sexta-feira, 1 de junho de 2018


OS SÍMBOLOS SAL, ENXOFRE E MERCÚRIO DA CÂMARA DE REFLEXÕES, E A SUA GÊNESE E INTERPRETAÇÃO NO REAA

Por Joaquim G. Santos

Sendo a Iniciação Maçônica um exemplo tipico de Rito de Passagem, a mesma obedece sempre a uma estrutura ternária, em cuja fase preliminar, ou de separação, se isola o candidato do mundo que o rodeia, preparando-o para a fase central da cerimônia, dita liminar ou de margem, na qual se dá a transformação ontológica que permitirá a sua agregação ao novo grupo, que neste caso é a Loja.O modo como se efetua esta separação difere consoante o Rito Maçônico praticado. Assim, enquanto que nos Ritos Anglo-Saxônicos a mesma se concretiza pela passagem do profano por um simples recinto fechado e pouco iluminado, nos Ritos Continentais, este habitáculo, encontra-se também decorado com determinados objetos, de caráter simbólico, destinados a favorecer a reflexão do candidato, preparando-o para o que irá ouvir, na sua recepção em Loja.Distinguem-se, neste último caso, a Câmara de Preparação do Regime Escocês Retificado, da Câmara de Reflexões dos Ritos Francês, Escocês Antigo e Aceito e, Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim.Se no Regime Retificado a meditação do candidato é apenas suportada pela presença da Bíblia e, de um quadro alegórico relativo à brevidade da vida humana, na Câmara de Reflexões dos restantes Ritos Continentais são vários os símbolos presentes, complementando-se ainda os mesmos com mensagens inscritas nas paredes da divisória em questão.Entre estes elementos figuram correntemente, dispostos sobre uma mesa, recipientes contendo Sal,Enxofre e, eventualmente, Mercúrio. A interpretação destes símbolos é quase consensualmente associada a princípios Herméticos, apresentando, pois, uma origem alquímica, à semelhança da inscrição “VITRIOL” , também frequentemente presente em uma das paredes da Câmara.Esta referencia consiste no acrônimo de uma expressão latina muito utilizada na iconografia alquimista: “Visita Interriora Terrae Rectificando que Invenies Occultum Lapidem” 

– (Visita o interior da Terra e purificando encontrarás a pedra escondida). Atribui-se a origem desta expressão iniciática a um alquimista alemão do século XV, cujo nome hermetista foi Basile Valentin. Este monge beneditino, fiel na tradição alquimista e cabalista, multiplicou nas suas obras as chaves, alusões, jogos de palavras, acrônimos, fábulas e, alegorias, tornando os seus textos impenetráveis aos profanos curiosos.Se esta interpretação alquímica dos símbolos Sal, Enxofre, e Mercúrio se torna hoje indiscutível no REAA, tendo mesmo migrado para os Ritos Egípcios, e até para o atual Rito Francês Groussier, será a mesma a original do Rito ?Ou estaremos, pelo contrário, perante uma evolução do conceito de Câmara de Reflexões do REAA, a qual se terá vindo a enriquecer mediante a inclusão de novos símbolos, provenientes de diversos sincretismos de origens multi-culturais, até ao ponto de se tornar no modelo da Câmara de Reflexões Maçônica ? A resposta a esta questão obriga-nos a recuar aos primeiros vestígios de prática de uma fase de separação deste tipo, os quais, no caso da Maçonaria Francesa, remontam a 1737.Na mais antiga divulgação publicada neste país, denominada de “Recepcion d’un frey-maçon” ,documento este transcrito do relatório do tenente de policia Herault, é referido que no decurso de um a cerimônia de Iniciação, o candidato era conduzido pelo seu Padrinho a uma divisória privada de luz,na qual era interrogado no que concerne à sua vocação para ser Maçon. Caso persistisse na sua decisão, era preparado para a entrada em Loja, por meio da recolha dos Metais, da privação da vista pela imposição de uma venda, e da materialização do estado “nem vestidonem despido” .O sentido simbólico deste procedimento encontra-se revelado no Catecismo de Aprendiz do maisantigo ritual francês conhecido (Ritual de Luquet , 1745), no seguinte excerto:

“P: Onde foste preparado para entrar em Loja ?R: Nas Trevas.P: Porquê ?R: É para me recordar o caos donde tudo foi tirado.” 

Encontramo-nos, pois, perante uma exploração simbólica da ausência de iluminação, que confirma o caráter essencial assumido pelo mito da dualidade entre a Luz e as Trevas, como suporte dos Trabalhos da emergente Maçonaria Francesa, bem como a intenção clara de provocar no candidato uma preparação adequada à cerimônia na qual iria participar. 

Estes dois aspetos são-nos confirmados pelo Abade Pérau, na sua divulgação “Le Secret des Francs-Maçons” , de 1742, na qual é referido“onde não deve haver nenhuma luz o que em todo o caso exprime já uma simbólica, e o desejo de colocar o recipiendário num estado psicológico apropriado” .

O Quarto Escuro”, como é denominado em algumas fontes da época, irá complexar-se pela inclusão de elementos tais como um livro de orações, ou de imagens alusivas à morte. Constitui um exemplo do primeiro caso o “Ritual de Uzerche” , datado de 1780, e uma referência do segundo aspeto o “Ritual do Duque de Chartres” , datado de 1784.É contudo com a fixação do Rito Francês, em 1786, que encontramos uma descrição pormenorizada de uma Câmara de Reflexões próxima das atuais. De acordo com o “Régulateur du Maçon” , publicado em 1801, “

Esta câmara deve ser impenetrável aosraios do dia e iluminada por uma única lâmpada. As parede serão pintadas de negro e carregadas deemblemas fúnebres capazes de inspirar o receio, a tristeza, e o recolhimento. Frases de uma moral pura, máximas de uma filosofia austera serão traçadas legivelmente sobre as paredes, ou suspensasemolduradas em diversos pontos deste isolamento. Um crânio, ou mesmo um esqueleto, se se puderobter um, recordarão ao neófito as coisas humanas.Não deve haver neste quarto mais do que uma cadeira, uma mesa, um pão, um copo cheio de água,sal e enxofre em duas taças, papel, penas e tinta.Sobre a mesa serão representados um galo e uma ampulheta. Debaixo destes emblemas colocar-se-
á as palavras VIGILÂNCIA E PERSEVERANÇA”. 

Constatamos, assim, que na Câmara de Reflexões original do Rito Francês se encontram presentes o Sal e o Enxofre, mas não existe qualquer referência ao Mercúrio e ao "VITRIOL”  , correntemente utilizados no REAA, bem como nos Ritos Egípcios.Nos primeiros Rituais dos Graus Simbólicos do REAA, datados de 1804, e publicados em 1820, numa coletânea denominada de “Guide des Maçons Écossais” , consta da Cerimónia de Iniciação a passagemdo Postulante pela Câmara de Reflexões. Não figura, contudo, no Ritual do Primeiro Grau, qualquerreferência aos objetos a considerar na mesma, ou à interpretação dada a este procedimento liturgico. A única alusão conhecida à Câmara de Reflexões original do REAA encontra-se num dos vários rituaismanuscritos existentes, posteriores a 1804 mas anteriores ao“Guide des Maçons Écossais” 
.














A SIMBOLOGIA DA PURIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS E AS ORIGENS DE SUA INTRODUÇÃO NOS RITUAIS MAÇÔNICOS


ExtraÍdo do Blog Ritos e Rituais


Neste novo artigo, apresento um texto do Ir.’. Joaquim G. Santos, membro da Loja de S. João Fiat Lux nº 537, Oriente de Lisboa, filiada ao G.’.O.’.L.’.. Fiz algumas modificações no texto para o Português do Brasil com algumas correções de linguagem e inserções de imagens e links referentes ao tema.

A simbologia da purificação pelos quatro elementos encontra-se presente na maior parte dos rituais de iniciação, dos ritos maçônicos continentais, e ausente na globalidade dos ritos de origem anglo-saxônica. Este procedimento litúrgico, que integra as provas sucessivas da terra, água, ar, e fogo, baseia-se numa concepção simbólica da constituição da matéria, profundamente enraizada na cultura clássica ocidental.

O estudo do Cosmos foi um dos temas recorrentes entre os filósofos gregos pré-socráticos. Segundo Actius “Foi Pitágoras o primeiro que deu o nome de Cosmos à envolvente do universo, em razão da organização que aí se vê”.

O mesmo filósofo refere, ainda, que “Thales, Pitágoras e os da sua escola tinham dividido a totalidade da esfera celeste em cinco círculos, que eles chamavam zonas”. Estes consistiam no equador, nos trópicos, no circulo ártico, e no circulo antártico.

Tião de Esmirna nos conta dos ensinamentos de Filolaos (Filolau de Crotona), que estabelece uma correspondência simbólica entre as cinco zonas da esfera celeste e cinco elementos: “Os corpos da esfera são cinco: o fogo, a água, a terra e o ar, que se encontram contidos na esfera, aos quais se acrescenta um quinto, a casca da esfera”.

Resulta, pois, evidente a correspondência dos quatro elementos atrás referidos às cinco zonas da esfera celeste, e a crença na existência de um quinto elemento representativo da unidade de todo o Cosmos. Esta correspondência identificava a água com a região antártica, os trópicos com o ar, o ártico com o fogo e, a terra com a zona equinocial.

Para além deste arquétipo cosmológico, os quatro elementos tradicionais tiveram, também, interpretação metafísica, simbolizando Zeus o fogo, Hera a terra, Nestes (Hefesto) a água e Adonis o ar.

Tendo em conta a sua proveniência e essência, estes quatro elementos da física pré-socrática não podem ser considerados literalmente, mas apenas simbolicamente, seja no seu contexto de origem, seja no âmbito dos domínios que, posteriormente, os importaram por sincretismo, tais como a filosofia hermética, a alquimia, ou a maçonaria.

É neste último caso, que importa aprofundar a sua gênese e disseminação.

Muito embora a temática das viagens tenha estado presente, nas cerimônias de iniciação, desde os primórdios da maçonaria especulativa, o mesmo não se passa relativamente às purificações pelos quatro elementos. Assim:

– Em 1730, Samuel Prichard na sua “Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada) refere, somente, que o candidato efetuava uma volta à Loja, para se apresentar à assistência;

– Em 1737, no mais antigo Ritual Francês conhecido, o recipiendário fazia três viagens, antes de ser conduzido ao Venerável Mestre. Não existem, neste ritual, nem elementos, nem provas, nem purificações, apenas no decurso das viagens era vertida resina em pó sobre os candelabros justapostos ao Quadro de Loja, para causar maior impressão no recipiendário;

– Em 1767, os “Rituais do Marquês de Gages” descrevem o recipiendário conduzido à volta da Loja pelo 1º Vigilante, sem que intervenham nas viagens nem elementos, nem purificações, se bem que a prova do fogo figure na iniciação;

– Todavia, um catecismo de 1749, de uma Loja de Lille, comporta a resposta “Fui purificado pela água e pelo fogo”. Trata-se da mais antiga menção desta inovação, a qual já existia em altos graus
praticados na época, podendo ter migrado daí para a maçonaria azul.

Estas duas purificações não têm, aliás, origem hermética, mas sim bíblica, correspondendo aos batismos da Antiga e da Nova Aliança.

Recorde-se as palavras de S. João Batista, em Mateus 3.11 “Em verdade vos batizo com água… mas aquele que vem após mim… vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”;

– Em 1786, no “Régulateur du Maçon” (Regulador do Maçom), documento fundador do Rito Francês, o Grande Oriente de França fixa a purificação pela água após a segunda viagem, e a purificação pelo fogo após a terceira, sem haver qualquer referência a outros elementos;

– Os três elementos constituintes da matéria, na perspectiva Martinista (fogo, água, terra) só aparecem tardiamente na maçonaria retificada, em 1786-1787, apenas e somente com a interpretação especifica do RER, sem qualquer relação com a que se encontra nos restantes ritos;

– O “Guide des Maçons Écossais” (Guia dos Maçons Escoceses), de 1804, mais antigo documento regulador dos graus simbólicos do REAA, faz passar o recipiendário pelas chamas purificadoras na terceira viagem, sendo as duas anteriores isentas de purificações;

– Enfim, em 1820, o Ritual do Rito de Misraïm explicitamente prevê a purificação pelos quatro elementos, sendo a prova da terra objetivamente associada à passagem pela Câmara de Reflexões,
e as purificações pela água, fogo, e ar, realizadas sucessivamente por esta ordem, associadas a três viagens realizadas fora do Templo, nos Passos Perdidos. Tratou-se, pois, de uma completa
inovação, relativamente a um século de pratica maçônica anterior, neste país.


Este modelo repetiu-se no Ritual do 1º Grau do Rito de Memphis, de 1838, no qual apenas foi alterada a ordem dos elementos, para terra-ar-água-fogo. A migração desta simbologia foi quase imediata, dos Ritos Egípcios para os demais ritos praticados à época na França, passando, contudo, as purificações a serem realizadas no interior do Templo.

Muito embora nas revisões do Rito Francês efetuadas até à versão Murat, de 1858, tenha sido mantido, formalmente, o protocolo inicial das duas purificações, a identificação das viagens com os
quatro elementos foi, correntemente assumida pelos autores maçônicos da época ligados a este Rito, nomeadamente por Clavel e, por Ragon.

A partir de 1877, as purificações foram retiradas dos rituais do Grande Oriente de França, na sequência de uma revisão laicizante do Rito, tendo sido reintroduzidas, já com referência aos quatro
elementos, no decurso dos últimos decênios. Tanto no Rito Francês Groussier, como no Rito Francês Moderno Restabelecido, a ordem dos elementos considerada é terra-água-ar-fogo.

Tal foi, também, a ordem elegida por Robert Ambelain, na sua revisão dos rituais dos Ritos Egípcios, que deu origem ao Ritual do Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraïm, atualmente praticado.

No REAA, a importação também se deu imediatamente, estando a mesma presente em todos os Rituais da Grande Loja de França, desde a sua fundação em 1896, com a ordem terra-ar-água-fogo, que é hoje característica deste Rito. Se o REAA influenciou, na sua gênese, os Ritos Egípcios, também podemos considerar que estes vieram, reciprocamente, a inspirar, de algum modo, a sua
matriz original.

Perante toda esta sequência cronológica, duas perguntas surgem naturalmente:

– Porque é que estas purificações apareceram em 1820?

– E porquê num Rito Egípcio?

A resposta para elas poderá estar em… Mozart!

No libreto da ópera “A Flauta Mágica”, de 1791, no seu segundo ato, cena 7, consta a seguinte referência:

“Aquele que avançará por esta estrada plena de obstáculos
Será purificado pelo fogo, a água, o ar e a terra
Se ele pode superar os receios da morte
Se elevará da terra até ao céu”


Sendo esta ópera da autoria de dois Maçons, Mozart e Shikaneder, e reproduzindo a mesma uma iniciação, será que esta simbologia já existia na maçonaria austríaca trinta anos antes de ter surgido em França?

Mozart foi iniciado em 14 de dezembro de 1784, em Viena, na Loja “Zur Wohltätigkeit”, sob os auspicios da Grande Loja Nacional Austríaca. Antes dessa data, praticavam-se, em Viena, quatro ritos: a Estrita Observância, o Rito de Zinnendorf, o RER e o Rito de Adopção.

Muito embora a Loja-Mãe de Mozart tenha sido constituída para praticar o RER, à data da sua iniciação, a oficina utilizava já outro ritual, do qual se encontra depositada, em Copenhaguem, uma
cópia manuscrita.

Trata-se de um ritual claramente de influencia francesa, todavia com alguns pontos comuns ao Ritual do 1º Grau do Rito de Zinnendorf. Nesta cerimônia, o recipiendário, depois de passar pela Câmara de Reflexões, faz três viagens. Segundo o texto deste ritual, o Venerável Mestre ordena ao Segundo Vigilante que faça o recipiendário realizar a primeira viagem “pelo ar e pela terra”, a segunda “pela água”, e a terceira “pelo fogo”, sem haver, contudo, qualquer referência a purificações.

Se este conceito migrou da maçonaria para a ópera, tal não pode ser objetivamente confirmado. Constitui, contudo, um facto, que Mozart foi iniciado através de um ritual que mencionava os elementos, não assumindo, todavia, no mesmo a forma presente no libreto de “A Flauta Mágica”, que se parece reproduzir no Rito de Misraïm.

No final do séc. XVIII a maçonaria austríaca irá cair na penumbra, e praticamente desaparecer, em virtude dos éditos restritivos de José II, o mesmo não sucedendo, contudo, à “A Flauta Mágica”, que conhecerá uma notoriedade assinalável por toda a Europa.

Subsistem, todavia, as perguntas: porquê 1820, e porquê num Rito Egípcio. Poderá, no entanto, ter sido recentemente descoberto o elo da cadeia, que faltava para lhes dar resposta.

Em 1801, Ludwig Wenzel Lachnit, natural de Praga, apresentou ao público parisiense uma “nova ópera de Mozart” denominada “Os Mistérios de Isis”. Esta obra, com libreto em Francês, da autoria de Étienne de Chédeville, e música reciclada a partir da partitura da “A Flauta Mágica”, e de importações de outras óperas de Mozart, conheceu um assinalável sucesso, atingindo um total de 130 representações até 1810, com reposições em 1816, e 1827.



Terá sido a ópera mais representada durante o Império, não sendo estranho ao seu êxito o facto de a sua estreia ter coincidido com o final da Campanha do Egito, e de ter beneficiado de uma quinzena de anos nos quais os temas egípcios estiveram na moda.

No livreto desta obra, publicado em Paris, em 1806, as personagens são precipitadas “num sombrio subterrâneo”, passando posteriormente para um outro “sombrio e profundo subterrâneo destinado às provas do fogo, da água, e do ar” antes de, finalmente, acenderem ao “Templo da Luz”.

Será que, numa altura em que a informação existente sobre o Antigo Egito era escassa e mítica, o livreto de “Os Mistérios de Isis” não poderá ter servido de inspiração aos irmãos Bédarride para
escreverem o Ritual do seu Rito de Misraïm?

Trata-se, contudo, de uma pergunta que só eles poderiam responder, sendo, todavia, comprovado, que nos meios maçônicos da época, lhes foram, merecida ou imerecidamente, atribuídos propósitos idênticos aos que teria tido o promotor desta ópera, e que teriam mais a ver com metais, do que com valores maçônicos.

A ter-se verificado, este “transfer” constituiria mais um exemplo de que nem a sociedade é impermeável a ideias veiculadas na maçonaria, nem esta última o é a ideias, ou modas, provenientes da sociedade.

Este sincretismo pode, ainda, ser indiciado pelo fato de Alexandre Lenoir ter publicado, em 1814, o livro “La Franche-Maçonnerie rendue à sa véritable origine”, o qual marca a origem da Egiptologia Maçônica e, onde se descrevem as iniciações no Antigo Egito (mítico), referindo-se as purificações pelos quatro elementos e, a necessidade das cerimônias maçônicas se ajustarem aos procedimentos dos Antigos Mistérios.

Ainda no que concerne à ópera de Lachnit, apesar do enorme sucesso comercial obtido, não se eximiu de ser severamente criticada nos meios musicais mais eruditos, nomeadamente por Berlioz, ou por Otto Jahn, que lhe alterou o titulo de “Les Mystères d’Isis” para “Les Misères d’ici”.

Em conclusão, as purificações pelos elementos, introduzidas em força e vigor na maçonaria, no primeiro quarto do séc XIX, ganharam plena profundidade simbólica já no séc. XX, através da contribuição de vários simbolistas notáveis, dos quais destaco Oswald Wirth, que incorporou muitas interpretações herméticas à simbólica tradicional maçônica do REAA. Termino, pois, com palavras suas, bem elucidativas do sentido iniciático que podemos dar a este procedimento ritual:

Esta vida de ordem superior proporciona-se através do desenvolvimento do princípio da personalidade, dado que o ser inferior não é mais do que um autômato que reage mecanicamente sobre a ação das forças das quais é o joguete. A sua vida permanece material ou elementar porque ela resulta unicamente do conflito dos Elementos… Mas as forças exteriores, tão potentes sejam elas, devem ser dominadas pela energia que acha a sua origem na personalidade. É porque o homem é chamado a desenvolver em si um princípio mais forte que os Elementos, que ele entra em luta com eles no decurso das provas iniciáticas”

Pessoalmente, penso que este princípio reside no Conhecimento, principal impulsionador da elevação da Condição Humana, entendendo-se o mesmo não só como sapiência, mas também e,
fundamentalmente, como consciência. Cada um, contudo, dentro do seu livre-pensamento deverá encontrar a sua interpretação pessoal para o mesmo.

Só assim estaremos, realmente, a fazer Maçonaria.

Joaquim G dos Santos


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

– Ambelain Robert “Freemasonry in olden times – Ceremonies and Rituals from the Rites of Mizraïm and Memphis”, Robert Laffont, 2006;
– Dachez Roger ”Les Rites Maçonniques Égyptiens”, PUF, Paris, 2012;
– Dachez Roger e Pétillot Jean-Marc ”Le Rite Écossais Rectifié”, PUF, Paris, 2012;
– Dachez Roger ”Quatre elements: Epreuves élementaires ou baptêmes successifs?”, Paris, 2013;
– Giambello Sylvain ”Les Mystères d’Isis (Lachnit, Paris, 1801)”, Paris, 2013;
– Guérillot Claude ”Les trois premiers degrés du Rite Écossais Ancien et Accepté”, Guy Trédaniel Éditeur, Paris, 2003;
– Mainguy Iréne ”La Symbolique maçonnique du troisième millénaire”, Éditions Dervy, Paris, 2006;
– Marcos Ludvic ”Histoire Illustrée du Rite Français”, Éditions Dervy, Paris, 2012;
– Négrier Patrick ”Les Symboles Maçonniques d’après leurs sources”, Éditions Télètes, Paris, 1990;– Nöel Pierre ”Les Grades Bleus du Rite Écossais Ancien et Accepté”, Éditions Télètes, Paris, 2003;
– Ragon Jean-Marie ”Cours Philosophique et Interprétatif des Initiations Anciennes et Modernes”, Berlandier Libraire-Éditeur, Paris, 1841;
– Ragon Jean-Marie ”Tuileur Général de la FrancMaçonnerie”, Collignon Libraire-Éditeur, Paris, 1861;
– Win Jean van ”Le rituel de récepcion au grade d’apprenti de Mozart et ses épreuves purificatrices”, Bruxelles, 2013;
– Wirth Oswald ”La Franc-Maçonnerie rendue intelligible à ses adeptes”, Éditions Dervy, Paris, 2007;

quinta-feira, 31 de maio de 2018




AS VIRTUDES COMO ARQUÉTIPOS MAÇONS



Portado por Bruno Oliveira
Site: ritos e rituais.


Esse artigo traz a tradução do texto escrito pelo Ir. James E Frey, 32°, Past Príncipe Soberano e bibliotecário atual do Vale de Danville AASR. Fundador da R.E.B.I.S Research Society, ele se senta em dois comitês de Blue Lodge Education, além de um professor convidado sobre ocultismo e estudos esotéricos em Maçonaria. Ele também é membro do Oak Lawn York Rite, Medinah Shriners e Golden Dawn Collegium Spiritu Sancti. Ele também trabalha como conselheiro com crianças desafiadas emocionalmente e com comportamentos.

Faremos uma leitura crítica de seu texto que se encontra abaixo em itálico. Afinal aqui nos cabe lembrar da Suma Teológica de Tomas de Aquino “… pois são quatro os sujeitos da virtude que estamos falando aqui, a saber: o racional por essência, que a Prudência aperfeiçoa, e o racional por participação, que se divide em três, ou seja, a vontade, sujeito da justiça; o apetite concupiscível, sujeito da temperança e o irascível, sujeito da fortaleza.” (Aquino, Tomás de. Suma Teológica. Iª IIªe, v.IV, Q. 61, a. 2. São Paulo: Loyola, 2004)




“Meus Irmãos, há muito creio que o que realmente faz um homem bom em nossa fraternidade é o nosso sistema do ritual de iniciação . Muitos homens podem estudar filosofia, mas é apenas através de uma iniciação que um homem pode experimentar a filosofia. Esta experiência molda a percepção individual da realidade do Candidato. À medida que todo evento configura a maneira como percebemos o mundo, a experiência ritual da filosofia moldará uma reação inconsciente a um senso de dever para uma alta conquista moral.

Outra razão pela qual acredito que o sistema maçônico produz uma mudança mais profunda é o uso de símbolos como um método para ensinar o candidato. Antes dessa nova educação liberal, que está em constante estado de mudança, foi desenvolvida pelos chamados especialistas. O homem aprendeu por milhares de anos através de símbolos e reconhecimento simbólico.

Como pedreiros, percebemos a importância em símbolos e como damos a certos símbolos energia psicológica para criar uma mudança dentro de nós mesmos. Para entender como os símbolos afetam nossas mentes, devemos olhar para eles em termos psicológicos. Uma das principais teorias psicológicas sobre símbolos e sua relação com o inconsciente é o trabalho de Carl Jung. Carl acreditava que existia um inconsciente recheado que unisse toda a humanidade; Dentro desse inconsciente coletado existe a forma perfeita dos arquétipos e a forma como nos relacionamos com eles é através da própria inconsciência individual. Deve-se notar que a inconsciência pessoal de alguém não pode começar a experimentar o inconsciente coletado, de modo que os arquétipos do inconsciente pessoal refletem os símbolos culturais em que o indivíduo vive.

Jung teorizou que cada indivíduo tinha um inconsciente pessoal que interpretava imagens universais encontradas em todas as culturas e religiões, estes eram considerados esses arquétipos. Jung teorizou que os arquétipos, ou imagens universais, são transmitidos através de memórias e existem no inconsciente coletado. Assim, os símbolos são usados ​​por nosso inconsciente pessoal para interpretar esses arquétipos para relacioná-los à mente consciente. É por isso que encontramos tantos personagens e temas semelhantes em todas as religiões, mitologias e cultura do mundo.

Jung acreditava que esses arquétipos também eram aspectos de nós mesmos e como nos relacionamos com símbolos eram como nos relacionamos com o mundo. Um dos arquétipos que Jung descreveu em detalhes era a anima. A anima era o símbolo feminino interior do homem. Foi como nos relacionamos com as mulheres de forma física, emocional, ambiental e espiritual.”

Aqui é importante elucidarmos sobre o que seria esses arquétipos:
O termo “arquétipo” tem suas origens na Grécia antiga, as palavras raiz são archein que significa “original ou velho” e typos que significa “padrão, modelo ou tipo”, o significado combinado é “padrão original” do qual todas as outras pessoas similares, objetos ou conceitos são derivados, copiados, modelados, ou emulados.
O psicólogo Carl Gustav Jung usou o conceito de arquétipo em sua teoria da psique humana, ele acreditava que arquétipos de míticos personagens universais residiam no interior do inconsciente coletivo das pessoas em todo o mundo, arquétipos representam motivos humanos fundamentais de nossa experiência como nós evoluímos consequentemente eles evocam emoções profundas.
Embora existam muitos diferentes arquétipos, Jung definiu doze tipos principais que simbolizam as motivações humanas básicas, cada tipo tem seu próprio conjunto de valores, significados e traços de personalidade, além disso, os doze tipos são divididos em três grupos de quatro, ou seja, Ego, Alma e Eu, os tipos em cada conjunto compartilha uma fonte de condução comum, por exemplo, tipos dentro do conjunto Ego são levados a cumprir agendas definidas pelo ego
Para saber mais sobre, acesse:

OS 12 ARQUÉTIPOS COMUNS

“Na Maçonaria, o Candidato experimenta o Anima através das quatro virtudes cardeais Temperança, Fortitude, Prudência e Justiça. Temperança representa a primeira etapa da Anima. Isso é interessante porque o primeiro estágio é representativo do amor físico. O pedreiro aprende a curvar essa paixão e mantê-la em limites devidos. O que acontece então é um equilíbrio psicológico que cria harmonia. Albert Mackey, 33 afirma que a lição de temperança é: “O pedreiro que aprecia adequadamente os segredos que prometeu solenemente nunca revelar, não ceder, ao grito do chamado irrestrito de apetite, permitir que a razão e o julgamento percam seus assentos e sujeitem ele mesmo pela indulgência em hábitos de excesso “. p763

Isso é interessante porque, de acordo com os textos bíblicos proibidos, o sexo é apenas um pecado quando o homem não vê mais o espírito em uma mulher e ela se torna apenas um ser físico, desprovido de espírito na percepção do indivíduo. (Evangelho de Maria Madalena) Portanto, é preciso superar sua própria percepção de uma mulher como apenas seres físicos para estabelecer não apenas um relacionamento equilibrado e saudável, mas também uma visão saudável do lado feminino da vida.

Em um sentido mitológico, esse estágio é representado por Eva, que trouxe a sensação sexual ao mundo. Você notará que essa temperança derrama a água da vida em um cálice. Na análise dos sonhos junguianos, a água e a tigela são representativas da força psicológica passiva. Para perceber o aspecto feminino de nós mesmos, devemos perceber que esse aspecto feminino existe universalmente e é um elemento espiritual dentro de nós mesmos, ou seja, ao não cedermos aos impulsos e vontades, preenchemos o vazio de nosso cálice com a virtude da temperança.

A questão central é : Seria o Maçom, virtuoso por conveniência ?

A Fortitude representa o segundo estágio da anima que representa o amor emocional. Este é um passo acima do primeiro, esta representado na amante, esposa e parceira. Muitas vezes personificado nos tempos antigos como Afrodite, a deusa do amor dos gregos. Mackey escreve: “ensina-o a não deixar tremer nenhum perigo, não há dores que dissolvam a fidelidade inviolável que ele deve às confianças que lhe são depositadas” (P270). Isso simboliza as dores do amor emocional. Projetar os aspectos desejados de nossa psique em nosso parceiro causará, psicologicamente, dor emocional. Isso é porque projetamos irrevensivamente em nossos parceiros para incorporar esses arquétipos e não os aceitamos por suas falhas e humanidade. Você a vê olhando para o espelho; Jung diz que isso simboliza um problema em relação ao nosso senso de identidade. Devemos perceber a encarnar esses aspectos do desejo em nós mesmos e não buscá-los em um parceiro. Se não fizermos isso, estamos usando um relacionamento para preencher esse vazio dentro de nós mesmos. Isso nos impede de avançar psicologicamente. Mas, uma vez que aprendemos essa lição, aprendemos a tornar-se maridos melhores para nossas esposas e melhor apreciamos e compreendemos nossa devoção emocional a elas.”

Muitas vezes projetamos nossas expectativas na Loja Maçônica, Potência e Lideranças e caímos em decepção constante. Podemos manter a virtude maior com uma menor, como diz o escritor Guimaraes Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem..”



A Prudência é representativa da terceira etapa do ciclo anima, que é representativa da mãe. A prudência aparece com o capacete de um guerreiro que denota uma presença severa, mas protetora. A seus pés, ela nutre um arbusto, que mostra o grande ciclo da vida e a reprodução da força materna. Preston, outro escritor maçônico e filósofo escreve: “A prudência é o verdadeiro guia para a compreensão humana, e consiste em julgar e determinar com propriedade o que deve ser dito ou feito em todas as ocasiões, quais os perigos que devemos tentar evitar e como para agir em todas as nossas dificuldades “. Devemos aprender a perceber que nosso ambiente molda os aspectos femininos de nós mesmos à medida que avançamos psicologicamente. Porque é através da nossa mãe como moldamos nossa visão de todas as mulheres.

Este estágio também é representativo do desenvolvimento de nossos relacionamentos com nossa esposa com a de uma própria mãe. À medida que ela progride de um ser físico para um ser intelectual, para um ser amoroso, avançamos com ela aprendendo a amá-la de maneiras novas.
A última virtude do ciclo da anima é a quarta e a mais alta que é representativa de Sophia, a deusa da sabedoria para os antigos pitagóricos. Na Justiça da Maçonaria personifica isso. A justiça representa o feminino divino em todos nós, ela mantém o equilíbrio para mostrar que alcançamos o equilíbrio de nossas forças masculinas e femininas. Ela segura uma espada, que na imagem do sonho junguiano é o mais masculino de símbolos. Ela usa uma coroa em sua cabeça, que é representativa do direito de governar. Seus pés firmemente plantados no chão, o corpo ereto e verdadeiro. Mackey escreve: “Esta é a pedra angular sobre a qual ele pode esperar apenas erguer uma superestrutura homenageável para si mesmo e para a fraternidade”.

Justiça antes de poder era virtude…

O escritor e filósofo André Comte Sponville diz:

“A justiça não existe”, dizia Alain; “a justiça pertence à ordem das coisas que se devem fazer justamente porque não existem.” E acrescentava: “A justiça existirá se a fizermos. Eis o problema humano.” Muito bem – mas que justiça? E como fazê-la, sem saber o que ela é ou deve ser? Das quatro virtudes cardeais, a justiça é sem dúvida a única que é absolutamente boa. A prudência, a temperança ou a coragem só são virtudes a serviço do bem, ou relativamente a valores – por exemplo, a justiça – que as superam ou as motivam. A serviço do mal ou da injustiça, prudência, temperança e coragem não seriam virtudes, mas simples talentos ou qualidades do espírito ou do temperamento, como diz Kant. Talvez não seja inútil recordar este texto famoso: De tudo o que é possível conceber no mundo, e mesmo em geral fora do mundo, não há nada que possa ser considerado bom sem restrições, a não ser, apenas, uma vontade boa. A inteligência, a fineza, a faculdade de julgar e os demais talentos do espírito, qualquer que seja o nome pelo qual os designemos, ou então a coragem, a decisão, a perseverança nos desígnios, como qualidades do temperamento, são, sem dúvida nenhuma, sob muitos aspectos, coisas boas e desejáveis; mas esses dons da natureza também podem se tornar extremamente ruins e funestos, se a vontade que deve utilizá-los, cujas disposições próprias chamam-se por isso caráter, não é boa.

Através das virtudes, aprendemos como um aprendiz inserido como entender melhor nossas conexões com nosso lado feminino dentro do universo e de nós mesmos. Ao fazer isso, criamos um equilíbrio psicológico de nossas forças ativas e passivas. Isso nos equilibra emocionalmente, bem como mentalmente. Como um pedreiro, somos encarregados de ser um bom marido, é dentro das virtudes que aprendemos a desenvolver nossa conexão com nosso parceiro de forma física, emocional, mental e espiritual. Esses símbolos desenvolvem a forma como nosso inconsciente pessoal interpreta o arquétipo do Anima e nos ajuda a desenvolver nossa consciência para um plano de existência mais alto.

O grande vilão na pratica das virtudes é a conveniência. Muitos praticam a maçonaria e em consequências as suas virtudes quando lhe é conveniente. O livro “Eros e Civilização” do filosofo Hebert Marcuse, aborda bem essa questão. Ele analisa como a atual sociedade e seu ímpeto pela “fetichização” do consumo, onde o prazer de consumir esta acima de tudo, a busca pela satisfação dos próprios desejos mesmo que condenáveis guia a atual sociedade que deixa a ética e valores no jargão “para inglês ver”.

“Mas eu não penso assim” – dirão os maçons que fogem da autocritica, mas cedem a fetichização do consumo dentro da própria instituição, a preocupação demasiada com a subida de graus por exemplo, em detrimento do aprendizado significativo que é o cerne da Maçonaria. Vamos mais além, dominar sete artes que compunham o Trivium e o Quadrivium. Na idade média, foram as disciplinas essenciais para quem pretendesse o sacerdócio ou qualquer lugar na hierarquia eclesiástica.

O trivium que significa “o cruzamento e articulação de três ramos ou caminhos”, é composto por três artes que proveem disciplina à mente, para encontrar expressão na linguagem. O quadrivium que significa cruzamento de quatro ramos ou caminhos. É uma importante prerrogativa para o maçom se tornar apto a ser considerado Mestre não é mesmo? Porém quantos de nós consegue dizer significativamente algo tendo uma base de conhecimento solida nessas artes? Se o conhecimento maçônico é a assimilação do que está no ritual, e as 7 artes liberais estão neles, o que explicaria a falta de conhecimento sobre essas áreas ?

Algo desvia a atenção do Maçom da sociedade atual, que se afasta das virtudes e do conhecimento que jurou ser guardião. Luta-se contra a tirania, que antes guardava os conhecimentos, hoje que ele é acessível, só queremos pão e circo.

O centro da ética socrática é o conceito de areté, virtude. É virtude num sentido distinto do usual, e que se aproxima mais daquele que tem a palavra quando se fala das virtudes das plantas ou de um virtuoso do violino. A virtude é a disposição última e radical do homem, aquilo para o qual nasceu propriamente. E essa virtude é ciência.

O homem mau o é por ignorância aquele que não segue o bem é porque não o conhece, por isso a virtude pode ser ensinada (ética intelectualista), e o necessário é que cada qual conheça sua areté. Se o Maçom, conhecendo as virtudes e nao as praticando esta comentando os chamamos de iniqüidade, que e tornar normal o que é pecado, e não sentir culpa pelo pecado cometido, e nao usamos aqui a definição de pecado em sentido religioso mas sim moral.
Não há atrocidade pior para os antigos filósofos gregos do que destruir conceitos de ideias sem construir ou dar bases para novos conceitos. Tal conceito está na maiêutica socrática tem como significado “dar à luz”, “dar parto” , “parir” o conhecimento (em grego, μαιευτικη — maieutike.

Como ferramenta prática apresentamos A Roda das Virtudes, permite visualizar as virtudes que o indivíduo utiliza em sua vida e em suas relações interpessoais. Afinak nal conseguimos controlar oque nao podemos medir.

Virtudes e forças de caráter:

A – Transcendência:
Perspectiva,
Amor ao aprendizado,
Mente aberta,
Descobridor,
Criatividade
B – Virtudes de Sabedoria:
Perseverança,
Integridade,
Entusiasmo
C – Forças de Coragem:
Amor,
Compaixão,
Inteligência social
D – Virtudes Humanitárias:
Cidadania,
Igualdade,
Liderança
E – Virtudes de justiça:
Perdoar,
Humanidade,
Prudência,
Controle
F – Temperança:
Espiritualidade,
Humor,
Esperança,
Otimismo,
Gratidão,
Apreciação de beleza.

quarta-feira, 30 de maio de 2018


PARADOXOS MAÇÔNICOS 

(site Bibliot3ca)

Tradução: José Filardo



Dizem que o Paradoxo, é uma proposição que parece ser falsa ou que viola o senso comum; mas não envolve uma contradição lógica.

Um dos mais curiosos paradoxos da Maçonaria; um dos muitos; é aquele sobre O Silêncio Tanto é que às vezes eu encontro textos, pranchas e exposições mais próximas do misticismo religioso que justificam, pedem e forçam o silêncio como um paradigma de formação do maçom e da loja em particular, como grupo e lista e, assim, o Mestre de Cerimônia pede silêncio para entrar na loja na forma de um espaço sacral; não profano.

Isso tem um certo grau de contradição no contexto da Maçonaria que praticamos; que é a maçonaria especulativa, nascida em 1717 em um ambiente efusivo como eram as tabernas de Londres; onde se reuniram diversas lojas para fundar a primeira Grande Loja de Londres, e não parece que os cavalheiros, pedreiros e pessoas diversas estivessem muito propensos ao silêncio que às vezes se impõe na loja; tão sacral e espiritualista cujo recolhimento parece contradizer as gravuras que nos chegaram de reuniões maçônicas.

Reunião Maçônica do século XVIII (Viena)

E também não é possível pensar que a Maçonaria operativa composta de grêmios – guildas de pedreiros – eram algo como um coro de pedreiros do tipo cartuxo no momento do desenvolvimento das obras de cantaria e, portanto, é difícil pensar que, quando chegasse a hora das obras de debate de sua loja, estas seriam de recolhimento; se não completamente ao contrário.

Quando se olha para as gravuras de diferentes épocas, veem-se grupos de maçons mais dispostos a sussurrar, a comentar e levar a maçonaria com uma certa alegria, que, como dizia aquele apelo permanente ao recolhimento do silêncio traçado pelos místicos para o uso; por outro lado, os rituais apenas falam de silêncio; nada mais que diante dos compromissos e dos momentos da Iniciação.

Em geral, oa maçons somos pessoas dadas ao debate; a falar pelos cotovelos, dizem, e a prova é um ágape maçônico, sem ou com ritual, muito distante dos cenáculos religiosos que exigem silêncio como escola.

E não pensem que esta situação mudou muito, porque muitas décadas atrás o GOdF proibia a seus membros os pequenos grupos, os jogos e reuniões; como vemos no quadro acima.

O que não impede que o silêncio seja também uma boa arma de debate e de trabalho; conforme mostrado no texto que nos leva a este link



Publicado em SILENCIO EM LOJA