sábado, 26 de agosto de 2017



HISTÓRIA DA MAÇONARIA UNIVERSAL
A ORIGEM ANTIGA DA FRANCOMAÇONARIA´


Revista Hiram Abiff nº 140.
Tradução: Pedreiro de Cantaria

A CADEIA DOS MISTÉRIOS


O estudioso da maçonaria sabe que não existe apenas uma “História” da Ordem. Por isso nos ocupamos de reproduzir o maior número de versões que permitam ao iniciado saber de que se trata e quais são elas. Neste caso vamos reproduzir a que se encontra na página WEB da Grande Loja da Venezuela, por entender que contem suficiente informação para motivar os queridos irmãos a indagar e investigar a fim de ampliar sua visão sobre a magnitude da história que nos antecede e assim ter claro um panorama que nos permita localizar um tanto mais da verdade histórica. Por essa razão é que hoje apresentamos esta versão. Enquanto a origem da maçonaria iniciática se perdem nas noites do tempo, muitos historiadores a consideram nascida de uma associação de pedreiros formada quando da construção da Catedral de Estrasburgo no século XII, outros a atribuem a Olivier Cromwell (1759-1658), Lord Protetor da Inglaterra no século XVI, e até se chegou a afirmar que provém de uma continuação dos Jesuítas. É uma ideia muito divulgada que os maçons operativos da Idade Média tinham uma lenda relacionada com o Templo de Salomão e possuíam um corpo de tradições legados pelos Colégios Romanos e os ensinamentos adquiridos pelos Templários no Oriente Próximo. No entanto, pode-se acrescentar que os mistérios e rituais da maçonaria vêm de transmissões regulares dos mundos do Antigo Egito, Gregos, Romanos, dos ensinamentos Cristãos, dos Cabalistas da Idade Média, da Escola de Alexandria, dos Rosa-cruzes, dos Hermetistas do Renascimento e do século XVIII. Empregando um axioma histórico: o corpo da Maçonaria nasce na Idade Média, porém seu espírito remonta mesmo às origens da civilização, o que faz dos maçons herdeiros e guardiães das tradições dos Patriarcas da Humanidade. 

A TRADIÇÃO HINDU E DOS BRAMANES


Os Mistérios da Índia são de uma antiguidade tão remota que Buret de Long-Champs, supõe terem sido criados cinquenta séculos antes da era vulgar e até mesmo de derivar deles a história geral do mundo. 

A doutrina destes mistérios era toda teogonica e suas aplicações à física se aproximavam, segundo Vassal, a Maçonaria atual. A teogonia dos Brâmanes está consignada no Schasta ou Vedas, escrito em sânscrito há 4.960 anos. Existe um princípio divino impessoal Brahm, que se manifesta em múltiplas reencarnações, das quais as mais importantes são Brahma, Vishnu e Shiva, que formam a trindade da religião hindu. Brahma é o Deus supremo, emanação de Brahm e criador do mundo, dos deuses e dos seres; Vishnu desempenha o papel de preservar o mundo, alma universal presente em tudo e para tudo e Shiva, deus destruidor e fecundador que embora seja de caráter mitológico, é conforme a dos hebreus (os mistérios). Os mistérios dos Brâmanes tinham sobretudo a instrução da classe sacerdotal. Ao que parece, foram, segundo Voltaire, os primeiros teólogos, filósofos e legisladores do mundo, e para eles o sacerdócio era a magistratura, e sua religião a justiça.

Conheciam as doutrinas de iniciação primitiva dos magos, e para eles os mistérios da Índia eram puramente religiosos. Para ingressar na sua Ordem deveria ser um Brâmane de nascimento, isto é, pertencer a casta mais alta de todas as que formam a raça indiana. Durante sua instrução deviam permanecer no mais profundo silêncio. Por espaço de trinta e sete anos sua vida era dura, se alimentavam de ervas e raízes, vestiam de forma muito simples, jejuavam e oravam constantemente e permaneciam horas de pé com os braços levantados tratando de ver uma pequena chama azul sobre seu nariz. 

Pregavam que o mundo havia sido criado por uma inteligência suprema, cuja providência o governa e o conserva no todo; que a alma não morre nunca, mas que passa de um corpo a outro à mercê da metempsicose, e que vai recebendo nas sucessivas vidas as penas ou recompensas que tenha sido credora nas encarnações anteriores, à Lei do Karma. Ensinavam que o universo estava sujeito a corromper-se e ser destruído; declaravam que a vida é um estado de concepção e a morte um verdadeiro nascimento e tinham um profundo respeito por todas as formas viventes. Não admitem diferença entre a alma de um homem e a de um animal, segundo suas doutrinas as almas existem desde a eternidade e foram distribuídas entre todos os seres viventes. 

Foram os Brâmanes que ensinaram aos Egípcios as primeiras ideias dos Mistérios. 

A TRADIÇÃO EGÍPICIA


Talvez o mais antigo povo que exerceu uma grande influência nas culturas de todos os tempos foi o Antigo Egito, terra de grandes iniciados, considerada como o berço dos mistérios, onde a verdade foi coberta com o segredo da alegoria e onde os dogmas da religião foram comunicados pela primeira vez em forma de símbolos. A antiga história do Egito parte da primeira dinastia, fundada por Man ou Mena, há uns 5.000 anos a. C., Mas a história antiga do Egito se estende mais além, a era dos Reis Divinos das Dinastias Atlantes que governavam esse país durante milhares de anos e dos quais nos chegaram tradições, em forma de mitos e lendas que já eram antigas à chegada de Mena. Foi neste povo, onde o Grande Mestre do Mundo chegou da Grande Loja Branca, usando o nome de Tehuti ou Thoth, cujo nome helenizado nos chegou como Hermes, o Trimegisto (o três vezes sábio). 

A iniciação dos Egípcios, conhecidos com o nome de Mistérios de Isis e de Osiris, segundo Vasal, remontam a uns 2.900 a.C. e foram grandes instituições públicas sustentadas pelo Estado e seus ensinamentos compreendiam todas as artes e ciências do Oriente. O centro principal dos trabalhos estava localizado na cidade de Menphis, próximo à Grande Pirâmide. Esta pirâmide foi construída com base em elevados cálculos matemáticos e astronômicos, de maneira que ela representava o Universo, e os iniciados se dedicavam simbolicamente a sua construção, tal como os maçons modernos se dedicam a construção do Templo de Salomão. Os Mistérios estavam agrupados em Mistérios Menores e Mistérios Maiores, divididos em três graus e eram comunicados aos iniciados sob solenes juramentos de segredos, sua instrução estava envolta nos rituais de iniciação, passagem e elevação e é basicamente desta forma que chegou a maçonaria dos Graus, correspondendo cada um deles a um tipo de iniciação ou passagem de graus. 

Assim se tinha os Mistérios Menores que correspondia aos Mistérios de Isis, e se assemelha ao grau de Aprendiz Maçom. Eram cerimônias preparativas para os outros graus superiores, onde o iniciado recebia instruções nas leis físicas da natureza, a necessidade da purificação moral. Os Mistérios Maiores correspondiam ao segundo e terceiro graus. O segundo grau constitui os Mistérios de Serafis, nestes se comunicava instruções práticas sobre o desenvolvimento do corpo mental e seguramente se relacionava com a morte de Osiris. 

O terceiro grau era chamado de Mistérios de Osiris, e correspondia ao Grau de Mestre Maçom. O ritual era muito impressionante, no qual o candidato devia passar por uma representação simbólica da morte, a busca do corpo e a ressurreição de Osiris.

A síntese egípcia deixa vários sinais que a tradição ocidental tomara a seu favor: 

- Uma teologia da ressurreição aportada pelo mito de Osiris; 

- A prática de ciências sagradas destinadas a manter a comunicação entre os diversos mundos humano e divino; 

- A ideia de um verbo criador e a revelação de segredos; 

- Uma cosmografia orientada e ordenada ao redor de um centro, o Templo. Nesta última surge a imagem do templo constará os ensinamentos de todos os esoterismos cujo simbolismo repousa na Arquitetura chamada de Arte Real. 

O Templo obedece a uma cosmografia. Está orientado sobre cálculos astronômicos e sua fundação a ritos precisos, sob a autoridade de Thot. Casa de Deus construída com as ferramentas sagradas do número da geometria, edificada com materiais eleitos, o simbolismo se completa com os hieróglifos que ornam suas paredes. Esta ideia será aproveitada mais adiante pelos judeus na construção do Templo de Salomão.

OS MISTÉRIOS DA GRÉCIA



.Parece ter sido a Grécia o Templo verdadeiro de todos os mistérios antigos e de onde foram transmitidos aos tempos modernos. O fundador dos Mistérios Gregos foi Orfeu, poeta e príncipe de Sicyonios, na Trácia, o qual, depois de ter adquirido os conhecimentos científicos do Colégio de Menphis, viajou pela Grécia até o ano 1.330 a. C, onde regularizou os Mistérios de Eleusis e destruiu os erros que haviam servido de base aos Mistérios da Deusa Ceres. Orfeu ensinou por meio da música, por meio do som, e trabalhou sobre o corpo astral e mental de seus discípulos, purificando-os e engrandecendo-os, lhes mostrou imagens vivas criadas por meio da música e ensinou que o som era imanente em todas as coisas, e que se um homem estivesse em harmonia consigo mesmo, então a Divina Harmonia se manifestaria nele. 

OS MISTÉRIOS DE CERES OU DE ELEUSIS


Os Mistérios de Ceres ou de Eleusis foram divididos por Orfeu em graus: o primeiro chamado Isotérico (público). Estes desenvolviam a teogonia egípcia por meio de seus emblemas e moral, e o segundo chamado Esotérico (particular aos iniciados) onde se ensinava não só o sistema físico da natureza, mas também todos aqueles conhecimentos que pudessem influir diretamente na civilização dos povos. O controle dos Mistérios de Eleusis nos tempos clássicos ficaram em mãos de duas famílias: os Elmópidas, de onde se elegia o Oficial Chefe ou Hierofante e os Keryces ou Heraldos ou portadores da dupla tocha, que eram os segundos na faixa chamada de Dadaukós, o terceiro oficial era o Hieroceryx ou Heraldo (comandante) sagrado eleito dentre os Keryces que cuidavam de forma geral do templo, e tinha a seu cargo os aspirantes durante as provas da iniciação. Um quarto oficial era o Epibomus, ou Servidor do altar, que dirigia os sacrifícios. 

Os Mistérios estavam divididos em dois graus, os Menores e os Maiores. Nos Menores, celebrado no templo de Demeter e Cora, na Agra, próximo de Atenas onde se ensinava sobre a vida depois da morte no mundo intermediário ou astral A cerimônia era celebrada pelo Hierofante assistido pelos oficiais e os iniciados neste grau eram chamados de Mystae, que denota fechar os olhos e significava que ainda estavam cegos para as verdades que se revelariam mais adiante e, como no Egito eram submetidos a duras provas e a um severo treinamento para o desenvolvimento dos sentidos do plano astral e seu objetivo era preparar o neófito para sua recepção nos Mistérios Maiores.

Os Mistérios Maiores eram celebrados em Eleusis durante o mês de setembro e duravam nove dias, em honra as deusas Demeter e Persephone. O Templo de Eleusis se dividia em três partes: o megaron ou santuário, correspondente ao lugar sagrado do Templo de Salomão, o anactorón, ou santo dos santos e o departamento subterrâneo sob o templo. As regiões infernais, e o castigo do iniciado ímpio era simbolicamente representado neste subterrâneo e era um drama de Demeter, Persefone e Plutão. Nesses mistérios o ensinamento da vida depois da morte era estendido até o mundo celestial, e continuava com o estudo da cosmogênesis e antropogênesis. Os iniciados eram chamados de Adoptae e isso significa o que contempla. 

A lição, o dogma, o método de instrução representado por símbolos, o vínculo secreto da fraternidade, deram importância a estes mistérios que perduraram até a queda do Império Romano. O Orfismo influenciará os primeiros cristãos, depois de haver encontrado o pensamento Pitagórico. Será assimilado em alguns de seus princípios esotéricos por grupos iniciáticos sérios na Idade Média como o rosacrucianismo e a maçonaria. Se bem que nós, na Maçonaria, não herdamos a sucessão de Eleusis diretamente. Algo de sua inspiração foi recebido em nossos ritos, os quais tem o mesmo propósito, simbolizam os mesmos mundos invisíveis e sua tarefa é preparar o candidato para a augusta tarefa que se encontra por trás de todos os mistérios. 

A ESCOLA PITAGÓRICA

 

A escola Pitagórica foi criada pelo filósofo Pitágoras, nascido em Samos, no ano de 582 a. C. Durante sua juventude viajou por muitos países do Mediterrâneo onde foi iniciado nos ritos: Egípcios, Eleusinos, Kabíricos e Caldeus e na Índia veio a conhecer Buda. E assim, para a Escola Pitagórica, convergiram muitas tradições e se fundiram em um ensinamento compreensível sobre o lado oculto da vida. A metafísica Pitagórica repousa sobre um monoteísmo, sobre a ideia de que Deus se encontra na origem de tudo e sobre a especulação filosófica e científica resultante da Teoria do Número.

Parte de seus ensinamentos ficaram plasmados nos Versos de Ouro. Pitágoras impôs uma férrea disciplina física e mental, ensinava a pensar, impôs a regra do exercício e a concentração. A iniciação na comunidade compreendia várias fases. O iniciado era submetido a provas físicas e de oratória, isolamento em uma célula onde aprendia a praticar as virtudes do silêncio e do jejum. Pitágoras ensinou os princípios esotéricos da matemática e da geometria. Nessas escolas os alunos estavam divididos em três graus: Os Akoustikoi ou ouvintes, por um período de três a cinco anos onde não tomavam parte nas discussões e recebiam ensinamentos de um Mestre. O segundo grau, os Matematikoi a quem cabia a coordenação do estudo da Matemática, Geometria, Música e as correspondências entre elas. O terceiro grau, os Phisikoi, dedicados a estudar a vida interna. A tradição Pitagórica passou para as escolas Neoplatônicas, de onde muito de seus ensinamentos passaram para mãos cristãs como modelo de suas instituições monásticas, com as quais a franco-maçonaria da Idade Média se relacionou intimamente em seu caráter ativo. Não é estranho que os antigos maçons chamavam Pitágoras de seu “antigo amigo e irmão”.

A TRADIÇÃO JUDÁICA


A tradição egípcia passou para o povo judeu através de Moisés, que foi iniciado nos Altos Mistérios pelos sacerdotes egípcios, o qual, depois, transmitiu estes ensinamentos a classe sacerdotal dos Israelitas. No Antigo Testamento (Samuel 19-20 e Reis II-2-5) se menciona que ao que parece existiam escolas iniciáticas em Naioth sob a direção do profeta Samuel e outras em Bethel e Jericó. Os Mistérios Egípcios foram transmitidos de geração a geração até o momento em que o rei Salomão assumiu o trono de seu pai, Davi. 

O rei Salomão, que governou entre 975 e 926 a. C., se dedicou a unificação de seu povo e com tal fim ergueu o Templo de Jerusalém para que fosse o centro de veneração religiosa e símbolo da unidade nacional. O Templo era um edifício completamente simbólico, seu planejamento, sua construção e ornamentos representavam a síntese de todas as ciências, era o Universo, a Filosofia, o céu, e representava o macrocosmo e os homens no microcosmo. Salomão havia concebido e Hiran Abiff, arquiteto e decorador da cidade de Tiro, o havia construído com elevada inteligência. Para o melhor desenvolvimento da obra dividiu os trabalhadores de acordo com o trabalho que realizavam, em Mestres, Companheiros e Aprendizes, estrutura esta que os maçons tomaram como forma de organização. 

Agora Salomão, que havia sido iniciado nos Mistérios de Eleusis, desejava dar forma judia aos mistérios que, desde Moisés, eram ainda egípcios. Para isso, junto com o rei Hiran de Tiro, convocou uma Assembleia do conselho de Jerusalém e se dedicaram de imediato a adaptação dos rituais. Desta maneira se unem quatro correntes: a egípcia aportada pelos sacerdotes; a grega aportada por Salomão, a Caldeia baseada nos ensinamentos de Zoroastro que manteve o rei Hiran, a qual absorveu, entre outras: os nomes do alfabeto judeu e dos anjos, e uma quarta corrente estranha às outras baseada no rito de Tamuz que foi absorvida por Hiran Abiff, que era fenício. A iniciação de Salomão tinha uma tríplice finalidade: a tolerância, a filantropia e a civilização dos israelitas. A mística judia induz em primeiro lugar uma comunicação direta com a divindade transcendente e de igual modo a cosmologia simbólica vinculada ao templo entra no campo do esoterismo. 

O simbolismo do Templo corresponde ao cosmos e está dividido em três partes que correspondem ao céu, ao mar e a terra. Telas e ornamentos interiores evocam os quatro elementos, os sete braços do candelabro remetem aos sete planetas, as doze colunas interiores aos doze signos do zodíaco. A ordem iniciática e esotérica da franco-maçonaria se inspirará neste simbolismo cósmico para a disposição e a ordem, para a orientação e forma da loja. 

Os franco-maçons querem reedificar o Templo de Salomão sobre as bases da hierarquia inteligente e da iniciação progressiva. 

A experiência mística judia dos primeiros séculos de nossa era, absorveu da gênese do esoterismo ocidental sua própria contribuição mesclando-se com as correntes gregas e latinas e assim chegou a criar novas orientações. A originalidade da mística hebraica reside na assombrosa associação dos elementos que a compõe: prática religiosa, metafísica, ética, teosofia, alegorias, preceitos proféticos e leis. Se estima que a Torah, o livro da lei, foi praticamente concluído no século V a. C., e é formado por cinco livros do Pentateuco, mas a esta lei escrita ditada por Deus à Moisés, se agrega uma lei oral igualmente ditada por Deus e transcrita no ano de 218 d. C., especialmente por Rabi Yehuda Hakadoch, e se chama Mishna; ao corpo de comentários da Mishna se dá o nome de Ghemara. Estes dois livros foram reunidos em um só chamado Talmud (em hebreu quer dizer doutrina). Na opinião de autorizados ritualistas, o terceiro grau de Mestre está classificado como bíblico, também várias tradições e lendas dos graus superiores da Maçonaria, se encontram no Talmud. Se pode ver que a forma judaica dos Mistérios é a que mais influência teve na maçonaria moderna absorvendo entre outros: os três graus, as palavras 


OS MISTÉRIOS DE MITRA



Outras correntes esotéricas que influenciaram no desenvolvimento da filosofia maçônica foram os Mistérios Mitráicos, do grego MEITHRAS, célebre reformador nascido na Medo-Pérsia, no ano de 2.250 a. C., que regenerou e moralizou o sistema dos magos, fundando um culto mais austero adorando os princípios da fecundidade e da regeneração universal, instituído por Zoroastro, como a iniciação nos mistérios de religião que havia fundado na antiga Pérsia. Foi considerado mais tarde como o deus supremo de toda Pérsia, criado pelo mesmo Ormuz. Este culto floresceu especialmente entre os postos militares e rotas de comércio do Oriente Médio, e com o tempo se estenderam pela Europa, até perder sua conexão no século IV d. C. 

Foi essencialmente uma religião de soldados, seu sacramento consistia no pão, vinho e sal que eram consagrados ao deus Mitra, em um ritual carregado de força, pureza e valentia, que ajudava a tornar solidários os membros da fraternidade. Este rito apresenta muitas analogias com o Cristianismo: se idêntica com a luz e o sol, insiste na conduta moral de seus adeptos, dá ênfase a abstinência e o autocontrole, assim como na luta entre o bem e o mal e no triunfo do primeiro pela intermediação do Logos, creem na imortalidade da alma. 

Enquanto se sabia que a iniciação estava escalonada em sete graus, cada um representando por um metal e consagrado a um planeta, de acordo com o conhecimento cada vez mais amplo dos iniciados:

GRAUS ESCALÃO PLANETAS 

1 MILES (Soldado) Chumbo Saturno

2 LEO (Leão) Estanho Venus

3 CORAX (Corvos) Cobre Júpiter

4 PERSES (Persas) Ferro Mercúrio

5 CRYPTIUS (Oculto) Amálgama Marte

6 HELIACOS (Sol) Prata Lua

7 PATRICOS (Padres) Ouro Sol



Somente os iniciados que tenham alcançado o quarto grau podiam participar de modo total nos mistérios, depois do sétimo grau, eles se tornavam os sete Pater Sacrorum (padres encarregado dos sacrifícios).

O aspirante, em princípio, experimentava uma série de provas mediante o que eram introduzidos em cavernas onde os métodos de excitar o assombro e o temor, variavam engenhosamente; se simulava ruídos de animais ferozes, trovões, relâmpagos, batidas com varas e eram obrigados a nadar em rios de fortes correntezas, que tinham por objetivo a purificação pela água, pelo foto, e pelo jejum, provas que duravam entre vinte e quatro e oitenta dias segundo diferentes autores, depois das quais era introduzido em uma caverna chamada spellaeas. As spelaeas eram de pequenas dimensões e representavam o mundo, o duplo movimento dos planetas e o caminho das almas pelas esferas celestes, suas paredes e teto desenhados com signos celestiais. Uma vez na caverna se levava o aspirante a uma sala chamada pronaos e ali eram submetidos a uma espécie de batismo e se preparavam para os sete ensinamentos da iniciação que estava próximo a cruzar. Para alcançar os ensinamentos sobre os sete planetas, era apresentada ao iniciado uma escada ao longo da qual haviam sete portas, cada uma de um metal diferente, simbolizando os atributos do planeta correspondente. Essa escada foi tomada por judeus, na visão da Escada do sonho de Jacó e figura também em emblemas em muitos graus maçônicos. 


OS COLÉGIOS ROMANOS


As tradições judaicas e a corrente Pitagórica foram assimiladas pelos Colégios de Arquitetos pertencentes às Legiões romanas que estiveram acantonadas no Oriente Médio. Esses Colégios foram fundados pelo rei Numa Pompílio no século VII a. C., o qual no afã de acabar com os elementos das culturas rivais dentro do reino, estabeleceu uma religião comum e dividiu os cidadãos em cúrias e tribos e fez o mesmo com os artesãos aos quais agrupou em Corporações sob o nome de COLEGIAE ou COLÉGIOS (Collegia Artificum), a cada colégio foram filiados os artesãos de uma profissão particular e à frente deles estavam os Colégios de Arquitetos (Collegiae Fabrorum). O rei numa, que era profundo conhecedor das leis divinas, adaptou os ritos Egípcios, Gregos e Caldeus a forma Romana de Dionísio, ou Baco, dando aos Colégios um culto e uma organização que lhes eram apropriadas. Estas associações gozavam do direito de formar seus regulamentos próprios e de celebrar contratos seculares e religiosos, desfrutavam da imunidade das contribuições, franquias que se estendeu durante a Idade Média, dando origem a denominação de maçons livres ou franco-maçons. Dedicavam-se a construções de fortalezas, carreteras (vias de transporte), aquedutos, templos e casas em todo o império. 

A organização dos Colégios era muito similar à de nossas Lojas: três Faciiut Collegium, três fazem um Colégio, este era regido por um Mestre, os oficiais imediatos eram os Decuriones ou Guardiães, análogos aos Vigilantes, pois cada Decurio presidia uma parte do Colégio. Haviam outros oficiais tais como: um escriba ou secretário, o qual lavrava o registo de seus procedimentos, um thesaurensis ou tesoureiro, que tinha a seu cargo o contato com a comunidade, um tabulário ou arquivista. Como nestes colégios se combinavam a adoração religiosa com o trabalho do ofício de cada um, havia um sacerdote que dirigia as cerimônias religiosas. Outra analogia com a organização maçônica era que os membros de um colégio estavam divididos em Seniores ou Diretores Superiores do ofício equivalente aos Mestres, e em trabalhadores ou Aprendizes, análogos aos Companheiros e Aprendizes Maçons. Em seus arquivos se encontrou que tinham ritos semirreligiosos que atribuíam interpretações simbólicas a suas ferramentas de trabalho, como o esquadro, o compasso, o nível e o prumo. 

As colonizações romanas foram levadas a cabo pelas legiões do exército. A cada legião se agregava um Colégio, que lhes acompanhava em suas campanhas. Quando colonizavam os locais, estes Colégios permaneciam na colônia para semear a semente da civilização romana, construindo caminhos, aquedutos, quartéis, casas e templos. Os membros dos Colégios trabalhavam seus ritos e com o transcorrer do tempo foram iniciando militares, chegando a ser o teatro de todas as iniciações e demais doutrinas secretas, mesclando-se assim seus ritos com o dos hebreus da palestina e os ritos mitráicos que os soldados de Tito e Vespasiano haviam aprendido quando estavam acantonados na Pérsia. Foi através dos Colégios que a Maçonaria foi introduzida na Europa quando do regresso das legiões a Roma, logo após a queda do Império.

O ESOTERISMO CRISTÃO

Com a definitiva supremacia da Igreja Católica uma nova corrente filosófica vem a agregar-se aos mistérios: o Esoterismo Cristão. Embora negado pela maioria da hierarquia da Igreja, a existência de mistérios pode ser encontrada nos Textos Primitivos. Se trata, pois, de ver, nos Evangelhos um exoterismo[1] justaposto a um esoterismo[2]. O Evangelho de Marcos, o de João e algumas epístolas de Paulo, testemunham um esoterismo, uma palavra revelada, cuja inteligibilidade e compreensão necessitam conhecimento, desde a simples alegoria até uma interpretação que envolve a alma dos mistérios divinos, que penetra no sentido místico dos textos.

Em três grandes princípios estava assentada a doutrina dos Mistérios do Cristianismo primitivo: a unidade de Deus; a liberdade do homem; e a igualdade entre todos os homens. Cristo havia colocado em prática as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Começava por recomendar o amor ao próximo, estimulava a seus irmãos o trabalho e o estudo das ciências e prometia uma vida melhor decorrente dos resultados de sua doutrina e da fé mútua entre os homens e que isso lhes proporcionaria a felicidade suprema.

São os primeiros padres da Igreja como Clemente de Alexandria (160-215 d.C) e Orígenes (185-254 d. C) que iniciam o caminho do esoterismo cristão, em duas de suas obras: Stromas e O Pedagogo, Clemente rechaça o divórcio entre o conhecimento hermético proveniente da Grécia e o transmitido pela revelação Cristã, com esta aproximação trata de promover uma gnosis[3] a definindo como um apetite conjugado da Fé do Saber. Disse Clemente: “quem tiver sido purificado pelo batismo e logo iniciado nos Mistérios Menores (ou seja, tenha adquirido os hábitos da reflexão e o autocontrole) fica maduro para os Mistérios Maiores ou Gnose, ou seja, o conhecimento científico de Deus. Também disse: “não é permitido pela lei revelar aos profanos os Mistérios do Logos”. Quanto a Orígenes (185-254 d. C.) ainda mais que Clemente, chega a casar o neoplatonismo com o pensamento cristão. Assegura a existência de ensinamentos secretos da Igreja, fala da fé popular irracional, que conduz ao que chama de Cristianismo Somático, ou a simples forma física da religião e da fé superior e razoável, baseada no conhecimento oferecido pela sabedoria ou gnose, que conduz ao Cristianismo Espiritual. Em sua obra “A Homilia sobre a Genesis, De Principiis, Contra Ceulsun” se pode ver repetidas referências ao ensinamento oculto, imensamente mais grandioso e que eleva a quem o estuda a um nível muito mais elevado que o que ensina a ortodoxia. Santo Agostinho (354-430) embora não seja um pensador esoterista, seu pensamento será invocar por longo tempo pelos sustentadores do Hermetismo Cristão, nos longos debates com os dogmáticos da Igreja. Em sua obra Confissão ou De Civitae Dei, faz uma referência aos herméticos, e será considerado como a preservação desta unidade. Santo Agostinho rechaça a teurgia e a magia, mas elabora uma doutrina na qual a Alma é a é razoável e servida por um corpo terrestre. A natureza não é rechaçada e certas correspondências regem as relações entre a alma e o corpo. Outro pensador chave que interessa ao esoterismo é Boecio (470-525 d. C.). Sua obra mais lida é De Consolatione Philosophiae, cujo esplendor perdura nos meios maçônicos no século XVIII. Intervém na Cosmologia Platônica, na teoria das Correspondências e princípios de dualidade dinâmica entre polos contraditórios, várias das fórmulas empregadas na Consolação se encontram em rituais maçônicos, como aquela que diz para ficar longe dos vícios e praticar as virtudes.

Em várias Epístolas de São Pedro se pode antever esse esoterismo. Na Epístola sobre os Gálatas acentua a Jerusalém Celeste, evocada no Apocalipse de São João. Outro ensinamento de Paulo é o que define as quatro dimensões do homem interior: largura, altura, comprimento e profundidade, onde se verificam as reminiscências das dimensões de Deus no Livro de Jó.

OUTRAS CORRENTES DE TRADIÇÃO
OS MISTÉRIOS DRUÍDAS



Os druidas eram uma ordem de sacerdotes que existiram na Bretanha e na Gália. A palavra Gaélica Druish significa homem sábio ou sagrado e também mago. Este rito vindo, originalmente, da Grécia através da Escandinávia, o Druidismo, se dividia em três ordens que começavam com os bardos, que eram os Poetas que compunham hinos e cantavam nas cerimônias do culto, os `Profetas ou Eubage[4] eram os adivinhos, tinham a seu cargo o governo civil e a agricultura, e os Druidas ou Vates, que eram os depositários dos dogmas da religião e da filosofia, ocupavam as funções de sacerdotes e juízes. Os sítios de adoração eram também de iniciação, geralmente eram circulares porque essa era a forma do universo, e não tinham telhado porquanto consideravam absurdo reduzir ao Onipotentes a permanência sob um telhado comum. Entre outros instrumentos se sabe que tinham um altar triangular, a espada de Belino e um cofre sagrado. Se fala que suas cerimônias de iniciação requeriam muita purificação física e preparação mental. No primeiro grau se representava a morte simbólica do aspirante culminando no terceiro com sua regeneração, onde este era colocado dentro de um bote. Suas doutrinas eram similares às de Pitágoras. Sustentavam a crença em um Ser Supremo, a reencarnação, o estado futuro das recompensas e dos castigos, a imortalidade da alma. O objetivo de seus ritos místicos era comunicar essas doutrinas empregando uma linguagem simbólica. Muitas lendas ensinam que o cristianismo foi introduzido na Inglaterra muito antes das missões de São Patrício e Santo Agostinho. Alguns historiadores cristãos, como Clemente de Roma e Eusébio, confirmam que São Paulo e outros apóstolos visitaram as ilhas britânicas. O certo é que não foi no século XII quando a Cristandade Céltica foi colocada de acordo com os usos do Cristianismo Romano. Se conta que a antiga Igreja Britânica possuía uma profunda e mística forma de cristianismo derivada de fontes orientais provenientes dos Essênios, que estavam muito vinculados a Jesus por ter sido um de seus membros. Ademais dos sacramentos cristãos, se praticavam ritos de linha mitráica, também usados pelos Essênios e pode ser que tenha havido alguma sucessão de Mistérios Judeus, não vinculados com os Colégios Romanos.

Estas várias linhas de tradição foram retocadas com os Mistérios locais dos Druidas. Assim, os Culdeos[5] de York amalgamaram o misticismo cristão com os ritos nativos, atrelando-os com a Maçonaria Moderna. 


OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS


A Ordem dos Cavaleiros Templários, chamada também os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo do rei Salomão, foi fundada em 118 por Hugues de Payens, Cavaleiro de Borgonha e Godofredo de Sant Omer, Cavaleiro do Norte da França, com a finalidade de proteger os peregrinos na Terra Santa. A Ordem do Templo aparece como referência inevitável na história do esoterismo ocidental. Com efeito, o mito superou a realidade histórica e religiosa, a lenda foi levada à realidade dos fatos e este a perdurar sobre tudo, na Franco-Maçonaria Templária do século XVIII. No século XIII a Ordem estava em seu esplendor máximo com 20.000 cavaleiros disseminados por toda a Europa e Oriente Médio. Um aspecto importante do esoterismo era a Terra Santa, mas as entidades físico-geográficas eram entidades espirituais, os lugares santos eram a expressão do microcosmos humano, de uma iniciação mítica e de uma revelação. Portanto, Jerusalém representa um centro onde o céu e a terra se encontram. 

Os Cavaleiros Templários trouxeram do Oriente um conjunto de cerimônias e símbolos pertencentes a tradição maçônica. Possuíam certos conhecimentos que hoje se ensina no Grau 18 (REAA). O que chamamos “O Sapientíssimo Soberano” era um bispo ou presbítero ordenado, estabelecendo um amalgamento entre os sacramentos egípcios e cristãos. É coisa conhecida que os Templários formavam um ramo de gnosticismo e que haviam adotado as doutrinas dos Ofistas, um símbolo comum em suas cerimônias era a cabeça barbuda que representava o Deus eterno e criador, e que chamavam Baphometus ou Bafomet, palavra grega que significa Batismo de Sabedoria. 

Todo o simbolismo da Ordem evoca a dupla noção temporal espiritual. O famoso Beauseant ou bandeira de guerra, era metade branco para figurar a lealdade aos amigos, e metade negro, o terror dos inimigos. A cruz de oito pontas sobre o manto branco agregava o significado da cruz, o simbolismo mediador do número oito, e se unia ao branco do conhecimento e ao vermelho do Santo Amor, invocado em seu grito de guerra. 

A iniciação templária constava de três graus: Noviço, Cavaleiro e Profeso[6]. No ano de 1307 a Ordem foi suprimida e todos seus membros arrestados e muitos justiçados pela inquisição. A destruição da Ordem do templo não significou o final dos mistérios. Alguns Templários franceses se refugiaram com seus irmãos do Templo da Escócia, onde o mandato de dissolução da Ordem não chegou a ser promulgado, e nesse país suas tradições chegaram a fundir-se com os antigos ritos celtas de Heredon, formando assim uma das correntes que dará origem ao rito Escocês. Desta maneira as tradições de vingança contra o trio formado pelo Papa, o rei e o traidor, se entrelaçou com a tradição egípcia da Maçonaria Negra, culminando com o que hoje se chama grau 30. 


A CAMARADERIA


Outra sobrevivência dos Colégios foi a Camaraderia Francesa ou companheirismo, em francês: Compagnonnage. Com este nome se conhece certas organizações místicas formadas entre obreiros do mesmo ofício, cujo objeto é proporcionar ajuda mútua. Segundo a tradição se acredita que a palavra Compagnonnage é de origem hebraica, sendo proveniente do Templo de Salomão. O termo apareceu no século XII, nas corporações de trabalhadores. Estes para proteger a arte dos seus trabalhos perceberam a necessidade de formar entre seus membros confrarias, cuja proteção devia acompanha-los em suas excursões de trabalho e proporcionar-lhes ajuda fraternal e emprego nas cidades desconhecidas. 

Os Compagnons da Tour (excursão), tem suas lendas que, como os franco-maçons, foram obtidas do Templo de Salomão. Existem três linhas no Companheirismo, cada uma delas baseadas em um precursor diferente: a mais antiga era a dos Filhos de Salomão originalmente composta por construtores de pera (stonemasons) somente; a segunda a dos Filhos do Mestre Santiago que admitiam membros de outros ofícios como seleiros, afiadores, sapateiros, alfaiates; a terceira seguia o Mestre Soubise, originalmente formada por carpinteiros. As três correntes estavam organizadas de acordo com o grau de conhecimento de seus membros em: Aprendizes, Companheiros e Mestres. 

Tinham um sistema de iniciação e para alcançar um grau superior deviam apresentar um exame ou revelação do conhecimento de seu ofício. Para eles o Templo de Salomão era a cúpula da sabedoria e consideravam que os mestres que haviam participado da construção eram iniciados pela Divindade. 

OUTRAS CORRENTES DE TRADIÇÃO

Outra corrente de tradição sobreviveu na Europa e foi os construtores de pedra, que se desenvolveu durante o século XII na Alemanha. Esta se originou de duas correntes, uma inglesa, dos monges celtas e outra italiana, por meio de São Bonifácio. Na Inglaterra as primeiras Lojas (Logges, Luges, Lodges) parecem depois da conquista Normanda no século XI, entre os picapedros e albaniles (pedreiros) que construíram as catedrais de York, Canterbury, etc. Três linhas de tradição confluem na Maçonaria das Uniões Inglesas: uma linha conservada dos mistérios Celtas e Druidas, uma segunda proveniente dos Colégios romanos e uma terceira que chegou com a conquista da Normandia, sob o patrocínio do Arcebispo Lafranc.


[1] Exoterismo vem do grego: exotéricos e, pelo latim: exotericu, que quer dizer: conhecimento passível de ser divulgado para o público. Relacionamos com externo, público e profano. Para passarmos de nível utilizamos as conversões. 

[2] Esoterismo vem do grego: esotericos, que quer dizer: conhecimento complexo e entendimento restrito a um círculo de especialistas. Relacionamos com interno, oculto e reservado. Para passarmos de nível utilizamos as iniciações. 

[3] Ação de conhecer; conhecimento, ciência, sabedoria. 

Conhecimento esotérico da verdade espiritual, combinando mística, sincretismo religioso e especulação filosófica, que diversas seitas dos primeiros séculos da era cristã, consideradas heréticas pela Igreja, acreditavam ser essencial à salvação da alma. 

[4] Padre gaulês, de uma classe média entre os druidas e os bardos, envolvidos no estudo da astronomia, das ciências naturais e da adivinhação. 

[5]Culdeos são alguns monges que gerenciam e preservam uma regra estrita para sustentar seu trabalho e cultura ancestral. 

[6] Aquele que professa uma crença.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017


A CONTRIBUIÇÃO DA MAÇONARIA DA ESCÓCIA


Ir.´. Nelson Morales B. nmob19@yahoo.es
Revista Hiram Abif – Edição 141 – abril e maio de 2012
Tradução: Pedreiro de Cantaria


Temos dito que é um erro assumir que a maçonaria inglesa é a mesma coisa que a maçonaria anglo-saxônica ou britânica.

A seguir, entraremos em maiores detalhes sobre o assunto.

Até o século XIII, a maçonaria da Inglaterra e Escócia, transitavam por caminhos parecidos, digo “parecidos” e me reservo o qualificativo para dizer: similar.

A primeira expressão sobre maçonaria é conhecida na Escócia em 1277, para identificar o local de reunião dos trabalhadores da construção.

Posteriormente, em 1483, aparece a expressão “Masonreys of the lodge”. Em “Loja” quer dizer um agrupamento humano de trabalhadores.

Como podem observar, estamos observando o início da origem corporativa da instituição ou grêmio dos construtores na Escócia.

A relação de confraternização e de corporação de trabalhadores da construção desde o princípio teve uma diferença na Escócia e foi a integração de outros obreiros do Ofício, ou Craft (construtores). Em consequência, a história é precisa em enfatizar que na Escócia não houve, inicialmente, uma Corporação de Ofício relacionados com a edificação

Em 1636, encontramos uma expressão específica atinente à maçonaria, quando surge o termo de franco-maçons mediante o sentido idiomático de “maçons livres” que denotava um status de preferência ou distinção do resto das organizações de trabalhadores manuais: nos referimos a capacidade de exercer livremente o ofício sem a tutela do município ou “burgo” em inglês.

Na Loja de 1230, encontramos o aprendiz identificado como “aprentice” e desde 1598 o Aprendiz Inscrito. No entanto, o Companheiro foi inicialmente conhecido como Companheiro de Ofício e. desde 1598, simplesmente como Companheiro. Agora, temos também ouvido e lido sobre a crise da construção na Inglaterra e a decadência das lojas operativas e o denominado reavivamento da Ordem sob uma fisionomia diferente: “a maçonaria especulativa pelo que dizem os livros e a repetição de tantos trabalhos que asseveram este fato, sem argumentos claros e detalhados”.

Cabe perguntar: este fenômeno da decadência da maçonaria operativa foi generalizado e na mesma data que das ilhas britânicas?

Uma das características muito especiais das Lojas Escocesas era sua “sedentarização” e a “acolhida de membros não operativos”, que se conheciam como nobres ou pedreiros teóricos em seu íntimo o que à luz da história e a comparação com a Inglaterra foi uma medida muito inteligente a acertada para manter a continuidade e preservar as tradições.

Vários irmãos, em alguma oportunidade, me perguntaram onde se encontrava a contribuição da maçonaria escocesa à maçonaria inglesa.

Minha resposta curta é: James Anderson, Lawrence Dermott, o Arco Real, a palavra pedreiro, entre outros.

Curiosamente, a própria maçonaria inglesa não reconheceu qualquer coisa a respeito dos antigos deveres os quais foram adaptados pela dominação da Inglaterra.

Então, ao invés de assinalar que a contribuição da Inglaterra para a Escócia foi os Antigos Deveres que consistiam, principalmente, de três partes: uma religiosa, outra referente a lealdade à coroa inglesa e outra o regulamento, em particular, todas elas atribuídas a uma marca de regras das Ordens Monásticas dos monges Beneditinos, Cistersenses e muitas outras coirmãs da Idade Média.


Catecismos maçônicos de 1596, que estavam bem ocultos e que sobreviveram aos anos, estão sendo encontrados, mas não podem responder às perguntas sobre a existência de duas categorias de maçons: Aprendizes e Companheiros.

Essa era uma outra característica, que não tinha a Grande Loja, senão depois desta inovação na Inglaterra, para ser preciso, no ano de 1736.

Cabe recordar que em 1603 a Escócia foi anexada à Inglaterra, fundindo-se, ambos os reinos, de maneira que começaram a tomar parte dos quadros das Lojas na Escócia, cidadãos não operativos ingleses.

E mais, resulta um tanto contraditório comprovar que este denominado plano de reavivar a maçonaria operativa na Inglaterra para abrir lojas especulativas ocorreu na Escócia e todas essas Lojas evoluíram de operativas para especulativas.

A história é sempre elaborada e contada pelos vencedores, nós, porém, devemos avaliar mais longe o legado dos antigos maçons e grêmios de construtores da Escócia.

Por consequência, os nobres e personagens importantes iniciados na Escócia levaram esta inovação à Inglaterra.

Recapitulando, devemos admitir que não havia nenhuma Loja Inglesa de maçons funcionando de forma separada, mas dentro do mesmo local que eles mesmos ajudaram a escolher.

De maneira que os maçons ingleses não operativos, foram feitos maçons na Escócia ou pelo cerimonial “incorporado” na denominada Loja de Aceitos da companhia de maçons de Londres. Porém, foi deixado para o final outro dilema inglês e é York.

Esta cidade está mais próxima da Escócia que de Londres e dali sua aparência com o sistema maçônico inglês. Reconhecer os maçons de York é reconhecer a gênesis da maçonaria nas ilhas britânicas que este estilo maçônico, que apresenta matizes que claramente fazem a diferença com a linha seguida pela Grande Loja Unida da Inglaterra. 

Para recordar, houve um período de discriminação dos rituais e me atrevo a informar que foi uma consequência política do movimento jacobita que intentou, com o apoio dos jesuítas, recuperar o trono da Inglaterra para um Rei Católico.

Finalmente, que cada qual julgue se é efetivo que a maçonaria especulativa é uma criação inglesa ou se aceitam a tese exposta, de que a ideia foi trasladada ou copiada de outra parte das ilhas britânicas.

Aceitemos, então, que a maçonaria especulativa é uma invenção britânica por evolução de suas tradições de onde destacam os caldeus, os maçons beneditinos e cistercenses, os celtas, druidas, templários, entre outros.

Contudo, pouco se escreveu sobre a relação ao papel dos denominados pedreiros não operativos na fundação da Grande Loja de Londres e lojas subordinadas, entre as quais se encontram: nobres, antiquários, estudiosos, rosacruzes, eclesiásticos, rabinos, a Real Sociedade Inglesa.

Aqueles que geralmente sustenta que aceitam de bom grado tanto o conteúdo dos rituais como de alguns catecismos em curso, não conseguem explicar genuinamente o acontecimento histórico-institucional, precisamente daqueles tempos em que surgiu o que hoje denominamos “Maçonaria Moderna e Especulativa.

É bem conhecida nossa posição relativa aos sucessos protagonizados pelos pastores protestantes James Anderson e Theophile Desaguliers na criação dessa maçonaria, na conformidade das Constituições de 1723, em detrimento da conhecida maçonaria operativa e 

Por essa razão é que publicamos nestas páginas o trabalho do Ir.´. Morales Barrientos uma vez que constitui uma informação para desmentir os equívocos que são do conhecimento do público maçônico

Com este artigo fica demonstrada a existência de Lojas e Obediências na Escócia

Com este artigo é demonstrada a existência de lojas e obediências na Escócia, antes da suposta queda da “operatividade” e nos dá detalhes do porquê do acontecido em Londres no período de 1717/1723.

Não cabe dúvida que o ocorrido em Londres em 1717, não respondeu a uma necessidade de reformular uma maçonaria operativa em franca decadência e inoperabilidade, mas sim dar consequência aos objetivos político-institucionais daqueles que hoje denominamos “livres e aceitos” e que o autor da nota menciona como “uma consequência política do movimento jacobita que intentou, com o apoio dos jesuítas, recuperar o trono da Inglaterra para um rei católico.

Também não temos dúvida, já que investigamos seriamente o tema, dizer que a criação da maçonaria moderna e especulativa, foi uma operação política da monarquia britânica, com o objetivo de neutralizar os princípios liminares da franco-maçonaria, contrários ao feudalismo monárquico e que tinham por objetivo a concepção de um sistema republicano e democrático, como o implantado por Olivier Crowell, quando derrotou a monarquia britânica.

Não cabe qualquer dúvida, tampouco, de que os jacobitas contaram com a ajuda inestimável de todas as monarquias europeias, pois também supunham o sonho de ver triunfar a operatividade. Os acontecimentos históricos ocorridos quando finalmente a “Revolução Francesa” triunfou sobre as iniquidades do feudalismo, tem demonstrado, desde aqueles convulsionados tempos, a nefasta ingerência da nobreza no decurso histórico da ordem, complementando sua infiltração com a instauração de ritos como o Escocês Antigo e Aceito (e uma vasta somatória de vários Ritos) e com a criação (seria melhor dizer administração) dos graus filosóficos e sua filosofia pseudo monárquica, cujo conteúdo desvirtua os fundamentos “racionalistas” da doutrina progressista da franco-maçonaria.

Hoje assistimos a uma negada “decadência”, que manifestamente se adverte na proliferação de novas Obediências, novos Ritos, concepções místicas, esoterismos “primordiais” e introdução, no seio histórico doutrinário, de superstições sincréticas, que pretendem dogmatizar religiosamente a franco-maçonaria.

Dentre essas “heresias” institucionais, se somam as intrigas religiosas do mal definido estabelecimento “judaico-cristão”, cujos alcances não se tem estudado minuciosa e objetivamente, já que cada uma das “religiões positivas” (vale dizer, hierofantes) acumulam “farinha para sua cota”. Hoje não resta dúvida que a atual “lenda do 3ª. Grau” não condiz com a que sustentavam os maçons operativos”, nem com a que aceitavam os maçons das “academias florentinas” lideradas por Leonardo da Vinci... Os três companheiros jubelos (isto é, o povo trabalhador), não foram os que assassinaram Hiram Abif, mas sim os “capitães do poder real e religioso”... como se acreditava nos tempos da” operatividade”; Coisa que, naturalmente, negaram com todo tipo de mentiras, aqueles que haviam aderido ao “moderno e especulativo” criado por Anderson e Desaguliers.