universo sempre é representado por duas linhas que começam em um ponto zero e se alongam na mesma proporção, em setas orientadas em duas dimensões: a dimensão do tempo, que nos faz pensar na eternidade e a dimensão do espaço, que nos faz pensar na infinidade.


Quando se começa a especular sobre esse tema, surge a intrigante pergunta: Se foi Deus quem fez o universo, o que Ele era e o que fazia antes de começar a fazê-lo? Ele já existia antes disso? Ou Ele “nasceu” junto com o universo? 

“Há cerca de 15 bilhões de anos”, escreve Hawking " todas (as galáxias) teriam estado umas sobre as outras, e a densidade teria sido enorme. Esse estado foi denominado átomo primordial pelo sacerdote católico Georges Lemaiter, o primeiro a investigar a origem do universo que agora chamamos de Big-Bang.” A partir desse momento, segundo essa tese, o universo, que estava contido nessa região extremamente carregada de energia, tornou-se uma imensa bolha de gás que nunca mais deixou de se expandir.[2]

A Bíblia, ao registrar esse fato não é menos metafórica e misteriosa do que os compêndios científicos que procuram explicar como o universo nasceu. Ela fala que “no início Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia e as trevas cobriam a face do abismo.” E então, do meio ás trevas Deus fez sair a luz. E Deus viu que a luz era boa e por isso a separou das trevas.[3]

O texto bíblico parece sugerir que Deus já existia antes de começar a fazer o universo. Assim, Ele não pode ser o universo, como sustentam os adeptos do panteísmo, que identificam Deus com a sua própria criação, como se esta fosse algo capaz de existir por si própria.[4]

A Bíblia fala de Deus como o “Espírito que movia-se sobre as águas.” Expressão enigmática que nunca pode ser explicada a contento dentro da lógica comum, já que, se o mundo ainda era pura trevas e a terra era informe e vazia, que “águas” eram essas sobre as quais o Espírito de Deus se movia? Pois, ao que parece elas já existiam antes de Deus separar a luz das trevas. Não obstante, a Bíblia nos dá uma identificação e uma ideia do que era Deus antes de começar o mundo: Ele era “Espírito”, seja qual for o significado que o cronista bíblico quisesse dar á essa expressão. Mas não responde á segunda pergunta: O que Ele fazia antes de começar o mundo?

“Existência negativa” e “Existência positiva”


Essas especulações se tornaram tão intrigantes que os próprios rabinos, comentadores da Bíblia, tiveram que quebrar a cabeça para responder á multiplicidade de perguntas que surgiram a esse respeito. Foi então que nasceu, entre esses mestres, a chamada Grande Assembleia Sagrada, que se refere a um grupo de rabinos que se dedicaram ao estudo da personalidade do Ser Supremo, sua natureza e seus atributos. Das especulações produzidas por esse grupo surgiu o Sefer Ietzirá, livro que contém os comentários rabínicos a respeito da formação do mundo através das manifestações divinas. [5]

Para responder á intrigante pergunta de quem era Deus e o que fazia antes de começar a fazer o universo físico, eles desenvolveram os conceitos de “Existência Negativa” e “Existência Positiva”. 
Assim, “Existência Negativa” e “Existência Positiva” são termos utilizados pelos cultores da Cabala mística para designar Deus “antes” e “depois” de fazer o mundo. Nesse sistema, a essência de Deus (Ayn em hebraico), é visto como uma forma de "energia" latente, que em dado momento manifestou-se como realidade positiva (Ayn Sof, o Infinito); e a partir dessa manifestação transformou-se em pura Luz, (Ayn Sof Aur), que significa Luz Ilimitada. Essa luz concentrou-se em um ponto luminoso, dando origem ao universo material, representado pela sefirá Kether. E daí espalhou-se pelo nada cósmico, em uma grande explosão de Luz (O Big-Bang).

Essa visão mística do nascimento do universo também foi registrada no Zhoar com a misteriosa frase “antes que o equilíbrio se consolidasse, o semblante não tinha semblante”[6]

Aqui está inserta a estranha idéia de que antes de fazer o mundo, ou seja, antes de Deus manifestar-se como existência no mundo das realidades sensíveis, Ele existia como potência, que embora não manifesta, já continha todos os atributos do universo manifestado. Ele era uma “Existência Negativa”, na qual a mente humana não pode penetrar justamente porque ela só pode conceber um plano de Existência Positiva, onde as ações podem ser identificadas e suas causas recenseadas. Ele era incognoscível, informe, inatingível, impossível sequer de ser imaginado. Ele era, no dizer do mestre Halevi, o universo absoluto antes de manifestar-se como universo relativo. Ou nos seus próprios dizeres: “A existência negativa é a zona intermediária entre a cabeça de Deus e a sua criação. É a pausa antes da música, o silêncio entre cada nota, a tela em branco antes de cada quadro e o espaço vazio pronto para ser preenchido. Sem essa não-existência nada pode ter sua essência. É o vazio, mas sem ele e seu potencial o universo relativo não poderia se manifestar.”[7]

Mas como podemos capturar uma realidade que está além da nossa capacidade de mentalização? Sabemos que ela existe porque suas manifestações emanam para o plano da realidade sensível e é causa de fenômenos observáveis e mensuráveis. Quem sabe o que é um elétron, por exemplo? Sabemos como ele se manifesta, como atua e até já aprendemos a usá-lo para as nossas finalidades, mas o que ele é nenhum cientista, ou filósofo, até agora, ousou definir. É nesse sentido que os cientistas falam do elétron como sendo a “torção do nada negativamente carregado”, expressão enigmática que sugere a existência de uma forma de energia que está além de toda realidade manifesta, mas que, no entanto, emite sinais detectáveis de sua existência pelos efeitos que projeta sobre a realidade observável.[8]

“Antes que o equilíbrio se manifestasse, o semblante não tinha semblante” é uma forma metafórica de explicar aquilo que a nossa linguagem não consegue articular num discurso lógico. Ou seja, que o universo já existia mesmo antes de ele ser manifestado, e que ele já estava perfeitamente planejado na Mente do seu Criador antes de ele se manifestar. Ele apenas não tinha forma e leis que regulavam seu desenvolvimento.

A Cabala diz que quando Deus se manifestou como Existência Positiva (a sefirá Kether, ou a Singularidade do Big-Bang), o universo, que estava na sua Divina Mente, passou a existir, mas ainda não tinha uma forma. Pois como diz a Bíblia, “a terra (ou seja, o mundo) era informe e vazia”. E como dizem os cientistas, quando o universo saiu do Big-Bang, tudo era um caos. O Caos Primordial, dos filósofos gnósticos. Um todo informe. Para por ordem nesse caos, Deus criou as leis naturais. Uma lei para regular a expansão da matéria no vazio cósmico, que é a relatividade, e outra lei para organizá-la em sistemas, que é a gravidade. Assim a Cabala recorre á metáfora, ou ao símbolo, para dizer que Deus já existia antes de o universo ser “feito”. E que o universo também já existia antes de ser “organizado”. 
Ou como diz Rosenroth “o universo inteiro é a vestimenta da Divindade: Ele não apenas contém tudo, mas também Ele mesmo é tudo e existe em tudo.” Essa é outra maneira de dizer que Deus, em sua Existência Negativa, é o “Espírito que se move sobre as águas” e na sua “Existência Positiva”, ele é o próprio universo embora com ele não se confunda essencialmente.[9]

O Grande Arquiteto do Universo

Não é sem razão, pois, que a estrutura simbólica da Maçonaria tivesse sido desenvolvida em cima da tradição da arquitetura e que um de seus mais significativos símbolos seja a construção e a reconstrução do primeiro Templo de Jerusalém, o chamado Templo de Salomão. É que esse edifício, inspirado e orientado em sua construção pelo Grande Arquiteto do Universo, segundo a Bíblia, é o arquétipo fundamental que reflete a estrutura do próprio Cosmo. É um edifício que simboliza não só os planos de Deus para a arquitetura cósmica, como também a construção, a destruição e a reconstrução, ao longo do tempo, da própria humanidade, suscetível, em sua marcha evolutiva, á uma série de ascensões e quedas. Isso, pelo menos é o que quis nos fazer acreditar o Dr. Anderson em suas Constituições, no que foi seguido por uma plêiade de escritores maçons de orientação esotérica.[10]

A alegoria que mostra Deus como Grande Arquiteto e anjos e homens como seus mestres e pedreiros é uma clara inspiração cabalista, mas também foi utilizada por outros pensadores. São Tomás de Aquino, por exemplo, usou a simbologia dos “anjos construtores” do universo para ilustrar seus pensamentos. Em sua obra mais conhecida, “A Cidade de Deus”, ele se refere a Deus como a “primeira causa do universo, aos anjos como a causa secundária visível e aos homens a sua causa final”. Todos trabalhando, em suas relativas esferas de ação, para construir o edifício universal. Como bem assinala Halevi, foi Tomás de Aquino que trouxe para o universo da lógica aristotélica, na qual toda a teologia da Igreja medieval se fundamentava, a ideia de havia uma influência angélica no mundo das plantas, dos animais e dos homens, através de um fluxo intermitente de emanações. “Desse conceito cabalístico”, diz o citado autor”, “vieram as nove ordens de hierarquia da Igreja. Até os construtores das grandes catedrais foram influenciados. Erigidas por pedreiros que se baseavam no Templo de Salomão, o lado oeste de cada igreja possuia duas torres representando as colunas gêmeas de cada lado do véu do Templo”.[11]

Eis aí, portanto, a Cabala ditando sabedoria a um doutor da Igreja e servindo de inspiração aos maçons medievais, de quem a Maçonaria moderna emprestou a forma e a estrutura da sua Organização. 

Assim, em analogia á visão cabalística do nascimento e desenvolvimento do universo, poderíamos dizer que o Big-Bang dos cientistas equivale ao momento em que Deus “separou a luz das trevas”, ou seja, o momento em que o Grande Arquiteto do Universo iniciou a construção do mundo físico, na tradição maçônica. As fases posteriores dessa construção se desenvolvem segundo um plano de evolução, que na Cabala é retratado na Árvore da Vida e na ciência moderna nas diversas tentativas dos cientistas de integrar em uma teoria as descobertas já realizadas nos campos da física, da astronomia, da química e da biologia, e assim, construir, como diz Hawking, uma teoria do tudo.[12]
Essa visão está na base da formidável especulação que a inteligência dos sábios rabinos de Israel concebeu e que a sensibilidade mística dos espíritos que não se contentam em viver no estreito território que a línguagem lógica nos obriga a permanecer, adotou. Entre estes estão os maçons espiritualistas, que vêem na sua Arte muito mais do uma mera prática social derivada de uma tradição que incorpora ideais estéticos, filosóficos, sociais e especulações metafísicas.

O conceito de Deus como sendo um arquiteto tem sido empregado em muitos sistemas de pensamento e o Cristianismo místico o tem adotado em várias de suas manifestações. Ilustrações da Divindade como o Grande Arquiteto do Universo podem ser encontradas nas nossas Bíblias desde os primeiros séculos da Idade Média e tem sido regularmente empregadas pelos doutrinadores cristãos de todas as tendências.

Na Cabala, como já foi dito, os planos de construção do universo e o seu resultado são demonstrados nos chamados Quatro Mundos da Criação e no desenho mágico-filosófico da Árvore da Vida, ou Árvore Sefirótica, símbolo de extraordinário conteúdo esotérico, que se presta às mais diversas analogias e ilações, unindo a mística das antigas religiões do Oriente com as modernas descobertas da física atômica.[13] E que, por uma estranha coincidência, é reproduzida na planta do Templo maçônico.

[1] Stephen Hawking- Uma Breve História do Tempo- Círculo do Livro, 1988.
[2] Stephen Hawking- O Universo Em Uma Casca De Noz, cítado, pg. 22.
[3] Gênesis, 1: 3.
[4] O panteísmo é a crença de que Deus é a própria natureza e não se distingue dela como entidade. Nesse sentido, Deus (theos) é o “tudo”(pan), e só existe como um princípio, uma energia, que dá geração a tudo que existe, mas não tem existência independente da sua própria criação.
[5]Esse livro descreve com larga profusão de detalhes, inclusive astrológicos e cosmológicos, como Deus construiu o cosmo a partir das vinte e duas letras do alfabeto hebraico e depois os distribuiu pelas dez esferas da Árvore da Vida. E dentro do grande Cosmo, o macro, como nasceu o homem, o micro. A Cabala e Seu Simbolismo, citado, pg. 202.
[6] Idem, pg. 65 
[7] Shimon Halevi- A Árvore da Vida-Cabala, citado, pg. 25.
[8] Essa definição foi dada pelos cientistas Léon Brillouin e Robert Andrews Mullikan. Ver, a esse respeito Pawels e Bergier- O Despertar dos Mágicos, Ed. Bertrand Russel, 26º Ed. pg. 204. Foi essa intuição que também levou Thomas Alva Edison a produzir a primeira lâmpada elétrica em 1879. Edison, que era maçom, interessava-se por astrologia e acreditava que um fenômeno luminoso estava na origem do cosmo, e que a “faísca elétrica”, produtora de luz, quando pudesse ser capturada e usada como energia iria mudar o mundo. Daí a sua obstinação em produzi-la. Ver, a esse respeito, David Ovason, A Cidade Secreta da Maçonaria, Ed. Planeta, 2007.
[9] A Kabbalah Revelada, op. citado, pg. 63.
[10] Cf. Alex Horne- O Templo de Salomão na Tradição Maçônica- Ed, Pensamento, 1972.
[11] A Árvore da Vida-Cabala, op citado, pg. 17.
[12] O Universo Numa Casca de Nóz- citado.
[13] Na Imagem, Deus, o Grande Arquiteto, traça os planos do Universo. Gravura de Willian Blake- O Ancião dos Dias. Galeria de Arte Huntington- Inglaterra. Fonte: Jung e o Tarô, Sallie Nichols.

João Anatalino

quinta-feira, 18 de agosto de 2016


OS GRAUS DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

(SINTESE)
Revista de Textos Bibliot3ca - Tradução de José Filardo

Graus Gnósticos

Grau de Aprendiz Maçom
É dedicado ao desenvolvimento dos princípios fundamentais da Sociedade e ao aprendizado de suas leis e costumes resumido em três palavras: Deus, caridade, fraternidade. Entrar na vida, iniciação. Morrer na vida profana e trabalhar sobre si mesmo. O caminho da sabedoria é uma árvore onde se chega ao topo depois de ter derrotado seus próprios defeitos. 
Grau de Companheiro Maçom
E ‘dedicado ao direcionamento da vida para o melhor possível no trabalho, ciência, virtude. E ‘a chamada para o estudo das artes liberais sobre o plano material e intelectual. Os materiais para a construção do Templo, do qual o Companheiro é tanto a pedra quanto o trabalhador, não são ainda suficientemente polidos.

Grau 3: Mestre Maçom
É dedicado àquela honra inevitável que não transige de fato o próprio dever. Aquele que sacrifica a própria vida para o bem dos outros. A lenda de Hiram. O companheiro caído nas paixões humanas, deve recuperar a sua pureza e iluminação.

Câmaras de Perfeição

Grau 4: Mestre Secreto
Guardião e elo de ligação tem como objetivo desenvolver a virtude do silêncio e se acostumar com a preservação do segredo. Hiram morreu, mas aqui continua a acácia. Devemos continuar a sua obra em segredo, perseguindo seus assassinos. Busca o conhecimento através do estudo da Bíblia, o silêncio e a meditação, já que a maioria das coisas que a nossa imaginação pode conceber estão na terra e sob do céu. O segredo, a lealdade e a obediência são necessários para consolidar a liberdade.
Grau 5: Mestre Perfeito
O conhecimento da inteligência humana tem dois aspectos relacionados: material e espiritual. A qualquer indivíduo deve-se revelar apenas o que ele é capaz de compreender. Hiram revive em cada um de nós e, através dele, compreendemos a nobreza do homem. Um verdadeiro conhecimento é aquele de nós mesmos. A Sabedoria Antiga dizia: “Conhece a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.”
Grau 6: Secretário Íntimo

Tem o escopo de estimular a curiosidade e a inteligência visando a harmonia universal. Durante a construção do Templo, Johaben espionou o rei de Tiro, para proteger o rei Salomão, que, no entanto negou. Pode-se fazer o malo, desejando o bem. O zelo é permitido somente às pessoas sábias.
Grau 7: Preboste e Juiz
O respeito à lei aceita pelas pessoas deve tornar-se uma segunda natureza. José, filho de Jacó, era um ministro sábio do Faraó do Egito: Sua História ensina-nos que governar é conhecer e prever. O conhecimento das leis naturais completa o conhecimento de nós mesmos e nos ajudará a servir a humanidade. Não podemos controlar a natureza, devemos obedecer às suas leis.

Grau 8: Intendente dos Edifícios
A civilização humana assenta-se sobre duas bases: propriedades e de trabalho. A propriedade não existe a não ser como direito aos frutos do próprio trabalho. Os edifícios construídos pelos sucessores de Hiram devem ser conservados e decorados. Não podemos perder esta tradição nem distorcer o significado.

Grau 9: Cavaleiro Eleito dos Nove
Tem a função de cumprir ordens e sentenças com o objetivo de desenvolver a virtude da obediência e o controle das proprias ações e da coragem necessária para o triunfo da verdade. Os nove maçons enviados em busca dos assassinos de Hiram elegeram um líder, Johaben, que matou com suas próprias mãos o assassino principal. Mas Salomão o repreendeu por seu ato, ditado pela vingança que coloca uma venda nos olhos do justo. É a caridade que deve ditar as suas decisões frente à justiça. Se a sua sabedoria não supera a dos escribas, você não terá acesso ao Reino da Sabedoria.

Grau 10: Cavaleiro Eleito dos Quinze
Não tem qualquer prerrogativa especial. As execuções feitas depois de um julgamento regular são justas, e o executor deve de limitar o seu trabalho segundo o que é exigido. Quinze Mestres encontraram os outros dois assassinos de Hiram; trouxeram-no ao Tribunal de Salomão que os condenou à morte, mas só depois de terem sido julgados. A caridade não é fraqueza. A Maçonaria nos pede para amar a justiça e para servi-ao com um coração purificado de ódio.

Grau 11: Sublime Cavaleiro dos Doze
Não tem qualquer prerrogativa especial, é a recompensa para o justo executor de sentenças judiciais emitidas contra traidores e opressores. Está também entre os Quinze Eleitos que Salomão escolheu os doze líderes dos Tribunais de Israel. Devemos distinguir os melhores e lhes confiar a tarefa de governar os homens.
Grau 12: Grão Mestre Arquiteto
Não goza de qualquer privilégio especial. Contribui para os projetos arquitetônicos e planos financeiros. Segundo a tradição, Salomão fundou uma grande escola de arquitetura cujos alunos foram recrutados em todo o mundo e adquiriu os princípios que deveriam regenerar a humanidade. A antiga lei dizia: “Olho por olho, dente por dente”, a nova diz: “. Amai-vos uns aos outros” e “Seja caridoso, mesmo com seus inimigos”

Grau 13: Cavaleiro do Real Arco
Não goza de qualquer privilégio especial. A busca da ciência deve sempre ser profunda, especialmente para aqueles que são chamados a governar. Depois de um sucesso inicial, não se deve parar o progresso no estudo dos graves problemas sociais e científicos. Escavando os alicerces do Templo foram descobertos os restos de um antigo templo de Enoch. O Delta luminosos brilhava com uma luz extraordinária. Ele trazia o verdadeiro nome da Causa Primeira, mas ninguém sabia pronuncia-lo. Mesmo se pensarmos que conseguimos em nossa busca, temos cavar mais fundo. “Busca e acharás”.

Grau 14: Perfeito e Sublime Maçom
Presidente das Oficinas inferiores.

Quando o Templo de Salomão foi concluído, todos os trabalhadores receberam um salário justo e se retiraram sob a lei do silêncio. Quando tivermos ganhado conhecimento e sabedoria, não o desperdicemos. Como diz o ditado “Não se joga pérolas aos porcos.”

Câmaras Capitulares

Grau 15: Cavaleiro do Oriente

Não goza de qualquer privilégio especial. Perseverança na reconstrução do Templo de Jerusalém. Para obter acesso ao Templo, era necessário penetrar através da porta para o Oriente em uma fortaleza de sete voltas. A entrada era guardada por um Cavaleiro. A luz vem do Oriente e a espada é a arma do cumprimento do dever.

Grau 16: Príncipe de Jerusalém

Preside todas as Lojas Salomônicas e trabalha com a espada da coragem em uma mão e a trolha na outra. Os Cavaleiros do Oriente e da Espada que se distinguiam por sua constância e firmeza, eram “príncipes de Jerusalém” sagrados. Eles não puderam evitar a ruína da casa de Deus, que foi destruída por aqueles mesmos que golpearam Hiram, no entanto, tudo se renova, para melhor ou para pior. Nossos esforços não são inúteis: “Não é necessário esperar para empreender, nem ter êxito para perseverar.”
Grau 17: Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
Não goza de qualquer privilégio especial. Este nível refere-se à época do nascimento da cavalaria, que inspirou o Escocismo. A missão dos Cav. ‘. do Or.’., e do Oc. ‘. é estabelecer a síntese entre as duas tendências em colisão na Idade Média. Os Cav. ‘. partem em busca da Palavra Perdida, preservando a esperança de encontrá-la.
Grau 18: Cavaleiro Rosa Cruz ou Cavaleiro da Águia Branca
Pode suspender os trabalhos de uma Oficina se não lhe são prestadas as devidas honras. Emancipação da humanidade através de Gnosticismo. Depois de ter viajar ao Oriente e ao Ocidente, ao Norte e ao Sul, os Cavaleiros conseguiram conhecer a Palavra Perdida, que esculpiram com caracteres indeléveis e encerraram em uma caixa de metal, a mais pura, que entregaram ao MUITO SÁBIO. São a esperança e a perseverança, que permitem que o amor pela humanidade, até com o sacrifício da vida.


Areópago

Grau 19: Grande Pontífice ou Sublime Escocês.

Não tem qualquer prerrogativa especial. Júlio César era conhecido como “Summus Pontifex”, que se tornou uma das prerrogativas dos imperadores romanos, até o momento em que o chefe da Igreja assumiu o sinônimo de “Papa”. Esse grau ensina que, para tornar efetiva a possibilidade do homem se elevar e enobrecer a humanidade, o progresso espiritual devem unir-se ao progresso no plano moral e intelectual, adquirido anteriormente.

Grau 20: Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre Ad Vitam.

Mestre vitalício não tem qualquer prerrogativa especial. Ele consegue encontrar a verdade por intuição. As massas são resgatadas através da pregação, é um lembrete para a autoridade e prerrogativas dos antigos Hierofantes e também para os líderes da Câmara. Aquele que é chamado para liderar deve perceber que ele é o primeiro entre os seus pares, esta situação lhe impõe deveres de exemplo, de autoridade, de educação e de dedicação aos empregados sob sua orientação.
Grau 21: Noaquita ou Cavaleiro Prussiano

Não tem qualquer prerrogativa especial. Justiça e vingança têm razão também sobre os poderosos. O estudo desse grau mostra uma certa analogia entre Noé e o imortal Hoang-Ti, inventor da esfera. Indica a origem da astronomia. Um Iniciado deve reconhecer e admirar a ordem harmoniosa da esfera celeste, símbolo da harmonia, necessário para conquistar a liberdade.

Grau 22: Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano
Não tem qualquer prerrogativa especial. A prática do trabalho manual está na origem tanto da civilidade quanto da Maçonaria. Os Sidonianios cortaram os cedros do Monte Líbano para a construção do Templo de Salomão e alguns séculos mais tarde, para a construção do Segundo Templo, sob a liderança de Zorobabel. De acordo com a glorificação do trabalho, o ensino desse grau é selado (hermético). É a apoteose do trabalho aplicado à realização da Grande Obra.

Grau 23: Chefe do Tabernáculo
Não tem qualquer prerrogativa especial. Ela ensina que os governantes têm o dever de combater as superstições e fazer triunfar a verdade. A lenda está ligada à construção do Tabernáculo, que foi depositado com a Arca da Aliança de Moisés durante o Êxodo.

Grau 24: Príncipe do Tabernáculo
Não tem qualquer prerrogativa especial. As novas gerações têm o direito de reformar as leis daqueles que as precederam. E ‘o recebimento de um levita no Santo dos Santos para elevá-lo à dignidade de Sacerdote. Os vários elementos dessa lenda são o emblema do Sábio responsável pelo desenvolvimento dos Iniciados em seu conhecimento astronômico, ao invés da moralidade divina do Decálogo, que inclui a liberdade de consciência.

Grau 25: Cavaleiro da Serpente de Bronze
Não tem qualquer prerrogativa especial. Para escapar do cativeiro material e da morte, serpentes tiranas, você deve destruí-los por meio da liberdade. É a história de Moisés contada no Livro dos Números, XXI: “Então o Senhor mandou contra o povo as serpentes venenosas, morderam muitas pessoas e muitos morreram em Israel.” No plano moral o Cavaleiro deve se libertar de todos os laços materiais para dar-se conta de sua sensibilidade a tudo isso. O objetivo é a valorização da parte espiritual do homem.
Grau 26: Príncipe da Mercê ou Escocês Trinitário
Não tem qualquer prerrogativa especial. Refere-se ao desenvolvimento da caridade e da compaixão. A lenda liga este Grau à nova Instituição: A Cavalaria. As cores e o emblema da Trindade são os índices da Grande Obra. O Bem e o Mal não são nada mais do que os acordos e desacordos, cuja união faz a Harmonia Universal.

Grau 27: Grande Comendador do Templo
Não tem qualquer prerrogativa especial. Os representantes da Ordem devem ser investidos com a autoridade necessária para supervisionar para que as decisões pelo bem da humanidade encontrem execução. Os trabalhos evocam a fundação e desenvolvimento da Ordem do Templo. Explicam a constituição e oferecem um exemplo da disposição que deu esta instituição, o seu brilho de prestígio.

Grau 28: Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto
Não tem qualquer prerrogativa especial, e embora não esteja mais em uso, está entre os mais importantes da liturgia maçônica. Evocação da sobrevivência das iniciações antigas em que o Sol era o emblema da verdade e a origem da religião natural. Trata-se um verdadeiro sincretismo da filosofia, ciência e religião. Devemos nos libertar da cegueira do erro, para chegar à verdade.

Grau 29: Grande Cavaleiro Escocês de Santo André de Escócia ou Patriarca das Cruzadas
Não tem qualquer prerrogativa especial. Trata-se dos “Três deveres”: ser inimigo mortal das mentiras, proteger por todos os meios a virtude e a inocência, lutar em prol da verdade. Estamos no período de florescimento da Grécia, onde as artes e as ciências brilharam com luz brilhante. Esse Grau resume as descobertas científicas e filosóficas e os preceitos filosóficos e os preceitos presentes nos outros Graus.

Grau 30: Grande Inquisidor, Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Preta

Autoridade Superior dogmática. Trabalhar em duas salas, uma das quais é a “Sala do Conselho.” E a chamada ao final da Ordem do Templo. Esta é a busca da Luz, da Liberdade e da Justiça, correspondente à luta contra os tiranos temporais e espirituais.

Grau 31: Grande Juiz Comendador ou Inspetor Inquisidor Comendador
Não tem qualquer prerrogativa especial. Preservação da doutrina gnóstica pura. Este Grau é ligado à lenda do Templo e sua conclusão é a busca da Justiça e da Equidade.
Grau 32: Sublime Príncipe do Real Segredo
Não tem qualquer prerrogativa especial. Estudo da organização maçônica. Diz a lenda que a Terceira Cruzada que organizou um exército que 15 corpos deveria se encontrar nas escadas dos Portos de Nápoles, Malta, Rodes, Chipre e Jaffa para ir a Jerusalém. O Sublime Príncipe possui a chave do Real Segredo e por sua educação e seu desenvolvimento pessoal, é capaz de preservá-lo e defendê-lo com a ajuda de todos os Irmãos do Rito.
Grau 33: Soberano Grande Inspetor Geral
Representa a Suprema Autoridade Maçônica, realização do verdadeiro objetivo da Maçonaria. Sua missão é educar e esclarecer seus irmãos, de fazer reinar entre eles a Caridade, a União e Amor Fraterno, manter a regularidade nos trabalhos de cada Grau e garantir que seja observado por todos os membros, impor em todas as ocasiões, as Constituições, Estatutos e Regulamentos da Ordem, especialmente aqueles da Alta Maçonaria e, finalmente, tomar medidas em todos os lugares para realizar obras de Paz e Misericórdia.