quarta-feira, 10 de maio de 2017



TEOREMA DE PITÁGORAS


Trabalho do Ir.´. Hiram Luiz Zocolo - Museu Maçônico

HISTÓRIA:


O chamado Teorema ( ou triângulo ) de Pitágoras, a bem da verdade não é de Pitágoras, que nasceu em aproximadamente 530 a. C. na ilha grega de Samos. Este triângulo já era conhecido na Mesopotâmia, especificamente, na Babilônia, mais de 1500 a. C., portanto 1000 anos antes do nascimento de Pitágoras.

Conforme citação abaixo:

Poderá ler o artigo na íntegra, neste link:

O triângulo retângulo deve ter sido descoberta dos Babilônios. Por quê? Através da tábua antiga mais famosa - a Plimpton 322


Talvez os Babilônios já conhecessem o princípio por detrás dos triângulos retângulos: "que o quadrado da diagonal é a soma dos quadrados dos lados e que o sabiam séculos antes de os gregos o reivindicarem." Esta tábua mostra que alguém detinha conhecimento profundo de como os números se relacionavam. Será que os Babilônios foram os primeiros guardiões do Teorema de Pitágoras? Talvez, mas...





É numa placa com um exercício escolar (com quase 4 mil anos) que revela que os Babilônios realmente sabiam sobre triângulos retângulos. Usa o princípio do teorema de Pitágoras para encontrar o valor de um novo número. Nasce, o que conhecemos hoje como número irracional, a partir da raiz quadrada de dois.

"Se escrevermos com casas decimais ou mesmo sexagesimais, nunca acaba, os números continuam para sempre depois da vírgula decimal."

Praticamente o mesmo ocorre em relação a maçonaria, hoje a maioria só considera os pouco poucos documentos históricos existentes deixando de lado todo o conteúdo simbólico maçônico, valorizando as alterações feites em 1720 conforme pag. 74 da Constituição de ANDERSON.

São grandes as implicações desse cálculo, a saber:

1º - os Babilônios sabiam algo sobre o teorema de Pitágoras, mil anos antes de Pitágoras;

2º - mesmo tendo conseguido calcular este número com uma exatidão de quatro casas decimais, apresenta uma habilidade aritmética e uma paixão pelo detalhe matemático fora do comum. 

Pois é... "Mas os Gregos também eram apaixonados pela Matemática, além de colonizadores inteligentes. Eles aproveitavam o melhor das civilizações que conquistavam, para fazer avançar o seu próprio poder e influência, mas cedo começaram a dar a sua contribuição".

Sabem qual foi o presente que os gregos nos deram? Não, não foi o cavalo de madeira... rsrsrsr
Foi o poder da prova! Eles decidiram que tinha que haver um sistema dedutivo para a sua matemática, e tal sistema "consistia em começar com certos axiomas que se assumem serem verdadeiros, como se assume que certos teoremas são verdadeiros sem os provar, e depois usando métodos lógicos e passos bem pensados, a partir desses axiomas provavam teoremas, e a partir desses teoremas provavam mais teoremas." (Prof. Christopher Anagnostakis - Colégio Albertus Magnus)



2 B - OS NÚMEROS E PITÁGORAS NA MAÇONARIA:

Pitágoras atribuia um significado metafísico aos números, sendo o numero 1 o Princípio, a Unidade; o 2 a Dualidade, a Harmonia dos opostos; o 3 o Ternário, a Trindade, os 3 ASPECTOS DIVINOS; E O 4, A MATÉRIA, O FÍSICO E O NUMERO 5, REPRESENTANDO O HOMEM.

SIMBOLIZADO NO TEOREMA OU NO TRIÂNGULO PITAGORICO DA SEGUINTE

FORMA.











OBSERVE QUE O NUMERO 3 ESTA RELACIONADO AO TRAÇO VERTICAL ( POSITIVO = MUNDO DIVINO, ESPIRITUAL) E O NUMERO 4, TRAÇO HORIZONTAL ( NEGATIVO = MUNDO FÍSICO MATERIAL ); O NUMERO 5 REPRESENTA O HOMEM, TAMBÉM SIMBOLIZADO POR UMA ESTRELA DE CINCO PONTAS, DEMONSTRANDO QUE POSSUI A POSSIBILIDADE DE FAZER A LIGAÇÃO ENTRE ESTES DOIS MUNDOS.

PITÁGORAS COSTUMAVA ESTIMULAR O ESTUDANTE A PENSAR; ENTRETANTO, EUCLIDES ERA MAIS DIRETO EM SUAS EXPLICAÇÕES, DETALHANDO-AS, COMO PODEMOS PERCEBER NA DEMONSTRAÇÃO:

Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo. - Pitágoras.

Temos aqui a repetição do que acontece em termos maçônicos, chamamos de Teorema de Pitágoras quando na Mesopotâmia este já era conhecido 1000 anos antes.

E em termos maçônico, nos referimos a 1717, como início da maçonaria e esquecemos das atividades anteriores com os ensinamentos simbólicos.



47º TEOREMA DE EUCLIDES

"Nos triângulos retângulos o quadrado do lado que subentende o ângulo reto é igual aos quadrados dos lados que compreendem o ângulo reto."
47.1 - Seja ABG o triângulo retângulo, sendo BAG o ângulo reto. (Hip.)
47.2 - Digo que o quadrado do lado BG é igual aos quadrados dos lados BA, AG.

terça-feira, 9 de maio de 2017



A ORDEM DOS CAVALEIROS TEUTÔNICOS


(Texto extraído do Livro Templários, Sua Origem Mística, por Pier Campadello)

A Sagrada Ordem dos Cavaleiros Teutônicos foi fundada na Palestina durante o cerco de São João do Acre (1189-1190), por comerciantes alemães como uma Ordem Hospitalária com intuito de formar postos de auxílio para socorrer seus companheiros sediados na Palestina e sujeitos às doenças desses lugares quentes, tornando-se uma Ordem Militar.

Recebeu a aprovação do papa Innocêncio III, em 1198, e uma Regra (Agostina) inspirada naquela dos Cavaleiros Templários, tomados como modelo para sua fundação e organização, porém se inspiraram também nos Cavaleiros Hospitalários. Os primeiros membros do grupo estabeleceram entre os integrantes do exército cristão acampado fora de São João do Acre. Pouco tempo depois, foram doadas umas terras para que construíssem um hospital e um estado monástico.

Alguns anos depois, em1199, foram surpreendidos com uma instrução do papa Innocêncio III, para que se tornassem uma Ordem Militar, limitando a admissão de membros aos componentes da nobreza alemão. Tornou-se, assim, a mais nova das três Ordens militares de Cavalaria do Oriente. Porém, a Ordem dos Teutônicos sediada na Palestina não restringiu aos seus membros a exigência Papal de pertencer à nobreza alemã. A única exigência imposta aos novos membros era a de que deveriam ser livres e, principalmente solteiros. 

A Ordem foi organizada no modelo templário, no qual o Grão-Mestre detinha o poder absoluto sobre os Cavaleiros, que seguiam o lema “isque ad mortem”, isto é, não podiam recuar jamais diante dos inimigos. Ele comandava os 12 Capítulos em que era dividida a Ordem e cada um destes era comandado por um líder conhecido como Komtur, significando Oficial de Diligências. Quando um Grão-Mestre morria, todos os Komturs se reuniam para eleger 13 membros, dos quais era escolhido o novo Grão-Mestre. Os outros oficiais do comando (Grosskomtur) eram: o Ordensmarshall, o Tressler (o tesoureiro), o Spitler (Hospitaleiro) e o Trapier (chefe do quartel).

Os Cavaleiros Teutônicos usavam pelote e mantos brancos e neles era estampada uma cruz “de sable”, quer dizer, uma cruz negra, dobrada em prata. Todos os membros, ao entrarem na Ordem, faziam os três votos monásticos de Obediência, de Castidade e de Pobreza.

Uma das principais condições para ingressar na Ordem Teutônica era que o candidato tivesse um vigor físico acima do normal, ampliado com um duro treinamento militar, em uma de suas sedes, que depois passou a ser o Castelo de Marienburg. Seus uniformes de batalha eram similares a todos os outros Cavaleiros, em alguns casos, um Teutônico podia portar alguns suplementos opcionais inseridos em seu vestuário normal, que consistia no escudo, nas costas de malha, cobertas por uma capa branca, adornadas com uma cruz preta simples e as armas de praxe.

Por um longo período, um pequeno destacamento de teutônicos serviu em Viena como se fosse uma pequena chama que mantinha vida a Ordem, sendo vistos pela população em geral como pessoas normais pertencentes a uma Ordem semiclerical.

A Ordem nunca se destacou na Terra Santa nem participou de nenhuma batalha famosa, como também não usufruiu do apoio, das benesses e riquezas que eram dados às outras Ordens. Na sua única participação, em 1216, a Ordem Teutônica perdeu a maioria de seus membros, inclusive seu Grão-Mestre, em uma ação em defesa da Terra Santa.

A Ordem ficou em Acre até a queda do reino, no fim do século XIII, quando direcionou seus interesses para seu país de origem, a Alemanha, deslocando sua sede para Veneza e dessa cidade foi aumentando gradativamente sua força e seu prestigio nos Balcãs.

Assim, a Ordem ajudou, em 1210, o Rei Andrew da Hungria a desalojar os Kumans que estavam invadindo a Transilvânia. O Duque polaco Conrad de Masovia também pediu sua ajuda contra os pagãos que invadiam suas terras.

Em 1229, foram chamados para converter e pacificar os eslavos pagãos da Prússia em uma dupla ação de conquista e Cruzada (Drangnach Osten), e foram tão eficientes nessa campanha, que praticamente esmagaram os eslavos de uma forma tão impiedosa, que lhes rendeu a reputação de guerreiros do mal, pois esses Cavaleiros, devido à sua superioridade militar adquirida com rigorosos treinamentos, tornaram-se vaidosos de sua força e perícia com as armas, endeusando-se, tornando-se cínicos e, ainda mais, adotando o critério de que para atingir rapidamente seus objetivos era necessária a eliminação total do inimigo, único meio de erradicar rapidamente o problema. Portanto, a Ordem era desumana em suas lutas contra as tribos pagãs, até mesmo com pequenos contingentes de cavalarias; eram praticamente invencíveis enfrentando qualquer inimigo. Os Cavaleiros Teutônicos não tinham misericórdia; qualquer homem, mulher ou criança conquistados tinham que se converter ou seriam executados. Desta forma, os nativos das regiões conquistada tornaram-se naturalmente servos da Ordem, que os controlava desde a mais próxima da série de poderosas fortalezas que foram sendo instaladas pelos Balcãs, na Polônia, Lituânia e Suécia.

Em 1226, o seu Grão-Mestre, Hermann Von Salza, conquistou a soberania do País de Kuln, assim como os direitos sobre as futuras conquistas. Em 1237, deu-se a fusão com a Ordem dos Porta Espada (Porte-Glaive ou Schwerttager), fundada em 1202 por Albert de Bruxhovden, que adotou a Regra de Citeaux escrita por Saint Bernard de Fontaine (São Bernardo), inspirado em Santo Agostinho de antioquia. O objetivo da Ordem era reduzir os pagãos da Livórnia, conquistando também a Coulândia e os territórios de Semigalle. Na sua fusão com os Cavaleiros Teutônicos, conservou seu Grão-Mestre Montgommery d´Eisenhower. Seu último Grão-Mestre foi Ghottard Kettler que, em 1559, foi derrotado por Ivan IV, cedendo a Livórnia à Polônia, secularizou a Ordem e erigiu por sua conta a Couriandia e a Zemgale (Semigalle) e ducados, sob a soberania polonesa (1561). Com o enfraquecimento dos Teutônicos, a Ordem conseguiu recuperar parte de sua independência.

Algumas rebeliões ocorridas em 1260 forçaram a Ordem a emprenhar-se acima dos seus limites.

Os Cavaleiros Teutônicos governaram as terras conquistadas com eficácia, mesmo que a maioria dos colonos estranhasse o fato de responder sobre impostos e assuntos financeiros a monges que não eram autorizados a possuir qualquer coisa, mas isto limitou a corrupção e permitiu que os negócios fossem operados com eficácia.

No início do ano 1300, a Inquisição atacou os Templários e os Teutônicos com as acusações de crueldade bruxaria, entretanto, o teatro de operações dos Teutônicos (Prússia e a Costa do Báltico) colocou-os de uma certa forma, em segurança, fora do alcance de qualquer autoridade que poderia agir contra eles.

As regras impostas pelos Cavaleiros Teutônicos não eram fáceis seguir, assim, quando notavam que suas normas não eram seguidas à risca, enviava expedições punitivas, de tal forma que, somente no século XIV, promoveram uma série de campanhas punitivas contra os lituanos (80 expedições ao todo, com uma média de sete expedições por ano).

Assim, governando com extremo rigor, os teutônicos alcançaram o cume de seu poder e reputação, durante o século XIV, no qual apareceram algumas das melhores mentes militares da época. Porém a extensão das terras dominadas não lhes permitia manter grandes guarnições de homens em todos os seus domínios, por esse motivo foram derrotados, em 1410, pelos polacos e lituanos na Batalha de Tannenberg, e os Cavaleiros Teutônicos foram obrigados a ceder a Prússia Ocidental e Pomerelia à Polônia, em 1466, e mudar sua sede para Konigsberg, na Prússia Oriental. O golpe de misericórdia foi dado mais tarde, em 1525, pelo Grão-Mestre Alberto de Brandenvurg, que acabou convertendo-se ao Luteranismo, enfraquecendo a Ordem.

Sua fama era a de possuírem um temperamento agressivo, como puro instinto animal e sempre prontos para entrar em ação. Esse tipo de atitude era condenada pelos Hospitalários e Templários que não apreciavam o ódio e a despreocupação com que os Teutônicos agiram contra os inimigos.

Os Teutônicos, normalmente, gastavam a maior parte de seu tempo preparando-se e treinando para entrarem em ação ou lutarem, pondo rapidamente em prática tudo o que aprenderam. Portanto, ficavam frustrados com planos e estratégias a longo prazo. Por este motivo, em geral, apresentavam uma forte tendência antissocial de difícil relacionamento com as outras pessoas; esta atitude motivou vários desentendimentos, tanto com os Hospitalários como com os Templários, porque, muitas vezes, fora da Ordem, ignoravam as instruções de seus próprios oficiais, por julgá-las impróprias ou incorretas.

Em menos de 100 anos, eles estenderam seus domínios ao longo do Báltico, do Golfo da Finlândia, e suas margens do Pomeranian. Colonizaram as terras conquistadas instalando colonos alemães, estabelecendo um forte governo central com sede em Marienburg, na Prússia Ocidental (agora Polônia). Essa sede foi construída, em 1276, pelo Grão-Mestre von Winrich Kniprode; era uma poderosa fortaleza situada em um local estratégico para o comando e controle dos territórios conquistados pelos Cavaleiros Teutônicos. Por volta de 1308-1309, esforçaram-se para submeter-se à Lituânia, a fim de religar suas terras à Prússia, alargando os territórios de Dantzig e Pomérélle até a Polônia. Conseguiram, assim, a expansão de seu território, trazendo uma grande estabilidade e paz para toda a região, de forma que o castelo se tornou um magnífico hotel para os nobres visitantes e Cavaleiros que quisessem tomar parte nas campanhas da Ordem.

O castelo de Marienburg foi completamente reformado no século XIX, porém foi bombardeado pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial, sendo reduzido a ruínas. O governo polonês reconstruiu o castelo e o devolveu aos Teutônicos como um meio de restabelecer a tradição histórica.

Oficialmente, a Ordem está sediada na Áustria como uma simples hospitaleira, contudo, existem muitas ligações e filiações com diversas sociedades secretas alemãs mantendo o ideal germânico, cujo fim era elevar a Alemanha a um império pan-germânico que, no século passado, identificou-se com o III Reich, no qual o ideal foi distorcido em xenofobia e nacionalismo pueril, fora do contexto da marcha evolucional do gênero humano, que defende os excelsos princípios de Igualdade, Liberdade e Fraternidade Universais.

A imagem da Ordem Teutônica era tão forte para os alemães que foi adotada como modelo pelos nazistas, na Segunda Guerra Mundial, ao criarem as forças da SS, que chamaram de Ordem Teutônica ou Ordem Negra, adotando ainda como emblema a Cruz Sovástica (que representa as forças involutivas). De acordo com o livro Hitler m á dit (edição Portuguesa, pp, 225-6), no capitulo “A Criação do Super-homem” encontramos a frase: “O homem novo vive a nosso lado. Está ali! – exclamou Hitler triunfalmente – Não lhe basta isso? Vou dizer-lhe um segredo. Vi o Homem novo. É intrépido e cruel. Senti medo diante dele”.

Hitler é, pois, a síntese perfeita do fim de um ciclo racial, como foi Gênghis Khan, e, com suas visões de distorcida grandeza, provocou milhões de vítimas para comprovar suas tentadoras doutrinas de superioridade que nem todos sabem recusar, mesmo que depois chorem copiosas lágrimas de sangue.

O Verdadeiro progresso do gênero humano, o verdadeiro caminho da Iniciação e da Sabedoria Divina jamais promete coisas enganosas e mirabolantes que provocam o caos espiritual, mas coisas reais ou régias, baseadas no esforço, perseverança e sacrifícios diários, que poucos querem seguir, de acordo com a frase: “faze por ti que eu te ajudarei”, que é a síntese do Trabalho Magno, Opus Magnum de cada um.

Assim, a Cruzada Eslava da Ordem Teutônica foi adotada e sustentada pelos nazistas como um exemplo de superioridade alemã e usada como uma desculpa para atacar, entre outros países, a Polônia e a Rússia.

Agora, após o restabelecimento da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, readquiriram sua antiga sede e funções, dedicando-se ao trabalho de caridade e, ainda nos dias de hoje, existe, na Áustria uma espécie de organização semiclerical que se dedica ao trabalho de caridade.

Atualmente, os Cavaleiros Teutônicos escolhem cuidadosamente seus membros, especialmente entre as polícias especiais ou nas forças armadas de vários países ao redor do mundo. De qualquer forma, seu comportamento e suas atitudes devem ser discretos e reservados. Em geral, são proibidos de revelar sua identidade em público, esta é a única Ordem que obriga os seus membros, de acordo com antigas regras, a não manterem correspondência ou contatos com seus familiares.

Os fundos financeiros que sustentam a Ordem são quase impossíveis de serem localizados, assim como seus detalhes pessoais são protegidos até mesmo dos próprios irmãos Teutônicos no mesmo nível hierárquico, e suas habilidades específicas de luta são desenvolvidas cuidadosamente.

segunda-feira, 8 de maio de 2017



ORDEM DOS CAVALEIROS HOSPITALÁRIOS DE SÃO JOÃO, DE JERUSALÉM, MALTA E RHODES

ORIGEM E OS OBJETIVOS DOS CAVALEIROS HOSPITALARES


A Ordem dos Cavaleiros Hospitalares foi fundada em Jerusalém por um grupo de comerciantes italianos, em um hospital dedicado a São João, aproximadamente em 1.070, isto é, 30 anos antes da Primeira Cruzada. Acabou transformando-se em uma Ordem, em 1.100, logo após a Primeira Cruzada, quando empossaram o seu primeiro Grão-Mestre, que definiu seu objetivo principal de dedicar-se ao conforto e repouso dos peregrinos bem como ao cuidado de seus corpos, curando-os ou praticando a medicina preventiva. Porém, devido aos contínuos ataques e invasões muçulmanas, os Hospitalários acabaram por adotar a mesma filosofia guerreira que os Templários, concorrendo com estes na defesa militar da cristandade, sem esquecer jamais seus objetivos originais, de tal forma que se esmeraram em construir e manter hospitais em lugares estratégicos para cuidar dos peregrinos doentes e feridos e para manter sua filosofia de cura, todos seus membros eram treinados em primeiros socorros e cuidados médicos. Desta forma foi a única Ordem a sobreviver incólume aos turbulentos séculos da Idade Média até os dias de hoje (ainda existe a Ordem Hospitalária, com sede na ilha de Malta, no mar Mediterrâneo).

Ao longo dos séculos, tiveram uma dupla atuação: de cura e de servir como uma espécie de órgão de espionagem do Vaticano, apresentando-se normalmente, muito bem vestidos em público, de forma que as pessoas os vêem como dedicados seres altruístas que correm o mundo inteiro em serviços de auxílio, em desastres e obras beneficentes. Os membros desta Ordem, na sua maioria, são médicos ou enfermeiros especializados, que aplicam conceitos de altos padrões de limpeza e higiene. Usam um uniforme cerimonial que consiste em uma reoupa negra com uma cruz branca (Cruz de Malta). Antigamente os monges guerreiros usavam batas vermelhas com a cruza de Malta estampada em sua roupa.

Cavaleiros Hospitalários


Nos anos 1700, foram expulsos por Napoleão de sua sede na Ilha de Malta, recolhendo-se a uma pequena propriedade em Roma, perto do Vaticano. No entanto, recentemente, ganharam na Justiça os seus direitos de propriedade do castelo de Valleta, em Malta, porém, os nativos da ilha não aceitam mais os membros como seus senhores.

A escolha dos membros da Ordem é feita geralmente entre médicos, homens de ciência ou que possuam tendências ao sacerdócio altruísta. É uma Ordem tradicional de elevado cunho religioso (submetida às ordens do Vaticano), dando uma ênfase toda especial às cerimônias religiosas.

Os Hospitalários adotaram com tanto rigor os princípios de justiça que são incapazes de prestar auxílio a pessoas que consideram possuir uma vida desregrada ou a uma criatura que julgam ter um mau comportamento. Por este motivo, frequentemente entraram em conflito com os Cavaleiros Templários e Teutônicos.

É uma Ordem de cunho militarista, portanto, somente aceitam o serviço das mulheres dentro da Ordem em tarefas não combativas. Apareceram por volta do ano 1126, assumindo publicamente um caráter de crescente cunho militar, mais marcante que o próprio serviço de hospital originário. Com o tempo, tornaram-se, com os Cavaleiros Templários e Teutônicos, a principal força militar e poder financeiro da Terra Santa, poder este que foi se expandindo ao longo do Mediterrâneo.

A Ordem ficou muito rica, possibilitando a organização de um poderoso exército, que controlava uma vasta área com os Templários; possuíam, ainda, uma organização eclesiástica, administrativa e de serviços secundários, atendendo a uma rede de fortalezas e propriedades (hospedarias e hospitais), que eram servidos por centenas de cavaleiros e pajés auxiliares, que compunham as guarnições sediadas em pontos estratégicos, cobrindo uma enorme área do mundo cristão.

A Ordem permaneceu fiel aos objetivos de sua fundação e origens, mantidos até os dias de hoje, como nos hospitais como suas hospedarias, atendidas por seus próprios membros.

Quando em 1307, os Templários foram acusados por Felipe, o Belo, de uma série de ofensas contra a ortodoxia católica, os Hospitalários conseguiram ficar isentos de qualquer acusação, pois eles sempre privaram dos favores e beneplácito do Papado, de tal forma que na Inglaterra e em outros países foram beneficiados após o processo dos Templários, com a entrega oficial de propriedades destes últimos à suas administração e posse, acabando por enriquecê-los ainda mais.

Em 1291, os Cavaleiros de São João retiraram-se para Chipre e, em 1309, estabeleceram um principado privado e sede de suas atividades na Ilha de Rhodes. Nesta ilha, permaneceram durante dois séculos, resistindo a dois ataques dos turcos, entretanto não resistiram ao terceiro ataque, em 1522, quando foram forçados a abandonar a ilha, estabelecendo-se, então, em Malta, no ano 1530.

Nessa ilha, suportaram heroicamente, em 1565, o sitio e os repetidos ataques de 30.000 turcos, enfrentados e vencidos por 541 Cavaleiros Hospitalários, seus sargentos e mais 1.500 soldados mercenários a pé. Com essa histórica derrota infligida, os turcos terminaram seus ambiciosos planos de invadir e conquistar todo o Mediterrâneo.

Seis anos depois, em 1571, a frota da Ordem, com navios de guerra da Áustria, Itália e Espanha, ganharam a batalha naval de Lepanto, acabando com o poder naval dos turcos e sendo decisiva para que estes desistissem definitivamente de invadir a Europa. Desta forma, a Ordem contava, no século XVI, com um poderoso exército, apoiado por uma poderosa frota naval considerada entre as melhores do mundo cristão, contando com forças e recursos financeiros comparáveis à maioria das nações europeias.

A reforma protestante (1798) diminuiu a força da Igreja Católica na Europa, atingindo a própria Ordem e seus Cavaleiros sediados em Malta, que se haviam transformado em uma pálida sombra do que eram anteriormente, em decorrência dos vários enfrentamentos e pressões das novas convicções que arremessaram a Europa para um período de tolerância religiosa e mercantilismo.

Por outro lado, a Franco-Maçonaria com seu lema “Liberdade, Fraternidade e Igualdade” conseguiu diminuir as submissões populares de fé cega à teologia pregada pela Igreja Católica, assim, quando Napoleão invadiu a ilha de Malta a caminho do Egito, os Cavaleiros Hospitalários não ofereceram nenhuma resistência e foram expulsos da ilha.

Em 1834, aparece uma base oficial destes em Roma, dedicando-se com afinco ao serviço dos hospitais e ao trabalho da saúde do povo. 

Quando Horatio Nelson reconquistou suas propriedades na ilha de Malta, os Cavaleiros Hospitalários restabeleceram sua presença não oficial na ilha, mantendo sua fortaleza, porém, sem requerer nenhum poder de governo. 

Curiosamente, após a Segunda Guerra Mundial, cogitou-se seriamente a possibilidade de entregar Israel aos Cavaleiros Hospitalários porque, do ponto de vista de direitos internacionais, os Cavaleiros de Malta são encarados como um principado soberano independente, com a opção de possuir um assento nas Nações Unidas (nunca ocupado por eles) podendo ser identificadas embaixadas em vários países da África e amperica, com plenos privilégios diplomáticos.

De todo o exposto, verificamos que os Cavaleiros Hospitalários são uma Ordem com todas as bases legais, tornando seus oficiais reconhecidos em todas as partes do mundo até os dias de hoje.

Desde a época das Cruzadas, seus rivais tradicionais eram os muçulmanos, porém, periodicamente defrontavam-se com os Cavaleiros Templários, aparentemente irmãos na cavalaria e no credo, mas com várias divergências em relação à sua estrutura básica. Os Templários possuíam um conhecimento oculto proveniente do contato com outras ordens da Ásia Menor e os Hospitalários devam prioridade e maior ênfase ao servido de atendimento médico e aos cuidados da saúde da população.


LUGARES SANTOS DOS HOSPITALÁRIOS (VALLETA E MALTA)

A Ordem dos Cavaleiros Hospitalários foi fundada com o escopo inicial de ser uma Ordem Hospitalária e como tal construíram uma série de albergues (pousadas), distribuídos por diversas regiões da Europa, tais como: Aragão, Alemanha, Castilha, França, Itália, Inglaterra, Provença, etc.

Na ilha de Malta, os Cavaleiros têm uma marcante presença por meio de várias estruturas e fortificações que se revestem de um profundo significado religioso para eles. Assim, na costa norte da ilha possuem a baía onde São Paulo naufragou em sua tentativa de chegar em Roma; em uma proeminência sobre o mar, possuem o castelo de Saint´Angelo, e forte de Santo Elmo e um subúrbio cercado por um muro em Vittoriosa, que abrange dois promontórios que guardam um porto natural de fácil defesa. Todos estes pontos fazem parte da cidade de Valleta, assim chamada em homenagem ao Grão-Mestre Jean de La Valette, veterano no ataque a Rhodes, sendo considerado o defensor mais proeminente de Malta contra os turcos otomanos.

No centro das fortificações construídas para defender o principal porto da cidade está a Catedral de São João, construída em 1578 pelos Cavaleiros Hospitalários como centro da adoração. A parte externa da Catedral é simples e austera, porém seu interior é luxuoso e extravagante. No chão de um dos quartos, conhecido como o mausoléu de cavalheirismo, existem 375 lajotas de mármore, cada uma ricamente decorada com desenhos que registram várias ações da Ordem.

Existe, também, um grande hospital, um dos maiores de toda a Europa, considerado como o expoente da construção médica hospitalária. No hospital, eram exigidos rígidos padrões de limpeza e higiene, de tal forma que os Hospitalários cuidavam de seus pacientes usando instrumentos de prata, para garantir a higiene. O corpo de médicos da Ordem contava com cirurgiões, cuja fama era de serem os melhores e mais bem treinados de toda a Europa.

A cidade de Valleta foi tomada, em 1798, por Napoleão Bonaparte, que não encontrou nenhuma resistência por parte dos Cavaleiros, que, desta forma, foram perdendo as suas propriedades, ficando restritas a algumas terras e um edifício em Roma. Com o tempo e após o reaparecimento de seu pode e prestígio, foram-lhes devolvidos todas as suas propriedades dentro de Valleta.


(Texto extraído do livro “Templários, sua Origem Mística, por Pier Campadello – Editora Madras)
A CAUSA MAÇÔNICA JACOBITA



Texto extraído do livro: A Loja e o Templo Baigent, Michael e Leigh Richard – Editora Madras

Enquanto a Grande Loja prosperava e florescia, as Lojas pró-Jacobitas na Inglaterra eram, progressivamente, relegadas. Certamente, algumas persistiram, particularmente na região Nordeste, nos arredores de Newcastle e das propriedades da família Radclyffe em Derwentwater, mas o clima reinante permitiu-lhe pouco espaço para se desenvolverem e se expandirem. O mesmo se deu na Escócia, onde muitas evidências e provas referentes à Franco-Maçonaria entre 1689 e 1745 foram, deliberadamente ou de alguma outra forma, perdidas no calor e no tumulto dos acontecimentos. No entanto, a Irlanda foi uma questão à parte e diferente.

Já em 1688, a Franco-Maçonaria era bem conhecida na Irlanda. Naquele ano, um orador de Dublin, tentando atrair a atenção de sua audiência conseguiu seu intento ao referir-se a um homem que “foi feito franco-maçom de uma nova maneira”, - o que, certamente, implica na existência também de “uma maneira antiga”. No mesmo ano, aconteceu um pequeno escândalo quando um notório sujeito, chamado Ridley, conhecido como um espião e informante anticatólico, foi encontrado morto com algo sobre seu corpo que foi considerado uma “Marca Maçônica” – embora não haja qualquer indicação sobre qual seria aquela “Marca”, como teria sido ela ativada ou gravada, ou mesmo se ela tinha algo a ver com a sua morte.

A documentação existente sobre a antiga história da Grande Loja na Irlanda é remendada e irregular, com todos os livros de Atas anteriores a 1780 tendo sido extraviados, bem como todos os registros anteriores a 1760. Qualquer informação que possam ser obtidas provêm de fontes externas, tais como relatos em jornais e cartas. As provas e evidências existentes indicam que a Grande Loja Irlandesa foi criada entre 1723 e 1724, seis ou sente anos após a sua rival inglesa. O seu primeiro Grão-Mestre foi o duque de Montague que, em 1721, presidira a Grand Loja da Inglaterra. Montague era um afilhado de George I e leal pró-Hanoveriano. Não é de se surpreender que ele, dado a profunda e penetrante fidelidade aos Stuart na Irlanda, tenha atraído muita atenção, e a Grande Loja irlandesa passou a ser atormentada  por disputas e brigas internas. Entre 1725 e 1731, nota-se uma total lacuna em sua história, e os posteriores comentaristas chegam à conclusão de que deve ter ocorrido uma divisão entre patrocinadores Hanoverianos e Jacobitas.

Aparentemente em março de 1731, surgiu alguma consolidação sob o Grão-Mestrado do conde de Ross. Um mês mais tarde, Ross foi sucedido por James, lorde Kingston. Também ele, em 1728, presidira a Grande Loja da Inglaterra, porém, depois de 1770, quando a Grande Loja inglesa ratificou certas não especificadas mudanças, ele “limitou sua dedicação à Franco-Maçonaria irlandesa” – Kingston haveria de personificar a orientação da Grande Loja irlandesa. Ele tinha um passado Jacobita e vinha de uma família Jacobita. Seu pai tinha sido um cortesão de James II e acompanhou o rei deposto ao exílio, retornando à Irlanda em 1693 para primeiro ser perdoado e depois, preso e acusado pelo recrutamento de militares em favor da causa Stuart. Em 1772, o próprio Kingston incorreu em semelhantes acusações.

Assim, A grande Loja irlandesa haveria de ficar como repositório de questões e aspectos da Franco-Maçonaria que a Grande Loja da Inglaterra repudiara ou renegara. E haveria de ser para a Franco-Maçonaria da Grande Loja irlandesa que os numerosos regimentos britânicos passando pela Irlanda ou ali estacionados seriam expostos. Quando a rede de Lojas militares itinerantes começou a proliferar graças ao exército britânico, a maioria delas, ao menos inicialmente, foi certificada pela Grande Loja irlandesa. Isso haveria de ser de extrema importância, mas os seus efeitos não haveriam de se tornar aparentes pelos 25 anos seguintes.

Enquanto isso, a corrente original da Franco-Maçonaria mudara-se com os exilados Stuart para o Continente. Foi na França, durante o período imediatamente anterior a 1745, que os mais consequentes desenvolvimentos haveriam de acontecer. E foi na França que a Franco-Maçonaria Jacobita haveria de se tornar integrada – ou talvez reintegrada – com a antiga herança Templaria.

AS PRIMEIRAS LOJAS

Aparentemente, a Franco-Maçonaria chegou à França com os contingentes do derrotado exército Jacobita, entre 1688 e 1691. Segundo um relato do século XVIII, a primeira Loja na França data de 25 de março de 1688, tendo sido fundada por um regimento de infantaria, o Royal Irish, que fora formado por Charles II em 1661, que o acompanhara à Inglaterra em sua restauração e, então, ido novamente ao exílio com James II. Subsequentemente, no século XVIII, essa unidade ficou conhecida como o “Regimento de Infantaria Walsh, em alusão ao seu oficial comandante. Os Walsh formavam uma proeminente família de armadores irlandeses exilados. Um de seus membros, o capitão James Walsh, forneceu o navio que transportou James II para porto seguro na França. Mais tarde, Walsh e seus parentes fundaram um grande estaleiro em St. Málo, que se especializou no fornecimento de navios de guerra para a Marinha francesa. Ao mesmo tempo, eles continuavam fervorosamente leais à causa Jacobita. Duas gerações depois, o neto de Walsh, Anthony Vicent Walsh, junto com Dominic O Heguerty, outro influente mercante e armador, forneceria os navios com os quais Charles Edward lançaria sua invasão da Inglaterra. Em reconhecimento aos serviços prestados, Anthony Walsh foi feito conde pelos exilados Stuart, tendo o seu título sido oficialmente reconhecido pelo governo francês.

Na França, os militares irlandeses responsáveis pela transplantação da Franco-Maçonaria se movimentaram, de forma bastante natural, nos mesmos círculos que os refugiados pró-Stuart da Escócia – tais como David Granhame, o irmão de John Claverhouse, visconde Dundee, que dizia ter sido encontrado depois de Killiecrankie com uma cruz Templária. Se a Franco Maçonaria tinha antes, ainda que temporariamente, perdido o contato com a meada da tradição Templária, aquele contato foi restabelecido na França durante o primeiro quarto do século XVIII. No entanto, na França, a pressão combinada da Igreja e do Estado provou ser inimiga, e o ímpeto do pensamento cartesiano passou para a Inglaterra, onde se manifestou por meio de homens tais como Boyle, Hume e Newton, bem como por meio de instituições tais como a Sociedade Real (Royal Society) e a própria Franco-Maçonaria. Assim, foi na Inglaterra que os pensadores franceses de mente progressista, tais como Montesquieu e Voltaire, buscavam novas ideias. Eles e seus compatriotas haveriam de se mostrar particularmente receptivos à Franco-Maçonaria.

Mas se a Franco-Maçonaria começou a aparecer na França em 1688, cerca de 35 anos haveriam de se passar antes de ser fundada a primeira, oficialmente documentada, Loja Francesa. Segundo a maioria das fontes, essa foi fundada em 1725, e, segundo outra fonte talvez ainda mais confiável em 1726. O seu fundador original foi Charles Radclyffe, conde de Derwentwater, cujo irmão mais velho, James, tinha sido executado por ter tomado parte da rebelião de 1715. Entre os cofundadores de Radclyffe, estavam Sir James Hector Maclean, chefe do clã MacLean; Dominic O´Heguerty, o poderoso expatriado mercante e armador que, junto com Anthony Walsh, forneceu os navios para a expedição de Charles Edward Stuart em 1745; e um misterioso homem, que diziam ser um restaurador, cujo nome figura em documentos sobreviventes como “Hure” ou “Hurc”. Um certo autor persuasivamente argumenta que este pode ser uma corruptela de “Harry”. Sir John Hurry havia sido decapitado em Edimburgo em 1650 por sua lealdade aos Stuart. Sua família continuou militante Jacobita e foi enobrecida por Charles II, pode muito bem ter sido um de seus filhos ou netos exilados que, junto com Radclyffe, MaclLean e O´Heguerty, fundou a primeira Loja francesa.

Em 1729, as Lojas francesas já proliferavam nos moldes da Franco-Maçonaria Jacobita. Para não ser sobrepujada pela “concorrência”, a Grande Loja da Inglaterra começou, naquele mesmo ano, a fundar suas próprias Lojas afiliada na França. Durante algum tempo, os dois diferentes sistemas de Franco-Maçonaria seguiam caminhos paralelos e rivais de desenvolvimento. Embora jamais tenha conseguido impor um monopólio, o sistema Jacobita foi, aos poucos, ganhando ascendência. Dele finalmente evoluiu, em 1773, o mais importante Corpo Franco-Maçônico na França, o Grande Oriente.

Uma das mais proeminentes Lojas na França foi a Loja de Bussy. A rua na qual se localizava essa Loja, a Rue de Bussy (hoje Rue de Buci) leva diretamente à praça defronte à St. Germain des Prés. A outra rua que levava àquela praça era a Rua de Boucheries, onde ficava a Loja fundada por Radclyffe. Em outras palavras, as duas Lojas estavam apenas poucos metros, uma da outra, e a vizinhança era, efetivamente, um encrave Jacobita. Os Jacobitas franceses logo haveriam de espalhar ainda mais a sua rede. Em setembro de 1735, por exemplo, a Loja de Bussy iniciou lorde Clewton, filho do conde de Waldegrave, embaixador britânico na França (ele próprio um Membro da Loja “Horn” desde 1723) e o conde de St. Florentin, secretário de Estado de Luiz XV. Entre os presentes estavam Desaguliers, Montesquieu e o primo de Radclyffe, o duque de Richmond. Mais tarde. Naquele mesmo ano, o duque de Richmond fundou sua própria Loja em seu castelo em Aubigny-sur-Nère.

Embora Radclyffe tenha sido cofundador da primeira Loja registrada na França, ele não foi Grão-Mestre. Segundo os mais antigos documentos existentes, o primeiro Grão-Mestre, nomeado em 1728, não foi outro senão o Grão-Mestre anterior da Grande Loja da Inglaterra, o duque de Wharton. Cada vez mais ativo e militante em suas afinidades Jacobitas, Wharton, depois de ter sido substituído na Grande Loja, foi para Viena, esperando persuadir os austríacos Habsburgo a montar uma invasão da Inglaterra em nome dos Stuart. As peregrinações que se seguiram levaram-no a Roma e depois a Madri, onde ele fundou a primeira Loja da Espanha. Durante sua estada em Paris, ele parece ter ficado durante algum tempo com a família Walsh. Ao retornar para a Espanha, ele foi substituído como Grão-Mestre da Franco-Maçonaria francesa por Sir James Hector MacLean, colega de Radclyffe. Em 1736, MacLean por sua vez, foi sucedido por Radclyffe, a “eminência parda”, que saiu dos bastidores para assumir seu lugar no palco.

Radclyffe foi um dos dois mais importantes personagens na disseminação da Franco-Maçonaria em toda a França. O outro era um eclético e itinerante indivíduo chamado Andrew Michael Ramsay, nascido na Escócia na décda de 1680. Ainda jovem, ele ingressou numa sociedade meio “Rosacruz” chamada “Philadelphians”, e estudou com um amigo próximo de Isaac Newton. Mais tarde ele se associaria a outros amigos de Neston, entre os quais estava John Desaguliers. Ele também era um particular amigo de David Hume, e eles exerciam uma mútua influência entre si.

Em 1710, Ramsay estava em Cambrai, estudando com aquele que ele considerava seu mentor, o filósofo místico liberal católico François Fénelon. Quando Fénelon morreu em 1715, Ramsay foi para Paris. Ali, ele se tornou íntimo amigo do regente francês, Philippe d´Orleans que o induziu na neo-cavalheiresca Ordem de St. Lázaro, daí em diante, Ramsay passaria a ser conhecido como “Cavaleiro”. Não se sabe ao certo quando ele conheceu Radclyffe, mas em 1729 ele foi afiliado à causa Jacobita e serviu, durante algum tempo, como tutor do jovem Charles Edward Stuart.

Em 1729, apesar de seus laços Jacobitas, Ramsay retornou à Inglaterra. Lá, apesar de aparente falta de qualificações, ele foi prontamente admitido na Sociedade Real (Royal Society). Ele também se tornou um membro de outra prestigiada organização, o elegante Gentlemen´s Club of Spalding, do qual faziam parte, também, o duque de Montagne, o conde de Abercorn, o conde de Dalkeith, Desaguliers, Pope, Newton e Fraçois de Lonraine. Em 1730, ele estava de volta na França, cada vez mais ativo em favor da Franco-Maçonaria e cada vez mais próximo a Charles Radclyffe.

Em 26 de dezembro de 1736 – data em que Radclyffe assumiu o Grão-Mestrado da Franco-Maçonaria francesa – Ramsay proferia um discurso que haveria de se tornar um dos principais marcos da história da Franco-Maçonaria, e, desde então, uma inesgotável fonte de controvérsia. Esse discurso, que foi reapresentado numa versão levemente modificada para o público em geral em 20 de março de 1737, ficou conhecido como “A Oração de Ramsay”. Havia um posterior motivo político por trás dele. Na época, a França era governada por Luis XV, então com 27 anos de idade. No entanto, o verdadeiro poder governante no país, tal como fora Richelieu um século antes, era o conselheiro chefe do rei, o cardeal André Hercule de Fleury. Cansado de guerras, Fleury estava ansioso por estabelecer uma paz duradoura com a Inglaterra. Consequentemente, ele era hostil ao então ao nicho da conspiração anti-Hanoveriana que a Franco-Maçonaria Jacobita na França acabou se tornando. Os Stuart, por sua vez, esperavam poder dissuadir Fleury de seu intento e manter a França, a tradicional protetora e apoiadora da Casa Real escocesa, firmemente aliada ao seu sonho de retornar ao trono da Inglaterra. A “Oração de Ramsay” tinha o objetivo, ao menos em parte, de abrandar a antipatia que Fleury nutria em relação à Franco-Maçonaria na França sob o patrocínio real. Ele esperava poder iniciar Luiz XV. Com o rei assim envolvido, a Franco-Maçonaria constituiria uma frente franco-escocesa unida, e uma nova invasão da Inglaterra poderia ser contemplada, uma nova tentativa para devolver aos Stuart o trono da Inglaterra. Esses objetivos levaram Ramsay a revelar mais do que qualquer outro jamais revelara acerca das atitudes e orientação da Franco-Maçonaria Jacobita de início do século XVIII – e, ao mesmo empo, divulgar, mais do que qualquer outro tivera feito antes, sua alegada História.

Numa declaração plagiada quase textual de Fénelon, Ramsay diz:”O mundo nada mais é do que uma enorme república, na qual cada nação é uma família e cada indivíduo é filho”. Essa declaração não produziu grande efeito em Fleury, um cardeal católico monarquista nacionalista, que, de qualquer forma, não apreciava Fénelon. Mas a declaração haveria de se mostrar enormemente influente entre os futuros pensadores políticos, não apenas na França, não apenas no resto da Europa, mas também, nas colônias americanas. E Ramsay continua: “Os interesses da fraternidade havendo de se tornar os mesmos de toda a raça humana”. E ele condenou a Grande Loja, bem como outras formas de Franco-Maçonaria não Jacobitas, classificando-a de “herege”, apóstata e republicana”.
Ramsay ressaltava que as origem da Franco-Maçonaria estavam nas escolas de doutrinas secretas e seitas do mundo antigo:

“Assim a palavra franco-maçom não deve ser tomada no sentido literal, bruto e material, como se os nossos fundadores tivesse sido simples trabalhadores em pedra, ou menos, gênios curiosos que queriam aperfeiçoar suas habilidades. Eles não eram apenas experientes arquitetos, desejosos de consagrar os seus talentos e técnicas na construção de templos materiais mas também religiosos e príncipes governantes que se destinavam a esclarecer, edificar e proteger os vivos Templos do Altíssimo”.

Porém, embora eles possam ser oriundos das escolas de doutrinas secretas da Antiguidade, eles eram, segundo afirmava Ramsay, fervorosos cristãos. Na França católica da época, certamente seria imprudente chamar os Templários pelo nome. Porém, Ramsay enfatizava que a Franco-Maçonaria tinha os seus primórdios na Terra Santa, entre os “Cruzados”.

“Na época das Cruzadas na Palestina, muitos príncipes, lordes e cidadãos se associaram e juraram restaurar o Templo dos Cristãos na Terra Santa, e se empenharam em trazer de volta a sua arquitetura à sua primitiva instituição. Eles combinaram diversos Sinais antigos e Palavras simbólicas extraídas do acervo da religião para poderem se reconhecer entre os pagãos e os sarracenos. Esses Sinais e Palavras foram transmitidos apenas àqueles que solenemente prometiam, às vezes até ao pé do altar, jamais revela-los. Essa sagrada promessa não era portanto, um juramento execrável, como tem sido chamado, mas um respeitável laço para unir cristãos de todas as nacionalidades em uma só Fraternidade. Algum tempo depois, nossa Ordem formou uma união íntima com os Cavaleiros de São João de Jerusalém. Desde então, nossas Lojas adotaram o nome de “Lojas de São João”.

Desnecessário dizer que os Cavaleiros de São João, tal como eram no início do século XVIII, jamais reconheceram qualquer afiliação de tal natureza. Se eles tivessem sobrevivido como uma instituição pública acreditada, é possível que os Templários o tivessem feito. Ramsay, por sua vez, mapeando o conteúdo histórico da Franco-Maçonaria, rapidamente se mudou da Terra Santa, voltando para a Escócia e o reino celta pouco antes de Bruce:

“Na época dos últimos Cruzados, muitas Lojas já haviam sido criadas na Alemanha, na Itália, na Espanha e na França. James, lorde Steward da Escócia, era Grão-Mestre de uma Loja existente em Kilwinning, no Oeste da Escócia, MCCLXXXVI, logo após a morte de Alexander III rei da Escócia, e um ano antes de John Baliol ter chegado ao trono. Esse lorde admitiu como franco-maçons, em sua Loja os condes de Gloucester e Ulster, sendo um inglês e o outro irlandês”.

Finalmente, numa inconfundível referência à Guarda escocesa, Ramsay declara que a Franco-Maçonaria “preservou o seu esplendor entre aqueles escoceses a quem os reis da França haviam confiado, ao longo de muitos séculos, a proteção e a defesa de seus entes da realeza”.

Um pouco mais adiante, abordaremos as implicações e o significado da “Oração de Ramsay”. Por ora, basta notar que a tentativa de ganhar a simpatia e o apoio do cardeal Fleury saiu pela culatra. Dois anos antes, em 1735, a polícia agiu contra a Franco-Maçonaria na Holanda. Em 1736, o mesmo ocorreu na Suécia. Agora, depois de poucos dias da segunda “Oração” de Ramsay, Fleury ordena à polícia francesa que seguisse o mesmo exemplo. Foi determinada uma imediata investigação sobre a Franco-Maçonaria. Quatro meses depois, em 1º de agosto de 1737, um relatório policial estava disponível. A Franco-Maçonaria foi declarada inocente de “indecência”, mas potencialmente perigosa “em virtude da indiferença da Ordem em relação às religiões”. Em 02 de agosto, a Franco-Maçonaria foi interditada na França e o seu Grande Secretário foi preso.

Nesta série de batidas policiais, inúmeros documentos e listas de integrantes foram confiscados. Fleury e seus conselheiros certamente devem ter se surpreendido e chocado pela extraordinária qualidade de famosos nobres e clérigos que já figuravam como franco-maçons. O capelão da Garde du Corps, o guarda-costas do rei, por exemplo, apareceu como membro da Grande Loja Jacobita Bussi-Aumont, ou como era chamada a antiga Loja de Bussy. Também era o Intendente da Guarda. Na verdade, quase todos os integrantes da Loja eram oficiais, funcionários ou íntimos da Corte.

Roma já estava alarmada, e pouca dúvida pode haver de que Fleury tenha exercido alguma pressão sobre seus colegas e superiores eclesiásticos. Mesmo antes que a investigação na França estivesse concluída, o Papa Clemente XII entrou em ação. Em 24 de abril de 1738, uma bula papal, “In eminenti apostolatus specula” , proibiu a todos os católicos de se tornarem franco-maçons, sob a pena de serem excomungados. Dois anos mais tarde, nos Estados papais, os membros em uma Loja estavam sujeitos à pena de morte.

Segundo uma autoridade no assunto, o primeiro efeito da bula de Clemente pode ter sido o de forçar a remoção de Radclyffe do Grão-Mestrado da Franco-Maçonaria francesa. No decorrer de um ano, ele foi substituído por um aristocrata francês, o duque d´Antia. O duque, por sua vez, foi sucedido em 1743 pelo conde de Clermont, um príncipe de sangue. Assim, fica claro que a bula papal surtiu um efeito mínimo em dissuadir os católicos franceses de se tornarem franco-maçons. Ao contrário, após a promulgação da Bula, alguns dos mais ilustres nomes na França acabaram se envolvendo. Ao que parece, até o rei estava a ponto de ingressar numa Loja. Aparentemente, o Papa nada conseguiu, salvo derrubar os Jacobitas de sua anterior posição de supremacia nas questões franco-maçônicas francesas. A partir da bula papal, os Jacobitas passariam a exercer um papel cada vez menos influente na Franco-Maçonaria francesa, e deixou de afetar completamente a sua evolução e desenvolvimento. Como já vimos, finalmente o Grande Oriente estava prestes a surgir como o principal repositório da Franco-Maçonaria na França.

Em alguns lugares a postura da Igreja deve ter parecido – e ainda deve parecer – um tanto quanto enigmática. Além do mais, a maioria dos líderes Jacobitas ou tinha nascido católica ou tinha se convertido. Assim, por que deveria o Papa agir contra eles – principalmente quando ao assim fazer significaria a Franco-Maçonaria estar, cada vez mais, sob a influência anticatólica da Grande Loja da Inglaterra? Com análise retrospectiva, a resposta a essa pergunta é mais clara do que provavelmente era para muitos – católicos, franco-maçons, ou ambos – da época. A questão é que Roma temia, de forma não totalmente injustificada, que a Franco-Maçonaria, como uma instituição internacional, poderia representar uma razoável chance de oferecer uma alternativa filosófica, teológica e moral à Igreja.

Antes da Reforma Luterana, a Igreja proporcionava, com sucesso, uma espécie de fórum internacional. Potentados e príncipes, embora suas nações pudessem estar em guerra entre si, ainda eram católicos e atuavam sob o manto protetor da Igreja; as pessoas podiam pecar, mas pecavam conforme o contexto e a definição estabelecidos por Roma. Enquanto esse guarda-chuva protetor estava em seu lugar, ele assegurava que os canais de comunicação continuassem abertos entre as partes beligerantes e que, ao menos em teoria, Roma pudesse atuar como árbitro. É claro que com a Reforma, a Igreja já não era mais capaz de preencher essa função, tendo perdido a sua autoridade entre os Estados protestantes do norte europeu. Porém ela ainda desfrutava de considerável aceitação geral na Itália, no sul da Alemanha, na França, na Espanha, na Áustria e nos domínios do Santo Império Romano.

A Franco-Maçonaria ameaçava oferecer o tipo de fórum internacional que Roma proporcionava antes da Reforma, fornecendo uma arena para o diálogo, um a rede de comunicações, um projeto para a unidade europeia que transcendia a esfera de influência da Igreja, tornando-a irrelevante. A Franco-Maçonaria ameaçava se tornar, com efeito, algo como a Liga das Nações ou a Organização das Nações Unidas da época. Vale a pena repetir a declaração de Ramsay em sua “Oração”: “O mundo nada mais é do que uma enorme república, na qual cada nação é uma família e cada indivíduo é filho”.

A Franco-Maçonaria pode não ter sido mais bem-sucedida do que a Igreja em promover e sustentar a união, mas também não foi menos. A Áustría e a Prússia estavam em guerra. Ambos, Frederick – O Grande, rei da Prússia, e François, imperador da Austria, eram franco-maçons. Em virtude desse laço que tinham em comum, a Loja oferecia uma oportunidade de diálogo e, ao menos, uma possibilidade para a paz. Foi num esforço – fútil, no caso, e até, poderia se dizer, contraproducente – de impedir tais progressos que Roma agiu contra a Franco-Maçonaria. Os Jacobitas e a Franco-Maçonaria Jacobita no continente foram casualidades acidentais de considerações muito mais amplas. E a sua queda de importância foi provavelmente, no final, mais custosa para Roma do que teria sido se o seu status tivesse sido mantido intacto.

Como já vimos, a bula papal, que pretendia excluir os católicos da Franco-Maçonaria, provou ser totalmente inócua. Na verdade, foi exatamente na esfera romana de influência que a Franco-Maçonaria, ao longo de meio século seguinte, haveria de se espalhar mais vigorosamente e assumir algumas de suas mais agressivas e exóticas permutações. Ela foi patrocinada mais entusiasticamente por potentados católicos – como, por exemplo, François da Austria – do que por quaisquer outros. E ela haveria de se mostrar mais influente exatamente naqueles baluartes da autoridade romana, tais como Itália e a Espanha. Ao colocar a Franco-Maçonaria como vilã, Roma, com efeito, transformou-a num refúgio e num reduto para os seus próprios adversários.

Na Inglaterra, a Grande Loja se tornou cada vez mais divorciada tanto da religião como da política. Ela criou e alimentou um espírito de moderação, tolerância e flexibilidade, e muitas vezes trabalhava de mãos dadas com a Igreja anglicana, da qual muitos clérigos eram franco-maçons, quais não encontraram nenhum tipo de conflito de fidelidade ou obediência. Por outro lado, na Europa católica, a Franco-Maçonaria se tornou um repositório de sentimentos e atividades anticlero, anti-instituição e, finalmente, revolucionárias. É verdade que muitas Lojas permaneceram como baluartes do conservadorismo. Porém, muitas mais tiveram um papel vital em movimentos radicais. Na França, por exemplo, proeminentes franco-maçons, tais como o marquês de Lafayete, Philippe Egalité, Danto e Sieyès, agindo em conformidade aos ideais franco-maçônicos, estavam entre os principais que interferiram nos acontecimentos de 1789 e no que veio a seguir. Na Bavária, na Espanha e na Áustria, a Franco-Maçonaria haveria de representar um foco de resistência aos regimes autoritários, agindo principalmente nos movimentos que culminaram com as revoluções de 1848. Todas as campanhas que levaram à unificação da Itália – dos revolucionários do fim do século XVIII, de Mazzini, até Garibaldi – podem ser descritas como essencialmente franco-maçônicas. E das fileiras da Franco-Maçonaria europeia do século XIX surgiria um personagem que viria atirar a sinistra sombra do terrorismo, não apenas sobre a sua própria geração, mas também sobre a nossa – um homem chamado Mikhail Bakumim.

(Extraido do Livro O Templo e a Loja – Michale Baigent e Richar Leigh – Editora Madras).





domingo, 7 de maio de 2017


OS STUARTS E A MAÇONARIA, HISTÓRIA OU LENDA?

Tradução de José Filardo (blog Bibl3oteca)

Publicado em 04 de abril de 2017 por Pierre Mollier



James II da Escócia

A associação dos Stuarts com a Maçonaria continua a ser uma das grandes figuras da imaginação maçônica do século XVIII. Muitos rituais ou correspondência explicam que desde tempos imemoriais, os Stuarts eram os protetores e chefes secretos da Ordem, alguns até mesmo adicionam que um propósito oculto das Lojas era então restaurar a infeliz dinastia escocesa em seu trono legítimo. O que é realmente isso; história ou lenda?

Talvez não haja aqui fumaça sem fogo, mas ainda hoje os historiadores não conseguem encontrar provas documentais sobre o envolvimento real dos últimos representantes da grande dinastia com a Maçonaria escocesa. Elementos raros emergem como existência comprovada de uma oficina “jacobita” na comitiva de James III no exílio em Roma, ou a de algumas lojas stuartistas claramente identificadas em Paris na década de 1730 por Pierre Chevallier. Mas, por outro lado, todas as patentes ou cartas constitutivas supostamente concedidas assinadas ou promulgadas pelos Stuarts revelaram-se falsas.


Desde 1653, a Loja de Perth exibe um pergaminho dizendo que James VI da Escócia foi iniciado como Aprendiz em seu seio em 15 de abril de 1601. Os rumores em torno da existência de uma Loja no exílio de Saint-Germain-en-Laye em 1688 ocupam os maçons de Paris desde 1737. Em 1749, o ritual da Sublime Ordem dos Cavaleiros Eleitos afirma que os Templários perseguidos foram acolhidos e protegidos pelos reis Stuart na Escócia, onde eles se esconderam nas Lojas dos maçons. A lenda tornou-se ainda mais viva que a personalidade, a epopeia e o trágico destino de Charles Edward Stuart, conhecido como Bonnie Prince Charlie – chamado de “jovem pretendente” (1720-1788) – lhe conferem uma forte dimensão romântica. Sua reconquista inaudita da Escócia por alguns meses em 1745 e, em seguida, a fuga para as montanhas depois da derrota fatal de Culloden apaixonaram então toda a Europa.

Seja por cálculo, como a crítica moderna o acusou, ou mais ou menos de boa fé como pensamos, o Barão de Hund conservou essa genealogia Templária e stuartista quando começou a desenvolver a “Estrita Observância” Templaria na Alemanha a partir de 1750. Ele alegava ter sido recebido em Paris na década de 1740, na Ordem do Templo restaurada no seio de uma loja reunindo membros ingleses e escoceses seguidores de Charles Edward Stuart. Fizeram-no supor que Charles Edward era o Grão-Mestre secreto dos Maçons sob o nome de “Eques a sole Aureo”. A Maçonaria que dissimulava a continuação secreta da Ordem do Templo era na realidade dirigida por chefes que ninguém conhecia, os “Superiores Desconhecidos”.

O grande sucesso da Estrita Observância Templária popularizou mais o suposto papel do Stuarts nas Lojas. Após a morte de Hund, o novo Grão-Mestre, o príncipe Ferdinand de Brunswick quis saber onde se colocar. Em 1777, ele então envia um Maçom muito ativo, o Barão de Waechter junto ao “jovem pretendente”, que não o é de fato, para interrogá-lo “oficialmente” – finalmente! – sobre as ligações reais dos Stuarts com a Maçonaria. Este dá uma resposta confusa, mas da qual finalmente fica claro que nem seu pai nem ele eram maçons. Mas o lado evasivo da resposta e a reputação de dissimulação ligada a Charles Édward não resolvem a questão, e os dignitários maçônicos alemães e suecos voltam à carga. Abordado diversas vezes, ele acaba por insinuar que se as lojas desejassem ele estava pronto para assumir os deveres do seu cargo! Pressionado por todos os lados – e à procura de reconhecimento e … dinheiro! – em 1783, ele finalmente dará uma Patente “verdadeira-falsa” ao rei Gustavo III da Suécia reconhecendo-o como seu legítimo sucessor como chefe da Ordem dos Cavaleiros de São João do Templo, isto é, da Ordem Maçônica Templária.

Desde tempos imemoriais à pergunta “Sois maçom? ” as instruções maçônicas mandam responder: “Meus Irmãos como tal me reconhecem.” Se é quase certo que ele nunca foi iniciado em boa e devida forma, Charles Edward era reconhecido desde longa data “como tal” por muitos maçons do século XVIII. No crepúsculo de sua vida, ele finalmente aceitou esta coroa que todos lhe queriam colocar.

A única que ele jamais colocaria em sua cabeça.



Publicado em http://www.fm-mag.fr/article/tradition/les-stuarts-et-la-franc-maconnerie-histoire-ou-legende-1512