Livres Pensadores

sexta-feira, 10 de maio de 2019


A !TRADIÇÃO DOS ANTIGOS" - UM MITO HISTORIOGRÁFICO FRANCÊS


Tradução J. Filardo



Por Roger Dachez

Um ensaio de desconstrução das lendas urbanas que ainda persistem em alguns círculos maçônicos franceses …

À luz do que acabamos de ver, uma realidade simples aparece: o que separava os Antigos e os Modernos na Inglaterra, sobre o plano estritamente maçônico e ritual, representava muito pouco, e esta diferença foi diminuindo rapidamente, ao ponto de que foi muito fácil remover completamente os obstáculos que ainda os separavam no final do século XVIII.

É provável que o caso da lei sobre sociedades ilegais (Unlawful Societies Act) em 1799, tenha levado os dois Grandes Mestres das duas Grande Lojas “rivais” a fazer uma abordagem conjunta junto às autoridades para isentar toda a maçonaria dos rigores da lei, o que marcou uma etapa importante na reconciliação – embora não tenha tido origem em iniciativa das próprias Grandes Lojas! É preciso também refletir, sem dúvida, sobre a eliminação da geração fundadora, fortemente envolvida no período mais violento do conflito, incluindo o próprio Lawrence Dermott, que morreu em 1791.

Ainda assim, que o caminho para a união foi pavimentado há muito tempo por múltiplos cruzamentos das práticas entre si, como vimos. Quando a Grande Loja dos Modernos, em 1809, convocou uma Loja de Promulgação para restaurar os “verdadeiros Landmarks,” ela contentou-se em adotar a “antiga ordem das palavras” – isto é, para dizer mais precisamente, a ordem das palavras, tal como praticada pelos Antigos nesta época – afirmar a necessidade dos Diáconos e reconhecer que a instalação secreta do Mestre de Loja era uma cerimônia essencial.

Dois anos após a conclusão dos trabalhos da Loja de Promulgação, que durou até 1811, ou seja, em 1813, a Loja de Reconciliação só tinha que consagrar uma União já amplamente realizada no campo havia um longo tempo.

Um parêntese de mais de 60 anos tinha se fechado. Para os maçons ingleses, não houve vencedores ou vencidos em uma união onde pouca distância intelectual realmente separava os protagonistas. Nem a tradição dos Modernos, nem a dos “Antigos” foi perdida. Não tinham sido, no final, nada mais que duas maneiras de encenar um conteúdo maçônico, filosófico e moral essencialmente idêntico, embora diversamente partilhada no contexto de distância social, rixas pessoais e características locais: a nova Grande Loja Unida iria no futuro assumir indistintamente o legado. Portanto, diga-se de passagem, embora certos usos considerados mais fundamentais pelos Antigos fossem adotados em 1813 por todas as suas lojas, ela pode facilmente comemorar seu tricentenário em 2017, porque ela é ao mesmo título, herdeira indivisível da Grande Loja dos Modernos. A necessidade de unidade que experimentava a Grã-Bretanha no início do século XIX, tanto para resistir à França de Napoleão quanto aos germes da revolução vindos do continente, mas também para se preparar para o seu destino imperial no mundo inteiro, havia sido finalmente, o motivo desses conflitos subalternos cuja dimensão puramente maçônica tinha sido sempre muito modesta.

Uma história francesa

Tudo poderia parar por aqui. No entanto, não é assim: é preciso evocar uma “continuação francesa”. Entramos agora na confusão documental e no mito historiográfico …

É preciso primeiro recordar que a tradição dos Antigos – entendamos: os usos maçônicos próprios dos Antigos – nunca entrou na França ao longo do século XVIII. A única tradição Maçônica conhecida na França naquela época foi aquela transmitida, sob condições ainda parcialmente obscuras, cerca de 1725, por emigrantes jacobitas, ingleses, escoceses e irlandeses. Pouco depois, lojas e maçons de Paris também reconhecem a autoridade da Grande Loja de Londres – de obediência Hanoveriana.

À parte esses fatos, dois mitos historiográficos se contituíram na França no século XX, essencialmente: o primeiro afirma uma oposição maçônica substancial entre os usos, princípios e rituais de lojas jacobitas e aqueles das lojas Hanoverianas1, particularmente em Paris; o segundo traz os escoceses jacobitas que estavam nas fileiras dos primeiros maçons da França, com os graus “escoceses”, que aparecem no alvorecer da década de 1730.

Estes dois mitos historiográficos – porque trata-se de fato disso – eventualmente mais ou menos se confundem. A partir do século XIX, um historiador aventureiro já via na personagem emblemática de Ramsay – tanto escocês quanto jacobita! – a encarnação desta síntese, e não hesitava em creditar a ele a invenção dos primeiros altos graus! Sabemos que esta tese fracassou desde muito tempo e repousa sobre nada, se não confusão uma profunda ignorância da documentação disponível.

Recordemos aqui simplesmente dois pontos:

Em primeiro lugar, não existe nenhum elemento de suporte documental que permita por pouco que seja sustentar que o ritual praticado em Paris nos anos 1725-1735 nas camadas lojas “jacobitas” se diferenciasse em qualquer coisa daquele praticado em outras lojas chamadas “hanoverianas”.

A única diferença mencionada na “loja do Grão-Mestre” – na época do Conde de Derwentwater – em 1737, é o uso da espada para que alguns se compara a uma ordem de cavalaria e julgam isso fora do lugar. Notemos aqui, para sorrir, que esta crítica foi também feita em 1764 por Dermott, contra … os Modernos! Para colocá-lo em poucas palavras, este uso não é certamente suficiente para estabelecer uma distinção fundamental entre os rituais que realmente não diferem, e a presença da espada na loja acabará por se tornar uma das características da maçonaria francesa como um todo – enquanto isso ela permanecerá proibida, tanto entre os Modernos quanto entre os Antigos durante todo o século XVIII, e até os dias de hoje na Grande Loja Unida da Inglaterra …

em segundo lugar, os graus “escoceses” são uma questão complexa que não será discutida aqui. De toda forma, os trabalhos dos últimos anos, que serão discutidos no T. provavelmente permitirão no futuro, lançar um olhar fresco, mais preciso e justo, sobre a gênese desses graus. O fato é que os primeiros testemunhos se situam na Inglaterra, em Londres e Bath, entre 1733 e 1735 (com os “Scot Masters”), depois em Berlim e na França, bem como na Irlanda, mas certamente não na Escócia dessa época.

No quadro deste artigo, no entanto, é a questão dos Antigos e sua “tradição” que desejo retomar para encerrar. O ritual dos Antigos só foi conhecido na França a partir de 1804 e nunca exerceu qualquer influência ali ao longo do século XVIII. Quando os franceses, vindos da América, trouxeram os 33 graus daquilo que em breve se chamará Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) eles queriam para os seus graus simbólicos um ritual que fosse diferente daquele das lojas francesas clássicas, ou seja, o Rito dos Modernos, que se tornou na França, no início do século XIX, o Rito Francês, sob a égide do Grande Oriente da França.

Como esses pioneiros do REAA haviam conhecido a maçonaria principalmente nos EUA, onde, por diversos motivos, a Grande Loja dos Antigos tinha prosperado mais nos dias das colônias britânicas da América do que a dos Modernos, verifica-se que seu Rito familiar, se assim se pode dizer, era o Rito dos Antigos. Eles chegaram a uma espécie de compromisso tomando como base Os Três Distintos Toques e acrescentando-lhe certos usos conhecidos na França pelas lojas que a ele pertenciam desde o último terço do século XVIII, as “lojas escocesas.” O Guia dos Maçons Escoceses (c.1804) é o protótipo desta síntese improvável.

Essas lojas escocesas do século XVIII, nos graus simbólicos, praticavam rituais que nos são bem conhecidos e respeitam todos os fundamentos do Rito dos Modernos. A única diferença era que os castiçais colocados ao redor do painel em uma loja Moderno-Francesa se situavam a noroeste, sudeste e nordeste, representando respectivamente o Sol, a Lua e o Mestre de Loja, enquanto que nas lojas “escoceses”, eles eram colocados a noroeste, sudoeste e sudeste, representando a Beleza, a Força e a Sabedoria. Poderíamos falar sobre eles, de “Rito Escocês moderno”: o Rito Escocês Retificado é um exemplo perfeito.

O REAA criou assim um novo tipo de loja para os três primeiros graus – um modelo então totalmente desconhecido fora da França – combinando o plano geral dos Antigos e a disposição dos castiçais do Rito Escocês Francês.

Esta inovação deu origem a um terceiro mito historiográfico que prosperou especialmente nas últimas décadas. Ela essencializa, para colocar simplesmente, a “tradição dos antigos,” conferindo às lojas inglesas que reivindicavam este título na segunda metade do século XVIII, todas as características que Dermott reivindicavam para elas em seus panfletos e admitindo sem nenhum exame crítico as histórias mais improváveis ​​que ele criou sobre os Modernos e suas inovações.

Para citar apenas um exemplo dessa confusão e essas construções imaginárias, quero reproduzir algumas passagens de uma história do REAA, curiosamente intitulada “As desilusões dos Três Reinos”, publicada em 2013 na obra coletiva A Maçonaria- Dicionário e história, sob a direção de Jean-Luc Maxence.

Pode-se, em particular ler ali esta proposta bastante característica:

“Ouvimos às vezes dizer2 que a Maçonaria moderna data da criação da Grande Loja da Inglaterra. Nada é mais errado. Quando se fala dos “Modernos” trata-se dessa nova Maçonaria criada na Inglaterra em 1717 em oposição à dos “Antigos” de York, por exemplo, que logo se oporão à nova criação. Na França, existe uma Maçonaria escocesa trazida pelos jacobitas em 1688. “(p. 104)

Já é difícil contar o número de absurdos e afirmações não documentadas ou errôneas contidas nestas linhas, como se pode dar conta facilmente retomando-se os dados expostos acima neste artigo. Mas temos de continuar. Mais adiante, em relação ao trabalho de Anderson, durante a redação das Constituições:

“O texto andersoniano desconsidera a construção do Templo e a palavra perdida, a Lenda de Hiram” (p. 111)

E por uma boa razão: em 1723, o grau de Mestre não existia e a lenda de Hiram ainda não era conhecida – ou o nosso autor tem um “furo” extraordinário que ele tem o dever de publicar! Aqui fica difícil conter um sorriso …

Mais adiante, ainda:

“Dois conceitos maçônicos se oporiam. O “Modernos”, reunião amigável de burgueses especulativos ou nobres, e os “Antigos”, reunidos em torno da Loja de York, que desafiavam as inovações introduzidas na prática da maçonaria por Anderson e Desaguliers. “(P. 111)

Aqui é preciso renunciar a ler tais absurdos, e peço desculpas aos meus leitores por lhes infligi-las, mas eles refletem uma corrente de opinião – de quem se pretende historiador! – Visando estabelecer a existência de uma “duple tradição” da maçonaria especulativa: a dos Modernos, destruidores de usos e segredos ancestrais do Ofício; e a dos Antigos, rigorosos conservadores de práticas regulares e, é claro, operativas … de quem os maçons jacobitas escoceses e os graus escoceses que dali derivam (!) seriam, ainda hoje, os últimos receptáculos tradicionais.

Vemos que esses mitos historiográficos nos afastam consideravelmente da história documentada e dos métodos para nos conduzir não só à ilusão pura, mas especialmente à política maçônica.

É a este nível que eu vou parar para propor algumas considerações finais.

Até meados do século XVIII, a história da maçonaria, essencialmente localizada na França e nas Ilhas Britânicas experimentou um tipo de desenvolvimento que se impõe a todo pesquisador nunca separar os dois países uma vez que o interesse para este período, é a Maçonaria. Depois de 1751 a fratura introduzida na paisagem maçônica inglesa pela divisão entre duas Grandes Lojas rivais – com uma concorrência especialmente sensíveis no final da década de 1750, quando a Grande Loja dos Antigos experimentou seu verdadeiro crescimento – e também os conflitos políticos europeus que opuseram seriamente a Inglaterra e a França, gradualmente conduziram em ambos os lados do Canal da Mancha, a evoluções distintas e até mesmo divergentes.

A questão dos Antigos, suas origens, as circunstâncias de sua aparição, a natureza exata de sua ação é uma boa ilustração. No prisma distorcido das realidades maçônicas da França contemporânea – digamos nos últimos cinquenta anos – face a uma história complexa e pouco conhecida, e a partir de arquivo mal controlado, o risco é grande de construir teorias frágeis e pouco suscetíveis de explicar de forma satisfatória a materialidade dos fatos. Essa não é, a propósito, a proposta delas: elas visam sobretudo reforçar as convicções atuais, tentando dar-lhes uma aparência de fundamento histórico – mas, na realidade ocorrem, elas mais frequentemente produzem fantasias.

Entre a história e a lenda, há mais de três séculos, a Maçonaria nunca deixa de hesitar …

1 Na medida em que este termo pode ter tido o menor sentido na França …

2 Observe o rigor documental desta referência ..

Roger Dachez

Fonte: http://pierresvivantes.hautetfort.com/
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A INSPIRAÇÃO POR TRÁS DO HOMEM VITRUVIANO DE LEONARDO DA VINCI


Tradução J. Filardo
por Walter Isaacson

Um olhar sobre o desenho clássico despojado de sua essência

Esboço de Leonardo da Vinci


Marcus Vitruvius Pollio, nascido por volta de 80 aC, serviu no exército romano sob César e se especializou no projeto e construção de máquinas de artilharia. Os seus deveres levaram-no para o que são agora a Espanha e a França e até mesmo ao norte da África. Vitruvio, mais tarde, tornou-se arquiteto e trabalhou em um templo, já não mais existente, na cidade de Fano, na Itália. Seu trabalho mais importante foi literário, o único livro que sobreviveu sobre arquitetura da antiguidade clássica:De Architectura, conhecido hoje como Os dez livros sobre arquitetura.

Durante muitos séculos obscuros, o trabalho de Vitrúvio foi esquecido, mas no início dos anos 1400 foi uma das muitas peças da escrita clássica, incluindo o poema épico de LucrecioSobre a Natureza das Coisase as orações de Cicero, que foram redescobertas e recolhidas pelo pioneiro humanista italiano Poggio Bracciolini. Em um mosteiro na Suíça, Poggio encontrou uma cópia do século VIII do opus de Vitrúvio, e a enviou de volta a Florença. Lá ela se tornou parte do firmamento das obras clássicas redescobertas que nasceram no Renascimento. Brunelleschi a utilizou como referência quando viajou a Roma quando jovem para medir e estudar as ruínas dos edifícios clássicos, e Alberti citou-a extensivamente em seu tratado de arquitetura. Uma edição em latim foi publicada no final da década de 1480 por uma das novas lojas de impressão da Itália, e Leonardo escreveu em um caderno: “Perguntar aos comerciantes de papel sobre Vitruvio”.

O que tornou o trabalho de Vitruvius atraente para Leonardo foi que ele expressava concretamente uma analogia que retrocedia até Platão e os antigos, uma que se tornou uma metáfora determinante do humanismo renascentista: a relação entre o microcosmo do homem e o macrocosmo da Terra.
Leonardo abraçou a analogia tanto em sua arte quanto em sua ciência. Ele escreveu por volta desta época: “Os antigos chamavam o homem de um mundo menor, e certamente o uso desse nome é bem concedido, porque seu corpo é um análogo para o mundo”.

Aplicando essa analogia ao desenho de templos, Vitruvio decretou que o layout deveria refletir as proporções de um corpo humano, como se o corpo estivesse deitado de costas sobre as formas geométricas da planta baixa. “O design de um templo depende da simetria”, ele escreveu no início de seu terceiro livro. “Deve haver uma relação precisa entre seus componentes, como no caso, a de um homem bem formado”.

Vitruvio descreveu com grande detalhe as proporções desse “homem bem formado” que deveria informar o projeto de um templo. A distância do queixo até o topo da testa deve ser um décimo de toda a sua altura, ele começou e prosseguiu com muitas outras notações desse tipo. “O comprimento do pé é um sexto da altura do corpo; o do antebraço, um quarto; e a amplitude do peito também é um quarto. Os outros membros, também, têm suas próprias proporções simétricas, e foi empregando-os que famosos pintores e escultores da antiguidade atingiram um renome grande e infinito”.

As descrições de proporções humanas de Vitrúvio inspirariam Leonardo, como parte dos estudos de anatomia que ele acabara de começar em 1489, a compilar um conjunto semelhante de medidas. Mais amplamente, a crença de Vitrúvio de que as proporções do homem são análogas às de um templo bem concebido - e ao macrocosmo do mundo - tornou-se central para a visão de mundo de Leonardo.
Depois de detalhar as proporções humanas, Vitruvius passou a descrever, em uma visualização memorável, uma maneira de colocar um homem em um círculo e quadrado para determinar a proporção ideal de uma igreja:

Em um templo, deve haver harmonia nas relações simétricas das diferentes partes do todo. No corpo humano, o ponto central é o umbigo. Se um homem é colocado de costas no chão, com as mãos e os pés estendidos, e um compasso centrado em seu umbigo, seus dedos das mãos e dos pés tocarão a circunferência de um círculo assim descrito. E assim como o corpo humano produz um contorno circular, também se pode encontrar um quadrado a partir dele. Pois se medirmos a distância das solas dos pés até o topo da cabeça, e depois aplicamos essa medida aos braços estendidos, a largura será igual à altura, como no caso de um quadrado perfeito.
Essa era uma imagem poderosa. Mas, até onde sabemos, ninguém importante havia feito um desenho sério e preciso ao longo dessas linhas nos quinze séculos desde que Vitrúvio compôs sua descrição. Então, por volta de 1490, Leonardo e seus amigos avançaram para enfrentar esta representação do homem como águia de asas distendidas em meio a uma igreja e o universo.

Os desenhos de três homens Vitruvianos de Francesco di Giorgio.

Francesco di Giorgio produziu pelo menos três desses desenhos que foram desenhados para acompanhar o seu tratado e tradução de Vitrúvio. Um deles mostra uma imagem doce e sonhadora de um homem em um círculo e um quadrado. Este é um desenho mais sugestivo que preciso. O círculo, o quadrado e o corpo não tentam mostrar proporções e, em vez disso, são mostrados casualmente. Dois outros desenhos que Francesco fez representam um homem mais cuidadosamente proporcionado dentro de um desenho de círculos e quadrados na forma da planta baixa de uma igreja.





Giacomo Andrea

Por volta da mesma época, outro amigo querido de Leonardo produziu um desenho baseado na passagem de Vitrúvio. Giacomo Andrea fazia parte do círculo colaborativo de arquitetos e engenheiros reunidos por Ludovico na corte de Milão. Luca Pacioli, um matemático da corte e outro amigo íntimo de Leonardo, escreveu uma dedicatória a uma edição de seu livro Sobre a Proporção Divinaque enumerava os membros ilustres daquela corte. Depois de saudar Leonardo, Pacioli acrescenta: “Havia também Giacomo Andrea da Ferrara, caro a Leonardo como um irmão, um estudante aplicado dos trabalhos de Vitruvio”.

Andrea produziu uma versão simples de um homem com braços abertos em um círculo e um quadrado. Notavelmente, o círculo e o quadrado não estão centrados; o círculo sobe mais alto que o quadrado, o que permite que o umbigo do homem fique no centro do círculo e seus órgãos genitais estejam no centro do quadrado, conforme sugeriu Vitrúvio. Os braços do homem estão esticados para fora, semelhantes a um Cristo, e seus pés estão juntos.
O Homem Vitruviano de Giacomo Andrea

Andrea acabaria por ser morto e brutalmente esquartejado por tropas francesas quando elas capturaram Milão, nove anos depois. Pouco tempo depois, Leonardo procuraria e encontraria sua cópia manuscrita do trabalho de Vitrúvio. “Messer Vincenzio Aliprando, que vive perto da Pousada do Urso, tem o Vitruvius de Giacomo Andrea”, declarou ele em uma entrada de caderno.

Na década de 1980, o desenho de Andrea foi redescoberto. O historiador de arquitetura Claudio Sgarbi encontrou uma cópia manuscrita fortemente ilustrada do tomo de Vitruvius que estava esquecida em um arquivo em Ferrara, na Itália.Ele determinou que o manuscrito havia sido compilado por Andrea. Entre as suas 127 ilustrações, figurava a versão do Homem Vitruviano de Andrea.

Versão de Leonardo

Existem duas diferenças fundamentais que distinguem a versão de Leonardo do Homem Vitruvianodaquelas feitas por volta da mesma época por seus dois amigos, Francesco di Giorgio e Giacomo Andrea. Tanto na precisão científica quanto na distinção artística, a de Leonardo está em um nível completamente diferente.

Raramente exibida, porque a exposição prolongada à luz a faria desaparecer, ela é mantida em uma sala trancada no quarto andar da Gallerie dell’Accademia em Veneza. Quando um curador a trouxe e a colocou diante de mim sobre uma mesa, fiquei impressionado com os entalhes feitos pela pena metálica da caneta de Leonardo e os doze furos feitos pela ponta de seu compasso. Tive a sensação estranha e íntima de ver a mão do mestre no trabalho mais de cinco séculos antes.
Ao contrário dos seus amigos, o desenho de Leonardo é meticulosamente feito. Suas linhas não são incompletas e tentativas. Em vez disso, ele cavou forte com a pena, esculpindo as linhas com confiança na página como se estivesse fazendo uma gravação. Ele planejara este desenho com muito cuidado e sabia exatamente o que estava fazendo.

O Homem Vitruviano de Leonardo

Antes de começar, ele havia determinado exatamente como o círculo descansaria na base do quadrado, mas se estendia cada vez mais alto e mais largo. Usando um compasso e um esquadro, ele desenhou o círculo e o quadrado, então permitiu que os pés do homem descansassem confortavelmente sobre eles. Como resultado, conforme a descrição de Vitrúvio, o umbigo do homem está no centro preciso do círculo, e seus órgãos genitais estão no centro do quadrado.

Em uma das notas abaixo do desenho, Leonardo descreveu aspectos adicionais do posicionamento: “Se você abre as pernas o suficiente para que sua cabeça seja abaixada em um décimo quarto da altura e levanta as mãos o suficiente para que seus dedos estendidos toquem a linha acima da cabeça, saiba que o centro dos membros estendidos será o umbigo, e o espaço entre as pernas será um triângulo equilátero”.

Outras notas na página fornecem medidas e proporções mais detalhadas, o que ele atribuiu a Vitruvio:
Vitruvio, arquiteto, escreve em seu trabalho sobre arquitetura que as medidas do homem são distribuídas desta maneira:

O comprimento dos braços abertos é igual à altura de um homem. 
Da linha do cabelo até a parte inferior do queixo é um décimo da altura de um homem. 
Da parte inferior do queixo até o topo da cabeça é um oitavo da altura de um homem.
Da parte superior do tórax até o topo da cabeça é um sexto da altura de um homem.
Da parte superior do tórax até a linha do cabelo é um sétimo da altura de um homem.
A largura máxima dos ombros é um quarto da altura de um homem. 
Do peito até o topo da cabeça é um quarto da altura de um homem.
Do cotovelo até a ponta da mão é um quarto da altura de um homem.
Do cotovelo até a axila é um oitavo da altura de um homem. 
O comprimento da mão é um décimo da altura de um homem. 
A raiz do pénis [Il membro virile] está na metade da altura de um homem.
O pé é um sétimo da altura de um homem.

Apesar do que afirmou, em vez de aceitar o que Vitruvio havia escrito, Leonardo confiava em sua própria experiência e experimentos, conforme acreditava. Menos da metade das vinte e duas medidas que Leonardo citou são as que Vitruvius transmitiu. O resto reflete os estudos de anatomia e proporção humana que Leonardo havia começado a registrar em seus cadernos. Por exemplo, Vitruvio coloca a altura de um homem em seis vezes o comprimento de seu pé, mas Leonardo a registra como sete vezes.

Para tornar seu desenho um trabalho científico informativo, Leonardo poderia ter usado uma figura simplificada de um homem. Em vez disso, ele usou linhas delicadas e sombreamento cuidadoso para criar um corpo de beleza notável e desnecessária. Com seu olhar intenso, mas íntimo e os cachos de cabelo que Leonardo adorava desenhar, sua obra-prima mistura o humano e o divino.

O homem parece estar em movimento, vibrante e enérgico, assim como as libélulas de quatro asas que Leonardo estudou. Leonardo nos faz sentir, quase ver, uma perna e, em seguida, a outra sendo empurrada para fora e puxada para trás, os braços batendo como se estivesse em vôo. Não há nada estático, exceto o tronco calmo, com sombreamentos sutis atrás dele. No entanto, apesar do senso de movimento, há uma sensação natural e confortável em relação ao homem. O único posicionamento ligeiramente estranho é do pé esquerdo, que está torcido para fora para fornecer uma guia de medição.

Em que medida o homem Vitruvianpoderia ser um auto-retrato? Leonardo tinha trinta e oito anos quando o desenhou, mais ou menos a idade do homem na figura. As descrições contemporâneas enfatizam o seu “belo cabelo encaracolado” e o corpo “bem proporcionado”. O homem Vitruvianoecoa características vistas em muitos retratos presumidos dele, especialmente o retrato de Heraclitus (figura 37) de Bramante, que mostra Leonardo ainda imberbe e or volta daquela idade. Leonardo advertiu certa vez contra ser vítima do axioma “Todo pintor se pinta”, mas em uma seção em seu tratado proposto sobre pintura chamado “Como as figuras muitas vezes se parecem com seus mestres”, ele aceitou que era natural fazê-lo.

O olhar do Homem Vitruviano é tão intenso quanto alguém olhando no espelho, talvez literalmente. De acordo com Toby Lester, que escreveu um livro sobre o desenho, “Ele é um auto-retrato idealizado em que Leonardo, despojado de sua essência, toma sua própria medida e, ao fazê-lo, encarna uma esperança humana atemporal: de que possamos ter o poder da mente para descobrir como nos encaixamos no grande esquema das coisas. Pense na imagem como um ato de especulação, uma espécie de auto-retrato metafísico em que Leonardo - como um artista, um filósofo natural e um representante de toda a humanidade - olha para si mesmo com uma sobrancelha franzida e tenta entender os segredos de sua própria natureza “.

O Homem Vitruviano de Leonardo encarna um momento em que a arte e a ciência se combinaram para permitir que as mentes mortais analisassem perguntas atemporais sobre quem somos e como nos encaixamos na grande ordem do universo. Ele também simboliza um ideal de humanismo que celebra a dignidade, o valor e a ação racional dos seres humanos como indivíduos. Dentro do quadrado e do círculo, podemos ver a essência de Leonardo da Vinci e a essência de nós mesmos, nus, de pé, na interseção do terreno e do cósmico.

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ROYAL SOCIETY, ANTECÂMARA DA MAÇONARIA


Tradução José Filardo

Por Cécile Révauger


Em muitos aspectos, a Royal Society e a Maçonaria britânica podem ser consideradas como irmãs gêmeas, filhas do Iluminismo, embora, naturalmente, suas produções fossem…. Se ambas reivindicam origens várias décadas antes, elas tomam seu crescimento no século XVIII e ainda estão vivas em nossos dias.

Francis Bacon em Nova Atlantis, tanto em Oxford e Londres. A sociedade de Londres se reunia no Gresham College, nome sob o qual ficou logo conhecida. Sir Christopher Wren, o arquiteto que reconstruiu Londres depois do grande incêndio de 1666, foi nomeado professor de astronomia no Gresham College em 1657. Sir Robert Moray, um cientista perto escocês próximo de Charles II também participa de reuniões do Gresham College. Embora seja fantasioso considerar o inglês Sir Christopher Wren como o primeiro Grão-Mestre, como foi reivindicado às vezes, quando ele era apenas o arquiteto de Londres, parece igualmente inegável que o escocês Sir Robert Moray foi iniciado em uma loja provisória de Newcastle sob a égide da loja St. Mary’s Chapel em 20 de maio de 1641. Ambos trabalham para formalizar os trabalhos do Gresham College: em 15 de julho de 1662, uma Carta Régia é concedida, dando origem à Royal Society, uma instituição que visa incentivar as descobertas científicas e se estabelece em nossos dias ainda em Londres e Edimburgo (a Royal Society of Edinburgh, no entanto, data de 1783). A partir de 1695, a Royal Society publica suas atas, as Philosophical Transactions, que refletem os trabalhos e experimentos: na tradição empírica de John Locke, todo o conhecimento deve ser testado para ser validado.

Naquela época, a Grande Loja da Inglaterra ainda não emergira. No entanto guildas e companhias de pedreiros de ofício existem, conforme evidenciado pelas Antigas Obrigações, conjuntos de textos que governam a vida desses pedreiros chamados “operativos” porque eles realmente participam em projetos grandes de catedrais ou edifícios públicos. Na Escócia, as primeiras lojas de maçons aparecem a partir do século XVII e acolhem os membros que não são necessariamente parte do ofício de construtores, bem antes da criação da Grande Loja da Escócia em 1736. Nas origens da Royal Society, encontramos assim cientistas ingleses e escoceses, alguns dos quais estavam próximos dos pedreiros de ofício.

Na esteira da Revolução Gloriosa, Newton, a Royal Society e a primeira Grande Loja

Se a Royal Society viu oficialmente a luz sob a Restauração, em 1662, ela quase não era ativa durante o reinado de James II, monarca absoluto, convertido ao catolicismo e que desprezava o Parlamento. É realmente decolou com a época de Locke e Newton, na esteira da Revolução Gloriosa, que corresponde ao surgimento do Iluminismo, na Inglaterra.

  1. Frontispício de História da Royal Society.

Pode-se ver Francis Bacon e William Brouncker sob o busto do rei Charles II.

A Revolução Gloriosa de 1688, apoiada pelos parlamentares e alguns bispos anglicanos e de quem John Locke elogiava os méritos em seus Tratados sobre o Governo, pôs fim à monarquia por direito divino, substituído por uma monarquia parlamentar. Além disso, ela se apoiava nas divergências; todos estes dissidentes, protestantes, mas não anglicanos até então perseguidos por se opor o peso dos católicos. A Declaração de Direitos de 1689 proclamou a soberania do povo e do Parlamento. Certamente por pessoas, entendia-se especialmente os aristocratas e os meios mais ricos, mas ainda assim era um primeiro passo rumo à democracia. O Iluminismo corresponde a este desafio a todos os dogmas, políticos e religiosos, no contexto da Revolução Gloriosa. Esta tolerância religiosa é acompanhada por um desejo por conhecimento, progresso científico, gerados por uma crença no homem e não só em Deus. Sir Isaac Newton, que publicou sua grande obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, um ano antes da Revolução Gloriosa, e depois Opticks em 1704, presidiu a Royal Society de 1703 até 1727. Se ele mesmo não fazia parte de nenhuma loja, nem seu amigo, o filósofo Locke, ele trouxe para a prestigiosa sociedade um grande número de franco-maçons, entre os quais Théophile Desaguliers, um dos arquitetos da Grande Loja da Inglaterra. Como acabam de demonstrar Andrew Prescott e Susan Sommers, esta última não viu a luz em 1717, mas certamente em 1721, quando o Duque de Montagu foi eleito Grão-Mestre, dois anos após ter sido recebido na Royal Society. Desaguliers, o que provavelmente colaborou na redação das Constituições de Anderson, ajudou a popularizar as teorias de Newton em The Newtoniam System of the World: the Best Model of Government, an Allegorical Poem (1728). Ele explicava que de acordo com Newton “O que fazia mover os planetas em tal ou qual ordem […] era Harmonia e Amor”, uma visão que claramente se afasta do conceito tradicional da origem do mundo. Mesmo não sendo uma questão de negar a existência de Deus, um grande lugar foi deixado para as leis da natureza. Antes que Anderson escrevesse suas famosas Constituições (1723), exatamente no mesmo espírito, a Royal Society tinha proibido toda a discussão política e religiosa, conforme destacaria mais tarde Benjamin Franklin, que era um membro: “A Royal Society aceita todos os partidos, mas a política é completamente excluída dos nossos trabalhos.”

Sir Isaac Newton (1642-1727) 1726 por Enoch Seeman


Muitos franco-maçons eram membros da Royal Society

De 1721 a 1741, doze dos 22 Grãos Mestres britânicos eram membros da Royal Society. Podemos, certamente, duvidar do alto nível científico de todos estes Grãos Mestres e é provável que a sua participação na prestigiosa Sociedade fosse sobretudo honorária. No entanto, é significativo que eles estivessem orgulhosos de incentivar com sua simples presença as descobertas científicas de seu tempo, de promover esta nova “cultura da ciência”, este “casamento da ciência e o Iluminismo”, para citar Roy Porter. Com a morte de Newton em 1727, seus dois vice-presidentes, Martin Folkes e Hans Sloane, são candidatos à sua sucessão. É Hans Sloane quem ganha. Presidente do Royal College of Medicine, ele é também um botânico que publica artigos sobre o café e a pimenta da Jamaica, que ele mesmo explorou e um colecionador que reúne seus objetos em sua mansão de Chelsea, um pequeno museu que posteriormente fornecerá as primeiras peças do Museu Britânico. Apesar de muitos manuscritos na Biblioteca Britânica relativos à Maçonaria trazerem o seu nome, não há nenhuma evidência de que ele mesmo fora iniciado. Por outro lado, seu sucessor em 1741, seu antigo rival Martin Folkes, foi Grão-Mestre Adjunto de Charles Lennox, duque de Richmond em 1721. Dado que os cargos de Grãos Mestres eram honorários na época, sempre ocupados por aristocratas, a função de Adjunto era essencial. Folkes vai para Paris, onde foi membro da Academia Real de Ciências e apoiaou a candidatura de Voltaire para a Royal Society (1743). Especialmente interessado em Numismática, ele parece ter tido competências mais diplomáticas do que científicas. Sob sua presidência, a Royal Society era essencialmente um clube social.

Dois presidentes deram um verdadeiro impulso à Sociedade: Sir John Pringle, físico, eleito em 1772 e, especialmente, Sir Joseph Banks que o sucedeu em 1778 por 42 anos. Banks tinha acompanhado o Capitão Cook em sua expedição de 1768 a 1771. Eles tinham por missão, de um lado observar o trânsito de Vênus, o que fizeram desde o Tahiti para medir a unidade astronômica e, assim, estimar a distância entre o Sol e a Terra, e de outro verificar a existência da Austrália, então designada como Terra Australis incognita. Joseph Banks tornou-se maçom muito jovem, um pouco antes de 1768.

O ecletismo científico dos membros da Royal Society é característica do conhecimento na época do Iluminismo, que ainda não fora dividido, compartimentado em diferentes disciplinas, como observaria mais tarde Foucault. Esta verdadeira sede por conhecimento era tanto uma riqueza quanto uma fraqueza. Uma riqueza, porque esses primeiros cientistas estavam interessados ​​em tudo, sem antolhos, uma fraqueza também, é claro, e que às vezes se prestou à sátira.

Publicação da Royal Society: As leis da natureza.

Na idade de ouro da sátira na Inglaterra, a mais divertida era a de Jonathan Swift, que agora sabemos era maçom, em As Viagens de Gulliver (1726). Ele descreveu a academia de Lagado, povoada por estes projectors, como eram então chamados, estes homens de “projetos” um pouco loucos que queriam experimentar tudo, tão grande era sua sede de descoberta. Um desses projetores decide então construir uma casa começando pelo telhado, enquanto outro tenta extrair raios de sol de pepinos para aquecer a atmosfera… Samuel Johnson, o autor do primeiro dicionário do idioma Inglês, também ironiza: “Grandes esperanças nasceram com o progresso repentino das artes úteis … os membros da Sociedade se reúnem e se reúnem sem que as misérias da vida tenham diminuído visivelmente.”

E os maçons também não escapariam da sátira. A sociedade paródica apareceu de maneira muito efêmera na década de 1720. O pintor Hogarth, ele mesmo um grande intendente da Grande Loja da Inglaterra, os imortalizou em O Mistério da Maçonaria Trazido à Luz pelos Gormogons (1724). Esta pintura descreve uma procissão liderada por um certo “Chin Quan”, bem como pelo sábio Confucius, que continha, entre outras personagens grotescas, um macaco vestido de avental e luvas maçônicas, provavelmente uma caricatura do Reverendo Anderson, o autor das Constituições maçônicas de 1723. Como vemos, não se tratava de sátiras virulentas, mas sim de divertidos flagrantes.
Novas ideias, princípios comuns

As inovações muitas vezes fazem sorrir, sabemos disso. No entanto, só elas permitem que os homens evoluam. A Royal Society, assim como a Maçonaria Inglesa e Escocesa, traz a marca do Iluminismo. Se elas têm as suas raízes mergulhadas em séculos anteriores, se elas se dizem herdeiras de tradições antigas, elas rejeitam dogmas, o conhecimento fossilizado, os preconceitos. No início do século XVIII, elas são portadoras de ideias que fundaram nossas sociedades modernas, embora sejam muitas vezes postas à prova hoje: a tolerância, as virtudes da observação, o respeito pela natureza e homens em sua diversidade.



Publicado em FM – Revista da Maçonaria, no. 4 – Fora de Série
Postado por jose roberto cardoso às 05:43 Nenhum comentário:
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