quinta-feira, 6 de julho de 2017








O ÁLCOOL E A LOJA: UMA MISTURA ACEITÁVEL OU PERIGOSA?


Postagem ´por Luciano R. Rodrigues

No Brasil, seja no momento do ágape ou nas festividades, até o momento, nunca observei uma loja que faça restrição ao consumo de álcool em suas dependências. Eu, que gosto bastante de beber cerveja, mas por morar longe de minha loja e depender do carro para o deslocamento até a minha residência, prefiro não beber pois como sabemos, é contra lei consumir bebidas alcoólicas e dirigir.

Sabemos que o consumo excessivo de álcool provoca diversos efeitos na região cerebral, tal como alterações nas áreas responsáveis pela memória e déficit cognitivo. Dados da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas (ABEAD), por ano, 32 mil pessoas morrem em decorrência da bebida alcoólica. O álcool também está por trás de 60% das mortes no trânsito e 72% dos homicídios. Além do álcool contribuir para casos de afogamentos, quedas, suicídios, entre outros.

Á partir deste interessante ponto, iniciei uma pesquisa para entender como outros países encaram o tema “O álcool e a loja”.

A história do álcool na Maçonaria pode ser vista a partir dos primórdios, coexistindo pacificamente. Quando a Grande Loja de Londres foi formada em 1717, as primeiras lojas reuniram-se em tabernas, incluindo aquelas que finalmente formaram a UGLE.

Lojas americanas continuaram a tradição de reunião em tabernas incluindo a primeira Grande Loja de Maçons na América, em Boston, formada no Bunch of Grapes Tavern. Muitas lojas participam de lojas de mesa ou festividades que envolvem brindes.

No entanto, o modo de vida americano mudou como uma nova onda de imigração atingindo as costas. Muitos reformadores começaram a ver álcool como um mal que contribuía para os problemas da sociedade. Um movimento social chamado “movimento de temperança” começou por volta de 1840, afim de limitar a quantidade de álcool que as pessoas poderiam consumir. Mais tarde, o estado de Maine criou uma proibição para todas as bebidas alcoólicas e foi acompanhado por outros Estados “secos”. O movimento causou uma intensa proibição em muitas organizações fraternas, incluindo muitas Grandes Lojas estaduais, que começaram a banir aqueles que poderiam se unir aos proprietários dos bares ou tavernas. O movimento cresceu quando a 18ª Emenda foi ratificada na Constituição, que proibia “a fabricação, venda, ou transporte de bebidas alcoólicas, a importação dos mesmos, ou a exportação a partir dos Estados Unidos … para bares”.
“A progressão do bêbado”: uma litografia de Nathaniel Currier da década de 1840 mostrando as supostas etapas da decadência de um alcoólatra. A litografia visava a apoiar o Movimento da Temperança.

Após uma década de contrabando, a 21ª Emenda foi ratificada, revogando a 18ª Emenda, embora ainda foi dado aos Estados, o direito de restringir o transporte de bebidas alcoólicas, caso eles assim desejassem.

Nos Estados Unidos, ainda existem muitos condados e municípios secos, incluindo 46 condados completamente secos no Texas. Há também exemplos modernos da Temperança incluindo o Mothers Against Drunk Driving (MADD) e da International Organisation of Good Templars. O álcool ainda é altamente regulado e modernas leis estaduais definem o nível do consumo através dos esforços do MADD.
A fonte de temperança em Tompkins Square Park, New York City

O site Paul M. Bressel realizou um estudo com as diversas Grandes Lojas americanas, onde podemos verificar que pelo menos três Grandes Lojas proíbem o ingresso de proprietários de bares. Muitas Grandes Lojas, consideram a embriaguez uma questão de comportamento não-maçônico com a possibilidade de repreensão. Muitas Grandes Lojas também proíbem que o álcool seja servido na Loja, por exemplo, Arizona, Flórida, Kansas, Kentucky, Louisiana, etc.

Em alguns estados americanos, a loja para fornecer bebidas nas festividades, deve tirar uma licença de evento que serve somente para um dia. A Califórnia é um exemplo desta prática.

No Canadá, Escócia, França, Inglaterra e Suécia não é permitido o consumo de bebidas no espaço da loja, enquanto a loja estiver aberta no templo. Após o término da sessão, é permitido o consumo na área da loja, mas os irmãos não podem adentrar ao templo com bebidas. Nos países islâmicos, não é permitido o consumo de álcool nas dependências das lojas maçônicas.

Eu acredito que não há nada de errado com álcool ser consumido nos ágapes e festividades, desde que a conduta não leva a embriaguez excessiva. Nós buscamos uma ordem moral mais elevada, mas devemos lembrar do nosso passado, um passado que incluiu reunião em tabernas.

É pela fragilidade dos homens em não conhecer os seus limites, que leva o álcool a ser um problema.


Bibliografia:
Link do estudo realizado pelo site Paul M. Bressel – http://www.bessel.org/liquor.htm
Relatos de diversos irmãos dos países citados no texto.

MAÇONS QUE LEEM E MAÇONS QUE NÃO LEEM

Tradução de Luciano R. Rodrigues


Eu acredito que existam muitos maçons que são desconhecedores dos princípios da maçonaria, assim como há homens de todas as classes que estão sujeitos a ignorância da sua própria profissão. Não existe um relojoeiro que não saiba sobre os elementos de relojoaria, nem um ferreiro que não esteja totalmente familiarizado com as propriedades do ferro em brasa. Subindo para os mais altos caminhos da ciência, eu ficaria muito surpreendido se encontrasse um advogado que fosse ignorante dos elementos de jurisprudência, ou um médico que nunca tenha lido um tratamento sobre uma patologia, ou um clérigo que não saiba absolutamente nada de teologia. Entretanto, nada é tão comum quanto encontrarmos maçons que estão na completa escuridão a respeito de tudo que se refere a Maçonaria. Eles são ignorantes da sua história, não sabem se uma produção é atual ou se ela vem de eras remotas na sua origem. Eles não têm compreensão do significado esotérico de seus símbolos ou suas cerimônias e dificilmente entendem seus modos de reconhecimento. No entanto é muito comum encontrar esses socialistas na posse de graus elevados e, por vezes, sendo homenageados por altos membros da Ordem, presente nas reuniões de lojas e capítulos, se intrometendo nos procedimentos, tomando parte ativa em todas as discussões e persistindo na manutenção de opiniões heterodoxas em oposição ao julgamento dos irmãos de muito maior conhecimento.

Por que razão acontecem tais coisas? Por que, só na maçonaria, deve haver tanta ignorância e tanta presunção?

Se eu pedir um sapateiro para me fazer um par de botas, ele me diz que só corrige e remenda, e que ele não aprendeu os ramos mais altos de seu ofício, e então honestamente nega o trabalho oferecido. Se eu pedir um relojoeiro para construir um motor para o meu cronometro, ele responde que não pode fazê-lo, que ele nunca aprendeu a fazer motores, que pertence a um ramo mais elevado do negócio, mas que, se eu trouxer uma mola pronta, ele pode inseri-la no meu relógio, porque ele sabe como fazer. Se eu for a um artista com uma ordem para me pintar um quadro histórico, ele irá me dizer que está além de sua capacidade, que ele nunca estudou ou praticou este tipo de detalhes, mas limitou-se à pintura de retratos. Se ele fosse desonesto e presunçoso, iria pegar o meu pedido e em vez de uma imagem, me daria uma pintura tosca. É exclusivo do maçom a falta desta modéstia. Ele está muito apto a pensar que o compromisso não só faz dele um maçom, mas um maçom sábio, ao mesmo tempo. Ele também muitas vezes imagina que as cerimônias místicas que ocorrem na ordem são todo o necessário para torná-lo conhecedor de seus princípios. Há algumas seitas cristãs que acreditam que a água do batismo de uma só vez lava todos os pecados, do passado e do futuro. Portanto, há alguns maçons que pensam que o simples ato de iniciação é de uma só vez seguido por um fluxo de todo o conhecimento maçônico. Eles não precisam de mais estudo ou pesquisa. Tudo o que eles exigem conhecer já foi recebido por um tipo de processo intuitivo.

A grande sociedade dos maçons pode ser dividida em três classes. A primeira é composta por aqueles que não iniciaram com um desejo de conhecimento, mas de algum motivo acidental, nem sempre honrado. Tais homens foram levados a buscar a admissão ou porque era provável, em sua opinião, para facilitar suas operações de negócios, ou para avançar suas perspectivas políticas, ou de alguma outra maneira de beneficia-los pessoalmente. No início de uma guerra, centenas migram para as lojas na esperança de obter o “sinal místico”, que vai ajudá-lo na hora do perigo. Tendo seu objetivo alcançado ou não, estes homens se tornam indiferentes e, com o tempo, se enquadram na categoria de irregulares. Desses maçons não há esperança. Eles são árvores mortas com nenhuma promessa de frutas. Deixe que eles passem como totalmente inútil e incapaz de melhoria.

Há uma segunda classe que consiste de homens que são a moral maçônica e totalmente oposta da primeira classe. Estes fazem o seu pedido de admissão, acompanhado, como o ritual requer, “de um parecer favorável da Instituição e um desejo de conhecimento”. Assim que eles são iniciados, eles conseguem ver através das cerimônias do qual eles passaram, um significado filosófico digno do trabalho de pesquisa. Elas se dedicam a esta pesquisa. Eles obtêm livros maçônicos, leem jornais maçônicos e eles conversam com irmãos bem informados. Se familiarizam com a história da maçonaria. Eles investigam sua origem e seu formato atual. Eles exploram o sentido oculto dos seus símbolos e absorvem a interpretação. Tais maçons são sempre membros úteis e honrados da ordem e frequentemente tornam-se suas luzes brilhantes. Sua lâmpada queima para a iluminação dos outros e para eles, estão em dívida com a Instituição por qualquer que seja a posição elevada que tenha alcançado. Não é para eles que este artigo é escrito.

Mas entre estas duas classes que acabamos de descrever existe um intermediário, não tão ruim quanto o primeiro, mas muito abaixo do segundo, que infelizmente, está incluído no conjunto da Fraternidade.

Esta terceira classe consiste de maçons que se juntaram a maçonaria sem objetivos e com, talvez, a melhor das intenções. Mas eles não conseguiram realizar estas intenções.

Eles cometeram um erro grave. Eles supõem que a iniciação é todo o necessário para torná-los maçons e que um novo estudo é totalmente desnecessário. Sendo assim, eles nunca leram um livro maçônico. Traga ao seu conhecimento as publicações dos autores maçônicos mais famosos e seu comentário será que eles não têm tempo para ler. Mostre-lhes uma revista maçônica de reputação reconhecida e peça para ele se inscrever. A resposta é que eles não podem pagar, os tempos são difíceis e o dinheiro é escasso.

E, no entanto, o que não falta é ambição maçônica em muitos destes homens. Mas sua ambição não é na direção certa. Eles não têm sede de conhecimento, mas eles têm uma grande sede para cargos e graus. Eles não podem gastar dinheiro ou tempo para a compra ou leitura de livros maçônicos, mas eles têm o suficiente de ambos para gastar na aquisição de graus maçônicos.

É surpreendente como alguns maçons que não entendem as mais simples noções da arte, e que falharam completamente para compreender o alcance e o significado da Maçonaria simbólica, empunham as honras vazias dos altos graus. O Mestre Maçom que sabe muito pouco do grau de aprendiz maçom, deseja ser um Cavaleiro Templário. Ele não sabe nada e não espera saber qualquer coisa da história dos templários ou como e por que estes cruzados foram incorporados na irmandade maçônica. A altura da sua ambição é usar a cruz templária sobre o peito. Se ele entrou no Rito Escocês, a Loja de Perfeição não vai dar conteúdo a ele, embora este grau forneça material para meses de estudo. Ele sobe com prazer, mais alto na escala de classificação e por esforços perseverantes, ele pode alcançar o cume do rito e ser investido com o grau 33, mas pouco absorveu de qualquer conhecimento da organização do Rito ou das lições sublimes que ele ensina. Ele atingiu o auge de sua ambição e está autorizado a usar a águia de duas cabeças.

Tais maçons não são distinguidos pela quantidade de conhecimento que eles possuem, mas pelo número das joias que eles usam. Eles vão dar cinquenta dólares para uma decoração, mas não dão cinquenta centavos para um livro.

Estes homens são um grande prejuízo para a Maçonaria. Eles são chamados de zumbidos. Mas eles são mais do que isso. Eles são as vespas, o inimigo mortal de abelhas laboriosas. Eles dão um mau exemplo para os maçons mais jovens, eles desencorajam o crescimento da literatura maçônica, eles distanciam homens intelectuais, que estariam dispostos a cultivar a ciência maçônica, para outros campos, que deprimem as energias de nossos escritores, e eles rebaixam o caráter da Maçonaria especulativa como um ramo da filosofia mental e moral. Quando profanos veem homens que possuem altos graus e cargos na Ordem, que são quase tão ignorantes como a eles mesmos sobre os princípios da Maçonaria e que, se solicitado, diriam que eles encaram apenas como uma instituição social, esses profanos naturalmente concluiriam que há não qualquer coisa de grande valor em um sistema cujas posições mais altas são realizadas por homens que professam não ter conhecimento do seu desenvolvimento.

Não se deve supor que todos os maçons sejam maçons instruídos ou que a todo homem que é iniciado, seja obrigatório a se dedicar ao estudo da ciência e literatura maçônica. Tal expectativa seria insensata e irracional. Todos os homens não são igualmente competentes para captar e reter a mesma quantidade de conhecimento. Ordem é a primeira lei do paraíso e este reconhecimento é de que alguns são, e devem ser, maiores do que o restante, mais ricos e mais sábios.

Tudo o que eu afirmo é que, quando um candidato entra na Maçonaria, ele deve sentir que há algo melhor do que seus meros toques e sinais, e que ele deve esforçar-se com toda a sua capacidade de atingir algum conhecimento e este é o melhor objetivo. Ele não deve procurar avançar para graus mais elevados até que ele sabia alguma coisa do inferior, nem se agarrar a cargos, a menos que ele já tenha adquirido algum conhecimento maçônico, uma obrigação particular. Certa vez conheci um irmão cuja ganância para cargos o levou a ocupar os cargos da administração de sua loja, depois foi Grão-Mestre da jurisdição e que durante todo esse período nunca leu um livro maçônico nem tentou compreender o significado de um único símbolo. No ano que foi presidente da sua loja, ele sempre achou oportuno ter uma desculpa para a sua ausência da loja nas noites em que eram para conferir graus. No entanto, por suas influências pessoais e sociais, ele tinha conseguido elevar-se na hierarquia, acima daqueles que estavam acima dele no conhecimento maçônico. Eles estavam realmente muito acima dele, porque todos sabiam alguma coisa, e ele não sabia nada. Se tivesse permanecido no fundo, ninguém poderia se queixar. Mas, onde ele estava, e valendo-se da posição, ele não tinha o direito de ser ignorante. A sua presunção constituía uma ofensa.

Um exemplo mais marcante é o seguinte: Alguns anos atrás, durante a edição de um periódico maçônico, recebi uma carta de um assinante que era o Grande Conferencista de uma certa Grande Loja, mas desejava interromper sua assinatura. Ao atribuir a sua razão, ele disse “embora o trabalho contenha muita informação valiosa, não terei tempo para ler, pois dedicarei todo o presente ano para o ensino”. Não posso deixar de imaginar o que um professor como este homem, deve ensinar, e que alunos ele deve instruir.

Este artigo é maior do que eu pretendia que fosse. Mas eu sinto a importância do assunto. Existem nos Estados Unidos mais de quatrocentos mil maçons ativos. Quantos deles são leitores? Metade ou um décimo? Apenas um quarto dos homens que estão na ordem leem um pouco e não dependem de que todos saibam disso em visitas a suas lojas, eles tem as noções mais elevadas de seu caráter. Através deles, simpáticos estudiosos são encorajados a discutir os seus princípios e dar ao público os resultados dos seus pensamentos e boas revistas maçônicas desfrutam de uma existência próspera.

Agora, pela razão de existirem tão poucos maçons que leem livros maçônicos, dificilmente fazem mais do que pagar as editoras e a despesa de impressão, enquanto que os autores não recebem nada e as revistas maçônicas estão sendo ano após ano, levadas para a Academia literária, onde os cadáveres de periódicos defuntos são depositados, e pior de tudo, a Maçonaria resiste a golpes deprimentes.

Um Maçom que lê, porém pouco, não apenas as páginas da revista mensal de que é assinante, irá entreter vistas superiores da Instituição e desfrutar de novos prazeres na posse desses pontos de vista. Os maçons que não leem, nunca vão saber nada da beleza interior da Maçonaria especulativa, mas terão a capacidade de ingressar em algo como Odd Fellowship, ou a Ordem dos Cavaleiros de Pítias. Tal maçom deve ser um indiferente. Ele não tem paixão estabelecida.

Se essa indiferença, em vez de ser decretada, vir a ser mais amplamente difundida, o resultado é muito aparente. A Maçonaria deve passar a uma posição mais elevada, como tem duramente tentado, através dos esforços de seus estudiosos, a se manter, e as nossas lojas, ao invés de deixar de lado o pensamento especulativo e filosófico, deteriorando-se em clubes sociais ou sociedades de simples benefício. Com tantos rivais nesse campo, sua luta por uma vida próspera será muito dura.

O sucesso final da Maçonaria depende da inteligência de seus discípulos.

Escrito por Albert G. Mackey
Publicado em 1875 e reimpresso no “The Master Mason” em Outubro de 1924
Traduzido por Luciano R. Rodrigues

terça-feira, 4 de julho de 2017



HiramTomb


TÚMULO DE HIRAM REI DE TIRO, DATADO DE 950 a. C.


Por Luciano R. Rodrigues


O túmulo do Rei Hiram está localizado a alguns minutos de carro, a sudeste de Tiro na aldeia de Hanaway. É um sarcófago colossal de calcário, construído sobre um alto pedestal, ao norte da fronteira com Israel. Este túmulo pode ser encontrado e visto no Google Maps com uma placa turística marrom na estrada próxima.


Rei Hiram de Tiro é um personagem significativo na Maçonaria. Ele é introduzido na Maçonaria como um amigo e aliado do rei Salomão que assiste este último na construção da famosa Casa de Deus em Jerusalém, o Templo de Salomão. O que não é tão conhecido é que ele também era um aliado do Rei Davi, pai de Salomão, e ajudaram-no a construção de seu palácio em Jerusalém. Tiro é um antigo porto fenício e está localizado no que hoje é conhecido como o Líbano e atualmente é conhecido como Sur. Foi do Líbano que veio o famoso cedro encontrado tanto no palácio de David quanto no Templo do Rei Salomão. Além de suprimentos, o rei Hiram era conhecido por artesãos que fornecia, lenhadores, carpinteiros, pedreiros e outros trabalhadores para ajudar na construção de vários edifícios famosos, assim Tiro era um centro bem conhecido por arquitetos e artífices.

Rei Hiram era um rei fenício que reinou de cerca de 980-947 A.C. (embora esta data pode ter uma variação de 10 anos). Dizem que ele viveu até os 53 anos de idade, mas reinou apenas 34 deles, após suceder seu pai Abibaal. Existe uma confusão do texto bíblico com os prazos que não combinam muito bem com Salomão e David lidar com um “rei Hiram” durante um tempo de cerca de 54 anos.

Rei Hiram na Bíblia

Hiram era politicamente oportuno, quando viu o poder dado por Deus a David, por sua própria sobrevivência, Hiram sabia que era melhor tornar-se um aliado de Davi, em vez de um inimigo, embora pareça que a sua amizade pessoal era genuína.

“E Davi se tornou maior e maior, pois o Senhor, o Deus dos exércitos, estava com ele. E Hiram, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, também carpinteiros e pedreiros que construíram David uma casa.” (2 Samuel 5: 10-11)

Depois que David morreu, Hiram continuou a amizade com Salomão, fornecendo materiais e operários qualificados para a construção do Templo:

“Agora Hiram, rei de Tiro, enviou os seus servos a Salomão, quando ouviu que o haviam ungido rei em lugar de seu pai; Para Hiram sempre amei David”

“E Salomão mandou dizer a Hiram: Você sabe que Davi, meu pai, não pôde edificar uma casa ao nome do Senhor seu Deus, por causa da guerra com seus inimigos que o cercaram, até que o Senhor colocá-los sob as solas dos seus pés. Mas agora o Senhor meu Deus me tem dado descanso de todos os lados; não há nem adversário, nem infelicidade. E propósito para que eu construir uma casa para o nome do Senhor meu Deus, como o Senhor disse a Davi, meu pai: Teu filho, que porei sobre o teu trono em seu lugar, esse edificará a casa ao meu nome. Agora, pois, manda que cedros do Líbano ser cortado para mim; e os meus servos irá juntar-se aos teus servos, e eu vou pagar por seus servos tais salários que você definir; para você saber que não há ninguém entre nós que saiba cortar madeira como os sidônios.”

“Quando Hiram ouviu as palavras de Salomão, muito se alegrou, e disse: Bendito seja o Senhor neste dia, que deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo. “

“E Hiram enviou a Salomão, dizendo: Eu ouvi a mensagem que enviou para mim; Estou pronto para fazer tudo o que desejar em matéria de cedro e de madeira cipreste. Meus servos trazê-lo para baixo para o mar a partir do Líbano; e eu vou fazê-lo em balsas para ir pelo mar até o lugar que você dirigir, e eu vou tê-los quebrado lá em cima, e você deve recebê-la; e você deve satisfazer meus desejos, fornecendo alimento para minha casa “.

“Então, Hiram forneceu a Salomão com toda a madeira de cedro e cipreste que ele desejar, enquanto que Salomão deu Hiram vinte mil coros de trigo, para sustento da sua casa, e vinte mil coros de azeite batido. Solomão deu isso a Hiram ano a ano. E o Senhor deu a Salomão sabedoria, como lhe tinha prometido; e houve paz entre Hiram e Salomão, e os dois fizeram um tratado”.

Visão do local do túmulo no Google Maps
http://www.oprumodehiram.com.br



A BATALHA DE JUTLÂNDIA - MUITOS MAÇONS ESTAVAM LÁ

Por  Luciano R. Rodrigues


A batalha da Jutlândia foi a maior batalha naval da 1º Guerra Mundial e a maior batalha naval da História.

A batalha da Jutlândia (ou Jutland) foi travada no largo da costa da Dinamarca no Mar do Norte entre a frota inglesa a frota alemã, entre 31 de Maio e 1 de Junho de 1916, a 100 anos atrás. Tratava-se de cerca de 250 navios e 100.000 homens e foi a principal batalha naval da Primeira Guerra Mundial . Esta batalha crítica tiveram baixas de 6.094 britânicos e 2.551 alemães que foram mortos. Dois anos depois, os últimos meses da guerra, estariam entre os mais sangrento com 1,8 milhão de mortos na “Ofensiva dos Cem Dias” de 1918, que pode obscurecer Jutland em nossas mentes e corações.

Refletindo a importância da batalha de Jutland, o maçom e contemporâneo, Primeiro Lorde do Almirantado, irmão Winston Churchill, disse ao comandante da Batalha, Almirante Jellicoe, que ele era “o único homem de cada lado que poderia perder a guerra em uma tarde”. Este foi um fardo pesado para o nosso irmão, pois, como Churchill, o almirante Sir John Jellicoe (1859-1935) também era maçom. Após a guerra, Jellicoe foi Governador Geral da Nova Zelândia (1920-1924) e Grão-Mestre da Grande Loja de Nova Zelândia (1922-1923). Da mesma forma, o Grande Almirante da Alemanha, Alfred Peter Friedrich von Tirpitz (1849-1930), que transformou a pequena Marinha Imperial alemã da década de 1890 em uma força de classe mundial, também era maçom, membro da Lodge Zur Aufrichtigen Herzen, Frankfurt. Portanto, os chefes das marinhas Alemã (Tirpitz) e britânica (Churchill) no momento da batalha de Jutlândia, eram maçons. No mar, era Admirals Jellicoe e o alemão Reinhard Scheer que lideraram suas respectivas forças em Jutlândia.

Se os aliados tivessem perdido a batalha de Jutlândia, a 1º Guerra Mundial teria sido alterada. O bloqueio que os aliados mantiveram, antes e depois da batalha, era estrategicamente crítico. Foi um grande impacto sobre o esforço de guerra alemão restringir movimentos navais e suprimentos domésticos e de guerra da Alemanha. O comando aliado do mar foi parte da razão dos alemães recorrerem a invasão e irrestritas operações submarinas como fariam mais tarde na 2ª Guerra Mundial. A falta de comando do mar foi parte da razão da Alemanha perder as duas guerras mundiais. Jutlândia foi um evento crítico na derrota dos alemães.

Muitos já ouviram falar da Batalha de Trafalgar (1805), quando a marinha britânica sob o comando de Horatio Nelson “atravessou o T” do adversário e combinou as marinhas francesa e espanhola. Isso aconteceu duas vezes em uma única hora na batalha de Jutland, embora os alemães conseguiram escapar com pensamento rápido e boa navegação, auxiliado por má visibilidade. Cruzar o T é realizar um agressivo disparo no costado (casco acima da linha d´água) dos navios, fazendo com que só possam usar suas armas para a frente, se eles tiverem. O Almirante Nelson conseguiu isso com resultados devastadores, mas foi morto por franco-atiradores durante Trafalgar. (Existem várias provas circunstanciais que sugerem que Nelson era maçom, mas isso nunca foi provado). Na Austrália, Jutland é geralmente esquecido, um pouco por causa do vice-almirante Cutherber Collingwood que primeiro liderou o espanhol em Trafalar e assumiu quando Nelson foi morto. Eu mencionei porque o “Collingwood Masonic Centre” compartilha o nome deste herói naval Inglês. Além disso, a Admiral Collingwood Lodge (Nº13) UGLV foi nomeado em sua honra. O futuro rei George VI , participou da ação durante a Batalha da Jutlândia e foi mencionado em despachos, ele seria posteriormente iniciado em Dezembro de 1919 na Navy Lodge, Nº 2612 (UGLE), da qual seu avô, o rei Edward VII, tinha sido o mestre fundador. Ele foi um dos muitos maçons em ambos os lados que tomaram parte na batalha.

Do lado alemão, um dos personagens notáveis que era maçom era o Conde Felix Von Luckner (1881-1966). Ele, Luckner, era um sujeito incrível e seu irmão, eram sujeitos notáveis. Conhecido como The Devil Sea ele era conhecido pelo “hábito de travar com êxito a guerra sem baixas que faz dele um herói e uma lenda em ambos os lados”. Na grande batalha de Jutland, von Luckner comandou uma torre de arma na Kronprinz com habilidade e astúcia. Como um menino de 13 anos, que tinha fugido de casa para o mar, mas encontrou a vida a bordo de um navio composto por latrinas e pocilgas, abandonou esse navio em Freemantle Austrália e depois “percorreu o mundo em uma grande e desconcertante série de postos de trabalho, incluindo vender Grito de Guerra do exército da Salvação, assistente faroleiro, caçador canguru, circo, pugilista profissional, pescador, marinheiro, guarda exército mexicano para o presidente Diaz, construção de ferrovias, taberneiro e barman. Ele até passou um tempo em uma prisão chilena acusado de tentar roubar porcos, ganhou uma competição de luta livre em Hamburgo, duas vezes teve pernas quebradas, foi jogado para fora de um hospital na Jamaica por falta de fundos, mas teve a sorte de ser ajudado por alguns marinheiros alemães. Em uma visita a territórios alemães na África, se viu engajado em uma caça ao elefante”.

A Guerra Mundial estourou no mundo de viagens de 1914. Von Luckner, com a experiência da vida e da natureza aventureira, combinado com o fato de que ele tinha servido na marinha, escolheu um cominho único, “navegar nos livros de história do mundo“.

Conde Von Luckner é mais conhecido como o capitão do Seeadler (Sea Eagle). Um navio de 1.570 toneladas de três mastros de vela, construído em Glasgow 1888 e capturado pelos alemães, enquanto navegava sob a bandeira britânica. Seeadler foi convertido sob a direção de von Luckner, em um cruzador auxiliar, fortemente armado e equipado com dois motores de 500 HP, mas disfarçado cuidadosamente como um navio de madeira norueguesa “Inna”. Durante uma tempestade violenta no Mar do Norte em 23 de dezembro de 1916, Von Luckner conseguiu escapar do bloqueio britânico mantido após a batalha de Jutland. O “Inna” foi então inspecionado, tendo passado e navegado para norte ao redor da Escócia para o Atlântico.

Ao longo dos 88 dias seguintes de seu navio, com o disfarce removido, capturou onze navios aliados no Atlântico, e afundou dez sem uma única perda de vidas … Mesmo os gatos dos navios estavam a salvo, e ao mesmo tempo, havia 144 a bordo de seu navio! Em tempo, mais de 400 pessoas, homens e mulheres, ficaram seguros… até serem transferidos para terra nos portos da América do Sul. “Eu tive a coragem de afundar navios”, disse ele, “mas eu não tive a coragem de privar uma mãe de uma criança. Eu lutei contra a guerra sem matar ninguém. . .Eu sempre pensei em minha mãe, e imaginei as lágrimas e tristeza que eu faria se eu matasse o filho de alguma outra mãe”. Afirma-se que ele uma vez adiou afundar um navio à vela, até os dentes falsos do capitão tinha sido salvo!

Em abril de 1917, ele contornou o Cabo Horn e entrou na Pacifico afundando mais três navios antes de sua boa sorte acabar em 2 de agosto, quando o Seeadler foi lançado à praia por uma onda na remota Ilha Mopelia no Tahiti. Alguns prisioneiros americanos alegaram que o navio encalhou enquanto os prisioneiros e a maioria da tripulação estavam fazendo um piquenique na ilha. Von Luckner dizia que o trabalho de domingo conduzido por ele mesmo era para “adorar o Grande Criador das Ondas“. Ao lado da Bíblia descansava a bandeira alemã mais as dos prisioneiros. “Eu queria que nossos prisioneiros sentissem que o serviço era tanto deles como o nosso, e que nós não sentimos-nos um povo mais importante do que quaisquer outras pessoas”, o que soa bastante maçônico! De Mopelia navegou 3.700 km em um barco aberto, em uma ocasião, alegando ser marinheiros holandeses-americano que cruzavam o Pacífico para uma aposta e foi autorizado a prosseguir. Mais tarde, ele foi capturado, mas escapou em dezembro de 1917, mas foi novamente capturado, passando o resto da guerra na Nova Zelândia POW Camps (POW=Prisioner of War). Ele foi repatriado para a Alemanha em 1919 como um herói.

Em 1926, ele navegou em seu iate Vaterland em uma missão de boa vontade ao redor do mundo, incluindo os EUA. Mais tarde, em 1937 e 38 em seu iate Seeteufel ele retornou à Austrália e Nova Zelândia. Embora muito velho para o serviço ativo na Segunda Guerra Mundial, Hitler tentou usá-lo para fins de propaganda, mas exigiu que ele renunciasse à Maçonaria. O herói que havia sido iniciado na Zur Goldenen Kugel Lodge Nº66, Hamburgo, em 26 de Maio de 1921, recusou. Em 1943, em Berlim, ele salvou a vida de uma menina judia, dando-lhe abrigo e um passaporte pego em um bomb site (edifício destruído por bomba). Ela conseguiu chegar a um país neutro e depois aos Estados Unidos. Depois da guerra, quando ele novamente visitou os EUA, apelando para a expulsão dos ódios engendrados pela guerra, ela abriu as portas fechadas anteriormente por sua influência. “Foi-me dada a oportunidade de alcançar os corações dos homens e mulheres que já haviam me rejeitado na sua própria tristeza e se recusaram a ouvir o que eu tinha a dizer. Eles haviam se recusado a dar-me uma audiência, porque eu era um alemão e vinha deste país cujo governo havia trazido tanta tristeza terrível”.

Hitler tornou a vida difícil para Von Luckner, e sua conta bancária foi congelada. Ele vivia na cidade alemã remota de Halle, e foi convidado pelo prefeito, em abril de 1945, para entrar em contato com as tropas americanas que se aproximavam e tentar conseguir termos e condições. O general alemão no comando, negou qualquer responsabilidade, mas permitiu-lhe tentar. O oficial de controle de Berlim comentou com desdém: “Há um outro Maçom internacional”. Ele conseguiu encontrar e negociar com os norte-americanos, entre os quais estavam os amigos maçônicos dele, e eles concordaram em não bombardear a cidade. Ao ouvir que Hitler o havia condenado à morte, ele passou a se esconder. Ele morreu em 1966. Estes são, mas apenas algumas das façanhas do nosso irmão.


Durante a batalha de Jutlândia, quatorze navios alemães e onze britânicos foram afundados. Vários foram destruídos em explosões catastróficas. Não houve sobreviventes do HMS Black Prince (857 homens), nem HMS Defense (903 homens). Apenas dois do HMS Indefatigable sobreviveram (1.019 homens), o HMS Invincible afundou com 1.026 homens e apenas seis sobreviveram. Dezoito sobreviveram quando o HMS Queen Mary explodiu com 1.266 tripulantes perdidos. O Kaiserliche Marine (marinha imperial alemã) não sofreu com muitas baixas, mas o SMS Pommern foi rasgado ao meio pela explosão de um paiol e 839 homens pereceram, SMS Wiesbaden teve apenas um sobrevivente do 589 tripulantes.

Através do Great War Project (banco de dados das guerras), sabemos que 67 irmãos britânicos foi confirmado que perderam suas vidas em Jutlândia. Sem dúvida, houveram alguns irmãos mortos no lado alemão, bem como mais irmãos não identificados entre os britânicos.

Algumas lojas teria sentido o impacto da batalha intensamente, por exemplo, três irmãos da loja UNITED SERVICE Nº 1428 morreram no HMS Invincible e outro irmão da mesma loja foi morto no HMS Defense. No total a UNITED SERVICE Lodge perdeu 16 membros na batalha. Dezesseis!

HMS Defense foi o carro-chefe do contra-almirante Sir Robert Arbuthnot, comandando o Primeiro Esquadrão Cruzador. HMS Defense estava envolvido no ataque ao cruzador alemão SMS Wiesbaden, que tinha sido avariado por uma bomba do HMS Invincible (que tinha muitos maçons a bordo que morreram na batalha). Perto de “morrer”, o Defense atraiu o poder de fogo combinado dos cruzadores alemães, cuja proximidade estava escondida pela fumaça e neblina. Após a lesão inicial, ele foi atingido por uma salva que explodiu seu paiol, dentro de segundos, outra salva imediatamente foi enviada, e ela culminou em uma explosão espetacular. Nem um único membro de sua equipe de 903 sobreviveram e 12 maçons conhecidos estavam entre eles, os irmãos Alton, Boggia, Dyer, Howes, Mclean, Moss, Reynolds, Roberts, Sandham, Shapter, Taylor, Wharmby.

HMS Invincible partiu em dois e afundou com a perda de todos de sua tripulação de 1.021. Almirante Hood estava entre os mortos. 16 maçons estavam entre aqueles que foram perdidos no Invincible, 6 eram da United Service Lodge Nº 1428. Foram mortos os irmãos Best, Bowditch, Clapson, Dunnaway, Embling, Harris, Harvey, Hunt, Johnson, Jones, Luker, Main, Melvin, Mortimer, Potter & Seelleur.

O plano da Alemanha sob o comando das forças do Almirante Scheer em Jutlândia era derrotar a superioridade numérica dos britânicos comandados por Jellicoe atraindo apenas uma parte da frota, mas eles foram recebidos com vigor, principalmente devido aos seus códigos terem sido quebrados. Muitos dizem que estrategicamente, Jutlândia provou ser tão decisiva quanto a Batalha de Trafalgar .

A frota alemã de alto mar tinha sido levada para casa e iria sair novamente apenas mais três vezes em menores varreduras. Em seu relatório pós-ação ao Kaiser, o Almirante Scheer aconselhou evitar encontros superficiais futuros com a Grande Frota Britânica por causa de sua “grande superioridade de material” e vantajosa “posição militar-geográfica”, e em vez disso “usar os submarinos contra os britânicos”.

Ambos os lados alegaram vitória em Jutlândia. Talvez o ditado “ganhou a batalha, mas perdeu a guerra” poderia ser aplicado aqui, apesar das controvérsias sobre Jellicoe não levar para casa uma vitória decisiva, porque ele sabia que sua superioridade atual iria prevalecer se não fosse comprometida por uma derrota, mas a verdade é que as perdas britânicas ascenderam a 6.784 homens e 111.000 toneladas, e as perdas alemãs para 3.058 homens e 62.000 toneladas. Apesar disso, a Grã-Bretanha manteve o controle do Mar do Norte e uma vantagem numérica, forçando o alemão a manter uma “frota no porto” apresentando uma ameaça estratégica aos Aliados forçando-os a implementar continuamente forças para se proteger contra eles. A “frota no porto” pode ser parte de uma doutrina de contradição com o mar, mas não de controle do mar e não há dúvida de que os britânicos tinham o controle do mar.

Embora o público britânico estivesse desapontado com Jutlândia, pois para eles não trouxe uma vitória decisiva, Winston Churchill perceptivelmente observou que Jellicoe foi o único homem que poderia ter perdido a guerra em uma tarde. O julgamento de Jellicoe poderia ter sido que mesmo em excelentes probabilidades a seu favor não eram bons o suficiente para apostar o Império Britânico. As antigas críticas de Jellicoe também não suficientemente creditam a Scheer, que estava determinado a preservar a sua frota, evitando a linha de batalha britânica por completo, e que demonstraram grande habilidade para efetuar sua fuga. Apesar disso, vinte e cinco navios ainda estavam perdidos na Batalha.

As duas fases da Jutlândia e os detalhes deste combate naval, é uma leitura interessante. A primeira começou às 16:48h em 31 de maio de 1916, quando as forças de aferição dos vice-almirantes David Beatty e Franz Hipper iniciaram um duelo de artilharia rodando quinze mil jardas, quando o navio de Hipper tomou uma batida grave, mas sobreviveu devido ao design superior. Beatty perdeu três cruzadores de batalha devido à falta de proteção antiflash nas torres de arma, o que permitiu incêndios iniciados por bombas enviadas para alcançar os paióis. Beatty após este encontro inicial virou para o norte e atraiu os alemães para a grande frota. A segunda fase da batalha começou às 19:15h, quando o almirante John Jellicoe trouxe seus navios em uma única linha de batalha através da execução de uma roda de 90 graus a bombordo. Ganhando a vantagem da luz fraca, ele separou os alemães fora de sua base e duas vezes atravessou “T”. Os navios do Almirante Reinhard Scheer da frota de alto mar levaram setenta tiros diretos, enquanto marcaram somente vinte contra Jellicoe. A frota de Scheer escapou por pouco da aniquilação através da execução de três brilhantes giros de 180 graus. No início da tarde de 1 de Junho, a maior parte da frota alemã alcançou a segurança dos seus portos com carro-chefe de Scheer, SMS Friedrich der Grosse, chegando em Wilhelmshaven às 3h.


Quatro condecorações militares Victoria Cross foram concedidas em Jutlândia, três postumamente.

Capitão Loftus Jones VC (1979-1916) morreu em Jutlândia comandando HMS Shark. Ele foi premiado com a medalha “por seu heroísmo em continuar a lutar contra todas as probabilidades” e continuar a dar ordens depois de ser atingido por uma bomba que lhe tirou a perna acima do joelho.

Major Francis John William Harvey VC (1873-1916), um fuzileiro naval, estava a bordo do HMS Lion e embora ferido de morte e quase o único sobrevivente após a explosão de uma bomba inimiga na casa de armas “Q”, com grande presença de espírito e devoção e dever, ordenando o paiol a ser inundado, poupando assim o navio. Ele morreu pouco tempo depois. “Suas ações salvaram o navio de explodir e perder 1.092 vidas”

Contra-Almirante (então comandante) Edward Barry Stewart Bingham VC, OBE (1881-1939) comandando o destroyer HMS Nestor recuando 2.750 metros da frota de batalha adversária alemã em Jutlândia para que ele pudesse trazer seus torpedos para combate. O Nestor foi afundado e Bingham foi feito prisioneiro.

John Travers Cornwell VC (08 de janeiro de 1900 – 02 de junho de 1916), mais conhecido como Jack Cornwell ou como Boy Cornwell, é lembrado por sua bravura na batalha de Jutlândia. Tendo morrido com a idade de apenas 16 anos, Cornwell é o terceiro mais jovem beneficiário do VC após Andrew Fitzgibbon e Thomas Flinn.

Após a ação, médicos do navio chegaram no convés para encontrar Cornwell, o único sobrevivente de seu navio, fragmentos de aço penetrando o peito, olhando e ainda à espera de ordens. Ele morreu na manhã de 02 de junho de 1916 antes da sua mãe conseguir chegar ao hospital.

A recomendação para citação do almirante David Beatty, lê-se:

“O exemplo de devoção ao dever por Boy (1ª Classe) John Travers Cornwell, que foi mortalmente ferido no início da ação, mas, no entanto, permaneceu de pé sozinho em um posto mais exposto, as ordens, em silêncio, à espera até o fim da ação, com a tripulação morta ou ferida em torno dele. Ele estava com 16 ½ anos de idade. Lamento que ele já morreu, mas eu recomendo o seu caso para o reconhecimento especial na justiça à sua memória e como um reconhecimento do elevado exemplo

dado por ele “.

A UTILIZAÇÃO DA ABETA NOS AVENTAIS MAÇÔNICOS


Por Luciano R. Rodrigues

O avental do maçom e sua abeta, são utilizados desde o início da maçonaria especulativa e de múltiplas formas. Às vezes, elevada ao peito e outras, para baixo afim de evidenciar um grau. Com este texto, busco trazer algumas informações para comparação das maneiras que o avental pode ser utilizado, diferente do modo conhecido no Brasil.

Muitos autores afirmam que na maçonaria especulativa, o costume de usar um avental tem suas origens na época em que todos os maçons de ofício usavam um avental branco. O modo de utilização, geralmente, é para o reconhecimento do grau ou categoria do portador, e … “nada mais”, disse Harry Carr.

Duas divulgações, “The Mason’s Examination” de 1723 e o bem conhecido “Maçonaria Dissecada” de Samuel Pritchard de 1730, descrevem que ao neófito foi entregue um avental. Nenhum deles, porém, menciona alguma disposição específica sobre a forma de utilizar ou o relacionamento com diferentes graus.

Podemos presumir que as lojas inglesas do século XVIII, não tinham uma regra uniforme a respeito da utilização do avental, pois a regulação da prática foi imposta pelo Ato de União de 1813, entre as duas Grandes Lojas, dos Antigos e dos Modernos. A utilização do avental de acordo com certas regras, foi uma forma de posição política contra a prática dos “modernos”. É bem evidente no que diz respeito à Maçonaria continental, que essa uniformidade não têm o mesmo propósito. Isso explica por que, ainda hoje, há uma multiplicidade de formas e cores.

Muitos aventais antigos foram encontrados e estão expostos em vários museus maçônicos por toda a Europa. Alguns possuem uma roseta ou um botão para facilitar o dobramento da abeta. Com a introdução de certos rituais (Emulação ou Rito Escocês Retificado, por exemplo) de modelos de aventais diferenciados para Companheiros com duas rosetas e bordas coloridas ou três rosetas acompanhados por bordas coloridas e decoradas para os Mestres, a necessidade de diferenciar os graus por dobragem em um avental branco, não era necessário.

A abeta levantada do Aprendiz e abaixada para o Companheiro, no entanto, continua a ser uma prática comum em muitos rituais de todo o mundo, assim como no Brasil. Esta prática evidencia os únicos dois graus existentes na Maçonaria como Ofício. Isto sugere, implicitamente, ao Maçom moderno, que existe uma diferença entre o Mestre Maçom e os “antigos” construtores, a partir do grau três.

A documentação mais antiga sobre o assunto é uma publicação de origem francesa: “Le catéchisme des francs maçons” (Catecismo dos maçons) de 1744 que afirma que os “Companheiros do Ofício usavam o avental com a ponta para cima”, ou seja, o inverso da prática moderna, enquanto que o Mestre usa a aba para baixo (podemos notar que não há distinção de cor).

A publicação “Le maçon démasqué”, de 1751, afirma que “O Aprendiz deve usar o avental com a abeta para dentro” (ou seja, apenas o quadrado do avental ficava visível). O Companheiro estava autorizado a colocar a abeta para fora e prendê-lo a um botão em seu colete, a abeta então ficava elevada neste grau. O Mestre é livre para deixar cair a abeta, ficando assim, visível.

Estas publicações sugerem, então, que em uma diferença de sete anos, duas instruções idênticas sobre o Aprendiz. Uma indica claramente que havia uma separação em três graus como uma prática já em 1744, enquanto a abeta sempre levanta no grau de Companheiro e abaixa para o grau de Mestre, como em 1751.

Importante é, que as divulgações antimaçônicas que visavam revelar os segredos da ordem no século XVIII, são documentos utilizados para melhor entendermos quais eram as características de trabalho da época, já que a confecção de rituais não era uma prática.

Em algumas jurisdições dos EUA, é comum que os irmãos Visitantes, só utilizem aventais brancos. Nestas jurisdições, somente os oficiais são distinguidos pela utilização de aventais decorados, e esta é a razão pela qual a dobragem e posicionamento das abas, permanecem um elemento de distinção de qualidades dos membros presentes na reunião.

Em resposta a uma pergunta sobre este ponto, um irmão americano disse: “Cada novo iniciado recebe seu avental branco de couro de cordeiro no dia da sua recepção. A decoração é pessoal para ele, mas não precisa de qualquer marca ou decoração. Ele leva para sua casa e com respeito coloca em um lugar onde pode manter até sua morte. E o avental só sai deste lugar para ser enterrado junto com o dono. Na Loja, durante o trabalho, ele deverá usar um avental branco, mas pode ser bordado em azul com o número de identificação e o nome de sua loja na abeta. Estes aventais utilizados nas reuniões, ficam à disposição dos irmãos da loja e ficam guardados como o Cobridor e devem ser devolvidos após a cerimônia”.

Nos EUA, atualmente, há uma pequena diferença entre a utilização do avental do Companheiro. No estado de Connecticut, por exemplo, com a abeta abaixada, a parte inferior esquerda é levantada e presa para dentro do avental. Já no estado de Massachusetts, a parte inferior direita é a levantada, conforme foto abaixo. Já os aventais de Aprendiz e Mestre são iguais em ambos os estados.


As lojas da Grande Loja da Escócia, também empregam um avental branco, não se sabe quantas lojas escocesas usam o que eles chamam de “sistema Inglês” e quantas delas ainda praticam o antigo costume escocês. Na maneira antiga e tradicional (os regulamentos permitem usar o sistema de Inglês, desde que a parte inferior do avental dos Aprendizes, estejam equipados com insígnias para distingui-los dos Companheiros e Mestres), o Aprendiz deve usar um avental com a aba levantada até que cubra o peito. O avental é branco em todos graus, e a base do avental em forma de um semicírculo, o que diferencia do Inglês, que é triangular. Para os Companheiros, o canto inferior esquerdo é levantado e preso ao cinto, formando um triângulo.

No Grande Oriente dos Países Baixos (Orde van Vrijmetselaren in Nederland), o candidato recebe um avental que será utilizado para os três graus. O avental tem as cores próprias da loja, pois tanto na Holanda como na Escócia, cada loja escolhe suas próprias cores. O Aprendiz usa o avental com a abeta dobrada para dentro, o Companheiro com a abeta levantada e o Mestre com a abeta para baixo.

Concluindo, podemos verificar que, assim como no passado, existem formas diferentes de utilização do avental para diferenciar os graus de Aprendiz e Companheiro. No Brasil estamos acostumados com a abeta levantada no grau de Aprendiz, mas estudando e buscando cada vez mais informação, observamos que isso não é um padrão. Á partir de agora, ao ver a foto de um irmão com a abeta do avental levantada, não tenha tanta certeza que se trata de um Aprendiz, pode ser um Companheiro de outro país.

http://www.oprumodehiram.com.br

Bibliografia:
Artigo de Harry Carr – Freemason at work – Quatuor Coronati Lodge.
The Mason’s Examination – 1723
Maçonaria Dissecada – Samuel Pritchard – 1730
Le catéchisme des francs maçons – 1744
  • Le maçon démasqué – 1751
  • Site da Grande Loja dos Países Baixos – https://www.vrijmetselarij.nl/

segunda-feira, 3 de julho de 2017



O SIGNIFICADO DO TERMO JUBELOS


Por João Anatalino Rodrigues 

O termo Jubelos, nome dado aos assassinos de Hiram, é uma designação que provavelmente foi inspirada nos descendentes de Cain, citados na Bíblia, Jubal e Jabel, como já se disse anteriormente. Não conhecemos nenhuma outra tradição ligada a esses nomes, razão pela qual só podemos deduzir que tal designação só pode ser proveniente de associações com os personagens acima citados, que aparecem na variante gnóstica da Lenda de Hiram, desenvolvidas, naturalmente pelos cultores da tradição cabalística. Esses nomes também podem ser originários do latim Jubeo, que significa “em mando” “eu quero”.

O significado iniciático desse crime pode ter sido inspirado no Sepher-A-Zhor, a Bíblia cabalista. Os Jubelos são os anjos rebeldes (demiurgos) que se julgam os verdadeiros construtores do mundo, e querem, a todo custo ser ombreados aos seus superiores. Representam, simbolicamente, a Rebelião de Lúcifer. Esses anjos rebeldes, que deram origem à estirpe de Cain, só poderão ser redimidos através do processo regenerativo que representa o Drama de Hiram.

Historicamente, também se poderia evocar o simbolismo dos cortadores de pedra para o Templo do Rei Salomão, os giblios, para explicar o crime dos Jubelos. Já dissemos que tais operários que representam os companheiros, eram estrangeiros para a tradição israelita. Somente através do sacrifício ritualístico do Mestre Hiram é que eles puderam romper a barreira da tradição e ser admitidos na m3estria maçônica, que em princípio, só podia acolher israelitas de origem. Esse simbolismo teria sido adaptado às tradições maçônicas para justificar a admissão dos chamados “maçons aceitos”.

Mais importante que tudo isso, porém, é o significado moral dessa alegoria. O assassinato do Mestre Hiram simboliza a morte do homem justo pela violência e a ignorância dos tiranos. Com efeito, implantada a tirania, a primeira violência que se prática contra o amante da liberdade é calar a sua voz, impedindo que ele se expresse. Depois, violenta-se lhe o coração, pelo ataque aos seus sentimentos, procurando destruir sua honra, seu nome, sua família, sua autoestima ao mesmo tempo em que se lhe retira todo tipo de liberdade; por fim silenciam-no totalmente, ou pela ameaça da eliminação física, ou pelo próprio cumprimento da ameaça. Esse é o golpe fatal, na cabeça que tira a vida, embora, como o Hiram da lenda, o homem assim violentado sempre ressurja, muito mais forte na razão que defendeu e no exemplo que deixou.

Esse simbolismo foi muito apropriado para a época em que essa alegoria foi incorporada aos rituais maçônicos, pois se tratava de um tempo em que as perseguições por razões políticas, ideológicas e religiosas estavam em pleno auge. E continua muito atual, pois nos dias de hoje a ignorância que gera a violência ainda é a principal arma dos tiranos.


(Conhecedo a Arte Real – Editora ISBN-2ª Edição)



INTERPRETAÇÃO SIMBÓLICA E HISTÓRICA DO CÍRCULO ENTRE PARALELAS TANGENCIAIS




Por Theobaldo Varoli Filho

Mesmo profanamente, o círculo e o ponto central representam o Sol (v. símbolos no dicionário de Webster, por exemplo). Por não possuírem ou desconhecerem a literatura original e universal a Maçonaria, certos autores maçons, teceram interpretações erradas quanto ao círculo entre paralelas. Este símbolo não se confunde com o círculo ou circunferência que maçonicamente representa o COSMO ou o Universo, nem se relaciona com a deturpação de um superado ensinamento pitagórico (v. nota, adiante).

O Círculo entre Paralelas Tangenciais é havido como uma das alegorias integrantes do Altar de Juramentos. Pelo menos ele foi assim desenhado pelo maçom inglês John Harris, no Painel Alegórico do Aprendiz, uns três anos depois de reconstituído, por acordo geral, o ritual dos Antigos, Livres e Aceitos Maçons, também chamado ritual de YORK, por ter sido discutido antes e, em 1815, terminado e aprovado, na cidade de Iorque, Inglaterra. Esse ritual é o mais seguido no mundo e resultou de uma conciliação das práticas dos “antigos” e “modernos” (ingleses), acrescida de outras doutrinas e símbolos.

É de se ponderar, a bem da verdade, que o verdadeiro Altar de Juramentos é a mesa, triangular ou não, do trono do Venerável e tal prática ainda é conservada por tradicionais lojas inglesas. A comodidade criou um pequeno altar à frente do trono, cujo formato pode ser triangular ou não. Ainda, pode ser feito de pedra ou de madeira, com altura adequada às práticas maçônicas. Os preciosismos e rigorismos nele introduzidos são enxertos de espírito inventivo. É de se notar, ainda, que o Altar de Juramentos não tem nada que ver com o altar de Perfumes, do Templo de Salomão, ou qualquer outro. É um altar puramente maçônico, que substitui a mesa do Venerável.

No Painel Alegórico tradicionais, do grau de aprendiz, pode notar-se um altar pequeno e quadrado, com um círculo entre paralelas, na face frontal. O círculo é o Sol. As paralelas representam Moisés e Salomão e, tradicionalmente, João Batista e João Evangelista. Simbolicamente representam os Trópicos de Câncer e de Capricórnio. Vejamos porque:

Quanto às paralelas tangenciais houve duas correntes doutrinárias. Uma, a antiga, preconizava que elas representassem João Batista e João Evangelista, cujas datas correspondiam a 24 de junho e 27 de dezembro, dias maçônicos tradicionais desde os antigos Pedreiros-livres, os quais festejavam os dois santos, realizando também as grandes reuniões gerais (v. Osvaldo Wirth, “Livro do Aprendiz-Maçom”). As Grandes Lojas mantêm essa tradição que, aliás, já vinha dos trabalhadores, agricultores e construtores romanos, os quais celebravam o verão que, no hemisfério norte, ocorre a partir de 21 de junho, assim como comemoravam o “renascimento” do astro-rei em fins de dezembro, no inverno. Como vimos, essa prática reinava também entre os persas. O cristianismo e, por ele, os pedreiros cristãos, teriam apenas modificado o significado astral das duas datas.

A outra corrente, por sua vez, fundada no Velho Testamento, preferia que as paralelas correspondem a Moisés e Salomão. Esta versão, passou a dominar no simbolismo maçônico universal, embora ainda certas lojas do mundo continuem a manter João Batista e João Evangelista representados nas duas paralelas (principalmente lojas que respeitam o antigo Rito Escocês, pelo qual os juramentos eram praticados com a Bíblia aberta no Evangelho e não no Velho Testamento).

Realmente, MOISÉS e SALOMÃO vêm a ser figuras fundamentais no simbolismo do grau de Aprendiz, principalmente pelo fato de representarem, respectivamente, o líder e o construtor. Ora, a Maçonaria é uma escola de líderes e de construtores sociais. Moisés foi o chefe e libertador que impôs ao seu grande povo o governo da lei e não dos homens. Quanto ao rei-sábio, pouco importa aquilo que a história afirma em seu desabono, no que tange a ele tem sido um monarca ambicioso, que escorchou o seu povo com pesados tributos, tanto para as suas edificações como para seus luxos e seus haréns. O que mais importa é que Salomão, filho de Davi, demonstrou notável sabedoria. É por essa razão que, em loja maçônica, ele é representado pelo Venerável Mestre. Além disso, couve a ele construir o Templo. Essa graça não fora concedida a seu pai, que manchara as mãos de sangue (v. instruções do Rito de Iorque).

O Templo de Salomão, de estilo babilônico também usado pelos construtores fenícios, representa a perfeição arquitetônica almejada pelos maçons, para a futura sociedade humana. Entenda-se, mais, que o caminho do maçom é o da evolução da TENDA (Moisés) para o TEMPLO (Salomão).

Ainda, o Círculo representa o Sol, adorado através dos tempos e afinal havido como glória do Grande Arquiteto do Universo. De fato, o Sol foi RA ou RE, AMON, ATON, OSIRIS, AMON-RE, no Egito; SHAMAS, na Babilônia; AHURA MAZDA (Ormuz), na Pérsia; e bem assim, com outros nomes, entre outros povos que usaram o símbolo para, a seu modo, prestar culto ao Supremo Criador dos Mundos. Por fim, a filosofia e o alegorismo da escola neoplatônica-alexandrina, cuja figura máxima foi PLOTINO (205-270), inspiraram ainda a ideia de CRISTO-SOL-REI. Por sua vez, as paralelas-tangentes representavam os limites das idas e vindas do Sol, como os antigos as concebiam e tal como no exemplo relativo a MITRA.

O Círculo dentro de um quarado (de paralelas cruzadas em Ângulo reto) pode também representá-lo entre duas paralelas, apenas.
(Texto extraído do Livro "Curso de Maçonaria Simbólica" (Aprendiz Tomo I)
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NOTA: O Círculo Entre Paralelas pertence ao Altar de Juramentos e não se confunde com o símbolo pitagórico representativo do Cosmos. Repelimos a interpretação de Oliver e outros, com este argumento: Pitagóricos imaginavam um Universo em torno de um fogo central que não era o Sol, pois, esta estrela, havia por ele como um “planeta”, giraria, com outros planetas então conhecidos, em torno da suposta substância ígnea; “para completar o número dez”, ele admitia mais um planeta chamado “anti-terra”. O movimento seria governado ou acompanhado pelas “esferas concêntricas”, as quais, com as suas rotações, produziriam uma espécie de música divina, denominada “harmonia das esferas”. Essa música seria inaudível pelos homens, eis que, estes, nascendo com ela e a ela se habituando, não poderiam percebê-la.
Mais lógica vem a ser, por conseguinte, a interpretação histórica, aliada à interpretação bíblica. Não só muito mais logica, pois é a interpretação maçônica e verdadeira.

domingo, 2 de julho de 2017

COMO ERA A MAÇONARIA DOS "ANTIGOS"?

Por Luciano R. Rodrigues

Muitas vezes nos dizem que a Maçonaria especulativa nasceu em Londres, em junho de 1717, no bairro do “Fleet Street”. Mas sempre se esquece de salientar que, ao mesmo tempo se integrava um bom número de clubes de convivência, mais ou menos pitorescos e com tendências festivas, tais como os Gorgomons (Ancient Noble Order of the Gormogons) e outros grupos de taberna, próprios da Inglaterra daquele tempo.

De fato, aquela fundada no solstício de 1717, não era nem mais nem menos do que uma Sociedade de Taberna que se unia a outros clubes do mesmo tipo, em torno da ideia de realizar, em conjunto, uma festa de verão de São João para que ficasse menos caro para todos.

O que permanece como um particular desta fundação é a instituição que dali resultou.

Na medida em que este agrupamento ia se compondo de personalidades científicas e culturais de importância, decidiram dar-lhe um nome, referindo-se a uma sociedade já existente, garantindo uma boa imagem, uma tradição de proteção e até mesmo uma certa liberdade de ação.

A Maçonaria Antiga foi assim libertada de seus deveres e mistérios para se tornar “free”, “livre” e adotar o nome de “Freemasonry”. Foi organizada como um órgão de gestão e desenvolvimento, sempre com relação à antiga sociedade, passando a se chamar de “Grande Loja”.

Assim, foi basicamente, como se deu a originalidade da criação. A alegação de “liberdade” nasceu da maior restrição da Maçonaria: A Obediência.

Como o clube teve vocação universal, sua sede foi fixada em Londres e foi assim que a “Grande Loja de Londres” viu a luz.

O presidente foi indicado na pessoa de Anthony Sayer, um homem de pouca personalidade que em pouco tempo passou o papel de secretário a John Theophilus Desaguliers, pastor presbiteriano calvinista, cortesão e frequentador da pequena nobreza de Londres, que decidiu fazer deste clube de bairro, uma importante organização, cercada de poder.

Ele a viu como um excelente meio de ascensão social e de reconhecimento, sem relação com religião e para conseguir ser convidado de imediato, para a alta nobreza.

Afim de garantir a lenda e manter o mistério, ele pede a um amigo, o pastor James Anderson, um presbiteriano também, mas principal especialista em brasões duvidosos e genealogias de famílias imaginárias, para construir uma Ordem, na forma de Constituições.

Este clube de sociabilidade, tendo conseguido ser protegido pela nobreza, começou a buscar uma reputação, passando rapidamente a um jogo de influências entre católicos (Jacobitas) e protestantes (Hanoverianos).

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Tentativa protestante na França

Indo para Paris, em 12 de junho de 1725, data que foi criado, a pedido do Lord Derwenwater, refugiado católico jacobita, a Loja Saint Thomas, que se instala em uma taberna frequentada por imigrantes ingleses, em Barnabé Hute, Rua Açougues.

Uma loja rival foi instalada pelos protestantes calvinistas em 1732, algumas ruas depois, no Albergue do Louis d´Argent.

Mas o projeto protestante de “redirecionar” a maçonaria francesa, sob a égide dos presbiterianos, rapidamente foi extinto pois o país era extremamente católico, com inclinação para reunir o espírito místico da época.

O nascimento da primeira Grande Loja da França e da apropriação, pelos franceses, desta forma de sociedade, separa de imediato os destinos das duas ordens, pelo resultado de uma evolução particular no lado continental.

Essa evolução afastou a maçonaria francesa do conflito que ocorria em solo britânico, a corrente que se denominavam “antigos”, em referência a uma longa tradição que supostamente pertenciam, desde as lojas de York e as guildas de construtores, com os nobres intelectuais e cortesões, novos adeptos de um rigoroso protestantismo e que desqualificavam os “modernos”.

A Maçonaria francesa não poderia se envolver nisso, porque se fizesse isso, os “Modernos” poderiam acentuar as limitações e aumentar as disparidades.

Não vamos discutir agora esse problema, que seria mais especifico sobre a introdução de fato, de uma nobreza orgulhosa, a fim de reivindicações igualitárias e intelectuais, em vez de analisar os possíveis conteúdos místico-esotéricos mais do que duvidosos em sua maior parte.

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Voltando a Inglaterra, a estrutura da Maçonaria Inglesa reivindicada como a única “regular” foi intitulada de “Grande Loja Unida da Inglaterra”. Esta denominação se refere exclusivamente à Federação de lojas que foi constituída após o Ato de União, como uma continuação da ideia que evitou a falência da Maçonaria de 1717, totalmente endividada pela construção do Masonic Hall e terminando o conflito que opôs as duas formas, Antigos e Modernos, em 1813.

Esta Grande Loja com vocação universalista foi consagrada em 30 maio de 1816 durante a realização de uma cerimônia chamada “Grande Loja” presidida pelo Mui Venerável Grão-Mestre, Sua Alteza Real, o Duque de Sussex, com base em uma cerimônia onde o ritual foi formado especialmente, por 80% do ritual dos “antigos”, e que hoje em dia conhecemos como “Perfect Ceremonies” ou “Ritual Emulação”.

Quem eram os maçons antigos?

Os Maçons “antigos” do século XVIII são apresentados na forma de um agrupamento muito diferente das pequenas lojas independentes. Eles são de diversas origens, principalmente do nordeste da Inglaterra, Irlanda ou Escócia. Todos tinham um caráter nômade, herdado de seu tradicional deslocamento, de obra em obra.

Pretendiam ser da antiga fraternidade de Ofício, de onde a organização foi constituída por volta do século VIII, com os mosteiros Culdees, passando pelos estatutos Schaw e a antiga Loja de York que se autodenominou Grande Loja de Toda a Inglaterra em 1725, em reação aos “modernos”, mas que o Rei da Inglaterra e seus bispos governantes tinham conduzido desde o século IX.

Antes desse período do século XVIII, a maçonaria dos antigos jamais tinham se agrupado em uma federação geral, mas apenas em guildas estatutariamente independentes e dirigidas pelos Mestres de Obras nomeados pelo rei, tal como William Shaw.

As Lojas não existiam mais do que o tempo de uma obra e eram constituídas conforme a necessidade. Se reconheciam pelos conhecimentos e não por um “recibo de capitação”.

O que ainda surpreende hoje em dia, é a energia usada para competir com uma sociedade que era totalmente estranha e onde a sua existência, até certo ponto, estava declinando gradualmente.

Na verdade, a origem dos antigos como sendo puramente operativa, se reivindicava, com razão, como os únicos e verdadeiros membros da antiga maçonaria que proviam das antigas lojas e detentoras dos segredos da Geometria. Eles basearam sua antiguidade no fato de que sua corporação teria sido fundada e estruturada pelo lendário rei Athelstan no século IX.

Consequentemente, se apresentavam como os únicos praticantes do rito regular da Maçonaria e os únicos autorizados a comunicar os toques, sinais e palavras secretas… segredos mais antigos, eles diziam, que os formulados e inventados ou distorcidos pelos fundadores de 1717.

Esse grupo foi tardiamente chamado de Grande Loja dos Antigos. Tal apelido foi resultado de 1717, quando passou a ser mais fácil falar sobre Maçonaria por referência à obediência do que pela qualidade de maçom.

Hoje em dia sabemos uma série de coisas daqueles “antigos” e sua organização ritualística. Os graus, as ordens, seus vínculos e tudo que formava o foco de progressão, pois seus rituais e conhecimentos eram ensinados progressivamente. Já no início eram apresentados aos Aprendizes, os elementos que seriam estudados em uma progressão até a transmissão dos segredos do Arco.

Esses segredos sempre foram considerados como o “coração”, a “medula” da Maçonaria para os antigos, a tal ponto que uma das palavras mais usadas é “medula nos ossos”, “marrow in the bone”, “mah-ha-bone”.

A Maçonaria dos “antigos” tem outra diferença e tamanho. É organizado, pelo menos, desde as tradições dos Maçons de York, a cerca dos aprendizes e companheiros, quando estes últimos deveriam se tornar “homens de Marca” antes de ser Mestres de loja e, finalmente Companheiro do Real Arco.

Quando houve a exportação do rito para as colônias americanas, que se deu a separação entre a Marca, o Arco e os três graus, até que fosse integrada a lenda do Mestre, proveniente dos “Modernos”.

Podemos entender agora, porque esses maçons, principalmente imigrantes irlandeses e escoceses, ficaram surpresos ao ver seu acesso recusado nas lojas de Londres, onde raras vezes foram aceitos. Notamos que os Modernos não se contentaram em se organizar em torno de um poder central (Grande Loja), mas também modificaram a organização dos graus.

O reagrupamento de suas lojas “antigas” foi realizado por seis lojas independentes, sob a égide de Laurence Dermott, artesão e intelectual burguês de origem irlandesa.

O verdadeiro nome deste reagrupamento interessante, foi primeiramente “A Mais Antiga e Honrosa Fraternidade de Maçons Livres e Aceitos”, depois se tornou “Grande Loja de Maçons Livres e Aceitos da Inglaterra de acordo com as Antigas Constituições”.

Esta assembleia que formou a Grande Loja foi realizada em 17 de julho de 1751 na taberna “Turk´s Head” 1 na Greek Street, no bairro Soho, em Londres, ou seja, do outro lado do bairro Strand, bairro de lojistas, no lado oposto do local de fundação da Grande Loja dos “Modernos” em 1717.

As Crônicas de John Morgan, que trabalhava na secretaria, indicam a presença de sete lojas, nenhuma das quais e por boas razões, eram filiadas à Grande Loja de Londres em 1717.

Durante esta fundação, para o historiador Inglês Bernard Jones, não havia mais do que oitenta pessoas, todos comerciantes, mecânicos e pequenos artesãos, imigrantes, em sua maior parte de origem Irlandesa, instalados em Londres.

Esta nova estrutura rapidamente tomou o hábito de se reunir em uma taberna ocupada por uma oitava loja que se uniu a eles e ofereceu suas instalações, a loja “Temple and Sun” em Shire Lane, em Temple Bar, outro bairro de Londres.

Esta Grande Loja dos Antigos, também era conhecida na época, por Grande Loja Atholl, pelo nome dos Duques de Atholl, protetores da Corporação, de longa data e que ocuparam o Grão-Mestrado a partir de 1771. Esta nova instituição pretendia reunir todos de uma vez, o Grão-Mestre dos Antigos e da Grande Loja da Escócia, estabelecida em 1736, depois que os Saint-Clair de Roslyn foram removidos do seu cargo de protetores hereditários da Maçonaria escocesa.

Outra peculiaridade, é que os membros da Grande Loja dos Antigos, reivindicavam uma denominação particular, o de “Maçons Livres e Aceitos”. O adjetivo “livre” (free) era uma denominação da maçonaria especulativa, que gradualmente, foi transformado em freemason.

Há uma grande quantidade de literatura sobre esse desenvolvimento dos maçons de ofício, bem como a sua qualidade de artesãos itinerantes, eles tinham uma certa liberdade, um privilégio, de agir e de se reagrupar entre diferentes guildas de trabalhadores que existiam sob um sistema feudal.

Alguns autores, como Eric Ward, dizem que o termo freemason derivou de free-stone (algo como pedra polida) que geralmente era acompanhada do nome de quem trabalhou ela, o maçom (pedreiro). Essa fórmula teve sua primeira aparição no século XIV, com o estabelecimento de uma espécie de primeira lei do trabalho, Statutes of Labourers (Estatuto de Trabalhadores) em 1351, que definiu um estatuto para os mestres pedreiros, bem antes da redação do Poema Regius que se supõe ter sido escrito por volta de 1390, pois no documento não há data da redação. Daí surgiram diversos termos derivados do freemason, como por exemplo, frimason, freymason e free-stone mason.

Eric Ward, pesquisador da Ars Quatuor Coronatorum, remonta estes vestígios históricos dos séculos XIII e XIV, o que parece estar confirmado por certos documentos da época.

Essa explicação, baseada na mutação linguística e nas afirmações mais ou menos realistas, diz que os talhadores de pedra eram a maioria dos membros das corporações de maçons, porém enfrenta estatísticas sobre as antigas lojas escocesas, dadas por David Stevenson na década de 1980, onde demonstra que nas lojas se encontravam diferentes categorias de ofícios da construção civil e que os talhadores de pedra estavam longe de ser os únicos membros das guildas de maçons.

Então porque denominar todos os membros de uma sociedade com o nome de somente uma parte de seus membros?

Esta liberdade, este privilégio que qualifica o maçom é onipresente em vários escritos sobre as corporações de construtores e das antigas lojas onde eram realizados os negócios de construção de edifícios. Todos aqueles homens se reagruparam sob o nome de maçons “operativos”, ou seja, aqueles cujo trabalho era participar da operação de construção.

E esse termo ainda está em uso hoje em dia. Sabemos que os operativos formaram a Ordem, pelo menos, entre os “antigos” e se você quiser entender uma das realidades culturais do final do século XVIII, devemos observar o que dizem os mais antigos catecismos maçônicos, ou seja, que um maçom deve ser “nascido livre” e/ou nascido de uma “mulher nascida livre”.

Então, um maçom não pode ser nem escravo, nem nascido de uma escrava. Esses termos nos dão um tempo aproximado, fontes e consequências das correntes internas na Maçonaria, sejam simbólicas ou puramente sociais. As disposições relativas à liberdade, o privilégio do Maçom e seu nascimento livre, são ainda hoje associados com os candidatos que desejam receber a iniciação e não são trabalhadores do ofício. A compreensão total do sentido deste problema de “nascimento livre”, não pode ser alcançado, se não o colocar no contexto particular de uma sociedade que tinha isso registrado em suas regras.

É evidente, no estudo, que uma grande parte dos ritos anglo-saxões de estilo do Emulação e uma menor parte no Rito Escocês Antigo e Aceito, tem uma forte inclinação para fornecer uma imagem ordenada da sociedade vitoriana do século XIX, a fim de promover o modelo social como uma referência de uma civilização que, por vezes, deve justificar as diferenças.

A maioria dos escritores ingleses daquela época, eram intimamente convencidos da superioridade do modelo britânico e que deveria servir como referência. Da mesma forma, as sociedades muito católicas ou protestantes, calvinistas e luteranos no continente, começaram a rever alguns princípios para serem integrados em suas práticas e modelos sociais.

No que diz respeito a esta alegação particular de ser “nascido livre”, deve-se notar que a exclusão de “Cowans” desapareceram da ritualística moderna continental, provavelmente porque alguns historiadores da maçonaria não têm abordado a questão da definição de tal termo e os próprios maçons não sabem muito bem o que significa.

Para alguns, seriam trabalhadores contratados que trabalhavam nas obras, mas de forma intermitente, e que, por seu estatuto, não tinham a liberdade necessária para se tornar independentes.

Para outros, é uma antiga distinção entre os pedreiros que construíam sem argamassa (com as técnicas celtas e nórdicas tradicionais) que dariam à luz a Maçonaria de ofício, daqueles que usavam argamassa (método importado pelos cristãos do império romano), e haviam perdido por essa razão, a Arte da Geometria exata.

Entre os Companheiros das antigas lojas e pelo menos desde o século XVI, se constata a presença de outros membros cujo oficio não era nem a construção nem a arquitetura, mantendo laços com os construtores além de suas competências, mas particularmente, sabiam ler e eram versados no conhecimento da lei e dos costumes, além de conhecer o latim. Eles foram denominados de maçons “aceitos”.

Esta terminologia parece ter sido retomada para se qualificar os fundadores da Grande Loja de 1717 muito antes de serem chamados de “modernos”.

Para entender a diferença entre “aceito” e “especulativo”, tenha em mente que o ofício de Maçom é um artesão que não tem uma loja fixa e que o ofício exige que ele se mova de trabalho em trabalho. Esse é o coração da estrutura da antiga maçonaria: o nomadismo e a disseminação do conhecimento pelas viagens. As lojas tinham uma existência passageira e se estabeleciam para construir.

Os profissionais da construção seguiam as obras e para onde elas se encontravam. Com a evolução da sociedade e do progressivo desaparecimento do feudalismo, as guildas se viram obrigadas a aceitar novos corpos de ofício para salvaguardar os seus interesses e estabelecer as regras que poderiam apoiar suas corporações.

Estas transformações e negociações político-econômicas necessárias, exigiram a presença de esquires (membros da nobreza), senhores agricultores, membros de uma determinada categoria social nascido da revolução agrária ou representantes da nova burguesia cultivada, a fim de assegurar a proteção da corporação e salvar seus interesses.

Assim, os primeiros “Supervisores Gerais das Obra do Rei”, como William Shaw, no século XVI, não eram pedreiros de profissão, mas sim pessoas instruídas, próximas ao poder e com qualidades reconhecidas para gerir uma corporação de que muitas vezes dependia da imagem do soberano para a qualidade das obras que marcariam seu estilo. A guilda e seu endereço também ofereciam a garantia da estabilidade do poder que os nomeou e, com o tempo, se tornaram a imagem que outros grupos buscavam, com uma aparência similar.

Para ser mais preciso, sabe-se hoje em dia, que a “aceitação” foi onde personalidades encontraram recepção nas lojas entre os séculos XVI e XVII, as pessoas envolvidas na aristocracia ou da burguesia, foram permitidos ser recebidos entre os maçons de ofício.

No entanto, duas perguntas seguem sem respostas:

1 – Existiam rituais e práticas secretas, além da transmissão de segredos e palavras, nas lojas dos maçons antigos?

2 – Os maçons aceitos nas antigas lojas, eram autorizados a compartilhar os seus próprios mistérios confidenciais, próprios dos homens de ofício, formando uma sociedade interna, fornecendo dentro da guilda, os arcanos e mistérios de que eles próprios eram possuidores, ou o acesso aos mistérios da geometria era em si o mistério?

Agora podemos, reorganizando o conjunto, obter uma imagem do movimento maçônico mais arcaico, ou seja, dos Antigos. Se trata de um grupo de artesãos, praticantes de um ofício e que tinham uma certa liberdade de reunião e movimento de um trabalho para outro, sem o inconveniente de um contrato restritivo.

Juntaram outros companheiros, estranhos ao ofício, que foram recebidos pela Corporação por suas habilidades e conhecimentos para gerir os interesses das obras, das lojas e de seus membros, em um ambiente econômico e jurídico, mais complexo.

Foi então formado um grupo de Maçons Antigos, Livres (com privilégios) e Aceitos (Maçons Livres Antigos e Aceitos).

Estas questões são um tanto perturbadoras para a investigação sobre a natureza da maçonaria e até mesmo sobre a existência de cerimônias maçônicas ou teatralmente conceituadas e dramatizadas, que eram realizadas por “especulativos” antes de 1730. É um assunto pelo menos incerto, que também repousa sobre bases igualmente incertas.

Você pode então se perguntar se a famosa obra de Samuel Prichard, Maçonaria Dissecada, é uma verdadeira divulgação ou pura invenção. Essa é a questão, que a Grande Loja de 1717 não respondeu, mas o que seria realmente?

No primeiro caso, você pode pensar que descreve uma prática muito antiga, mas de onde ela viria?

No segundo caso, na medida em que Prichard tinha a reputação de anti-maçom, surge a questão da confiabilidade das fontes, sob o risco de ser uma eventual mentira.

Portanto, temos o direito de nos preocupar com o fato de que a “Maçonaria Dissecada” serviu como modelo e referência para inúmeras lojas e argumentos de muitos historiadores desde então. A preocupação torna-se maior quando se sabe que segredos são “sinais, toques e palavras” e que os maçons herdeiros de Prichard tomaram como verdade o que poderia até mesmo ser uma caricatura da realidade praticada.

Assim, embora possamos admitir que as referências mitológicas e do Antigo Testamento, propostas por Old Charges e catecismos antigos, formam um substrato coerente de comunicação de palavras e segredos relativos aos mistérios da Maçonaria de ofício, nenhum apresenta uma forma ritual anterior a publicação da Maçonaria Dissecada.

Podemos observar que os fatos apresentados no texto acima provêm diretamente da história da Maçonaria, inseparável da história política da Inglaterra, convergindo pelas formas de maçonaria, operativa e especulativa, que foram transpostas para o continente. Mas esta é uma outra história muito mais antiga e moderna … pelo menos à primeira vista.

NOTAS

I – As tabernas Turk´s Head e Queen´s Head eram muito antigas e serviram por um longo tempo, de assento para clubes de sociabilidade e círculos literários, filosóficos e artísticos. Foi em uma dessas duas tabernas, a Queen´s Head, onde se reunia a Sociedade Philomusicae, a mais antiga fonte de uma prática ritual do grau de Mestre.


BIBLIOGRAFIA

Cecille Revauger, 1999 – La querelle des anciens et des modernes, le premier siecle de la francmaçonnerie anglaise
Bernard E. Jones, 1950 – Freemasons guide and compendium
AQC – vol. LXXXI, 1978 – The birth of free-masonry
David Stevenson, 2000 – Les Premiers Francs-Maçons. Les Loges Écossaises originelles et leurs 
Samuel Prichard – Maçonaria Dissecada
Blog Truthlurker – La Maçonnerie des “Ancients”