sexta-feira, 23 de junho de 2017


MAÇONARIA E OS FARISEUS


Por João Anatalino Rodrigues

UM POUCO DE HISTÓRIA


O que chamamos de Maçonaria Corporativa são os grupos que, ao longo da história, se organizaram em sociedades com o objetivo de preservar suas conquistas econômicas, sociais e espirituais. Não se refere, especificamente, a sociedades secretas ou grupos pararreligiosos, como as antigas associações dos pedreiros medievais. Nem se reporta a seitas religiosas da antiguidade ou de períodos mais recentes como a Idade Média e as épocas modernas ou contemporâneas, ou ainda às fraternidades religiosas nascidas no seio da Igreja Católica, como os franciscanos, os beneditinos, os jesuítas e as diversas irmandades fundadas pela Igreja com objetivos específicos de praticar a filantropia, promover a educação ou mesmo trabalhar uma face política que a Igreja tenha interesse em desenvolver, mas sim a todas elas.[1]

Entendemos que todos esses grupos comportam um elemento de Maçonaria, no sentido de que são sociedades cujos membros são ligados por um compromisso, nem sempre secreto, mas geralmente corporativo no qual o vínculo que os une assume características pararreligiosa. E, grosso modo, todos esses grupos praticam uma tradição, que em menor ou maior grau integram elementos de caráter iniciático.

Essas corporações, ao que parece, têm origem nas antigas civilizações do Oriente, onde elas se desenvolveram, principalmente para preservar as conquistas do grupo e elementos culturais relacionados com a religião, mas historicamente, os modelos mais elaborados dessas organizações parecem ter sido as seitas que se desenvolveram no período helenístico da história de Israel, como reação à própria aculturação do país pelo Ocidente. Essas seitas são aquelas conhecidas pelos nomes de fariseus, saduceus e essênios. Dada a importância cultural delas para a história do corporativismo e a influência que legaram à Maçonaria, cada uma seria tratada em capítulo próprio.


A ORIGEM DOS FARISEUS

A seita dos fariseus foi uma sociedade corporativa formada por judeus de nascimento, cujos membros costumavam ser recrutados nas famílias mais abastadas da sociedade judaica. Ignora-se a época de sua origem e os detalhes de seu surgimento, mas é praticamente certo que apareceram na metade do século II a. C. como grupo de reação política e religiosa à helenização conquistada pela família dos macabeus.[2]

Os judeus haviam perdido sua independência em 586 a.C., quando Jerusalém foi conquistada pelos caldeus. Levados cativos para a Babilônia eles lá permaneceram durante 40 anos até ser libertados pelo rei Ciro da Pérsia, que permitiu sua volta para a Judeia e a reconstrução do Templo de Jerusalém.[3] Quando o Império Persa passou para as mãos dos gregos, a Judeia tornou-se uma província do reino da Síria, uma das quatro partes em que foi dividido o império conquistado por Alexandre Magno. Desde então a Judeia, governada por reis da dinastia selêucida (descendentes de Seleuco, um dos generais de Alexandre), foi submetida a uma intensa colonização cultural, que deformou completamente sua cultura.

Essa situação não agradava aos judeus, reconhecidamente um povo tradicional e muito aferrado às suas crenças. Daí o nascimento de vários grupos de reação à crescente helenização que estava sendo imposta ao país. A liberdade conseguida na guerra dos macabeus, que acabou por libertar a Judeia do domínio sírio, não reconduziu, como era esperado, o país às antigas tradições.

Embora os líderes macabeus fossem todos oriundos de uma família de sacerdotes oficiantes da religião judaica, eles eram de origem mestiça. Mesmo tendo restituído a religião mosaica ao pais, eles simpatizavam com a cultura helênica e durante todo o reinado da dinastia dos hasmoneus (descendentes dos macabeus), os judeus viveram expostos a um grande conflito espiritual. De um lado a religião monoteísta de Israel, com suas rígidas regras de conduta e a exigência de estrita observância das leis deixadas por Moisés, de outro um ambiente liberal e politeísta, que contrastava violentamente com as tradições legadas por deus ancestrais.[4]

O surgimento dos essênios, dos fariseus e dos saduceus provavelmente se deve ao fato de a maioria dos judeus não aceitar a helenização de seu país. De uma maneira ou de outra, todos esses grupos não concordavam com o abandono de suas tradições religiosas e advogavam uma volta à origem. Os fariseus foram o grupo que mais se destacou nessa reação, e nesse sentido Israel deve a eles a sobrevivência de sua cultura religiosa.


OS DONOS DO TEMPLO

Os fariseus defendiam a aplicação da lei mosaica acima de toda e qualquer imposição que lhes viesse de fora, mesmo estando o país sob domínio estrangeiro. Acreditando sempre que os judeus eram o povo escolhido de Deus, e que ele comandava sua história, eles defendiam com unhas e dentes sua tradição sem nunca duvidar de que Deus cuidaria deles acontecesse o que acontecesse.

Afirmavam que quem não se desviasse desse caminho, por mais que sofresse, ou mesmo morresse no cumprimento dos estatutos conferidos por Deus ao povo escolhido, seria ressuscitado no último dia e comporia a nova nação dos eleitos que seria formada após o triunfo final de Israel sobre os inimigos, triunfo esse que seria comandado pelo Messias. Essa era, pelo menos, a doutrina que professavam e faziam questão de ensinar ao povo. Com isso criaram, eles mesmos, um vasto conjunto de ritos e obrigações, que impunham ao povo como comportamentos obrigatórios, o que tornava a vida do cidadão comum muito complicada, e por vezes, bastante onerosa.

O apóstolo Paulo foi membro desse grupo antes de se tornar cristão. Flávio Josefo, historiador que viveu cerca de uma ou duas gerações após a morte de Jesus, também afirma ter feito parte dessa seita que ele chama de Escola de Pensamento. Os fariseus eram reputados pela interpretação rigorosa que faziam da lei mosaica e pela defesa das tradições outorgadas por seus antepassados. Eram os professores da lei e suas posições na administração do Templo de Jerusalém e nas sinagogas nos leva a pensar que entre suas funções estivesse também a de julgar as transgressões que o povo fizesse contra os estatutos postos por Moisés e as tradições legadas pelos antepassados.

Na época de Jesus havia na Judeia uma disputa religiosa muito forte que opunha o Templo de Jerusalém e os demais locais de adoração dos judeus. O Templo era considerado a casa dos fariseus e saduceus, onde a lei mosaica costumava ser adulterada em benefício da própria classe sacerdotal. Quem dizia isso eram principalmente os essênios, que se jugavam puros e verdadeiros aplicadores da lei. Por isso a maioria deles se retirou para o deserto, e os essênios que viviam nas cidades se mantinham apartados dos outros, evitando se misturar com aqueles a quem julgavam ímpios. Não é improvável que a sinagoga de Nazaré, onde Jesus estudou até sua juventude, tenha sido dirigida por essênio, pois, segundo os documentos recuperados no Mar Morto, eles dirigiam muitas sinagogas no país. Daí a linha francamente essênia da doutrina ensinada por Jesus e principalmente por João Batista.

Os fariseus, entretanto, eram o que podemos chamar de tradicionalistas. Eles reconheciam que seus preceitos não podiam ser encontrados literalmente na Torá, mas justificavam-nos pelo apelo às tradições já consagradas em Israel há milênios, portanto seriam tão verdadeiras como se fizessem parte da lei escrita. Eram, por assim dizer, partidários de um direito consuetudinário, enquanto os essênios só aceitavam o que estivesse rigorosamente escrito na lei e nos profetas.

Os fariseus eram, na maioria, professores nas sinagogas e escribas que trabalhavam para o Templo. Por isso se preocupavam em ensinar ao povo sua doutrina. Jesus os criticava por defraudar as casas das viúvas com suas longas orações e sacramentos, que, ao que parece, eram cobrados, como são cobrados os serviços religiosos feitos pela Igreja. Por isso, tanto Jesus quanto os essênios criticavam os fariseus dizendo que eles haviam se apropriado do templo, fazendo-se donos deles.


A GRANDE ASSEMBLEIA

Apesar de pouco respeito que Jesus mostrava ter por eles, os fariseus parecem ter gozado de muito prestígio nos sucessivos governos da Judeia, desde a restauração do trono, feita na época dos macabeus, até a conquista romana, em 70 a. C. Flávio Josefo fala da influência desse grupo nos reinados de Hircano, Aristóbulo I e Salomé Alexandra, e o evangelista Lucas (Atos 22, 3) se refere ao prestigio que o fariseu Gamaliel, professor do aposto Paulo, gozava em seu tempo.

Ao que parece, a grande maioria dos fariseus se concentrava em Jerusalém, no serviço do Templo. Não há registros no Novo Testamento desses adversários de Jesus em outros locais da Judeia ou Galileia por onde ele tenha passado, a não ser em algumas sinagogas onde ele pregou e sofreu algumas contestações por parte dos presentes, como em sua própria cidade, Nazaré, mas o cronista evangélico não esclarece se os contestantes se tratavam de fariseus, saduceus, essênios ou simplesmente gente do povo com algum conhecimento das Escrituras.

Os fariseus diziam que a lei dada por Deus a Moisés no Monte Sinai fora transmitida de duas formas: a escrita, constante da Torá, e a oral, que era uma tradição passada de geração em geração a uma corrente de sábios, que faziam a interpretação da lei e a ensinavam ao povo. A ideia era a de que Moisés havia recebido a torá não escrita diretamente das mãos de Deus, depois a passara a Josué; Josué a transmitira aos anciãos das tribos, estes aos profetas e os profetas aos membros da Grande Assembleia.

A “Grande Assembleia” é uma mítica organização referida nos textos rabínicos. Teria sido formada provavelmente no reinado do rei Josias (século VII a. C), para interpretar, preservar e transmitir, por tradição oral, a parte secreta da doutrina mosaica, ou seja, a Torá não escrita. Essa Grande Assembleia era composta pelos rabinos mais sábios de cada época. Figuram entre eles os famosos Simeão, o Justo, Iossé Bem Joezer, Simeão Bem Shatah, Hilel e Shamai, e Gamaliel, o conhecido professor do apóstolo Paulo. Desse grupo teria feito parte também o famoso codificador da Cabala, Simão Bem Hiohai. A Mishná registra os nomes dos mestres dessa escola desde Moisés até Gamaliel (época de Jesus), mas depois dele silencia, como se essa corrente de tradição oral tivesse sido interrompida depois da Diáspora e nunca mais retomada. Essa tradição é que comporia o corpo doutrinário constante do Talmude e da Mishná.[5]

AS DOUTRINAS DOS FARISEUS

Entre as tradições observadas pelos fariseus e por eles tidas como leis, embora não constantes da Torá escrita, estavam as regras de higiene concernentes aos alimentos e limpeza das mãos, os preceitos que impunham proibição de contrato com cadáveres e a entrada em túmulos, as regras de pureza com relação aos objetos de culto no Templo e a forma correta de oferecer sacrifícios, bem como as leis quanto ao recolhimento de dízimos e contribuições devidas aos sacerdotes e a correta observância dos sábados e dias santos, regras observáveis para as relações conjugais, casamentos, divórcio, etc.

Flávio Josefo, que afirma ter sido fariseu em sua juventude, assim como o apóstolo Paulo, diz que os fariseus se assemelhavam aos estoicos gregos em termos de doutrina. Que eles acreditavam na imortalidade da alma e na ressurreição dos mortos no último dia. Diz ainda o polêmico historiador judeu que os fariseus atribuíam todas as coisas a Deus e ao destino, mas acreditavam que as boas obras e o correto agir podiam influir muito no destino das pessoas, pois “Deus dera ao homem um livre-arbítrio”, e mediante suas próprias escolhas ele poderia interferir em seu destino.[6]

Em princípio essas informações parecem conter teses conflitantes, pois se o destino dos homens está nas mãos de Deus, não poderiam eles por meio de sua força de vontade e de sua capacidade de escolher entre o bem e o mal, influir nesse processo. Mas essa é a linha de pensamento defendida pelos sábios de Israel desde os primórdios de sua existência e transparece claramente não só nos escritos rabínicos com também na própria Bíblia, nos ensinamentos dos profetas e dos eclesiásticos. Em toda a história do povo de Israel o que se vê é Deus conduzindo a vida do povo israelita para um fim escatológico anunciado. Mas, em meio a esse processo fatalista, já anteriormente desenhado, sobra espaço para ações pessoais que ensejam punições e recompensas pessoais e coletivas.

Desta forma, Deus castiga a nação de Israel quando ela desobedece a seus comandos e premia quando faz sua vontade. Nesse esquema está implícito o livre-arbítrio de Israel em escolher a obediência ou a desobediência e o consequente prêmio ou castigo. Sobressai, nesse processo aparentemente contraditório, o espírito fatalista dos povos orientais e o natural anelo pela liberdade que sempre impregnou a mente do povo israelita. De um lado a crença em um destino controlado pela divindade e de outro o desejo de ser livre. Esse conflito filosófico parece estar refletido na doutrina dos fariseus, e talvez aí esteja o motivo das ácidas críticas que Jesus fazia a esse grupo.[7]

Com o tempo os fariseus se tornaram um partido político de grande poder e importância na Judéia. Na época de Jesus eles aparecem mesmo como um dos componentes do poder político judeu. O Sinédrio ou Sanedrin, espécie de Senado judeu, em sua maioria era composto por saduceus e fariseus, a se acreditar nas informações do evangelista Lucas.

Após a guerra de 66-76, em que os romanos destruíram o Templo de Jerusalém e espalharam os judeus pelo mundo no episódio conhecido como Diáspora, os fariseus se organizaram fora de Jerusalém e criaram o movimento rabínico. Esse movimento foi responsável pela conservação da cultura judaica e preservou a identidade do povo de Israel como uma nação. Essa talvez seja a razão de os judeus não terem se extinguido totalmente como os antigos povos, deles contemporâneos.


CRISTÃOS VERSUS FARISEUS

Jesus em suas pregações, mostra não ter muito respeito pelos fariseus. “Os escribas e os fariseus”, dizia ele, “sentam-se na cadeira de Moisés. Observai, pois, e fazei tudo que eles vos disserem. Mas não imiteis suas ações, pois dizem e não fazem (...) atam sobre os ombros dos homens cargas pesadas e insuportáveis, e as põem sobre os ombros dos outros, mas nem com um dedo as querem mover (...)[8].

Uma boa parte do conhecimento que hoje temos dos fariseus vem das informações que sobre eles nos dão os evangelistas. É nítido o conflito que houve entre eles e Jesus sobre diversos aspectos da lei mosaica e com respeito a diversos comportamentos que, segundo os ensinamentos dos fariseus, o povo de Israel devia adotar. É certo que Jesus criticava veementemente a doutrina dos fariseus, particularmente o excesso ritualístico e as exigências comportamentais que eles pregavam como necessárias para que alguém pudesse entrar no Reino dos Céus.

Jesus os tinha como um bando de hipócritas, pois dizia que eles exigiam um tal rigor do povo, mas eles mesmos não cumpriam tais exigências. Ele era um positivista que via na lei escrita e nos ensinamentos dos profetas a única verdade doutrinária, por isso as exegeses feitas pelos fariseus eram motivo para suas ácidas críticas. É claro que nas informações bíblicas se deve separar o que é claramente literário, escrito com claras intenções doutrinárias, daquilo que é realmente histórico. O conflito entre Jesus e os fariseus, conforme aparece no Novo testamento, é normal. Afinal se tratava de dois grupos doutrinários disputando a atenção do povo judeu, cada qual com visível interesse de fazer valer suas teses. Assim, do ponto de vista cristão, é lógico que os Evangelhos ataquem os fariseus e os faça aparecer aos nossos olhos sobre um prisma tão detestável, de tal modo que a palavra fariseu até adquiriu a conotação de indivíduo falso e hipócrita.[9]

ANALOGIA COM A MAÇONARIA

Historicamente, porém, não há registros que justifiquem a visão tão desfavorável que os cronistas cristãos divulgaram acerca dos fariseus. Na verdade, como grupo político e seita religiosa, eles não divergem de qualquer outra associação formada para a defesa de interesses particulares ou difusos em tempos de crise cultural, social ou política. Ao estudar sobre sua organização, embora muito pouca informação sobre esse aspecto em particular tenha sobrevivido, nós não podemos deixar de ver nela uma ligeira semelhança com a Maçonaria, em seus aspectos organizacionais. Pois esse grupo era defensor de uma ética particular, que entendia ser desejável para a sociedade judaica, como necessária para sua manutenção e sobrevivência. Eles também, como os maçons advogariam mais tarde, se organizavam como um grupo de “eleitos” dentro do povo eleito (circunstância que também foi criticada por Jesus), cuja missão seria preservar o núcleo fundamental da tradição judaica.

E em sua organização, a se comparar as chamadas “casas rabínicas”, especialmente a de Hilel e Chamai, definidas como as duas principais “escolas” de judaísmo nos séculos I e II, há uma clara analogia com a Loja Maçônica, no sentido que lhe é dado, como escola de pensamento. É de se lembrar também que nenhum outro povo levou tão longe a noção de irmandade quanto o povo de Israel. E podemos dizer que foi mesmo essa noção que os manteve vivos como povo, ao longo de séculos de perseguição e tentativas de extermínio por eles sofridas.

Por fim, há ainda o fato de que os fariseus não eram somente um grupo religioso com interesses políticos. Constituíam uma organização que atendia a finalidade que iam além da política e da religião. Sabe-se que mantinham uma espécie de seguro que todos os membros pagavam, para servir a todos que dele necessitassem. Era um tipo de mútua, semelhante à que hoje existe na Maçonaria.

Conquanto tivessem como missão precípua o ensino da religião e a observância dos costumes legados pelos antepassados, exercendo inclusive sobre o povo funções judicantes, os fariseus tinham os segredos que somente entre eles eram divulgados. Essa rica tradição oral deu origem ao famoso mito da Assembleia Sagrada, de onde saiu, inclusive, a grande tradição da Cabala. Todas essas características em nossa visão aproximam a seita dos fariseus da Maçonaria e não pode ser esquecida em qualquer estudo que se faça sobre a Arte Real.

(TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO “O TESOURO ARCANO”, Anatalino João, Editora Madras)

[1] Como a Opus Dei, por exemplo. 
[2] Velho testamento, Livro dos Macabeus I e II 
[3] A reconstrução de Jerusalém é a alegoria fundamental que informa o catecismo maçônico dos graus filosóficos. Sobre esse assunto, ver nossas obras Conhecendo a Arte Real, Madras Editora, 2007 e Mestres do Universo, publicada pela biblioteca24x7, 2010. 
[4] Macabeus *do hebraico makabim ou maqabim) significa “martelo”, em grego: makkabatot. Começando com o sumo sacerdote Matatias, a família dos macabeus liderou a revolta que libertou a judeia do domínio sírio. Depois da vitória eles fundaram a dinastia dos reis hasmoneus, que governou o país entre 163 a 63 a. C. 
[5] A Mishná é o conjunto de escritos rabínicos que interpreta as leis e as tradições do povo de Israel. O Talmude é uma coletânea de textos rabínicos que veicula as interpretações da Bíblica, feitas por esses famosos rabinos. 
[6] Antiguidade dos Judeus, Livro III 
[7] Jesus acusava os fariseus de ser hipócritas, isto é, de dizer uma coisa e fazer outra. Ou seja, mandavam o povo seguir estritamente as leis de Moisés, mas pessoalmente eram os primeiros a violá-las 
[8] Mateus, 21, 1 a 5. 
[9] Para um estudo dos fariseus, do ponto de vista doutrinário, recomendamos a leitura do trabalho de John P. Meier, Um Judeu Marginal, vol. 2, Livro III, Imago, 2004.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O CANHÃO NA MAÇONARIA


CANHÃO? ... Não é nada do que o leitor profano pensa... É este o nome dado pelos maçons aos “copos especiais” usados em seus banquetes festivos, e nas “CeiasMísticas Capitulares”, e para que se tenha, desde logo, uma idéia do que se trata, vão aqui reproduzidas..... Revelaram as pesquisas do Irmão Douglas Ash, feitas em seu livro “English Drinking Glasses ande Decanters – 1680‐1830” publicado em Londres, que, os “Canhões Maçônicos” começaram a surgir depois de 1730, recebendo o apelido de “FIRING GLASSES” (Copos para dar tiro). Desde logo se destacaram dos copos comuns de vinho, pelo seu formato sui‐generis, mais do que pelo seu posterior acabamento primoroso, que com o correr dos tempos foi produzindo verdadeiras obras de arte de lapidação. A principio raramente eram maiores do que 4 polegadas (100mm) de altura, tendo um pé maciço, sendo o corpo afunilado e com as paredes grossas, e tendo o pé mais tarde o formato de uma cebola. Para o uso era preciso um copo reforçado, cujo pé resistisse às repetidas, e muitas vezes bem “animadas” batidas, dadas nas diversas “saúdes”. O conteúdo era mais ou menos o de um copo de vinho comum. O nome “canhão”, em alemão “kanone”, foi derivado das “batidas surdas” parecendo tiros. O vinho branco ou tinto, ou ainda os licores tomados destes copos recebeu o nome de “PÓLVORA FORTE”, e o “ato de beber” passou a ser chamado de “... FAZER FOGO...” Para evitar excessos de “animação”,em muitos quadros se tornou usual que, quem partisse o seu copo ao dar as batidas de saúde, seria obrigado a pagar todas as despesas da ceia. Cada Irmão tinha o seu copo pessoal. As atas de uma Loja de YORKSHIRE (Inglaterra) até consignam a punição: “O Irmão que quebrar o seu canhão é obrigado a pagar 1 SHILLING de multa”. Como muitos maçons achavam de pouco conteúdo os canhões antigos, a partir de meados do século passado, em muitos casos o seu tamanho foi aumentando, e, quando a loja não permitia o uso de “canhões” maiores, então muitas vezes o vinho era tomado em copos normais, e usando‐se os canhões apenas para dar as “salvas” ... Estes “canhões” são relacionados quase queexclusivamente com a Maçonaria, e por isso mesmo no comércio, eram negociados com maçons. Entretanto, outras Associações e Clubes de Canto também os usavam com freqüência, bastando só citar os “ANACREONITES” de Londres, cujos encontros eramna Taberna Coroa e Âncora e estes tinham até um “Hino próprio de seu clube” (TO ANACREON IN HEAVEN),cuja melodia, com novas e mais adequadas palavras, já no século 19 resultou no canto americano “THE SPRANGLED BANER” (A bandeira salpicada de Estrelas). De 1820 para cá, e ainda em nossos dias, estes canhões passaram a ser feitos dos mais finos cristais, e até domais legítimo “baccarat”, e lapidados com toda sorte de símbolos maçônicos, em lapidação plana, facetada e opaca. Ainda hoje, em muitas lojas da Europa estes canhões continuam sendo usados em lojas tradicionais, e modernamente no EUA., no

Estado de Massachusetts, as “Lojas de Mesa” tem tido muita popularidade, e elas, com os seus rituais de banquete, com SETE SAÚDES, aumentaram o interesse pela história destes copos tradicionais. Aqui no Brasil, estes “canhões” eram importados lisos da Europa, e aqui lapidados pelos irmãos SPANGENBERG, alemães, exímios lapidadores de cristais, residentes em Petrópolis (RJ). 



Fonte: PROBER, Kurt – Boletim informativo da Loja Duque de Caxias nº 70, "O Aprendiz", São Vicente, SP ‐ Fevereiro/1980.





terça-feira, 20 de junho de 2017

Sir CHRISTOPHER WEREN - ARQUITETO E MAÇOM


Tradução J. Filardo
de René Desagulier e Harold DORN & Robert MARK

Sir Christopher Wren

Se Isaac Newton é, sem dúvida, o mais famoso cientista da junção dos séculos XVII e XVIII, há um outro menos conhecido entre nós, mas que, no entanto, teve a honra de dois artigos na revista Renaissance tradicional, ele é Sir Christopher Wren.

Quem foi esse homem que o próprio Newton descrevia como “o maior geômetra do nosso tempo” e que Robert Hooke [i] colocava no mesmo nível de Arquimedes? Cientista de um lado, dissemos, pois era professor de astronomia e presidente da Royal Society [ii] e e geômetra, por outro, pois Arquiteto, e até mesmo: Arquiteto Geral da Inglaterra nomeado por Charles II. Ele faz parte dessa categoria de cientistas da segunda metade do século XVII que pensavam que a mecânica influenciava a arquitetura, e aos quais eram confiados grandes projetos que exigiam importante estrutura mecânica, uma lista onde encontramos entre outros Guarino Guarini [iii] na Itália, Claude Perrault [iv] na França e, é claro, Hooke, na Inglaterra.

Filho do reitor da Universidade de Windsor, Christopher Wren nasceu em 20 de outubro de 1632 [v] onde foi criado em uma tradição religiosa, e desde a idade de 17 anos (1649) estudou na Universidade de Oxford, já com uma atração para os sistemas mecânicos complexos, por um lado e, por outro lado, as matemáticas que o revelarão aos olhos de Isaac Newton. Aos 25 anos, foi nomeado professor de astronomia no Gresham College de Londres e aos 29 mudou-se, sempre na cadeira de astronomia, mas desta vez em Oxford e isso por 12 anos. É importante notar que depois de uma conferência de Wren no Gresham College, em 1660, vai surgir a ideia que dará origem à Royal Society, mais precisamente a Sociedade Real para a Melhoria do Conhecimento Natural e ele, ao lado de Robert Boyle, John Wilkins, William Visconde Brouncker (que será o primeiro presidente dela) e também de um certo Robert Moray. Será Wren quem redigirá os primeiros estatutos do que viria a ser chamado “o Colégio Invisível” enfatizando a experimentação e a prática, ele fala de “filosofia natural experimental” ou ainda de “aumento do comércio através de invenções úteis para o bem-estar, em benefício e à saúde dos nossos súditos”. Mas é a arquitetura que ocupará 50 anos da vida de Wren, e isso, a partir de 1662, com os planos do Sheldon Theatre em Oxford, para terminar em 1710 com a construção da Catedral de St. Paul de Londres. Harold Dorn [VI] e Robert Mark propõem-se a analisar o trabalho de Sir Christopher Wren através de sua primeira e sua última realização. Notemos finalmente, que embora Dorn & Mark sejam co-autores de um livro com o título deste artigo; é da revista “Pour la Science “, versão francesa da “Scientific American” chamada “a revista dos Nobels” que foi extraído esse artigo da Renaissance Traditionnelle.

Deixo para os amantes da arquitetura o prazer de ler este artigo que, eu diria muito sucintamente vou mostrar os limites da primeira realização de Wren e a evolução, após o grande incêndio de Londres em 1666 e, finalmente, a conclusão do plano final da Catedral de St. Paul. Este artigo mostra as dificuldades de um arquiteto precursor, embora fosse um um gênio do seu tempo, em aliar a teoria e a aplicação. É isso que lhe fará dizer em 1713 em seu relatório sobre a Abadia de Westminster: “Uma arquitetura de qualidade depende do estudo preliminar dos princípios da estática e do bom equilíbrio de peso dos pés-direitos.” Na verdade, através dessa teoria, ao que nos parece interessante, como o fez, sem dúvida antes de nós René Desaguliers, que a teoria de Christopher Wren determina que para consolidar uma coluna submetida às forças horizontais da abóbada, esta coluna deve ser mais alta e mais pesada … assim como Dorn e Mark, citaremos Wren para concluir esta primeira parte:

“As cinco ordens clássicas de colunas: Dórica, Jônica, Coríntia, Toscana e Compósita estão sujeitas a leis rígidas e impositivas que não se pode, aparentemente, transgredir sem cometer uma barbárie: quando no fundo elas são apenas um reflexo da tendências e modismos da época em que são usadas “.

“E ainda é surpreendente que uma grande maioria dos arquitetos de nossa época atribui muita importância ao decorativo e passem também rapidamente sobre a geometria que é o ponto essencial da arquitetura…”

E finalmente: ” A verdade será obtida somente a partir da pesquisa dos centros de projeto de gravidade dos elementos do projeto”.

Então, aqui estamos na segunda parte deste resumo, que se refere ao artigo de René Desaguliers. Este artigo pretende ser uma reparação e justificativa da presença de um artigo centrado apenas no aspecto arquitetônico, portanto operativo, da atuação de Wren, artigo no qual René Desaguliers vai estudar os vínculos de Wren com a Maçonaria. E é principalmente partindo das Constituições de 1723 que encontraremos os vínculos. 1723 é, paradoxalmente, o ano da morte [vii] de Christopher Wren, com 91 anos, mais exatamente 5 semanas após a publicação das Constituições [viii], e que nos diz James Anderson, ele situa Wren como um “arquiteto engenhoso”, e é tudo! René Desaguliers analisa simplesmente este elemento recordando que a redação das Constituições tinha sido lançada pelo Duque de Montagu em 1721 [ix], mas que materialmente entre a data da decisão da publicação e a morte de Wren, não se teve tempo para adicionar um epíteto mais glorioso e mais elogioso. A menos que, ainda mais perspicaz, a explicação política de Desaguliers não seja ainda mais justa. Eu a relato a vocês. Em 1718, Christopher Wren é Superintendente Geral dos Edifícios da Inglaterra, ele tem 86 anos de idade. Sua idade avançada e sua lealdade aos Stuarts fazem com que o rei da época o alemão Georges I o substitua por William Benson, levando à suspeita e questionamento quanto ao critério de Anderson …

Ao contrário, na segunda edição das Constituições, a de 1738, Wren passou de notícia para a história ou para a lenda. E lá desta vez, vamos rever o que Desaguliers descreve como um verdadeiro romance sobre um certo Sir Christopher Wren, o mesmo que segundo as Lojas de Londres em 1716, as teria negligenciado. Assim, encontramos ali um Christopher Wren sucessivamente Grande Vigilante em 1663 e 1666, Grão-Mestre Adjunto e depois Grão-Mestre, em 1685 e novamente em 1698. Na verdade, é o que diz Anderson, alguns anos após a conclusão da Catedral de St Paul em 1708, Wren negligencia o cargo de Grão-Mestre pelo menos até 1714. Notemos de nossa parte de passagem, que ele tem … então 76 a 82 anos.

Assim o que aprendemos neste artigo de 1982 sobre a adesão ou não de Christopher Wren à Maçonaria? René Desaguliers realmente escreve que se pode responder de forma positiva e isso porque ele encontrou alguns elementos, e para tal se baseia em Albert Mackey [X], Robert Freke Gould [xi] e Bryan Little [Xii].

Em primeiro lugar, em “A História Natural de Wiltshire” [Xiii], de John Aubrey; ele diz (tradução de René Desaguliers) “Hoje, segunda-feira a 18a. do ano de 1691, no dia após o domingo das Rogações [xiv], realizou-se na Igreja de Saint-Paul uma grande assembleia da Irmandade de maçons aceitos, na qual Sir Christopher Wren deve ser adotado Irmão (tradução voluntariamente literal de: is to be adopted a Brother), bem com Sir Henry Goodric de la Tour (de Londres) e alguns outros. Houve reis que pertenceram a essa confraria”. Além da probidade de Aubrey, Rene Desaguliers nota que no manuscrito, Aubrey riscou a palavra Maçom Franco e reescreveu em cima Aceito, permanecendo fiel à companhia dos maçons de Londres que haviam transformado o nome por volta de 1655-1656.

O segundo elemento quase indiscutível é o anúncio da morte de Wren por meio da imprensa em o Postboy [XV] e o British Journal [Xvi] que apresentam, ambos, “esse digno maçom” (franco maçom) isto é, esse maçom especulativo.

Finalmente, de maneira uma vez mais muito interessante, René Desaguliers nota primeiro a localização geográfica do túmulo de Wren na cripta de St. Paul, ou seja, no canto sudeste, isto é, o lugar do Mestre. Em seguida, e finalmente, ele também observa essa lenda que se deve sucessivamente e de maneira oposta a William Preston e ao Duque de Sussex, sobre esse presente dado por Wren à Loja Saint Paul (O Ganso e a Grelha), a saber, três castiçais em mogno representando as três ordens de arquitetura e um autêntico malhete operativo do século XVII, que serviria para a colocação da pedra fundamental da Catedral de St. Paul. [xvii]

Concluindo, é bastante claro que o nome de Wren está ligado à Maçonaria, em todo caso, por suas funções e seu perfil social, como diz René Desaguliers, e nestes tempos de transição, ele estava bem em relação com a Maçonaria como Maçom Aceito e não se tem como certo como operativo.

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NOTAS

[I] Robert Hooke Nascido em 18 de julho de 1635, em Freshwater e morto em 03 de março de 1703, é um dos maiores cientistas experimentais do século XVII e, portanto, uma das figuras-chave da revolução científica da era moderna.
Em 1653, Hooke foi para Oxford, onde conheceu Robert Boyle de quem se tornou assistente. Em 1660, ele descobriu a lei da elasticidade e Hooke, que descreve a variação linear de tensão com a extensão. Em 1662, Hoole é nomeado demonstrador na Royal Society recém-fundada; ele é responsável por experimentos realizados durante reuniões. Em setembro de 1664, ele publica seu livro, Micrografia, que contém muitas observações realizadas usando microscópios e telescópios. A sua contribuição em biologia é muito importante. Atribui-se a ele a primeira descrição de uma célula biológica feita a partir da observação de plantas. Em 1665, ele foi nomeado professor de geometria na Universidade de Gresham.
Micrografia (Micrographia) torna-se imediatamente um best-seller. O livro apresenta suas observações realizadas com o auxílio de diversas lentes. Hooke descreve um olho de mosca e uma célula vegetal. Suas belas gravuras em cobre são particularmente espetaculares. Suas pranchas sobre os insetos, bem como o texto contribuem para promover as observações feitas usando o novo microscópio. As placas sobre insetos são dobráveis e em um formato maior que o livro, um in-fólio. Ainda que este livro seja mais conhecido por suas observações feitas com a ajuda do microscópio, a Micrografia também descreve corpos planetários distantes, esboça uma teoria sobre luz e mostra a extensão dos centros de interesse do autor.
Hooke é muitas vezes considerado como o inventor do microscópio composto, um conjunto de múltiplas lentes, geralmente em número de três: uma ocular, uma lente de campo e uma objetiva. Ele dá assim muitos conselhos para a fabricação de microscópios ao fabricante Christophe Cock. Mas esta atribuição parece inexata, pois Zacharias Janssen já havia construído microscópios semelhantes em 1590. Nesse meio tempo, os microscópios de Hooke alcançam uma ampliação de trinta vezes, que era amplamente superior em relação aos instrumentos anteriores.
Entre suas outras realizações, deve-se observar a construção do primeiro telescópio refletor Gregoriano e a descoberta da primeira estrela binária. É interessante notar que ele é o autor de uma das primeiras teorias ondulatórias da luz.

[ii] 1680-1682

[III] Camillo Guarino Guarini (1624 – 1683) é um sacerdote, matemático, escritor e arquiteto italiano. Ele nasceu em Modena. Ele foi ao mesmo tempo um brilhante matemático, professor de literatura e filosofia em Messina, e a partir de dezessete anos, arquiteto do duque Philibert de Savóia. Ele escreveu uma série de livros de matemática, em latim e em italiano, entre os quais Euclides adauctus.

Influenciado principalmente por Francesco Borromini, Guarini projetou um grande número de edifícios públicos e privados em Turim, incluindo o palácio do duque de Sabóia, a igreja de San Lorenzo (1666 – 1680), a capela Santissima Sindone (que abrigava o Sudário de Turim), o Palazzo Carignano (1679 – 1685), os conventos dos Teatinos de Modena, Messina e Paris, e muitos outros edifícios públicos e eclesiásticos em Verona, Viena, Praga e Lisboa. Ele morreu em Milão em 1683. A parte de suas obras realizadas na Sicília, especialmente em Messina, fazem dele um dos fundadores do barroco siciliano, ainda em sua infância na época. Em arquitetura, ele tem entre seus sucessores, seu aluno Filippo Juvarra bem como o próprio aluno desse último, Bernardo Vittone.

[iv] Claude Perrault Nascido em 25 de setembro de 1613 em Paris, onde morreu em 09 de outubro de 1688, é um médico e arquiteto francês. Ele é famoso por ter sido o arquiteto da fachada da ala leste do Louvre. Também é reconhecido por seus trabalhos em anatomia, física e história natural. Seu irmão é o escritor Charles Perrault (1628-1703). Ele morreu de uma infecção em 1688, depois de ter dissecado um camelo no Jardin des Plantes. Ele obteve seu doutorado em medicina em Paris. Tornou-se um dos primeiros membros da Academia Real de Ciências em 1666. Ele fez muitas observações sobre a anatomia dos animais. Ele estudou o fluxo de seiva e descobriu que ela circula em dois sentidos, ascendente e descendente. Mas, como outros estudiosos de seu tempo, ele tenta descobrir um funcionamento celular semelhante ao dos animais. Suas ideias são combatidas por Denis Dodart (1634-1707) e Samuel Cottereau du Clos (v. 1598-1685). Ele traduziu para o francês os textos do arquiteto romano Vitrúvio sob o título Dez Livros de Arquitetura de Vitruvio em 1673. Perrault realiza a fachada leste da colunada do Louvre, implementado por Louis Le Vau, entre 1667 e 1670, bem como partes da fachada sul. Ele projetou o observatório de Paris, entre 1667 e 1672. Ele construiu Arco do Triunfo do subúrbio Saint-Antoine em 1670.

[V] A East Knoyle em Wiltshire

[VI] Harold Dorn é professor emérito da Faculdade de Artes e Letras de Nova Jersey, pesquisador de história da ciência e da tecnologia.

[VII] 25 de fevereiro de 1723

[VIII] 17 de janeiro de 1723

[Ix] 29 de setembro de 1721

[X] Mackey A.G., Hughan W.J. Hawkins E.L. Uma enciclopédia da maçonaria e suas Ciências Afins compreendendo todo o escopo de artes, ciência e literatura conforme conectada com a instituição New York-Londres, The Masonic History Company, 2 volumes, 1913.

[Xi] Robert Freke Gould. História da Maçonaria (1883-1887) 3 volumes.

[Xii] Bryan Little. Sir Christopher Wren: uma Biografia Histórica (Londres, 1975).


[XIV] Os Dias de Rogação são os três dias imediatamente anteriores à Ascensão no calendário litúrgico cristão. Este termo é usado principalmente pelas igrejas Católica e Anglicana, mas agora caiu em desuso. A palavra “Rogação” vem do latim rogare que significa “pedir”. Este termo serve para qualificar esta época do ano porque o Evangelho do domingo anterior contém a passagem “Peça o que quiser e isso lhe será dado” (João 16:7). Este próprio domingo era chamado Rogações. Esse dia marcava, antes do concílio Vaticano II, o início de um período de três semanas durante o qual a celebração de casamentos era proibida pelas igrejas Católica e Anglicana. Os fiéis observavam tradicionalmente um jejum durante as Rogações para se preparar para a celebração da Ascensão e os sacerdotes abençoavam o culturas. Essa festa introduzida por São Mamert em 470 no Vale do Rhone, estendeu-se por toda a Gália, por ocasião do Concílio de Orleans (511). Naquela época, as rogações tomaram o lugar no calendário, da festa romana das robigalia, celebrações de adoração para a proteção dos cereais contra a ferrugem, que aconteciam no 6º dia antes das calendas de maio [] . A Igrejas Anglicanas suprimiram as Rogações em 1976. (fonte Wikipedia)

[xv] n° 5245 2-5 de março de 1723

[xvi] n° 25, 9 de março de 1723

[Xvii] Preservadas depois pela Loja Antiquité no. 2

Publicado em Renaissance tradicional N ° 52 – out 1982 p 275 – e N ° 49 – de janeiro de 1982. p XIII 27 Volume

domingo, 18 de junho de 2017


O GNÓSTICO GIORDANO BRUNO


Por João Anatalino Rodrigues
(Extraído do Livro “Conhecendo a Arte Real” – Editora ISRN – 2ª. Edição)

A religião solar dos egípcios, que os hermetistas adaptaram magistralmente para justificar as teses defendidas no seu cristianismo místico, encontrou em Giordano Bruno o seu melhor divulgador.

Esse interessante filósofo foi considerado o grande mago da Renascença. Seu trabalho tinha em mente a criação de um vasto sistema de pensamento, com o objetivo de revalorizar as religiões solares, cuja metafísica ele julgava superior à do cristianismo. Em muitos aspectos, ele foi o precursor dos chamados pensadores rosacrucianos que inspiraram o conteúdo espiritualista da Maçonaria moderna.

No começo do ano de 1583 ele visitou a Inglaterra para realizar, na Universidade de Oxford, uma série de conferências. Do grupo que participou dos debates faziam parte dois outros notáveis hermetistas, tidos como magos e alquimistas, chamados John Dee e Philip Sidney. Eles ouviram o famoso mago italiano dissertar sobre a excelência e a superioridade da antiga religião egípcia e por certo devem ter ficado fascinados. Ali estava um intelectual, doutor em filosofia, professor dos mais respeitados em toda Europa, naquele santuário da ortodoxia religiosa que era Oxford, em pleno desenvolvimento da Contrarreforma Religiosa, pregando a superioridade de uma religião pagã, fundamentada sobre um panteísmo obscuro, sobre as excelências da religião de Cristo!

E mais dizendo que nenhuma fé podia superar, na salvação da alma, o conhecimento das realidades divinas, obtido através da gnose, ou da iniciação nos mistérios de uma religião pagã!

O Deus do Bruno era o “Deus das coisas”. Havia uma presença divina em tudo, como manifestação, mas não como essência, pois a essência divina não podia ser separada da sua fonte primordial. A presença divina nas coisas, entretanto, já era atributo intrínseco delas desde a sua criação e só podia ser “despertada por ritos de natureza mágica como os que eram praticados no antigo Egito”. Nas próprias palavras de Bruno “diversas coisas vivas representam diversos espíritos e forças, que além do ser absoluto que possuem, obtém um ser comunicado a todas as coisas, segundo a sua capacidade e medida”.

Por essa razão, Deus, como um todo embora não totalmente, mas em alguns mais, e em outros menos excelentemente, está em todas as coisas. Pois Marte está mais eficazmente em vestígios naturais e em modos de substância, numa víbora ou escorpião, e não menos numa cebola ou num alho, do que em qualquer quadro ou estátua inanimada”[1].

Essa era a razão pela qual as antigas religiões, como a egípcia, via a essência do deus Rá em todas as coisas, num girassol, num narciso, num galo, num leão, e concebiam cada um de seus deuses em espécies agrupadas em gêneros de luz, pois era graças à luz que brilhava nas coisas, ao grau de luminosidade que cada coisa irradiava, que elas subiam mais ou menos à divindade que as presidia.

Por isso, dizia Bruno: “E, na verdade, eu vejo de que modo o sábio, por esses meios, obtém o poder de fazer os deuses familiares, afáveis e domésticos, que através das vozes saídas das estátuas enunciam conselhos, doutrinas, adivinhações e ensinamentos sobre-humanos. Por essa razão, por ritos mágicos e divinos, eles ascendem as alturas da divindade pela mesma escada da natureza, graças a qual a divindade desde às menores coisas por uma comunicação de si mesma”.

Bruno dizia que os sábios, para se comunicarem com a divindade que estava latente em todas as coisas, a “sacralizavam”, prestando-lhe culto através de determinadas cerimônias mágicas. Tais cerimônias estavam longe de ser “vãs fantasias, mas sim, eram vozes vivas que chegavam aos próprios ouvidos dos deuses”; Assim, “escreve ele, nos crocodilos, nos galos e nas outras coisas, cuja divindade era é e será encontrada em diversos sujeitos, na medida em que são mortais, em certos tempos e lugares, sucessivamente ou de uma só vez, o que vale dizer: a divindade que corresponde à proximidade e familiaridade dessas coisas, não a divindade que é altíssima, absoluta em si mesma e sem relação com as coisas que produz[2].

Eis a essência do pensamento religioso desse estranho mago, um panteísmo muito próximo da visão hinduísta da divindade. Deus está em todas as coisas como manifestação, mas está fora de todas as coisas como “ser”. Não se realiza no homem um deus como “ser” porque este é absoluto em si mesmo e embora tenha conferido divindade a todas as coisas em diferentes graus, tempos e lugares, Ele não interfere no destino de sua criação.

O que confere diferentes graus de divindade às coisas é a presença de “luz” nelas. Os dois corpos luminosos mais relevantes e próximos à terra são o sol e a lua. Neles se junta a luminosidade da qual toda as coisas na terra se nutrem. Segundo suas próprias palavras “nos dois corpos que estão mais próximos do nosso globo e divina mãe, o Sol e a Lua, eles concebem o que é a vida e o que informa as coisas segundo as duas razões principais. E entendem a vida segundo sete outras razões, distribuindo-as à sete outras estrelas errantes, que como no princípio original e na causa fecunda, reduzem as diferenças em espécie e cada gênero, dizendo das plantas, animais, pedras, influencias e outras coisas, que umas pertence a Saturno, outras a Júpiter, outras ainda, a Marte e assim por diante.[3]

Essa era, portanto, a cosmogonia de Bruno e o fundamento da reforma religiosa da qual ele pretendia ser o arauto. Era uma reforma que devolveria à antiga religião egípcia ao lugar de proeminência que nunca deveria ter perdido, pela sua substituição pelo cristianismo. A religião egípcia era a religião do intelecto, da inteligência, da sensibilidade, já que havia evoluído, com Hermes Trimegisto, para além do culto solar, para penetrar numa divina “mens”. Essa religião, que era a verdadeira gnose, seria a única capaz de unir o profano ao sagrado e tinha sido, no seu entender, suprimida pelos “falsos mercúrios” (os teólogos cristãos), em proveito de uma doutrina empobrecida, que nada mais era que uma grosseira degeneração de uma religião superior.

Foram sem dúvida, afirmações como essas que o levaram à fogueira. Ele acreditava que a antiga religião egípcia, por se fundamentar na adoração da verdadeira divindade através de suas manifestações nas coisas, proporcionava um estado ideal de ordem, harmonia e felicidade na terra, pois permitia ao homem uma verdadeira simbiose com tudo que havia na criação. Se o elo entre tudo era a luz, se tudo era luz, e tudo estava em tudo, então havia uma verdadeira unidade no universo como reflexo daquele que era UM.

Esse pensamento permitia o desenvolvimento de um governo baseado no princípio da Maat, a deusa da Justiça, pois num universo uno não haveria lugar para estratificações. Por outro lado, restabelecia o culto por meio dos símbolos, tradição que a liturgia cristã havia banido, em proveito de uma doutrina vazia de conteúdo místico, e pobre em interesse esotérico, que constitui a essência de toda religião.

[1] Francês Yates – Giordano Bruno e a Tradição Hermética pg. 218. 
[2] Idem. Pg. 239 
[3] Francês Yates, op citado. Pg. 241
A GNOSE[1] ESOTÉRICA RENASCENTISTA



Por João Anatalino Rodrigues
Extraído do Livro Conhecendo a Arte Real – Editora ISRN - 2a. Edição


A GNOSE NA MAÇONARIA

Fora do domínio religioso o gnosticismo sobreviveu no campo das ideias. Muitos pensadores e intelectuais, a despeito da repressão movida pela Igreja, eram gnósticos. Cita-se, entre eles, Cornelius Agrippa[2], Jacob Boehme[3], Eliphas Levi[4], entre outros. Também a maior parte dos pensadores do círculo rosacruciano, responsáveis pela transição da Maçonaria operativa para o especulativo podem ser considerados gnósticos.

Foi durante a Renascença, entretanto, que o pensamento gnóstico experimentou uma extraordinária revalorização, através dos trabalhos de notáveis intelectuais, como Thomas de Kempis[5], Thomas Morus[6], Erasmo de Roterdã[7] entre outros, e principalmente de filósofos místicos, como Enrique Suso[8], João Tauler[9], Tommaso Campanella[10], Marsílio Ficcino[11] e principalmente Giordano Bruno[12].

Aliás, se há uma religião na Maçonaria, esta é a religião de Thomas Mórus, Giordano Bruno, Roger Bacon[13], Isaac Newton, Voltaire e outros, que é também religião da gnose esclarecida. Essa religião integra o que de melhor existe na sabedoria das civilizações antigas e a pureza do cristianismo primitivo. Os cidadãos utopianos da comunidade pensada por Mórus, por exemplo, convertidos ao cristianismo, eram os hermetistas cristãos que desaprovavam o uso da força na resolução das questões religiosas e pregavam o livre pensamento nos melhores moldes do catecismo cristão dos primeiros séculos. Um utopiano, na sociedade idealizada por Morus, não podia ser preconceituoso sob pena de ser repreendido severamente e até banido. Nisso repetiam à divisa iluminista expressa no pensamento de Voltaire: “posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo”.

Haja vista que a única religião aceitável por todos os maçons, de acordo com as Constituições, é aquela que torna os homens leais, honrados e probos, quaisquer que sejam seus nomes ou confissões que professem. Temos para nós que se o reformismo cristão de Moore não tivesse sido interrompido pela volúpia e pela tirania do rei Henrique VIII, na ânsia de produzir um herdeiro para a sua dinastia, é bem possível que a Reforma Religiosa tivesse começado na Inglaterra e fosse conduzida pela própria Igreja Católica. Naquele país, pelomenos, os católicos estavam cônscios de seus defeitos e maduros para uma reorientação capaz de eliminar os vícios que o fundamentalismo e a intolerância que o acompanham, sempre carregam. Também poderiam ter sido evitados episódios sangrentos como a Revolução Puritana e as diversas guerras religiosas que ensanguentaram a Europa.

Nesse caso, a Reforma não teria sido realizada por homens igualmente intolerantes como Lutero, Calvino, Zwinglio e outros, que a pretexto de combater a corrupção da Igreja Católica e oferecer uma alternativa à fé, desencadearam também um oceano de intolerância e repressão que repetiu, em muitos casos os mesmos vícios que procuraram combater.

Talvez a Reforma tivesse sido conduzida pelos maçons. Mas a história não é feita de “ses”, e o que aconteceu, aconteceu.

[1] Gnose = conhecimento esotérico da verdade espiritual combinado com a mística, o sincretismo religioso e a especulação filosófica que algumas seitas dos primeiros séculos da era cristã, consideradas heréticas pela igreja, consideram ser essenciais para a salvação da alma.
[2] Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim foi um dos mais significativos ocultistas da história da humanidade, especialmente no período renascentista. Porém, foi também médico, astrólogo, teólogo, escritor, alquimista, soldado e outras tantas ocupações. Seu nome é referenciado em diversos compêndios e citado por inúmeros autores em tratados esotéricos e estudos herméticos. No entanto, a história recente parece não ter atribuído o devido valor a sua contribuição e seu nome fica projetado em segundo plano, ocultado por personagens tão brilhantes como Paracelso,Eliphas Levi, Saint Germain, entre outros. Nasceu na cidade de Colônia, Alemanha, em 14 de setembro de 1486.
[3] Jacob Boehme (1575-1624), o filósofo Teutônico, “Príncipe de todos os Videntes medievais, nasceu de uma família camponesa de Alt Seidenberg, a cerca de dois quilômetros de Goerlitz, na Silésia alemã. Embora não recebesse nenhuma educação formal além de aprender a ler e escrever, ele estava destinado a descobrir o significado interno da Bíblia e o coração místico da vida espiritual.
[4] Eliphas Levi Zahed é tradução hebraica de Alphonse Louis Constant, abade francês, nascido no dia 8 de fevereiro de 1810 em Paris. O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, era filho de um modesto sapateiro, Jean Joseph Constant e de Jeanne-Agnès Beaupurt, de afazeres domésticos. Possuía uma irmã, Paulina-Louise, quatro anos mais velha do que ele. Apesar de mostrar desde menino aptidão para o desenho, seus pais encaminharam-no para o ensinamento religioso.
[5] Thomas Haemerken de Kempis - Agostiniano germânico nascido na localidade alemã de Kempten, na Diocese de Cologna, próximo a Düsseldorf, na Renânia, autor do livro devocional De imitatione Christi (Imitação de Cristo), tido como a mais importante obra da literatura cristã, depois da Bíblia. Filho de um artesão e de uma professora, John e Gertrudes Haemerken, seguiu seu irmão mais velho John Haemerken, e foi estudar em Deventer (1392), na Holanda, centro religioso e sede da Irmandade da Vida Comum, comunidade dedicada ao cuidado e educação dos pobres. Estudou sob a orientação de Florentius Radewyns, agostiniano e fundador da Congregação de Windesheim. Depois de completar as Humanidades em Deventer (1399), por recomendação de seu superior, Florêncio Radewyn, procurou admissão entre os Cônegos Regulares de Windesheim no Monte S. Agnes, perto de Zwolle, mosteiro do qual seu irmão John era o prior. Ingressou no mosteiro de Agnietenberg, no qual permaneceria por mais de setenta anos e recebeu o hábito de noviço (1406). Ordenou-se (1413), passando a dedicar sua vida à cópia de manuscritos e ao ensino de noviços. Seu primeiro mandato como subprior foi interrompido pelo exílio da comunidade de Agnetenberg (1429-1432), porém foi eleito como subprior novamente (1448). Escreveu numerosos textos teológicos e espirituais, tendo como expoente a De imitatione Christi, obra cuja autoria é ainda controvertida. Esse livro escrito em estilo simples, enfatizava a vida espiritual, afirmava a comunhão como prática para fortalecer a fé e encorajava uma vida pautada no exemplo de Cristo. Para muitos críticos de literatura seus textos são provavelmente a melhor representação da devotio moderna, um movimento religioso criado por Gerhard Groote ou Gerardus Magnus, fundador da Irmandade da Vida Comum. Séculos após sua morte, ocorrida em Agnietenberg, Países Baixos, uma esplêndida edição do Opera Omnia foi publicada por Herder sob a apta editoração do Dr. Pohl, em 17 volumes (1902-1922). Suas obras têm sido repetidamente republicadas ao longo dos tempos, como Imitação de Cristo (1441), Opera Omnia (1607), Chronicon Montis Sanctae Agnetis (Antuérpia, 1621), Orações e Meditações da Vida de Cristo e Encarnação e Vida de Nosso Senhor (Londres, 1904, 1907), Crônica dos Cônegos Regulares do Monte S. Agnes (Londres, 1906), Sermões aos Noviços Regulares (Londres, 1907).
[6] Thomas Morus (ou Thomas More) foi escritor, diplomata, advogado e um dos grandes humanistas do Renascimento. Nascido em Londres no dia sete de fevereiro de 1478, Thomas Morus era filho do juiz John More com Agnes Graugner. Homem de muito bom humor, fez carreira como advogado e se tornou um profissional respeitado. Sua erudição e sua habilidade o levaram à cátedra universitária por algum tempo. Rapidamente passou a ocupar a Câmara dos Comuns e ficou reconhecido como parlamentar combativo. Seu crescimento foi rápido por todos os locais que passou, o que o levou à corte de Henrique, no ano 1520. Vivendo perto da família real, Thomas foi embaixador e tornou-se cavaleiro já no ano seguinte. Sua ascensão passou por vários cargos importantes até chegar ao posto de Chanceler da Inglaterra. Seu livro mais famoso é a UTOPIA.
[7] Erasmo de Roterdã - Escritor holandês (1466-1536). Suas ideias humanistas deixaram marcas importantes no pensamento liberal e progressista do Renascimento.
[8] Henrique Suso nasceu na ilha de Constança, na Alemanha, no dia 21 de março de 1295, foi um dos principais representantes do movimento religioso, que floresceu na região do rio Reno, no início do século XIV. Religioso dominicano, escritor e místico, se tornou um dos teólogos alemães mais conhecidos, pela característica da singular doçura de sua espiritualidade e pela clareza do conceito transmitido de que a vida interior é acessível a todas as almas seguidoras da Paixão de Jesus Cristo.
[9] John Tauler (1300-1361), também conhecido como Johannes Tauler, Johann Tauler, Juan Taulero ou João Tauler, foi um germânico escritor de Vida Interior; Teólogo Místico; Neo-Platonista e Frade Dominicano.
[10] Tommaso Campanella nasceu em Stilo, no dia 5 de Setembro de 1568. Ainda muito jovem, já se revelava em seu espírito o pendor para a filosofia. Seu pai, contrariando-lhe a vocação, quis fazer dele um jurista, ao que Campanella se opôs tenazmente. Sua primeira obra foi a Philosophia Sensibus Demonstrata(1), que lhe valeu a acusação de heresia. Tendo deixado o convento em que iniciara os estudos, empreendeu uma viagem pela Itália, através da qual ficou conhecendo os homens mais ilustres do seu tempo.
[11] Médico e teólogo italiano nascido em Figline Valdarno, próximo a Florença, pioneiro na tradução para o latim as obras de Platão, Porfírio e Plotino e outros autores neoplatônicos, assim como obras de Dionísio Areopagita, tornando-se um arauto do neoplatonismo renascentista. Protegido por Cosimo de Médici, que o presenteou com uma Quinta, onde teve sua sede a academia platônica, pode consagrar toda a sua vida aos prediletos estudos filosóficos. Da escola grego-latina tornou-se diretor da Academia Platônica Florentina (1462), fundada (1442) por Cosimo de Medici, na qual conviveu com outros notáveis pensadores, como Giovanni Pico della Mirandola. Ordenado (1473), anos mais tarde, foi nomeado cônego da catedral de Florença e viveu uma existência muito austera no meio de Florença do século XV. Dedicou a maior parte de sua vida traduzindo os trabalhos de Platão, do original grego para o latim, tentando, na sua visão, reconciliar o platonismo com cristianismo, como na sistematização que se encontra nos 18 livros da Theologia platonica (1482) e morreu em Careggi, nas proximidades de Florença. Foi o principal representante do platonismo italiano, animador da célebre academia platônica florentina. Esta academia nasceu graças a um cenáculo de literatos, artistas e pensadores, amigos da casa De Médicis. Fizeram parte deste cenáculo Poliziano, Pulci, João Pico della Mirandola e o próprio Lourenço, o Magnífico. Historicamente, depois do platonismo de importação oriental, na segunda metade do século XV surgiu e firmou-se um platonismo italiano. O centro foi precisamente Florença, onde foi celebrado o famoso Concílio.
[12] Giordano Bruno (Nola, Reino de Nápoles, 1548[2]Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600) foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano ] condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana (Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício) com a acusação de heresia[1] ao defender erros teológicos. É também referido como Bruno de Nola ou Nolano
[13] Roger Bacon nasceu em 1214, na cidade de Somerset, na Inglaterra. Estudou nas universidades de Oxford e Montpelier, além de ter sido professor na Universidade de Paris. Em 1250 abandonou a cadeira e tornou-se monge da Ordem de São Francisco de Assis.
Tinha ideias avançadas para a época medieval, tendo que enfrentar grandes dificuldades para desenvolver seus estudos. Contou com a ajuda do Papa Clemente IV, seu admirador, que garantiu certa tranquilidade a ele. Trabalhou na correção do Calendário Juliano, aperfeiçoou os instrumentos de óptica e aproximou-se bastante dos princípios que permitiram a confecção de óculos e telescópios, séculos mais tarde.Bacon, baseado em suas pesquisas sobre óptica, descreveu o olho como uma máquina onde formam-se imagens e após compreender as causas da refracção da luz, foi o primeiro a sugerir o uso de lentes como óculos.
Foi o responsável pela introdução da pólvora no mundo ocidental, mas escondeu a fórmula por medo de que esta caísse nas mãos de homens inescrupulosos. Profetizou muitos artefatos mecânicos, como o barco a vapor, o automóvel e o avião. Tinha conhecimento também dos problemas de engenharia de construção, foi o inventor da lente de aumento, do princípio do termômetro. Sugeriu também que a Terra seria redonda e poderia ser circunavegada. 
Acreditava na magia e procurava estabelecer diferenças entre esta e a ciência. Dizia que os astros exerciam certa influência sobre o homem, mas sem limitar seu livre arbítrio. Foi o primeiro inglês a cultivar a Filosofia Alquímica e colaborou com as ciências herméticas.
Dentro da Ordem dos Franciscanos, onde buscava recolhimento que Bacon encontrou seus problemas. Os franciscanos não aceitavam seus questionamentos científicos e suas experiências. Depois de várias advertências, foi mandado para a prisão. Porém o Papa Clemente IV ordenou que fosse solto. Porém, em 1282, após a morte do Papa, Bacon foi novamente para a prisão, onde permaneceu por dez anos, e morreu dois anos depois de ser solto, em 1284. Na prisão escreveu várias obras, como o livro "Opus Majus", que foi publicado somente 450 anos depois. Esse livro tratava da causa da ignorância, da relação entre a Filosofia e a Teologia, da ética e das ciências experimentais e matemáticas. Sua obra alquímica foi reunida no século XVII com o nome de Tesouro Químico de Roger Bacon, e continha os seguintes livros: Alquimia Maior, O Espelho da Alquimia, Sobre o Leão Verde, Breviário do dom de Deus, Os Segredos dos Segredos, além de outras anotações.
Na época de Bacon, a Filosofia era a análise geral do pensamento humano, sendo que não havia a Psicologia, a Psiquiatria, a Parapsicologia. Fica então lógico o raciocínio desse cientista-filósofo, sendo que ele influenciou os iniciadores das Ciências Psíquicas no século XIX. Os reencarnacionistas afirmam que Bacon foi a reencarnação de Proclo, o filósofo que na sua época falou sobre as leis dos renascimentos sucessivos.