terça-feira, 13 de junho de 2017



A MAÇONARIA ESPECULATIVA

Autor: João Anatalino

A RENASCENÇA 

No início do século XVI começa então a abertura cultural denominada Renascença. Assiste-se a uma revalorização do homem a partir dos antigos modelos greco-romano de beleza e competência pessoal. O culto ao homem, eclipsado durante a Idade Média pela valorização do ideal ascético, começa a ganhar os principais centros intelectuais da Europa. A ciência se renova pelo apelo à razão mais do que à fé. Teorias reacionais de explicação do Universo contrastam com as velhas ideias admitidas pela Igreja. Explode a Reforma Protestante desencadeada pela rebeldia do frade alemão Marinho Lutero.

No meio disso tudo acontece uma revalorização do pensamento9 hermético e das teses gnósticas. Filósofos como Giordano Bruno, Thomas Morus, Marcilio Ficcino, Pico de La Mirandola e outros ressuscitam as ideias de utopias políticas e religiões solares, em contraste com a ideia dominante do Catolicismo universal, centrada na filosofia de Aristóteles e no heliocentrismo de Ptolomeu. Outros filósofos e artistas como Leonardo da Vinci, Erasmo de Roterdã e Nicolau Maquiavel, lançam as bases de uma nova ética e uma nova moral, enquanto cientistas como Galileu Galilei e Copérnico descortinam novos horizontes para a ciência.

Toda essa efervescência cultural logo se faria sentir no território mais sutil dos sentimentos humanos que é a religião. A corrupção do clero católico e principalmente as motivações políticas e econômicas desencadearam a revolução protestante conhecida como Reforma, mas foi, sem dúvida a onda de liberdade de pensamento que se espalhou pela Europa durante os anos de Renascença que destruiu o monopólio da Igreja Católica sobre o espírito da sociedade ocidental. Desse caldo de cultura viria a surgir o frade Martinho Lutero para incendiar de vez o pensamento ocidental com as bases de sua Reforma religiosa.


MARTINHO LUTERO E OS ROSA-CRUZES

Martinho Lutero (1483-1546) foi o desencadeador do movimento conhecido como Protestantismo. Não há qualquer informação que ligue a figura do inspirador da Reforma religiosa à Maçonaria, nem qualquer referência que possa sugerir uma interação dele com os maçons operativos. Mas, na altura em que ele dava início ao maior e mais importante cisma que o Cristianismo viria a sofrer em sua história, estes já constituíam um importante fenômeno cultural, difundido por toda a Europa, principalmente na Alemanha, onde ele começou sua pregação.

Em razão da liberdade de consciência e da condição de pedreiros livres que ostentavam, podendo mover-se livremente pelo território europeu sem os incômodos burocráticos a que estavam sujeitos os demais cidadãos, esses profissionais e os intelectuais que eles haviam admitido em suas corporações, devem ter constituído um importante canal para as ideias do frade alemão. Assim, face às ligações já apontadas, que Martinho Lutero mantinha com os círculos místicos da Alemanha, não seria imprudente aponta-lo como simpatizante das ideias daquele grupo precursor que viria dar origem ao movimento Rosa-Cruz, fundado pelo alquimista Joahnnes Valentin Andreas no início do século XVII, cuja influência na Maçonaria foi fundamentalmente para o direcionamento que ela tomou como fenômeno cultural.

No início do século XVII aparecem os Manifestos Rosa-Cruzes. Em outras obras de nossa autoria já tratamos desse curioso fato cultural com mais pormenores.[1] Por enquanto é suficiente dizer que graças às pesquisas de Serge Huttin e Frances Yates sabe-se hoje que a Rosa-Cruz, como instituição, naquela época, jamais existiu. Tratou-se, na verdade, de um grupo de pensadores místicos, predominantemente alemães, que diziam estar de posse de grandes segredos capazes de mudar a face da história da humanidade.[2]

Tais assertivas excitaram, como é óbvio, a imaginação popular e não poucos intelectuais se sentiram atraídos pela “Fraternidade da Rosa-Cruz”. Esses pensadores, na verdade, nada mais faziam do que divulgar teses e tradições herméticas desenvolvidas por alquimistas e filósofos gnósticos. Seus segredos eram aqueles que os alquimistas diziam ter descoberto em seus “magistérios”. Grupos desses “rosacrucianos” faziam parte ativa das Lojas Especulativas alemãs, francesas e inglesas e tinham introduzido nos rituais dessas Lojas símbolos, alegorias, evocações e ensinamentos extraídos da tradição hermética e gnóstica. O termo “rosacruciano” tornou-se sinônimo de livre-pensador. Todo intelectual que não se conformava com a “saia justa” que as autoridades religiosas queriam impor ao pensamento se dizia ou se julgava um “rosacruciano”. Voltaire, Isaac Newton, Leonardo da Vinci, Michelangelo, entre outros eram tidos como “rosacrucianos”.

Durante todo o século XVII as Lojas Especulativas da Europa conviveram com essa verdadeira Babel intelectual que se tornara a prática maçônica. Maçons alquimistas, maçons gnósticos, maçons cavaleiro, cada qual conforme escreveu H. P. Marcy, “interpretando à sua vontade as Velhas Constituições (as Old Charges), criando uma profusão de maneiras de fazer uma iniciação, de conduzir uma reunião, de interpretar os símbolos e os ensinamentos maçônicos”.[3]

Essa diversidade, prossegue o autor, poderia “destruir a unidade moral que permanecia como único vínculo entre os maçons aceitos. A confusão aumenta todos os dias e a velha instituição ameaça falir sem esperança de recuperação”.[4]

Em tese, podemos dizer que os Manifestos Rosa-Cruzes foram os correspondentes herméticos da doutrina professada na Maçonaria Especulativa e anteciparam em mais de um século os estatutos da Ordem, porquanto agasalharam em suas propostas a ideia de irmandade que a ordem maçônica mundial iria perseguir em seus objetivos.[5]


OS MAÇONS ACEITOS

Um sistema de pensamento que fosse tolerante o suficiente para agasalhar todas as vertentes do pensamento religioso e secular não podia se filiar a nenhum credo, nem podia propagar suas ideias pela forma acadêmica regular. Em algum momento, provavelmente no início do século XVII, a tradição hermética entrou nos ritos praticados pelos maçons das Lojas Operativas, transformando-as em Lojas Especulativas. Como isso se deu não é matéria pacífica, mas de forma geral se admite que esse fato aconteceu pela admissão, entre os profissionais da construção, de membros não pertencentes a suas categorias.

Esses eram os chamados “maçons aceitos”. Entre eles se encontravam militares, filósofos, intelectuais, professores, membros do clero, comerciantes, etc., pessoas que de alguma forma procuravam um meio seguro de expressar seus pensamentos sem precisar renunciar às suas crenças.

Não há consenso entre os historiadores de quem teria sido o primeiro maçom especulativo, ou seja, a primeira pessoa não pertencente aos quadros profissionais dos pedreiros livres a ser admitida como membro em suas Lojas. O mais antigo registro de uma iniciação desse tipo é o de John Bosswell, lorde de Aushimleck, que em 8 de junho de 1600 foi recebido como maçom aceito na Saint Mary´s Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia. Essa Loja teria sido fundada em 1228 no canteiro de obras preparado para a construção da Capela de Santa Maria, naquela cidade, que então era a mais importante da Escócia. Era costume, n aquela época, a organização de Lojas entre os pedreiros, pois assim se chamavam às assembleias dos obreiros que se reuniam para discutir sobre os assuntos referentes às obras e à profissão.

Após a iniciação de Lorde Bosswel, o processo de aceitação de maçons não profissionais se tornaria comum. Logo se espalharia pelos canteiros de obras da Escócia, Inglaterra, Alemanha, França e outros países de tal maneira que, ao fim do século XVI, o número de maçons aceitos – então chamados de especulativos – ultrapassou os operativos. Assim, na primeira metade do século XVII, encontram-se registros de várias pessoas importantes na sociedade de seus respectivos países sendo admitidos nas Lojas dos pedreiros livres. Nomes como os de William Wilson, aceito em 1622, Robert Murray, tenente-general do exército escocês, posteriormente Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, em uma Loja de Warrington, no Lancashire, e o famoso antiquário e alquimista Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de outubro) que o Coronel Henry.

Na área da arquitetura, a essa altura, os maçons operativos já haviam perdido a maior parte de seu prestígio, uma vez que a forma arquitetônica tradicional deles, a gótica, havia caído em desuso, eclipsada pelo modelo neoclássico. Porém, em 2 de setembro de 1666, um grande incêndio irrompeu na cidade de Londres, destruindo mais da metade da cidade – cerca de 40 mil casas e 86 igrejas. Nessa ocasião, os maçons operativos foram chamados para participar do esforço de reconstrução da cidade, sob a direção do renomado mestre arquiteto Cristopher Wren, que foi logo iniciado maçom. Foi no canteiro de construção da igreja de S. Paulo, presidido por ele, que em 1691, foi fundada a Loja São Paulo (em alusão à igreja), conhecida como Loja da taberna “O Ganso e a Grelha”, uma das quatro que, em 1717, iria, juntamente com as outras três Lojas londrinas, se unir para a fundação da Grande Loja de Londres. Nasceria dessa fusão a Maçonaria Moderna, em sua forma institucional.[6]

Geralmente se costuma atribuir a Elias Ashmole a introdução do hermetismo na Maçonaria. Esse intelectual inglês, que entrou para a Ordem em 1641, conforme suas próprias anotações, era um notável hermetista especializado em alquimia e estudioso das tradições da cavalaria. É impossível não pensar que um indivíduo com esse perfil não tivesse prestado qualquer contribuição de vulto nesse sentido. Todavia em 1641, como vimos, as Lojas Maçônicas já praticavam ritos enxertados com a tradição hermética e “aceitavam” pessoas não ligadas ao ofício de construtor. E essa prática já vinha de longa data, a se acreditar nas pesquisas de Jean Palou e Robert Ambelain.[7]

Por outro lado, a primazia de John Bosswel como sendo o primeiro maçom aceito de que se tem notícia tem sido contestada por alguns autores que afirmam que, em uma Loja de Bolonha, Itália, já existia, no século XIII, dez Irmãos admitidos nessa condição. Essa informação estaria contida na chamada Carta de Bolonha, datada de 1248, o que faz desse documento o mais antigo texto maçônico até hoje recenseado.

Efetivamente, a publicação da Carta de Bolonha, presumindo que se trata de um documento verdadeiro, coloca em xeque as teses de que a Maçonaria Especulativa teria origem principalmente nas Ilhas Britânicas, a partir da admissão de lorde Bosswel e outras figuras importantes da sociedade inglesa e escocesa. Em documento, oriundo de uma Loja Italiana, mostra que a tradição de ordenar como Companheiro Maçom profissionais de outras categorias já era usada no século XIII, e não se iniciou no século XVI como usualmente se pensava.[8]

Assim, o que se pode presumir é que Ashmole e seu grupo de hermetistas entraram para a Maçonaria como consequência dessa prática, mas não se constituíram, de forma alguma, em sua causa. É possível que Ashmole tenha de algum modo executado um trabalho de organização, desenvolvimento e propagação dos ritos maçônicos na nova formulação que as Loja Especulativas inglesas estavam praticando, desde que nelas se introduziram os cultores da tradição hermética, mas disso, como de retos, não temos provas que confirme essa assertiva.


A CONSTITUIÇÃO DE ANDERSON


Foi para pôr um fim a essa confusão que as quatro Grandes Lojas de Londres se fundiram no ano de 1717, dando início à chamada Maçonaria Moderna. Moderna porque a parte desse acontecimento a Ordem Maçônica, que era um conjunto de homens que se reuniam para praticar a arte do livre pensar, ganhou um regulamento, como se o pensamento pudesse ser regulado. M. Lapage, bastante sagaz a respeito, comentou lastimosamente que “a partir do dia nefasto em que (...) a Maçonaria se deu chefes e regulamentos gerais (...) os maçons rejeitaram a mais bela ideia maçônica, isto é, “o maçom livre na Loja livre”.[9]

Evidentemente, a tentativa dos maçons londrinos, de pôr ordem no caos (Ordo ab Chao), não foi aceita pacificamente no mundo maçônico. Fosse na Alemanha, ou na França, onde as tradições templárias e herméticas tenham deitado raízes profundas nas práticas maçônicas, uma chamada ordem, feita especialmente por ingleses, só podia mesmo causar repulsa e consternação. Nem os trabalhos de Desaguilier, Ransay, Radcliffe e outros chamados “pais da Maçonaria Moderna” foram suficientes para acalmar os ânimos. Maçonaria Escocesa, Francesa, Alemã, Martinista, de Boillon, etc., eram títulos dados a diferentes ramos que se espalhavam pelas Ilhas Britânicas e pelo continente europeu e americano nos meados do século XVIII, dando origem a uma profusão de rituais, sistemas e filiações que se dividiram em ritos propriamente ditos, como o Rito Escocês Antigo e Aceito, o rito Escocês Retificado, o Rito Adoniramita, o Rito da Estrita Observância, o Rito de Heredon, o rito de Mênfis, O Rito de York, o Rito Templário, de Misrain, etc.

Hoje, pacificada a disputa que se estabeleceu entre as diversas confissões maçônicas, disputas que no mais das vezes refletiram os embates políticos que deram origem ao mundo moderno, podemos dizer que essa luta continua, entretanto, no terreno conceitual. Há maçons que propugnam por uma Maçonaria mais atuante nos assuntos políticos e sociais, ora agindo filantropicamente, ora participando de cruzadas políticas em favor desta ou daquela ideia. Há os maçons que veem a Ordem como uma escola de pensamento onde se deve cultivar exclusivamente moral e ética, e há também os que levam a sério a ideia de uma Maçonaria Simbólica e iniciática, nos melhores moldes dos especulativos anteriores a 1717.

Para nós o que fica não é a filiação a esta ou aquela linha de pensamento ou ação, mas sim a ideia de que a Maçonaria como filosofia de vida e exercício espiritual é um conjunto de arquétipos emuladores de virtude e catalizadores dos mais nobres sentimentos que uma pessoa pode desenvolver. E é nesse sentido que se deve estuda-la e praticá-la. As consequências que daí são extraídas ficam por conta dos objetivos de cada Irmão. O Tesouro Arcano que ela contém pode ser aproveitado por todos os Irmãos, independentemente da concepção que ele faça da Arte Real. O caráter sem mácula (erguer templos à virtude) e a luta contra toda forma de opressão ao espírito humano (cavar masmorras ao vício) são a pedra filosofal a ser encontrada pelo maçom. A vida escolhida é opção de cada um.[10]

(Texto extraído do Livro "O Tesouro Arcano", Ed. Madras, João Anatalino Rodrigues)

[1] Conhecendo a Arte Real, citada. 
[2] Serge Huttin, História da Alquimia, São Paulo, Cultrix, 1987 e Frances Yates, O iluminismo Rosa-Cruz, São Paulo, Cultrix, 1967. 
[3] Jean Palou, op. Ci. P. 35 
[4] Idem, op. Cit. P. 48 
[5] São vários os trabalhos alquímicos que tratam da filosofia rosa-cruz. Os dois manifestos mais famosos, entretanto, são o “Fama e Fraternitatis” e o “Confessio Fraternitatis”, ambos publicados pela primeira vez em 1614 e 1615 respectivamente. Os Manifestos Rosa-Cruzes falam da criação de uma “fraternidade mundial de sábios”, congregada para a prática do bem e o desenvolvimento das ciências, objetivo que também faz parte dos postulados da Maçonaria. 
[6] Jean Palou, A Maçonaria Simbólica e Iniciática, op. Cit. 
[7] Idem, p. 78. Robert Ambelain, A Franco-Maçonaria, Ibrasa, São Paulo, 1999. 
[8] Eugênio Bonvicini, Maçonaria do Rito Escocês. Ed. Athanor, Roma, 1988.
[9] Ibidem. P. 50.
[10] Alusão à prática da alquimia, segundo a qual a pedra filosofal pode ser obtida pela via seca ou pela via úmida.


O ZODÍACO DENDERA

Por Grom Matthies

Traduzido pelo Núcleo Interativo de Astronomia

O TEMPLO DE HATOR EM DENDERA; UMA PORTA PARA OS CÉUS

                                                              "O Zodíaco de Dendera representa uma carta do Céu, tendo                                                                como base as constelações do Zodíaco."

                                                           In; Le Zodiaque d’Osiris, S. Cauville 

O Zodíaco de Dendera, peça mais importante do departamento das antiguidades egiptologias do museu do Louvre, entusiasma o espírito humano desde décadas. 

Descoberto em 1799 pelo general Desaix, tendo sido Vivant Denon o primeiro a estudar o Zodíaco com exactidão, dele obteve desenhos e figuras. No entanto teria que esperar alguns anos para que pudesse decifrar o significado dos seus hieróglifos, pois Jean-François Champollion ainda não tinha descoberto a chave para a leitura dessa escrita tão característica. 

A peça foi levada para França por Le Lorain com autorização de Méhémet-Ali, chegando ao porto de Marselha em 1821 e por fim a Paris em 1822. Vendido a Louis XVIII foi inicialmente exposto no Louvre, passando para a Biblioteca nacional entre 1823 e 1919, data a qual regressa ao Louvre. 

O santuário de Dendera foi concebido para o culto da deusa Hathor, deusa que falaremos mais tarde.

Uma cópia foi posta no lugar original no sítio de Dendera em 1920… uma cópia! 


Dendera: um lugar carregado de historia

Diversas campanhas de escavações realizadas no sítio de Dendera (Figura 4.1), em particular a realizada por Fliders Pétrie no final do século XIX, demonstram a existência de diversas sepulturas, datadas para algumas da época arcaica. Dendera fica perto dos locais pré-dinasticos de Nagada e Maghara o que ajuda a suster a teoria da existência de actividade desde a época pré-dinastica. Foram encontradas provas de varias passagens da historia do antigo Egipto, como uma estatueta do faraó Pepi I ( 2270 a. C) e construções feitas no reinado de Tutmósis III (1450 a. C). 

Desde da sua descoberta, diferentes estudiosos especularam sobre a datação do templo e do seu Zodíaco, para alguns datava de 15 000 a.C. para outros 12 000, hipóteses que levantaram guerras com o clero, pois consoante a tradição bíblica o mundo existia desde 4 000 a.C.

É evidente que esta euforia inicial deixou lugar a um estudo mais aprofundado e científico sobre a datação do mesmo. O templo do nascimento de Isis (Figura 4.2) construído no reinado de Augusto ( 30 a. C) está construído sobre as fundações de um templo da época ptolemaica do reinado de Nectanébo I (381 a. C) e acabado por Ptolomeu X Alexandre I (107 a. C.), este ultimo apresenta uma orientação Oriente-Ocidente, por sua vez o templo da época de Augusto tem orientação Norte-Sul idêntica a orientação do grande templo de Hathor. No entanto entre um e outro existe uma ligeira inclinação de cerca de 2º30’. 

Doze séculos depois de Ramsés II, Ptolomeu Aulete manda construir um novo templo em Dendera o 16 de Julho 54 a.C. no entanto este morre em 51 a.C. Depois da morte do pai Cleópatra segue César para Roma e volta depois do assassinato deste ultimo, associando como co-regente do trono o seu filho Cesarião, nascido a 27 Junho 47 a.C. durante esta co-regencia e desde 51 a.C, os cartuchos reais não foram preenchidos com o nome do faraó. No templo onde foi encontrado o Zodíaco, também não existem cartuchos reais escritos. Era portanto lógico o Zodíaco datar dessa altura. 


fIguras 41 e 42 - sítio de Dendera e Templo do nascimento de Isis;

É. Aubourg procurou neste lapso de tempo, 51 a 43 a.C, o lugar dos planetas no ceio das constelações do zodíaco, é de relembrar que os planetas circulam numa zona chamada de eclíptica, por vezes alguns planetas ultrapassam a nossa terra, outros são ultrapassados durante o período de translação a volta do sol. 

Colocar a data de 54 a.C num software de astronomia, permite-nos ter uma listagem de algumas estrelas no seu nascimento noturno ou helíaco.

A lista de estrelas da qual possivelmente se basearam os antigos egípcios para orientação do templo de Hathor e do templo de Augusto, é a seguinte: 

Alpha Canis Majoris (m=-1,44) - Sirius : Céu noturno
Beta Orionis (m=0,18) - Rigel: Aparecimento heliaco
Kappa Orionis (m=2,07) - Saiph: Aparecimento heliaco
Delta Scorpii (m=2,29): Céu noturno
Beta Corvi (m=2,65): Aparecimento heliaco
Beta Aquarii (m=2,90): Aparecimento heliaco
Epcilon Aquarii(m=3,78): Céu noturno

Devido a grande magnitude visual de Sirius e Rigel, é muito provável que seja esta a orientação de construção do templo. 

Por sua vez, a parte ptolemaica do templo do nascimento de Isis em Dendera, com orientação Este-Oeste, está direccionada para o nascer helíaco de Sirius naquela época, isso acontecia no dia 15 de Julho em 54 a. C. a esta orientação é dado o nome de orientação ramesida, devido a Ramsés II e ao Ramaseum. Cientistas encontraram blocos do tempo do Império Novo nos blocos da parte ptolemaica e nas suas fundações. Estas fundações levam a querer que o templo de orientação ptolemaica foi portanto construído por cima de ruínas do período do Império Novo. 

Mais dados para a datação do Zodíaco

Através dos fenómenos astronómicos a datação pode surgir em diferentes fases:


No Zodíaco de Dendera vemos a representação de um eclipse lunar ao lado da constelação do Peixe, é por isso normal acreditar que a sua datação é dessa época. 

Existe também um eclipse do Sol: 

Portanto, é evidente que o Zodíaco representa os acontecimentos celestes desse determinado período na história Egípcia a contar do período Ptolemaico. 


A Deusa Hathor: 

A Deusa Hathor "moradia celeste de Horus", deusa do céu, é frequentemente representada como divindade com orelhas de bovino, símbolo da fecundidade. É ela a regedora do amor divino, humano e da alegria. O seu local de maior culto era em Dendera. 


O céu escrito: 

O circulo celeste, representado pelo Zodíaco, é suportado por doze deuses, quatro femininos e oito de joelhos (Figura 4,3). Os deuses com cabeça de falcão simbolizam a eternidade, dando assim um princípio intemporal a cena celeste. As deusas dão o quadro espacial, cada uma indica um ponto cardinal perfeitamente orientado. Ao lado de cada deusa está escrita em hieróglifo o seguinte ritual: 

"Suporto o céu sobre o cimo da minha cabeça, sem me deslocar cada dia que passa, o Horizonte do meu mestre, este circula enquanto Sah (Orion) na sua mãe Nut " 

Outro texto, trás ainda mais precisão acerca do significado de tal monumento: 

"O céu de ouro, o céu de ouro, é Isis a grande, mãe de Deus, 
mestre do monte primogénita onde nasceu a deusa que toma lugar em Dendera,
é o céu de ouro.

Os grandes deuses são suas estrelas:
Harsiesis, seu deus da manha (Vénus)
Sokar, a sua via láctea
O Jovem Osíris, a sua estrela visível (Canope)
Osíris, a Lua
Orion, seu deus
Sothis, sua deusa (Sirius)
Entram e saíam para os mortos no vale infernal. "


Paradoxalmente, embora este monumento seja sobejamente conhecido, nenhum estudo desta tradução foi feito ao longo dos tempos, ficando desta forma diferentes figuras hipoteticamente mencionadas, é o caso de Sokar e de Canope. 

É.Aubourg (Astrofísico) e S. Cauville (Arqueóloga) deslocaram-se até o local e observaram as estrelas no céu de Outubro, pouco antes do nascimento do sol depois do "afundamento" da ursa maior identificaram a via láctea, Vénus, Orion, Sirius e Canope. Todos esses elementos estão desenhados no Zodíaco. 

Mas antes de passar a visualização "tintin-por-tintin" do zodíaco, convêm referir mais alguns dados: 

Características: 


2,55 x 2,55 m 
Orientação cardinal 
Existência das 12 constelações do zodíaco.
Existência dos 5 planetas conhecidos. 

A Divisão do Zodíaco: 



Os Planetas: 

O nome planeta vem do grego, que significa "astro que se move", entre os mais antigos (conhecidas: Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno) e os três (ou dois) restantes (Urano, Neptuno e Plutão) três milénios os separam. 

Mercúrio: O deslocamento de Mercúrio aparece rapidamente e algo difícil de observar ao olho nu. Mercúrio surge tanto no Oeste depois do por do sol, como a Este antes do nascer e sempre próximo do horizonte. Um dos nomes Egípcios de Mercúrio era "O Inerte", como se os antigos astrónomos egípcios quisessem demonstrar a sua preguiça em viajar mais acima na abobada celeste. 

Vénus: Vénus é o astro mais brilhante do céu, depois do Sol e da Lua. O seu brilho pode atingir até 12 vezes o de Sirius. A semelhança de Mercúrio, Vénus parece viajar muito próximo do Sol. Na iconografia Egípcia, Vénus tem duas caras, talvez se referem aqui a uma visão diurna e outra noturna. Para os Egípcios Vénus era o filho de Osíris – Harsiesis, mas também em alguns casos personificava Isis. 

Marte: A Ideia de Marte deus da guerra foi concebida um milénio antes dos gregos pelos Egípcios, para eles era Horus o Vermelho, o guerreiro, vingador de seu pai (lenda de Osíris). 

Júpiter: Júpiter foi assimilado pelos Egípcios como deus Osíris, isto é, o Deus mais querido dos Egípcios. Para eles Osíris representava o poder supremo, e era depositado nele toda a lei do Maat e a regência dos deuses. 

Saturno:Horus, o touro. 

Em suma, temos a representação dos cinco planetas conhecidos na época, com as suas apelações e atributos divinos. Para os antigos Egípcios a visualização destes planetas nos céus nocturnos e a sua representação no zodíaco de Dendera permitia um determinado domínio sobre os seus inimigos, pois a ciência era algo dado apenas a quem tinha domínio sobre os outros. 
Figura 4.3 – Zodíaco de Dendera

As Constelações: 




No Zodíaco de Dendera, encontramos a representação pictográfica das doze constelações do zodíaco, como as conhecemos hoje. Ao longo do ano o Sol vai aparentemente "circular" numa faixa que se estende de 8,5º acima e abaixo da linha da eclíptica ( linha imaginaria que liga todas as constelações do zodíaco). Para alem do Sol, a Lua e os planetas também passam por essa zona do céu. Por esse motivo não é surpreendente ver planetas no meio de duas constelações zodiacais no zodíaco de Dendera. Esta delimitação, pensada pelos homens, inicia o (Figura 4.4 – representação da eclíptica) seu percurso no equinócio de primavera – 21 de Março . No Egipto, as primeiras representações do zodíaco datam da época ptolemaica, época de domínio grego. Até então, os Egípcios fechados ao mundo (só algumas trocas comerciais se efectuavam) não tinham esse tipo de representações, embora se encontram algumas influências vindas de fora e algumas características egípcias influenciaram o exterior. Outro templo em que a figuração das constelações do zodíaco é por demais evidente, é o templo de Khnoum a Esna. 

Figura 4.5 – representação das constelações do zodíaco do Zodíaco de Dendera

As outras constelações: 

É aqui que se encontra a maior ligação entre a astronomia do tempo de Ramsés e Seti I e a época Ptolemaica, a figuração, apesar de ter sofrido alguma evolução, permanece no seu geral idêntica a figuração antiga. Aqui voltamos a ver o hipopótamo a representar a constelação actual do Dragão, a pata do bovino a representar Mesketiu (a ursa maior). No entanto, é em relação a ursa menor que houve uma maior evolução na concepção do universo para os antigos Egípcios. Pois, como vimos no artigo anterior, na época das pirâmides a ursa menor não representava o pólo Norte, e era uma constelação de menor importância… agora, na época Ptolemaica, ela apodera-se da posição mais importante no zodíaco - a posição central, o que lhe dá o titulo de "indicadora do pólo Norte" (Figura 4.6). 

A Cassiopeia é aqui representada na região Norte (como deveria ser) com a figura de babuíno. O Cisne, a Lira e o Boieiro também constam nesse novo mapa estelar. 

Na região Equatorial, temos Oficus, que é considerada como a 13ª constelação do zodíaco, normalmente ela representa um homem com uma serpente, mas neste caso representa o deus Rá sentado num trono com a serpente a servir de barca. 

Orion, é aqui representado como sempre o foi, desde o texto das pirâmides (cerca de 2300 a. C.) Orion é o condutor das estrelas no céu do Sul e é considerado a alma de Osíris. 

Figura 4.6 – As constelações Norte no Zodíaco de Dendera.

Sirius esta colocado ao lado da constelação de Orion, assimilada a Sothis – imagem de Isis, na região de Assouão. Esta estrela importantíssima para os egípcios em relação ao calendário, era também ponto de partida para o posicionamento e orientação dos templos egípcios, assim sendo, em 54 a.C. o eixo sagrado do templo de Hathor em Dendera é dado pela orientação de Sirius depois do azimute do nascer a 108º40’. 

No Zodíaco também estão representadas constelações do hemisfério Sul, entre as quais: Canope e a coroa astral. 


Conclusão: 

Em suma, o Zodíaco situado em Dendera, é a representação mais fiel dos céus datada da época Ptolemaica, dele podemos reter algumas conclusões acerca da vivência e modos de encarar os céus dos antigos egípcios. Existem ainda muitas perguntas acerca da astronomia dos antigos egípcios, da sua concepção do cosmo, e da sua relação perante ela. 

É de facto importante estudar-mos o nosso passado, pois através dele entendemos melhor o nosso presente e prepara-mos melhor o nosso futuro. 

Bibliografia:

· Amer,I. & Morardet, B. "Les dates de la construction du temple majeur d’Hathor à Dendara à l’époque gréco-romaine", ASAE 69, 1983.
· Antoniadi, E. "L’Astronomie Égiptienne depuis les temps les plus reculés jusqua la fim de l’époque alexandrine",Gauthier-Villard, Paris 1934.
· Winter, H. "A Reconsideration of the newly Discovered Building Inscription on the temple of Denderah",GM 108, 1989.
· Bibé, C. "Les soixante-quatre Génie du Ciel", Les Khent, pp.19-28
· Cauville-Colin, S. "Les inscriptions dédicatoires du temple d’Hathor à Dendera", in "BIFAO", 88 (1988), pp.7-23.
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· Krupp. E.C. "In search of ancient Astronomy" Doubleday, Garden City 1978.
· Neugebauer, O. "Some fundamental concepts in Ancient Astronomy", in "BAMS", 54, 1941, pp.13-29.




segunda-feira, 12 de junho de 2017



A ASCENSÃO DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS

                                                                            “Quase todos os homens podem enfrentar a                                          adversidade, mas se você quiser testar o caráter de um homem, dê-lhe poder”.
                         Abraham Lincoln (1809-1865)

Por Stephen Dafoe,

O ritual e as cerimônias usadas pelos Cavaleiros Templários Maçônicos oferecem ao novo membro apenas a mais sintética versão da história da Ordem medieval original, e ainda assim eles enfocam fundamentalmente a origem da Ordem e sua derradeira destruição menos de dois séculos depois. Infelizmente, o novo Templário Maçônico recebe pouquíssimas informações sobre a ascensão da ordem à riqueza e ao poder, que é um componente importante para entender a história dos Cavaleiros Templários. Por exemplo, o ritual canadense, ao contar a história da origem dos Templários, oferece a seguinte passagem como o único comentário sobre como a Ordem conseguiu sua riqueza:

“Muitos peregrinos e cruzados generosos davam a eles (os Templários) dinheiro e outros tipos de assistência, e Hugo, conde de Provença, admirando seus feitos altruístas, quis que seu nome, fosse listado como o novo membro original da Ordem. ”

Outros rituais sequer mencionam a questão e parecem abordá-la tão brevemente quanto o ritual canadense. Com esse número inexpressivo de informações para o Cavaleiro Templário Maçônico se basear, a brevidade do ritual dá a oportunidade aos membros da Ordem de preencher as lacunas com informações falsas, que, são basicamente extraídas dos vários livros especulativos populares, que são oferecidos aos membros por Irmãos bem-intencionados. O objetivo deste capitulo é desconstruir o mito principal sobre a ascensão à riqueza e ao poder dos Templários e, ao mesmo tempo, oferecer ao leitor uma versão exata do que ocorreu.

No Capítulo I, tomamos conhecimento de que sir David Brewster, o principal autor da história da Maçonaria de Laurie, de 1.804, acreditava que o objetivo inicial e principal dos Templários medievais ao se reunirem em Jerusalém, nas primeiras décadas do século XII, fora o de praticar e preservar os ritos e mistérios da Maçonaria[1]. Apesar de Brewster não oferecer ao leitor nenhuma evidência que comprovasse sua afirmação, muitos autores posteriores concordaram com a ideia, e cada um deles acrescentou sua própria versão ou mudança à história.

Enquanto muitos escritores maçônicos dos séculos XVIII e XIX podem ter acreditado que os Templários foram à Terra Santa para preservar segredos maçônicos, autores mais recentes deram aos Templários uma razão diferente para se reunir no Monte do Templo. Para esses autores, não eram os segredos da Maçonaria que precisavam ser descobertos; mas sim os que estavam enterrados nas ruínas do templo de Salomão. Essa teoria, que no devido tempo veremos que veio da boca do Cavaleiro Ramsay, parece ter sido aceita por muitos maçons de hoje com o mesmo entusiasmo que as teses igualmente absurdas apresentadas às gerações antigas de pedreiros.

Grande parte da teoria gira em torno da incapacidade desses autores de aceitar que os Templários foram criados para lidar com as condições perigosas, que confrontavam os peregrinos que viajavam ao Oriente nas décadas que seguiram à Primeira Cruzada. Tendo como base de suas teorias a afirmação de Guilherme de Tiro de que havia apenas nove Templários aos seus primeiros nove anos de existência, esses autores alegam que a Ordem com certeza não tinha como proteger peregrinos contra milhares de infiéis saqueadores e, por isso, eles deviam estar fazendo outras coisas. Já que não podiam proteger os peregrinos, deviam, portanto, estar cavando o Monte do Templo em busca de tesouros enterrados; pois o que mais poderia explicar a ascensão meteórica dos Templários de um anonimato relativo à fortuna e à fama internacional então poucos anos?

Da mesma forma que as teorias especulativas apresentadas pelos escritores dos séculos XVIII e XIX, o mito moderno de escavações secretas templárias exigem uma quantidade incrível de credulidade combinada com uma falta total de compreensão da história da Ordem e do mundo onde ela atuava. Essa combinação permite que editoras publiquem continuamente livro após livro relatando exatamente o que os Templários encontraram enquanto cavavam as ruinas. Seja a Arca da Aliança, o Santo Graal, ou até mesmo a cabeça decepada e mumificada de Jesus Cristo[2], esses escritores sustentam que foi a pá e não a espada que manteve os Templários ocupados na primeira década de sua existência. Independentemente das quinquilharias que supostamente descobriram, os livros parecem seguir os mesmos padrão e lógica:

· “Não havia Templários suficiente no início para proteger os peregrinos, portanto, a ideia era simplesmente um disfarce para suas atividades secretas.

· Os Templários ficaram sabendo que havia algo enterrado debaixo do Monte do Templo a partir de tradições secretas, documentos secretos ou conhecimento secreto – os Templários mantiveram todos e cada um deles em segredo de todos, à exceção dos escritores modernos.

· Os Templários descobriram o (s) artefato (s) mencionado (s) secretamente escavando o Monte do Templo nas ruínas do Templo de Salomão.

· A descoberta os fez ricos e o conhecimento disso amedrontou de tal forma a Igreja Católica, que ela lhes concedeu privilégios especiais para que mantivessem suas bocas fechadas sobre a descoberta.

· Tudo isso é provado pelo fato de que sir Charles Warren, Charles Wilson ou Montaigue Parker – ou às vezes os três – descobriram artefatos templários durante suas escavações em Jerusalém, ao final do século XIX.

· Esses artefatos estão atualmente em posse de um escocês chamado Robert Bryndon, que os herdou de seu avô, que os havia recebido de Warren Wilson ou Parker. A existência dos artefatos prova todas as partes anteriormente mencionadas da teoria”.

Não há, é claro, nem um pingo de evidência confiável para sustentar as alegações feitas nesses livros, e, já que a teoria foi desconstruída em detalhes, no meu último livro[3], darei em breve resumo dessa desconstrução aqui.

TEMPLÁRIOS ENCOSTANDO-SE EM UMA PÁ

Como vimos no capítulo anterior, a ideia de que havia apenas nove Templários nos primeiros nove anos de sua existência foi introduzida por Guilherme, o arcebispo de Tiro, na sua versão da história da origem dos Templários. Outros relatos pintam uma imagem diferente e um estudo composto dos materiais de fonte primária disponíveis para nós revela que é mais provável que havia mais de nove Templários no começo. Até mesmo Malcolm Barber duvidou da alegação de Guilherme, declarando que a noção de nove cavaleiros em nove anos possui uma simetria suspeita.[4]

Mas mesmo se fossem apenas nove Templários entre sua formação, em 1120, e o Concílio de Troyes, em 1129, aceitar a ideia de que eles podiam vadiar pelo Monte do Templo durante o dia, enquanto escavavam a noite inteira é desconsiderar a história do que estava acontecendo em volta deles. Como vimos, os privilégios iniciais dos Templários foram concebidos por Balduíno II, um homem que pegou a responsabilidade adicional da administração do Principado da Antioquia, depois da morte do seu regente durante a Batalha de Ager Sanguinio, em 1119. Os recursos desse monarca se expandiram ainda mais em 1122, quando Joscelin, o conde de Edessa, fora capturado. Aliás, Balduíno também foi aprisionado enquanto retornava de Edessa no ano seguinte, e permaneceu preso até 1124, o que certamente não ajudou a causa cristã no Oriente. Sabendo que os cristãos se envolveram em várias batalhas, como o Certo de Tiro em 1124 e a Batalha de Azas em 1125, é muita ingenuidade acreditar que os Templários pudessem ter continuado a receber o apoio dos cristãos orientais, se eles não tivessem sido participantes motivados e ativos em alguns dos conflitos que aconteciam ao seu redor. A ideia de que podiam ficar à toa no Monte do Templo se encostando sobre pás, enquanto seus correligionários estavam defendendo os interesses cristãos, simplesmente não tem fundamento algum.


TEMPLÁRIOS SOBRE E DEBAIXO DO MONTE

Mas supondo que os recém-cr8iados Templários tivessem algum tempo livre em suas mãos para realizar um pouco de escavações arqueológica, onde está a prova de que eles fizeram isso? Os materiais de fonte primária não nos oferecem nenhuma evidência sustentando a afirmação. Mas por que esses materiais ofereceriam alguma evidência? Pois como os escritores modernos afirmam, a missão dos templários era secreta e fizeram um trabalho fantástico em mantê-la escondida de todos, menos dos próprios escritores modernos, que descobriram o segredo muitos anos depois. Sem fontes primárias para apoiar suas teorias, esses escritores recorrem a lendas míticas e histórias tradicionais maçônicas, como aquelas encontradas no Grau do Arco Real[5], para apoiar suas alegações subterrâneas. Para acrescentar peso a essas alegações e para preencher a lacuna entre ficção e realidade, esses escritores usaram escavações arqueológicas legítimas para apoiar suas declarações.

O principal ponto de lançamento, a partir do qual muitos dos teóricos de escavações templárias começam, são as explorações do século XIX conduzidas por um maçom chamado sir Charles Warrem e seu contemporâneo Charles Wilson. Warren é mais conhecido como tendo sido o chefe da Polícia Metropolitana durante os assassinatos de Jack o Estripador, no entanto, em 1867, ele viajou à Terra Santa no interesse do Palestine Exploration Fund (Fundo de Exploração da Palestina) para conduzir o primeiro grande projeto dessa organização: uma investigação do Tempo Judaico, assim como das linhas de fortificação da antiga Cidade de Davi. Alguns anos antes dessa bem documentada exploração, o capitão Charles Wilson, um membro dos Royal Engineers (Engenheiros Reais), participou de um Estudo Cartográfico de Jerusalém. O objetivo do estudo foi gerar mapas topográficos que pudessem ajudar na melhoria das condições sanitárias da cidade.

Dependendo do livro no qual a teoria é apresentada, Wilson, seja durante o Estudo Cartográfico conduzido em 1864 ou durante as “Escavações em Jerusalém” que ocorreram mais tarde entre 1867 a 1870, descobriu, de acordo com o mito moderno, diversos artefatos que consistiam na ponta de uma lança e no punho de uma espada, assim como algumas esporas e uma cruz feita de chumbo. Esses itens, eram, é claro, de origem templária e sua descoberta é usada pelos escritores especulativos para provar que os Templários deviam estar escavando sob o Monte do Templo. Para acrescentar um grau de credibilidade às suas alegações, esses escritores chamam a atenção para o fato de que os artefatos estão em posse de Roberto Brydon, que os herdou de seu avô, que, por sua vez, os havia recebido do homem que os achou.

Há vários problemas com a cadeia de eventos, o menor deles é o fato de que os itens não foram descobertos nem por Warren nem por Wilson.[6] Mais propriamente, os artefatos foram achados por um homem chamado Montague Parker, que conduziu explorações entre 1909 e 1911.

Mas ao contrário de Wilson e Warren, que conduziram trabalhos arqueológicos de acordo com os interesses de organizações legítimas, a expedição de Parker tinha um objetivo decididamente diferente. Parker foi motivado por um filósofo e excêntrico sueco, chamado Valter Henrik Juvelius, que acreditava que havia decifrado uma passagem codificada no Livro de Ezequiel, que revelava a localização do tesouro de Salomão.[7] Juvelius foi incapaz de conseguir financiadores para sua expedição, mas achou em Parker não apenas uma pessoa disposta a acreditar no valor possível do tesouro enterrado, mas também um homem que era capaz de obter os recursos financeiros necessários para a jornada. Parker era filho do conde de Morley e, como tal, frequentava círculos que o místico sueco só poderia visitar em sonhos. Apesar de a expedição de Parker realmente ter ocorrido, escritores maçônicos como Knight e Lomas confundiram as expedições oficiais de Wilson e Warren com a ilegítima missão de caça ao tesouro de Parker, ao dizer que este último participou dos trabalhos conduzidos pelos dois primeiros.[8] Sabendo que Parker nasceu em 1878, uma década depois de Warren e Wilson conduzirem suas pesquisas em Jerusalém os Templários precisariam ter descoberto uma máquina do tempo debaixo do Monte do Templo para que ele pudesse ter participado das expedições que ocorreram antes.

Mas deixando de lado os erros de pesquisam, o que ainda é relevante para a discussão presente é que Parker realmente visitou Jerusalém e fez algumas escavações nas mesmas áreas que Wilson havia explorado quatro décadas antes. A expedição de Parker foi desde o início uma tarefa espúria[9], ele subornou oficiais, fez seu grupo se vestir como árabes e, no fim, encerou as atividades quando as chuvas de inverno vieram e impediram a continuação do trabalho. Mesmo depois de retornar as operações no verão seguinte, ele não descobriu o tesouro que esperava encontrar. Foi apenas depois que ele e seu grupo foram pegos, mais uma vez vestidos de árabes, tentando escavar por debaixo do Domo da Rocha, que Parker finalmente desistiu, quase sendo morto no processo[10]. No entanto, realmente parece que ele encontrou algumas quinquilharias, que enviou ao avô de Robert Brydon.

O fato de esses itens existirem e estar em posse de Brydon permitiu que escritores especulativos aumentassem de forma absurda as informações para sustentar suas próprias teorias. Um exemplo típico de deixar que um fato sustente uma conclusão totalmente diferente, extraindo do livro The Head of God (A Cabeça de Deus), de Keith Laidler, é o seguinte:

“Falei com o sr. Brydon (sic) detalhadamente sobre a descoberta, e ele confirmou que os objetos existem. Eles foram datados do século XII e consistem em uma ponta de lança, esporas, um punho de espada e, o mais significativo de todos, uma cruz pátea, o símbolo dos Templários”.[11]

O problema com comentário de Laidler é que parece que ele inseriu um fato sem conexão em uma série de fatos relacionados para fazer uma ligação que simplesmente não existe. É um fato que Brydon confirmou que os itens consistem em uma ponta de lança, esporas, punho de espada e uma cruz. Tudo isso está correto, mas Laidler acrescenta o fato de que a cruz pátea foi um símbolo dos Templários, que, embora seja verdade, parece ter sido acrescentado para implicar que o próprio Brydon reivindicou a cruz, e por isso todos os artefatos são de origem templária, e nisso está o problema.

Enquanto pesquisava para escrever meu último livro Nobly Born, conversei com o sr. Brydon sobre os artefatos que possuía.[12] Ele confirmou que as peças pertenceram ao seu avô, que as havia recebido de um homem chamado Parker em algum momento antes da Primeira Guerra Mundial. No entanto, ele rapidamente chamou a atenção para o fato de que apesar de as peças serem de origem medieval e do tipo que poderiam ter sido usadas pelos templários, simplesmente não havia nenhuma maneira de identifica-las positivamente como sendo de origem Templária.[13] Aliás, Brydon disse que a carta de Parker, que não faz absolutamente nenhuma menção a Warren ou Wilson, meramente implicou que os artefatos eram de origem templária, citando as palavras da carta de seu avô de memória: “Essas são relíquias de nossos Irmãos dos tempos antigos”. Brydon continuou dizendo que os itens eram na verdade apenas detritos arqueológicos, e não tinham nenhum valor histórico real, por isso nunca foram dados a um museu, apesar de Brydon afirmar que foram colocados em exposição na Capela Rosslyn, por certa de cinco anos. Mais propriamente, o avô de Brydon aceitou o presente de seu amigo com o mesmo respeito admirável que foi entregue e os colocou em uma caixa vistosa, que faz parte dos arquivos da família desde então.



Coimo o mito de que os Templários foram criados para preservar os segredos e os mistérios da Maçonaria, a noção de que a Ordem fora criada como disfarce para uma expedição secreta de caça ao tesouro não tem fundamento. Mas se os Templários não encontraram nenhum tesouro escondido, como ficaram tão incrivelmente ricos de repente? A realidade simples é que não ficaram ricos da noite para o dia. Como qualquer bom plano de negócios, a ascensão dos Templários ao poder foi lenta e gradual e consideravelmente auxiliada pelo apoio de alguns amigos influentes e poderosos.

AMIGOS EM ALTAS ESFERAS

Durante a primeira década de sua existência, vemos uma interconexão entre alguns dos personagens mais importantes na história dos Templários, que pode parecer suspeita para alguns. Por exemplo, Bernardo, o primeiro abade da Abadia Clerical, era sobrinho de André de Montebard, um membro antigo, senão fundador da Ordem Bernardo, por sua vez, não teria fundado sua abadia se Hugh, o conde de Champagne, não tivesse dado terras à Ordem Cisterciense e pedido que eles construíssem nelas. Hugh, por sua vez, foi um conde poderoso, que tinha como um de seus vassalos um certo Huges de Payens, o fundador da Ordem Templária. É claro que os papéis se inverteriam em 1125, quando Hugh se divorciou de sua esposa, renegou seu filho, deu suas terras e incumbências ao seu sobrinho Theobald e juntou-se aos Templários, dali para a frente recebendo ordens de seu antigo vassalo Hugues de Payens. Foi Theobald que organizou o concílio de Troyes, no qual os Templários receberam a Regra da Ordem, traçada em grande parte por Bernardo de Claraval. Apesar de tudo isso parecer para alguns com algum tipo de conspiração envolvendo os manda chuvas iniciais da Ordem Templária, a realidade é que trocas de favores não são uma invenção moderna: um favor feito hoje, pode resultar em reciprocidade alguns anos mais tarde. Não foi uma questão do que os Templários conheciam, mas sim de quem eles conheciam que os conduziu na estrada para a riqueza e o poder.

Um ótimo exemplo disso é a história de Fulque V, o conde de Anjou. Ele ingressou nos Templários, em 1120, como membro associado. Enquanto todos sabem que Cavaleiros Templários não podiam se casar, a Regra da Ordem estabelecera normas para homens casados se juntarem à Ordem.[14] Apesar de Fulque não ter sido membro por um longo período, ele continuou a dar aos Templários auxílio anual de 30 “libras anjou” (o nome da moeda conhecida na época) muito tempo depois de retornar a sua terra natal. Mas essa não seria a única ligação de Fulque com a Ordem. Depois da morte de sua esposa, Fulque foi persuadido a casar com Melisende, a filha do rei Balduíno II. Com a morte de Balduíno em 1131, Fulque se tornou rei de Jerusalém, e não é nada surpreendente que ele continuou a patrocinar seus amigos camaradas, os Templários.

Na verdade, é provável que Fulque tenha exercido grande influência na escolha de Robert de Craon como Mestre da Ordem, após a morte de Hugues de Payens, em 1136. De Craon agiu a favor de Fulque, já em 1113, [15] e uma carta patente de Fulque, datada de 22 de setembro de 1127, tem De Craon listado como testemunha.[16] Sabendo do fato de que Fulque era rei de Jerusalém, não seria loucura quando Hugues de Payens morreu, e geralmente ele colocava homens em que confiava em cargos importantes[17] e tinha um relacionamento anterior tanto com os Templários quanto com De Craon, não seria loucura supor que Fulque pode ter ajudado um colega angevino a ser eleito ao cargo de Mestre do templo. Ele certamente não seria o único, já que mais tarde os Mestres da Ordem seriam eleitos como resultado de influências externas dos reis europeus.[18]

Mas, os monarcas ocidentais não foram os únicos membros da alta sociedade a conceder favores e privilégios aos Templários. Durante a maior parte de sua história, eles tiveram os ouvidos atentos e a mão amiga dos papas para guia-los no caminho para a fama e a fortuna. Entre eles, estava o papa Honório II, que lhes concedeu o direito de vestir mantos brancos após o Concílio de Troyes, e o paga Eugênio, que, por volta da época da Segunda Cruzada (1145-1491), concedeu à Ordem o direito de acrescentar uma cruz vermelha às suas vestes. No entanto, nenhum dos favores papais fez muito para ajudar a Ordem financeiramente. Foi o papa Inocêncio II, o Santo Padre, quem deu aos Templários o melhor presente.

Em 29 de março de 1139, Inocêncio escreveu a bula papal Omne datum optimum, que concedeu aos Templários privilégios que os impulsionaram em sua trajetória. Dali para diante, os Templários obedeceriam apenas ao Mestre da Ordem e ele apenas ao papa. A lealdade templária era exclusiva à Ordem e à Igreja, e os membros estavam proibidos de ingressar em outra Ordem ou de regressar à vida secular.[19] É claro que esses aspectos da bula papal não eram muito diferentes dos que haviam sido esboçados na Regra da Ordem, adotada no Concílio de Troyes, uma década antes, no entanto, a bula de Inocêncio legitimou as práticas dos Templários ao conceder-lhes o selo papal de aprovação.

Mas a Omne Datum Optimum realmente expandiu os privilégios ao permitir a admissão de padres na Ordem. Pela primeira vez em sua história, os Templários tiveram a permissão de ter seus próprios capelães que, depois de um período de um ano de serviço, poderiam se tornar membros da Ordem, ao realizar os votos templários e jurar lealdade ao Mestre.[20] Além de permitir que os Templários tivessem seu próprio clero, a bula concedeu à Ordem o direito de construir seus próprios oratórios ou capelas particulares, onde eles poderiam realizar seus serviços religiosos livremente.

Mas certamente o maior presente da Omne datum optimum foi a disposição que eximia a Ordem do pagamento de dízimos à Igreja. Antes da bula papal, ela era obrigada dar um décimo de toda a produção colhida em suas terras. Tendo em vista que a isenção do pagamento do dízimo fora um grande benefício econômico à Ordem, ela foi metade do benefício, pois os Templários agora tinham a permissão de recolher dízimos dos laicos ou do clero, desde que os bispos da área aprovassem.[21]


CAMPOS E FORTUNAS

São nos campos férteis das propriedades ocidentais dos Templários que vemos o crescimento real da Ordem no que diz respeito à sua riqueza. Pois no momento em que os Templários recebiam uma propriedade, eles começavam a trabalhar a terra tão logo quanto possível para maximizar o benefício econômico do presente. Naturalmente não havia nenhuma lógica em relação ao lugar em que essas terras seriam doadas, mas os Templários eram peritos em ligar suas propriedades em uma rede de apoio e, geralmente, as menores propriedades templárias eram agrupadas ao redor da maior preceptoria na área. O sistema era eficaz, pois a maior casa poderia fornecer apoio às casas menores e os recursos da Ordem, como homens, cavalos e suprimentos, podiam ser compartilhados entre as casas da rede.



Nessas redes, fazia sentido que a própria Ordem cultivasse a terra; no entanto, onde a Ordem tivesse poucas propriedades de terra e casa para apoiá-las, fazia mais sentido deixar a terra para um arrendatário usar e depois recolher parte da colheita. Esse tipo de acordo, embora proveitoso para os arrendatários, também beneficiava os Templários; pois permitia que eles acumulassem grandes quantidades de grãos de suas propriedades remotas sem ter de gastar recursos preciosos. Porém, mesmo nas áreas onde a Ordem tinha grandes propriedades, pequenos pedaços de terra geralmente eram alugados para arrendatários.

O Templo de Vressing, em Essex, que tinha 85 arrendatários trabalhando em pequenos pedaços de terra em 1185,[22] fornece-nos talvez o melhor exemplo ainda existente da magnitude absoluta da exploração agrícola Templária. Cressing é o local onde ainda se encontram dois celeiros de grãos, que supostamente foram construídos pela Ordem por volta de 1206 e 1256, respectivamente.[23] Registros da propriedade de logo depois da supressão dos Templários, em 1312, mostram a extensão do cultivo na propriedade na época. Além de uma criação com mais de 700 animais, os registros mostram que a propriedade possuía 601 acres aráveis, dos quais em 121 eram cultivados feijões, ervilhas e drage (um tipo de cevada), em outros 73 eram semeados aveia e 252 produziam trigo.[24]

Onde quer que a Ordem estivesse envolvida com o cultivo de grãos, ela precisava de moinhos para processar a colheita e Cressing não era exceção; um inventário feito em 1308 mostra que a Ordem tinha um moinho de vento e um moinho movido à água na propriedade.[25] Embora em tempos modernos isso não pareça ser grande coisa, é importante lembrar que, no século XII, moinhos eram escassos por causa dos custos de construir e mantê-los. Como tal, muitos moinhos foram construídos por Templários e Hospitalários, que possuíam os recursos financeiros necessários e a mão de obra para mantê-los em funcionamento. Ao construir moinhos, as Ordens Militares conseguiam obter uma renda adicional com o processamento das colheitas dos seus arrendatários, assim como de outros fazendeiros da região.

Naturalmente, nem todas as terras doadas aos Templários estavam prontas para ser cultivadas como Cressing. Geralmente as terras muito difíceis para o dono cultivar, em razão da falta de mão de obra, eram entregues à Ordem, que cada vez mais possuía os meios e o potencial humano necessários para trabalhar a terra de forma apropriada. Como os monges cistercienses, os Templários tornaram-se peritos em cultivar em terras marginais, e até mesmo onde a terra não era particularmente adequada para plantações, eles faziam o melhor uso possível dela. Uma propriedade com essas características foi Templo de Bruer, em Licolnshire, dada aos Templários em meados do século XII por Wiliam de Ashby[26]. Localizada em um urzal improdutivo, a propriedade era mais adequada para pastagem e, por volta de meados do século XIII, a Ordem tinha um rebanho de aproximadamente 400 carneiros na propriedade de Bruer.[27] Apesar de os Templários nunca terem sido tão ativos na criação de carneiros como seus primos cistercienses, a Ordem manteve numerosos rebanhos em Yorkshire e na Península ibérica. Na Inglaterra, a Ordem construiu dois moinhos movidos à água para pisoar, que foram usados para produzir tecidos e, como os moinhos de grãos usados pela Ordem perto de suas operações agrícolas, os moinhos para pisoar foram certamente utilizados para obter os maiores ganhos possíveis.

Na realidade, conforme os Templários expandiram, eles se tornaram particularmente peritos em se envolver em todos os aspectos do processo, do campo ao comércio. Eles cultivavam as plantações em suas terras, processavam as colheitas em seus moinhos e transportavam os grãos com seus próprios veículos ou com os dos arrendatários até as feiras e os mercados, onde poderiam ser convertidos em dinheiro.

Como vimos anteriormente neste capítulo, muitos autores apresentaram a ideia de que a riqueza e o poder dos Templários vieram de alguma relíquia enterrada do Monte do Templo. Se os Templários descobriram algo, foi a fórmula para criar uma organização bem disciplinada capaz de gerenciar suas diversas sucursais e seus interesses comerciais no Oriente e no Ocidente. Nesse sentido, os Templários foram, em muitas maneiras iguais a uma corporação internacional moderna. Como qualquer conglomerado, os Templários rapidamente aprenderam que a chave para o sucesso financeiro não era apenas trabalhar para o seu dinheiro, e sim fazer o seu dinheiro trabalhar para eles.

OS TOMADORES DE EMPRÉSTIMOS E OS BANQUEIROS

Um dos mitos comuns sobre os Cavaleiros Templários é a noção de que eles inventaram o sistema bancário moderno como o conhecemos. Apesar de certamente ser verdade que eles participaram de uma variedade ampla de atividades financeiras, a realidade simples é que os Templários não operavam como um banco – pelo menos não no sentido moderno da palavra. Por exemplo, apesar de eles aceitarem depósitos de sua clientela, a Ordem não juntava esses recursos e os emprestava para outros clientes como os bancos fazem hoje.[28] Pelo contrário, os Templários tinham uma política de não tocar em nenhuma hipótese no dinheiro confiado a eles. Por isso, o negócio bancário dos Templários, se é que ele pode ser chamado dessa forma, era basicamente limitado a oferecer cofres. Isso certamente não foi nada inovador, uma vez que outras Ordens monásticas já executavam atividades similares muitos anos antes dos Templários.[29]

No entanto, os Templários não trancavam seus próprios cofres tão completamente quanto os da clientela e, conforme os bens cresceram, eles começaram a emprestar dinheiro a juros, algo proibido pela Igreja. Mas eles não foram os primeiros a emprestar dinheiro na Europa como muitos acham. Os judeus já estavam envolvidos em empréstimo de dinheiro muitos anos antes de os Templários se envolverem nesse negócio, basicamente em virtude do fato de que era uma das únicas ocupações abertas a eles.

Enquanto muitos autores acharam que os Templários tinham grande criatividade em finanças internacionais, uma visão, objetiva da história mostra que eles não eram tão inovadores quanto foram oportunistas. Em poucas palavras, eles estavam no lugar certo na hora certa. Após a vitória da primeira Cruzada, a criação dos Estados latinos e a evolução das Ordens Militares, a peregrinação para a Terra Santa se multiplicou. E com o crescimento no número de peregrinos veio o aumento das oportunidades de conseguir lucros com eles.

Um dos primeiros empréstimos documentados a ser realizado pelos Templários ocorreu durante os primeiros anos da Ordem. Em 1135, um homem chamado Petre Desde obteve a quantia de 50 morabitins para financiar uma jornada de sua casa em Saragoza, Espanha, até Jerusalém. De acordo com o documento redigido, pela soma, Desde não estava recebendo um empréstimo; em vez disso, o dinheiro lhe estava sendo dado pelos Templários “por caridade”.[30] Em troca desse gesto de bondade, Desde concordou em dar à Ordem seu lar, suas terras e seus vinhedos em Saragoza, quando morresse. Apesar de a Ordem dificilmente poder ser acusada de cobrar juros em seu empréstimo, o benefício dos pagamentos pela caridade tinha muito mais valor do que quaisquer juros que pudessem ter sido cobrados de Desde, enquanto o homem estivesse vivo.

Naturalmente nem todas as formas de empréstimo envolviam a necessidade de o tomador entregar seus bens terrenos aos Templários, quando ele morresse. Geralmente o documento de empréstimo continha uma cláusula que dizia que se o dinheiro perdesse valor entre o momento que foi emprestado e o momento que foi reembolsado, a Ordem deveria ser compensada pela perda de ativos. Em 1170 um homem chamado Raimon de Cornus e seu sobrinho Ricart penhoraram uma fazenda a Elias, Mestre do Templo de Sta. Eulália, em troca de um empréstimo de 200 sous Melgueil, 100 dados para cada homem. Se o dinheiro depreciasse antes de ser reembolsado, os homens deveriam pagar aos Templários um marco de prata para cada 48 dous “em amor” até que o empréstimo fosse reembolsado por completo.[31] Além disso, o documento afirmava que, enquanto os Templários tivessem a fazenda como garantia de empréstimo, a produção conseguida, a partir do uso da propriedade, era mantida pela Ordem e não contava para a liquidação do empréstimo.

Apesar de os Templários não se limitarem a emprestar a peregrinos e fazendeiros, que se encontravam sem dinheiro no período entre safras, o envolvimento deles no fornecimento de numerário era basicamente uma atividade secundária ao seu mandato original de ajudar aos peregrinos, como o empréstimo dado a Petre Desde pareceria indicar. No entanto, no período de uma década a partir daquele empréstimo inicial, a Ordem havia começado a financiar os monarcas da Europa em suas jornadas para o Oriente. Mas dessa vez não estavam financiando uma peregrinação para a Terra Santa, e sim financiando uma guerra santa.

Em 1147, durante a Segunda Cruzada, o rei Luís VII deixou a França em direção à Terra Santa acompanhado de um exército que incluía 130 Cavaleiros Templários, um dos quais era Everard des Barres, o Mestre da Ordem na França. Quando Luís e seu exército chegaram a Antioquia, na primavera de 1148, o rei havia gasto seus recursos financeiros e precisava pegar dinheiro emprestado para continuar. Apesar de Templários e Hospitalários terem fornecido dinheiro ao rei francês[32] as contribuições dos Templários à campanha quase levaram a Ordem a ponto de falência.[33]



O débito gigantesco incorreu em 10 de maio, quando Des Barres viajou de Antioquia a Acre para conseguir fundos de seus Irmãos para permitir que a Cruzada de Luís continuasse. Mais tarde, naquele ano, o rei escreveu aos seus regentes na França instruindo o abade Sugar a providenciar 2 mil marcos de prata e pedindo a Raoul de Vermandois que juntasse 30 mil livres parisienses para reembolsar os débitos do rei com a Ordem. Isso não era nenhum trocadinho, pois 30 mil livres eram equivalente à metade da receita anual do reino francês naquela época.[34] Quando os regentes conseguiram levantar os fundos para reembolsar o empréstimo, foram os próprios Templários que os transportaram para a Terra Santa.

OS CHEQUES DE VIAGEM TEMPLÁRIOS

A habilidade de transmitir dinheiro, homens e materiais entre lugares havia sido bem desenvolvida no período da Segunda Cruzada, por causa da vasta rede de propriedades dos templários no Oriente e no Ocidente, que analisamos anteriormente. Pelo fato de eles terem essa rede tão ampla, um peregrino podia depositar valores em uma preceptoria na França ou na Inglaterra e sacá-los na moeda adequada quando ele chegasse ao seu destino na Terra Santa ou onde quer que ele estivesse viajando. Se houve alguma área da atividade financeira na qual os Templários foram pioneiros, é a de suprir letras de câmbio. Há, no entanto, muitos conceitos errados sobre como o processo funcionava. Muitos autores sugeriram que o viajante recebia um documento codificado que somente poderia ser traduzido por outro Templário, no entanto, não há nenhuma evidência disso, a não ser um autor citando outro até que a ideia pareça um fato aceito. Exemplos existentes desses documentos contestam essa ideia, pois não estão escritos em código, mas sim em latim. Um exemplo desse tipo de documento foi reimpresso em 1844, em um livro chamado Documento Inédits sur le Commerce de Marscille au Moyen Âge (documentos Inéditos sobre o Comércio de Marselha na Idade Média), escrito por Louis Blancard. A letra de câmbio, datada de 9 de agosto de 1229, indicava que Etienne de Manduel, que havia viajado do porto de Marselha até Acre, a bordo de uma embarcação Templária, depositara uma soma de 30 libras de coroas reais (equivalente a 90 besantes sarracenos) com um templário chamado de Bertrand de Cavalllon. O documento indicava que De Manduel receberia a soma em sua chegada à Terra Santa.[35] Os Templários receberiam o lucro na transação ao cobrar uma taxa pelo serviço ou na taxa de câmbio entre as duas moedas.

OS COFRES TEMPLÁRIOS

É claro que nem todo dinheiro depositado com os Templários era para ser retirado em países estrangeiros, e as pessoas geralmente depositavam moedas, joias, documentos e outros valores com os Templários para ser guardados enquanto eles estivessem fora. Os valores do dono eram resgatados quando ele retornasse de sua jornada ou ao passo que o dono precisasse usar de tempos em tempos em sua propriedade. Como vimos anteriormente, a Ordem tinha uma regra severa, que o dinheiro depositado com os Templários pertencia ao depositante e não podia ser tocado ou usado a não ser pelo dono de direito. Quebrar essa regra era roubo e a Regra da Ordem dos Templários determinava que ladrões deveriam ser expulsos. Nenhum membro da Ordem podia ter consigo dinheiro que ele não tivesse o direito de carregar[36] e se algum dinheiro irregular fosse encontrado entre seus pertences, quando morresse, ele não receberia um enterro cristão.[37] Aliás, se já tivesse sido enterrado, seu corpo deveria ser exumado. Não há dúvida do fato de que os Templários seguiam rigorosamente sua Regra da Ordem e aumentava sua reputação como homens confiáveis com relação a dinheiro.

Às vezes, essa reputação de integridade de caráter os colocava em uma posição para agir como intermediários entre partes que não confiavam uma na outra. Uma situação dessas ocorreu em 1214, quando o rei João da Inglaterra ofereceu pagar uma pensão para alguns barões franceses a fim de ganhar seu apoio. No entanto, os barões não confiavam muito no rei inglês e por isso João colocou o dinheiro na preceptoria em La Rochelle, com a diretriz de ser paga quando os barões o pedissem.[38] Mas depósitos reais não eram limitados a pagamentos de pensões, e centros maiores de atividade templária, como Paris e Londres se tornaram lares para a riqueza dos reinos. Já em 1185, o Templo em Londres abrigava o tesouro real e, em 2104, o rei João da Inglaterra depositou as joias da coroa lá para serem guardadas.[39] Na França, os três reis de Felipe II (1180-1223) a Felipe IV (1285 a 1314) usaram o Templo de Paris para guardar seus tesouros. Mesmo quando Felipe IV criou seu próprio tesouro público no Louvre, em 1295, ele continuou a usar os serviços do Templo de Paris.[40] Aliás, menos de uma década antes de Felipe IV ter organizado seu próprio tesouro público, os Templários estavam oferecendo um pacote de serviços financeiros ao rei francês, que foi descrito em um documento enorme de 290 artigos.[41] Seja lá o que foi depositado na Ordem, o cliente tinha a certeza de que os Templários não tocariam até que fosse a hora de devolver ao dono.

IMPOSTOS E DÍZIMOS

Desse modo, a Ordem geralmente era chamada para coletar impostos, dízimos e débitos em nome dos monarcas seculares, e tanto Willian Marshal, o conde de Pembroke, quanto o rei Henrique II usaram os Templários como seus esmoleiros. Esses esmoleiros não distribuíam a caridade real aos pobres apenas. Durante o reinado do rei João da Inglaterra, seu esmoleiro, Roger, o Templário, era encarregado de recolher impostos dos fretes das empresas de navegação do rei.[42]

Quando os impostos cruzados foram introduzidos na Inglaterra em 1166, e novamente em 1188, tanto os Templários quanto os Hospitalários foram utilizados para recolhê-los. O mais conhecido desses, o Dízimo de Saladino, foi arrecadado para ajudar a financiar a Terceira Cruzada, que foi lançada em 1188, como uma resposta à queda de Jerusalém, que acontecera no anto anterior. A taxação exigia que cada pessoa deveria dar um décimo de suas rendas e bens móveis para o objetivo de retoma Jerusalém, no entanto, cavaleiros e Membros do clero que aceitaram a cruz estavam isentos dos impostos, já que apoiavam a causa.[43] Com o papa Inocêncio III, os Templários ganharam um benefício adicional na coleta de impostos. Em 1202, ele ordenou que 2% dos rendimentos de algumas abadias e Ordens religiosas deveriam ser mandados ao Templo de Paris para uso na terra Santa. Seis anos mais tarde, ele decretou que os donativos dos cistercienses mais 2,5% dos rendimentos depositados pelo bispo de Paris deveriam ser aplicados para o propósito e usados pelo patriarca de Jerusalém e pelos Mestres do Templo e do Hospital.

Como vimos em todo este capitulo, a riqueza e o poder dos Templários não vieram da descoberta de algumas relíquias santas enterradas no Monte do Templo, mas sim a partir dos frutos dos seus labores, que permitiram que convertessem doações e privilégios em uma riqueza fenomenal. Conforme suas atividades econômicas cresceram, dando-lhes grande riqueza, crédito e poder, acusações de ganância foram lançadas contra a Ordem. Um satírico inglês, escrevendo em meados do século XIII, apesar de reconhecer os Templários por sua coragem resoluta, ainda assim acusou a Ordem de gostar demais de dinheiro e de cuidar apenas de seus próprios interesses.[44] Mas os comentários sarcásticos do satírico sobre a Ordem foram acusações menores se comparadas com as imputações aterradoras que resultariam no fim dos Templários nos anos que se seguiram após a perda da Terra Santa, em 1291.


[1] LAURIE, Wilian Alexander, The History of Free Masonry and the Graund Lodge of Scotland with Chapters on The Kinights Templar. Knights of St. John, Mark Mansonry and R. A. Degree to which is added on Appendix of Valuable Paper. Edinburgh: Seton & Mackenzie, 1859, p. 29. 
[2] Essa teoria ridícula foi apresentada no livro The Head of God, de 1998, escrito por Keth Laidler. 
[3] Leis Nobly Born: Na Illustrated History and the Knigths TGemplar, Capítulo 5; Temples on the Mout, para uma análise abrangente do mito das escavações templárias no Monte do Templo. 
[4] BARBER, Malcolm, The New Knighthood: A History of the Order of tghe Temple. Cabridge: Cambridge Uiversity Press, 1996. P. 9. 
[5] A história tradicional do Grau do Arco real conta a narrativa bíblica da construção do Segundo Templo por Zarobabel. No processo de remoção das ruínas do Templo de Salomão, três trabalhadores descobrem uma abertura para uma área subterrânea, onde eles fazem uma descoberta importante. 
[6] Em um e-mail de 17 de janeiro de 2007, Felicity Cobbing, uma executiva do Palestine Exploration Fund 9PEF) afirmou: “Não me lembro de nenhuma conexão entre os objetos que você descreve com o Estudo Cartográfico realizado em 1864 por Charles Wilson (não pelo PEF – fomos fundados em 1865) ou as explorações do PEF realizadas por Charles Warren debaixo do Monte do Templo em 1867-1870”. 
[7] SILBERMAN, Neil Asher, In Search of Solomon´s Treasure, Biblical Archaeology Society, v. VI, n. 4, p. 30-41, jul/Ago, 1980. 
[8] Em seu livro The Second Messiah, os autores Crhistopher Knight e Robert Lomas afirmam que: “em 1864, quase 800 anos depois que os Templários haviam começado a escavar debaixo do Templo de Jerusalém em ruínas, os lugares secretos do Templo foram investigados novamente, desta vez por um contingente do exército britânico liderado pelo tenente Charles Wilson, dos Royal Engineers. Eles não encontraram nenhum dos tesouros escondidos pela Igreja de Jerusalém, mas nos túneis abertos séculos antes eles encontraram parte de uma espada templária, uma espora, os restos de uma lança e uma pequena cruz templária. Todos esses artefatos estão agora de posse de Robert Brydon, o arquivista templário da Escócia, cujo avõ foi amigo de um certo capitão Parker que participou desta e de outras expedições que ocorreram mais tarde para escavar debaixo do Tempo de Herodes. Em uma carta ao avô de Robert Brydon, escrita em 1912, Parker relata a descoberta de uma câmara secreta embaixo do Monte do Templo, com uma passagem que emergia na Mesquita de Omer (Domo da Rocha). Ao romper as paredes que conduziam para dentro da mesquita, o oficial do exército britânico teve que correr como um raio para escapar dos sacerdotes e fiéis em fúria”. Essa declaração possui vários erros de conteúdo e é extremamente romantizada, mesmo quando está correta. Para uma total réplica dessas afirmações leia Nobly Born: Na Illustrated History of the Knights Templar, Capítulo 5, publicado em língua portuguesa pela Madras Editora, sob o título Nascidos em Berço Nobre. 
[9] Relatório Trimestral de 1909 do Palestine Exploration Final, p. 3. A natureza espúria da expedição de Parker foi relatada da seguinte forma: “De tempos em tempos nos últimos meses, notícias sensacionais apareceram na imprensa de Londres e provincial sobre as obras de escavação que foram conduzidas por um grupo de amadores ingleses em Ofel. As operações foram executadas, com muito sigilo, dentro e acerca do aqueduto descoberto por sir Charles Warren, e o objetivo delas supostamente é encontrar os Tesouros Reais de Davi. Acredita-se que nenhum resultado de valor tenha sido conseguido, mas o trabalho não está de maneira alguma ligado ao Palestine Exploration final, e, até o ponto que conseguimos apurar, nenhum arqueólogo treinado parece estar com o grupo. Segundo as últimas notícias o trabalho está suspenso” Parker foi forçado a parar suas escavações por causa do fato de que as chuvas de inverno tornaram difícil a continuação do trabalho, mas ele retornou as suas escavações no verão de 1910. 
[10] SILBERMAN. Op. Cit. 
[11] LAIDLER, Keith, The Head of Fod: The Lost Trasure of the Templary, London: Weidefeld & Nicolson, 1998. P. 178. 
[12] Eu telefonei para Robert Brydon, em 2 de fevereiro de 2007, depois de fazer contato com ele, via dra. Karen Ralls, autora de The Templar and the Grail. O sr. Brydon, quando ficou sabendo que eu escrevia um livro sobre os Templários e que estava interessado em seus artefatos, foi relutante em falar comigo porque ele disse que havia tratado com vários escritores antes de mim, que, segundo ele, não ouviram o que lhes contara. 
[13] As palavras exatas de Brydon foram: “você não poderia dizer que elas eram templárias de forma alguma”. 
[14] A existência de frades conjugados, ou Irmãos casados, era prevista na Regra da Ordem original em latim, que descrevia as condições nas quais poderiam ser admitidos. Eles não podiam vestir o hábito branco dos cavaleiros e se o frade conjugado morresse antes de sua esposa, uma parte dos seus bens deveria ser dada aos Templários e o restante iria para a viúva para seu sustento futuro. 
[15] BARBER. Op. Cit. P. 36 
[16] Ibid., p. 8 
[17] Ibid., p. 36 e 
[18] Entre eles estava robert de Sable, que nem era membro dos Templários quando viajou para a Terra Santa com o rei Ricardo I durante a Terceira Cruzada, em 11921. Mesmo assim, De Sablé foi eleito Mestre da Ordem no mesmo ano. Além disso, Reginald de Vichiers provavelmente recebeu o cargo em 1250, depois de ajudar a conseguir o dinheiro do resgate para a libertação do rei Luis IX. 
[19] NICHOLSON, Helen. The Knigts Templar; A New History, p. 154 
[20] Ibid. 
[21] Ibd. 
[22] LORD, Evelyn. The Kinights Templar in Britain. Edinburgh: Pearson Education, 2004 p. 62. Esses arrendatários pagavam entre 10 e 15s por virgate, que era aproximadamente 12 hectares de terra. Além disso, o arrendatário realizaria outros serviços aos Templários quando solicitado, como arar, ceifar e colher. 
[23] Cressing Temple – The Documented History of Cressing Temple. Disponível em: www.cessingtemple. Org.uk/History/CThist.htm. Acesso em 10 fev 2009. 
[24] LORD. Op. Cit. P. 65-66 
[25] LORD. Op. Cit. P. 65 
[26] LORD. Op. Cit. P. 94 
[27] Ibid. p. 96 
[28] NICHOLSON. Op. Cit. P. 162. 
[29] BARNER. Op. Cit. P. 266 
[30] Ibid. p. 78-79 
[31] The Military Ordens and economic growth. Cardiff University, School of History and Archaelogy: http:/www.cf.ac.uk/hisar/people/hn/MilitaryOrders/MILORDOCS. Htm. Acesso em 12 fev 2009. Traduzido por Helen Nicholson. A expressão “em amor” parece ter sido colocada para chamar a atenção de que o marco de prata estava sendo pago para cobrir as perdas dos Templários e não como um ganho financeiro no empréstimo. 
[32] NICHOLSON. Op. Cit. P.163 
[33] BARBER. Op. Cit. P. 67. 
[34] Ibd. P. 68. 
[35] BLANCARD, Louis. Documents Inédits sur le Commerce de Marseille au Moyen-Ãge. Tradução do latim pelo dr. Cristian Tourenne. 
[36] UPTON-WARD, Justin. The Rule of the Templars. Woodbridge: The Beidell Press, 2001. P. 92 § 239. 
[37] Ibd. P. 147 § 566. 
[38] BURMAN, Edward. The Templars: Knigths of God, p. 82. 
[39] Ibid. p. 8. 
[40] NICHOLSON. Op. Cit. P. 164 
[41] BURMAN. Op. Cit. P. 88-89 
[42] NICHOLSON. Op. Cit. P. 161 
[43] Select Chatres of English constitutional History. Willian Stubbs (ed.), p. 189. Disponível em: www.fordham. Edu/halsall/source/11885Salditith.html. Acesso em 13 fev 2009 
[44] Ibid. p. 181. Nicholson cita uma obra de meados do século XII chamada Sur les états du monde. A obra critica os diferentes aspectos da sociedade medieval, do clero às Ordens Militares.

(Dafoe, Stephen, O compasso e a cruz, Editora Madras.)