terça-feira, 27 de dezembro de 2016

AS SETE ARTES LIBERAIS





Autor: João Anatalino

Segundo a Wilkipedia, Artes liberais é o termo que define uma metodologia de ensino, organizada na Idade Média, cujo conceito foi herdado da antiguidade clássica.

Referem-se aos ofícios, disciplinas acadêmicas ou profissões ("artes") desempenhadas pelos homens livres. São compostas do Trivium (lógica, gramática, retórica) e do Quadrivium (aritmética, música, geometria, astronomia). Tal conceito foi posto em oposição às Artes Mechanicae (artes mecânicas),consideradas próprias aos servos ou escravos.

As Sete Artes Liberais constituíam o currículo de disciplinas que um estudante deveria aprender para entrar numa universidade medieval. Era o preparo obrigatório para todos aqueles que quisessem tornar-se doutor, mestre, filósofo, ou seguir carreira em qualquer outra profissão de nível superior.

Foi na Idade Média, durante o reinado de Carlos Magno que as Sete Artes Liberais foram reunidas num único currículo disciplinar, para fins de ensino metódico. Organizadas num sistema de ensino pelo capelão-mor de Carlos Magno, Alcuino, elas foram divididas em dois corpos distintos, chamados trivium, que compreendia a retórica, a gramática e a lógica e o quadrivium, que reunia a aritmética, a música, a geometria e astronomia.

A utilização dessas disciplinas para preparo dos estudantes de nível superior já vinha desde os tempos de Aristóteles, que as utilizava em sua famosa Academia. Durante o Império romano elas também tiveram larga aplicação no ensino dos romanos bem colocados.

As Sete Artes Liberais estão vinculadas a outros conhecimentos tradicionais e apresentam grandes simetrias com outras disciplinas, como, por exemplo, a astronomia. Dessa forma, é possível fazer uma analogia com o simbolismo dos planetas relacionando a Retórica com Vênus, a Gramática com a Lua, a Lógica com Mercúrio, a Aritmética com o Sol, a Música com Marte, a Geometria com Júpiter e a Astronomia com Saturno. Daí a atração que esse sistema exerce sobre os esoteristas principalmente, dada a riqueza simbólica que eles representam.

Nos tempos de Roma, e mais tarde, de Carlos Magno, o estudante das Artes começava a vida escolar aos catorze anos, estudando, em primeiro lugar os chamados “três caminhos” do trivium, que o monge Pedro Abelardo (1.079-1.142) chamava de os três componentes da ciência da linguagem. Essa tríplice disciplina era composta pela gramática (ciência de falar sem erro), a dialética, (a aprendizagem que consiste em distinguir o verdadeiro do falso – lógica) e a retorica, a disciplina que nos ensina a arte da persuasão.

Em outras palavras, o estudante precisava primeiro aprender a falar e escrever, a argumentar com lógica e a produzir discursos com estilo e precisão. Só depois disso é que ele podia partir para outros aprendizados. O aprendizado dessa tríplice grade curricular era considerado um verdadeiro desafio para a mente do estudante. Uma vez vencido ele podia passar ao quadrivium, considerado o aprendizado das coisas necessárias para o conhecimento do mundo. Então ele aprendia a ciência  dos números (aritmética), a harmonia dos sons (música), as formas simbólicas do universo (geometria) e os segredos dos astros celestes e sua mecânica de movimentos (astronomia). Só depois de adquirir esses conhecimentos primários podia o estudante pretender seguir uma carreira de nível superior.

O trivium era o que poderíamos chamar, numa analogia com a educação moderna, o primeiro grau do aprendizado. De fato, para o aluno poder aprender outras coisas era preciso primeiro aprender a falar, a escrever e a pensar. Por isso tinha que estudar gramática, retórica e dialética ou lógica. Sem esses conhecimentos dificilmente o estudante conseguiria acompanhar o difícil e rigoroso método escolástico, de ensino, que se fundamentava principalmente na lógica de Aristóteles. Depois vinha o quadrivium, como uma espécie de segundo grau, para complementar o aprendizado do estudante.

Em algumas escolas americanas, especialmente aquelas que seguem o modelo clássico, ainda se trabalha com um currículo semelhante para os alunos que desejam tornar-se máster-of Arts. No Brasil, até algumas décadas atrás, o nosso ensino de nível médio também guardava alguma semelhança com esse modelo, pois tínhamos dois currículos distintos, o ensino clássico para quem quisesse seguir ciências sociais (filosofia, direito, magistério, sociologia, etc.) e o cientifico para quem quisesse seguir outras carreiras profissionais (engenharia, medicina, química etc.).


Talvez pela necessidade de modernização do ritual, seus organizadores tenham modificado as sete Artes Liberais que no antigo ritual eram, respectivamente: Astronomia, Física, Química, Fisiologia, Psicologia e Sociologia, associando-as às virtudes do Devotamento, Tolerância, Justiça, Prudência, Paciência e Coragem, diferentes também dos originais, virtudes cardeais que eram a Prudência, a Justiça e a Fortaleza, a Temperança, a Humildade, a Sabedoria e a Compreensão. A importância desse sistema é que cada elemento contém potencialmente as habilidades filosóficas exigidas para a vida intelectual madura. É uma pena que esse sistema tenha sido banido das escolas brasileiras, substituído por um currículo que só carrega a mente do aluno com informações, sem ensiná-lo a usá-las adequadamente. Dessa forma, a Maçonaria ao recuperar a importância das Sete Artes Liberais e incluí-la no programa de aprendizado maçônico, presta um grande serviço à educação. Que o Irmão possa realmente se valer disso.

Anatalino, João - Mestres do Universo - Ed. Biblioteca 24 horas - São Paulo - SP, junho de 2010.

domingo, 25 de dezembro de 2016



Godofredo de Bouillon 2º Parte 



"Os guardiães do Cenáculo do Monte Sião!

Por: Eduardo R. Callaey
Tradução e organização: José Roberto Cardoso (Pedreiro de Cantaria)

1. O Defensor do Santo Sepulcro

Um dos pontos mais obscuros da história da primeira cruzada concerne as circunstâncias da eleição de Godofredo de Bouillón como seu primeiro governante secular. Imediatamente depois da queda de Jerusalém, ocorrida em 15 de julho de 1.099, se desencadeou uma febril discussão entre eclesiásticos e barões sobre se a cidade deveria ser governada por um clérigo ou um dos líderes militares da expedição.

A questão não era menor, posto que o que decidia, em definitivo, era si o incipiente Reino Latino de Jerusalém devia ser um estado religioso ou laico. A facção clerical aparecia gravemente debilitada. Em primeiro lugar porque o legado papal, Ademar de Monteil, havia falecido durante a expedição da mesma forma como Guilherme, o bispo de Orange. Outros homens virtuosos haviam ficado no caminho ou já ocupavam cargos nas cidades conquistadas na marcha até Jerusalém. Os que ficaram: Arnulfo, o bispo de Marturano e Arnulfo de Rohens, apelidado “Malecorne”, eram simplesmente imprestáveis.

Existe consenso entre os historiadores que a opção se reduziu a dois candidatos: o duque Godofredo e o conde Raimundo. As crônicas falam de um grupo de “eleitores” cujos nomes nunca se soube, aos que se lhes encomendou a missão de avaliar profundamente os antecedentes de cada um destes grandes chefes. Estes homens, em seguida, depois de se recolher a opinião sob juramento que os vassalos tinham sobre seus respectivos príncipes, decidiram de maneira unânime oferecer a coroa de Jerusalém a Godofredo de Bouillón que aceitou a indicação, porém pediu que o chamassem com o título de “Defensor do Santo Sepulcro”. Quem eram estes homens? Não o sabemos, mas devia tratar-se de gente singular, posto que o que se elegia era o rei de Jerusalém.

Cabe ressaltar a exasperação que causou a todos os historiadores a absoluta ausência de dados em torno da composição desse colégio eleitoral e quais forram os procedimentos que realmente foram empregados para tomar a decisão final.

Não parece haver dúvidas acerca das virtudes do eleito. As crônicas antigas coincidem nesta questão. Jacques de Vitry escreveu no final do século XII: “... elegeram por unanimidade como senhor da Cidade Santa a Gododofredo, senhor de Bouillón, cavaleiro valente, agradável tanto a Deus como aos homens...pleno de respeito pelo Senhor e humilde de coração, não quis ser chamado Rei nem levar a Coroa de ouro no lugar onde o Senhor havia sido coroado com espinhos para nossa redenção e para a salvação do mundo”. [1]. Outro tanto dizia Guilhermo de Tiro, que em suas crônicas ressalta as virtudes religiosas de Godofredo, assinalando a decepção que às vezes representava para seus súditos espera-lo com a mesa servida embora ele permanecesse longas horas em profundo recolhimento e oração.

Seu reinado durou apenas um ano. Lhe alcançou para infringir uma derrota quase definitiva o “almirante da Babilônia”, Al Afdal, frente às muralhas de Ascalón. Nesse breve de tempo foram muitos os que – uma vez cumprida sua promessa de libertar o Santo Sepulcro – regressaram a Europa. Ainda assim batalhou sem descanso, tratou de conformar a todos e demonstrou ser um bom organizador. Não estava só “...havia levado com ele monges de claustro, homens religiosos de valor, notáveis por suas santas obras, que ao longo de todo caminho, nas horas canônicas de dia e de noite, celebravam para ele os ofícios...” [2]

Por que os cluniacenses elegeram a este homem para reconquistar Jerusalém? Por que deixaram que fosse um chefe secular quem a governasse? Como temos adiantado, aquele homem que saiu de Lorena sabendo que jamais regressaria, talvez também soubera qual era o seu destino. Conq2uistou o umbigo do mundo, mas se negou a ser coroado rei. Morfeu de cansaço, imerso na oração, olhado a areia e recordando sua infinita limitação humana: “memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris. ” Conta Alberto de Aix que seu cadáver foi exposto durante cinco dias; logo os homens de Cluny, que o haviam acompanhado desde Lorena, o enterraram na Igreja do Santo Sepulcro. Até princípio do século XIX, ao entrar se via seu sepulcro a direita e a esquerda o de seu irmão Balduíno, morto em 1.017. Uma laje prismática de mármore triangular cobria o sarcófago de Godofredo, sustentado por quatro colunas. Em uma de suas faces se lia a seguinte inscrição:

“Hic iacet inclvtus dux Gottifridus de Bulión

Qui totam terram istam

Acquivisit cultui chistiano

Cuius anima cum Christo requiecat. Amen” [3]

Em 1.808 um incêndio devastou a Igreja. Dizem que os gregos aproveitaram o caos, provocado pelas chamas, para destruir os gloriosos monumentos erigidos sobre os sepulcros de ambos reis latinos. Eloquentes testemunhos da conquista de Jerusalém pelos latinos, muitos se apressaram a consumar seu desaparecimento junto com numerosas inscrições que atestavam o direito secular dos católicos a legítima possessão daqueles santuários. Há quem acredita que os restos se conservam ocultos ou enterrado em algum ignorado sítio da basílica.

Um dos últimos viajantes do Ocidente que chegou a ver aqueles cenotafios foi o visconde de Chanteaubriand: “...Não quis abandonar o sagrado recinto – escreveu então – sem deter-me e inclinar-me ante os monumentos funerários de Godofredo e Balduíno, que dão frente para a porta da Igreja. Com respeitoso silêncio saudei as cinzas dos reis cavaleiros que mereceram encontrar seu descanso junto ao grande Sepulcro por eles libertado...” 

2. As lendas em torno do Duque Godofredo

Das muitas hipóteses que se tem feito em torno de Godofredo de Bouillón merecem analisar-se alguns que resultam, ao menos, curiosos. O primeiro que surge com claridade é que, diferentemente de seu irmão Eustáquio de Bolonha – que nunca demonstrou demasiado fervor pela cruzada – Godofredo atuou como se soubesse que jamais regressaria a seus feudos em Lorena. Esta atitude se observa quando se analisa a forma em que se desprendeu de suas posições. Ou estava seguro de seu êxito ou conhecia um plano de vasto alcance que ia mais além da expedição militar. Provavelmente era de seu conhecimento a magnitude do objetivo cluniacense de estabelecer com caráter definitivo um reino cristão em Jerusalém.

A maçonaria do Rito Escocês Antigo e Aceito incluiu em sua tradição abundantes conjecturas em torno de Godofredo de Bouillón, particularmente no Grau 18, denominado “Cavaleiro” ou “Príncipe Rosacruz”. Nos antigos rituais do Grande Oriente Espanhol, ainda vigentes em muitas potências maçônicas latino americanas, se atribui ao próprio Godofredo a criação deste grau, logo após sua conquista de Jerusalém. Segundo esta versão Godofredo ingressa então na Ordem do Templo, que já existia antigas tradições essênias e de certo sincretismo com um cristianismo primitivo. Neste caso a ênfase está posta no fato de que esta Ordem atua como fator de vínculo e unidade de ação com outras escolas iniciáticas, tanto islâmicas como judias, cujo objeto é de restabelecer a paz e a concórdia entre as religiões cimentadas sobre a mesma tradição bíblica.

Posteriormente, esta ideia, de uma francomassonaria “superadora” das diferenças entre as grandes religiões monoteístas, reaparecerá com frequência. Do mesmo modo, a lenda insiste no vínculo filosófico das três grandes religiões abrâmicas.

O grau 18 tem profundas conotações na francomassonaria do rito escocês. Por um lado, recolhe elementos místicos e alquímicos próprios da tradição rosacruz; por sua vez, se considera o grau “cristão” por excelência. O eixo de sua filosofia se assenta em um processo de transmutação do espírito mediante o qual o iniciado alcança um novo nível de consciência. É um dos graus mais românticos, com um enorme simbolismo hermético e cerimônias muito particulares – como os banquetes pasquais (endoenças) – que guardam um claro esoterismo cristão. 

Mais recentemente se tem atribuído a Godofredo outras tradições, muitas das quais são o resultado da recriação destas antigas lendas maçônicas a que se agregam todo o folclore próprio do esoterismo moderno.

Se o tem vinculado insistentemente com a casa merovíngia que reivindicava uma descendência sanguínea com a dinastia davídica e com o próprio Jesus. Também se tem pretendido que ele fundou uma misteriosa Ordem pouco antes de conquistar Jerusalém, começando seus quartéis nos terrenos de uma antiga Igreja Bizantina sobre o Monte Sião, no lugar do Cenáculo donde Jesus e seus discípulos participaram da última ceia. Esta teoria, reivindicada por Michael Baigent, Richar Leigh e Henry Lincoln em “O Enigma Sagrado” sustenta que esta Ordem – que logo se denominaria com o nome de “Priorado de Sion” – teria por objeto restabelecer o reino dos merovíngios deslocando o eixo do cristianismo a partir de Roma até Jerusalém, convertendo esta última na capital de um novo império cristão.

Nesse esquema, a criação da Ordem do Templo respondia a necessidade de contar com um braço armado da suposta restauração baseada – como temos dito – na legitimidade das aspirações de Godofredo ao trono de Jerusalém, sustentada na origem merovíngia de sua linhagem.

Como geralmente ocorre, neste tipo de literatura se aportam como provas e “documentos” alguns fatos importantes de rigorosa comprovação histórica junto a outros de duvidosa origem ou coberta de falsidade. O resultado desta combinação geralmente é uma exitosa ficção baseada na atávica suspeita da conspiração, mas por sua vez um desgraçado afeito que culmina confundindo a verdadeira dimensão dos acontecimentos, apartando a verdade em causa de confusão.

Segundo os autores mencionados, o núcleo original do futuro Priorado de Sião tem que se buscar em um esquivo grupo de monges provenientes do sul da Itália que – sem causa aparente que o justifique – se estabeleceram no ano de 1.070 na localidade de Orval, na atual Luxemburgo Belga, a poucos quilômetros do Castelo de Bouillón, próximo da tumba do rei merovíngio Dagoberto II. Anos mais tarde – sempre de acordo com este relato – os monges calabreses abandonam o lugar tão misteriosamente como haviam chegado, marchando junto com Godofredo a cruzada. Já em Jerusalém assegurariam ao duque o acesso ao trono e fundariam aquela Ordem secreta no Monte Sião cujo objetivo era velar pela restauração merovíngia. Para ele devem encontrar e recuperar um suposto tesouro, documento secreto ou objeto místico escondido debaixo do Templo de Salomão desde os tempos de Jesus. Este pretendido segredo não é nem mais nem menos que o Santo Graal.

O empreendimento da Ordem do Templo em um setor do antigo templo garantiria o êxito da busca do tesouro perdido que, desde logo, outorgaria imenso poder a quem o encontrasse.

Esta é uma diferença fundamental entre a lenda maçônica em torno de Godofredo de Bouillón e a literatura moderna descrita. A francomassonaria baseia seu “corpus” em um conjunto de símbolos. Não tem uma pretensão de verdade histórica em torno de suas lendas, pois seu sistema pedagógico se baseia em ensinamentos velados por alegorias. A questão se complica quando – como ocorre neste caso – se pretendem sustentar fatos de suposto rigor histórico. Consideramos, portanto, que não ficaria completo nosso retrato de Godofredo de Bouillón sem uma análise dos pontos principais destas teorias.

3.- O misterioso empreendimento da Abadia de Orval

A Abadia de Orval ainda existe e mantém seu prestígio como uma das mais importantes da Bélgica. Seus monges atuais traalham sob a regra trapense da “Estrita Observância” e sua cerveja é famosa. Sua vinculação com os monges calabreses da Ordem de Sião não é a única curiosidade “esotérica” que se tem em torno dela, pois ali esteve hospedado por muito tempo Miguel de Nostradamus logo após a peste matar sua primeira esposa e seus filhos. Foi em Oral onde escreveu suas primeiras profecias.

Os trapenses tem realizado investigações históricas em torno das origens de sua Abadia, mas não têm conseguido estabelecer a prova da existência de alguma população antes da chegada dos italianos. Até o momento, segundo suas próprias conclusões, só tem sido descoberta algumas tumbas merovíngias em torno da localidade.

Estas mesmas investigações confirmam que um grupo de monges provenientes do sul da Itália se estabeleceu ali em 1.070, e que as terras foram doadas por Arnaud de Chiny, senhor do lugar e que imediatamente começou a construção de uma Igreja e um convento. Os mesmos trapenses confessam que desconhecem os motivos pelos quais estes pioneiros a deixaram quarenta anos depois. Logo após sua partida, Oton de Chiny – filho de Arnaud – estabeleceu ali um grupo de canônicos que completarão as obras iniciadas pelos italianos. Em 1.124 se finalizou a construção da Igreja que foi consagrada por Henri de Winton, bispo de Verdun. Em 1.132 a Abadia ficou sob a jurisdição da Ordem do Cister, criada por São Bernardo, inspirador e protetor da Ordem do Templo, a que lhe deveu sua própria regra [4]. Foi destruída pela Revolução Francesa e reconstruída em 1.926.

Uma antiga lenda conta que em 1.076 a soberana de Orval era a condessa Matilde (também duquesa de Toscana). Quer o relato que, estando sentada na borda de uma fonte de águas claras, por um descuido, deixou nela cair seu anel nupcial, lembrança de Godofredo, o corcunda, seu defunto marido. Desesperada por ter perdido esta joia, a condessa rezava à Virgem Maria com grande fervor. De imediato, apareceu uma truta na superfície da água devolvendo-lhe aquela preciosa joia. Assombrada por este milagre a soberana gritou então: “Eis aqui o anel dourado que estava buscando! Bendito seja o vale que me devolveu! A partir de agora e para sempre, quero que seja chamado de Val d´Or! A partir de então aquele lugar tomou o nome de “Valle do Ouro” e seu símbolo a truta e o anel de ouro este tem conservado até nossos dias. A fonte, todavia, alimenta de água o monastério e a sua cervejaria.

Na versão de Baigent, Leigh y Lincoln se atribui a Matilde de Toscana a sessão das terras para a fundação da Abadia. Afirma-se que Matilde era a mãe adotiva de Godofredo e que entre os calabreses havia chegado o homem que logo seria conhecido como Pedro, o ermitão – impulsionador fundamental da primeira cruzada – que se converteria em “preceptor” do jovem conde de Bouillón. É aqui onde começam a introduzir-se dados imprecisos ou falsos. Vejamos:

Certo é que até 1.076 Matilde de Toscana havia enviuvado. Seu marido havia sido nada menos que Godofredo, o corcunda, tio do futuro Godofredo de Bouillón. Sem dúvida, Matilde não só não era mãe adotiva de seu sobrinho político, mas que se opôs tenazmente que este recebesse as terras de seu tio, tal como finalmente ocorreu graças aos esforços da própria mãe de Godofredo, Ida de Lorena.

Quando os monges calabreses se estabeleceram em Orval, Godofredo tinha apenas nove anos. As baronias de Bouilón, Mosay, Stenay y Verdun, junto com o ducado da Baixa Lorena, pertenciam então a Godofredo, o corcunda, que ainda não havia morrido. Por outro lado, a maioria das fontes históricas – a exceção da mencionada pelos autores do “O Enigma Sagrado” – afirmam que Pedro, “O Ermitão”, era um homem proveniente da Picardia (atual Normandia). Nada se menciona acerca de sua tutoria sobre Godofredo, enquanto que seu desastroso desempenho na chamada “Cruzada dos Pobres” – cujo trágico final está amplamente documentado – não se condiz com o de um dos chefes encarregados de levar a cabo o plano estratégico para uma restauração monárquica merovíngia.

Se acredita que Pedro havia peregrinado com anterioridade à Terra Santa. Segundo Runciman, havia nascido em algum lugar próximo de Amiens; no momento de iniciar a cruzada já era um homem. O descreve como...”de pouca estatura, de tez morena, de rosto alargado, magro, terrivelmente parecido ao burro que montava... andava descalço e seus hábitos eram nojentos...” Sem dúvida, tinha um enorme magnetismo sobre o povo que o seguiu em grande número, dando lugar a uma verdadeira “cruzada dos pobres [5]. ”

Para a época que estamos analisando o deslocamento de monges a grande distância com o objetivo de fundar Abadias e Mosteiros era uma prática corrente que qualquer medievalista reconhece. Não é nenhum mistério que tal coisa ocorresse e de fato tem sido uma prática comum no apogeu da Ordem Cluniacense. Tampouco, é particularmente significativo que Orval tenha sido fundada sobre tumbas ou antigos restos merovíngios.

Muitas das grandes abadias do Império Carolíngio foram levantadas sobre as ruínas de edificações merovíngias e dos antigos acampamentos romanos. Fulda era um terreno inóspito quando ali chegou são Bonifácio. No século VIII, em tempos de Rabano Mauro ainda se percebiam as ruínas do antigo forte merovíngio.

Não se deve esquecer, em definitivo, que os carolíngios construíram sobre os antigos domínios dos reis merovíngios. Provavelmente, jamais poderemos determinar as razões pelas quais estes homens provenientes da Calabria escolheram as terras de Orval tão próximas de Stenay, o lugar onde havia sido assassinado quatro séculos antes Dagoberto II. Enquanto a possibilidade de que estes monges marcharam a Jerusalém resulta muito provável se se levarmos em conta sua vizinham ao condado de Boillón e a grande quantidade de monges cluniacenses que acompanharam a Godofredo em 1.096. 

4 - Os cluniacenses chegam a Jerusalém

Temos visto nos capítulos precedentes a importância alegórica que o Templo de Jerusalém tinha para as Lojas estabelecias nos monastérios beneditinos cluniacenses, pelo que resulta altamente significativa a presença destes – amplamente documentada – na cruzada. É um momento muito particular de nosso relato, posto que junto aos exércitos cruzados, ao lado de seus mestres beneditinos marcharam frades convertidos e frades barbados. Chegaram a Jerusalém para reconquistar o Templo sobre o qual haviam lido nas obras de Beda e na “Glosa Ordinária” de Walafrid Strabón. Levam em seus cofres os comentários dos grandes exegetas beneditinos cobre o Templo de Salomão e os manuais de arquitetura de Vitrúvio e Teófilo.

Conheciam sobre Hiram Abif e se inspiravam nos construtores do rei Hiram. Séculos depois da destruição do templo, estes novos obreiros de Salomão regressavam ao umbigo do mundo.

Acredita-se que um importante número de mestres maçons, em sua maioria monges beneditinos, provenientes de Lorena, Borgonha, Auvernia e Provença – acompanhados de um grande número de auxiliares laicos – chegaram a Palestina com os exércitos cruzados.

A arquitetura franca na Terra Santa – desenvolvida durante mais de dois séculos de dominação cristã – deve ser entendida como um processo complexo de adaptação dos arquitetos destas ordens beneditinas às circunstâncias da guerra, às necessidades da defesa, à influência de tradições arquitetônicas muito arraigadas na região – em especial a bizantina e a armênia - e a crescente presença e protagonismo das ordens militares.

A maioria dos historiadores reconhece a forte presença dos construtores cluniacenses na arquitetura religiosa dos cruzados. Tal é o caso da catedral de São Paulo, construída em Tarso no ano de 1.102, a primeira erguida pelos cruzados “...de estilo românico, com as Igrejas românicas do norte da França, mas com seus arcos ogivais...[6] e também o do complexo da Igreja do Santo Sepulcro, consagrado em junho de 1.149 [7]. “Em geral” – diz Runcian – “é provável que os arquitetos e artistas de todo o monumento foram franceses, educados na traição cluniacense”.

Afirma também que algumas das obras dos cruzados mostram um parentesco com as grandes Igrejas de peregrinação dos cluniacenses que – como temos visto – controlavam as rotas a Santiago de Compostela e aos Lugares Santos desde o século X – e agrega que “...os cruzados tiveram a seus lados seus próprios arquitetos, imbuídos dos estilos de França, sobretudo do provençal e do tolusiano...”[8]

Sem dúvida, os arquitetos francos de imediato se viram influenciados pelos construtores locais, aprendendo deles novas técnicas que levaram para a Europa. Tal é o caso do “Arco Ogival”, utilizado pelos armênios. Prova disso é que até 1.115, Ida de Lorena, mãe de Godofredo de Bouillón, construiu duas Igrejas que constituem os primeiros exemplos de utilização do arco ogival. Seu primogênito, Eustáquio de Bolonha, recentemente regressado da Palestina, havia trazido consigo os arquitetos que difundiram esta tendência em solo loranês. Estas duas Igrejas foram construídas em Wast e Saint Wlmer, na Bolonha e sua arquitetura lembra as obras árabes. Pela mesma época os arcos ogivais já aparecem em Cluny.

Outro indício do crescente intercâmbio entre construtores cluniacenses e palestinos encontramos no “livro de Suger, abade de Saint Denis”, que escreve no início do século XII que “...tinha o costume de conversar com os operários (vindos) de Jerusalém e saber com alegria, por eles que haviam visto os tesouros de Constantinopla e os ornamentos de Santa Sofia, se estas coisas nossas poderiam assemelhar-se com aquelas e valer algo...”[9].

5. Os guardiães do Cenáculo do Monte Sião

Centraremos agora nossa atenção no Cenáculo do Monte de Sião, lugar onde afirma-se que foi criada pelos monges italianos a Ordem homônima.

Atualmente, o edifício identificado como Coenaculum ou Cenáculo – o lugar onde teve lugar a última ceia – se encontra sob jurisdição do Estado de Israel. É uma estrutura de dois pisos dentro de um grande complexo de edifícios sobre o Monte de Sião. O piso superior lembra o lugar onde o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos em Pentecostes, enquanto que o inferior contém um cenotafio[1] que, desde o século XII é considerado como a tumba de David. Sob este complexo se encontram fundações cruzadas, bizantinas e, mais abaixo, romanas. Se cré que o ábiside[2] localizado por detrás do cenotafio, que está alinhado com o Monte do Templo, pode ter sido a sinagoga mencionada pelo Peregrino de Bordeaux no ano de 333, um dos mais antigos relatos sobre os santos lugares.

Na tradição cristã este lugar tem uma máxima significação, pois ali originou dois dos sacramentos: a Eucaristia e a Ordem Sacerdotal. Por outro lado, foi ali onde Jesus apareceu aos Apóstolos no domingo da ressurreição. É o lugar onde se reuniram os Apóstolos com Maria e onde desceu o Espírito Santo. Nesse mesmo sítio foi eleito Matias para suceder a Judas. O lugar tem também uma sugestiva conotação política, pois foi a residência da denominada Primitiva Igreja Apostólica. Com efeito, ali foi consagrado Santiago, o Menor, como Bispo de Jerusalém e eleitos São Estevam e os seis diáconos. Dali saíram, também, os Apóstolos ao separar-se para ir pregar o Evangelho por toda a Terra.

Sobre o lugar de sua localização a tradição tem sido unânime e não tem variado, tal como ocorre com o do Santo Sepulcro. Sempre se tem acreditado que o Cenáculo esteve localizado no Monte Sião, a cem metros da porta que leva o mesmo nome.

Refere o Bispo Epifânio, no século IV, que o imperador Adriano visitou Jerusalém em 131 e a encontrou “completamente arrasada, exceto algumas habitações e a Igreja de Deus, que era pequena, onde os discípulos, voltando do lugar da ascensão de Jesus ao Céu, subiram ao piso superior”.

De acordo com as investigações históricas, na segunda metade do século IV, os cristãos bizantinos transformaram a pequena igreja original em uma grande basílica que chamaram “Santa Sião” e “Mãe de todas as Igrejas”, por sua origem apostólica. Esta basílica foi destruída pelos persas no ano de 614. Do Cenáculo só ficaram ruínas quando os cruzados chegaram a Jerusalém.

Por ordem de Godofredo – e isto aconteceu imediatamente depois da queda de Jerusalém – sobre suas fundações foram construídos um monastério cruzado e a Igreja de Santa Maria do Monte Sião e do Espírito Santo. Afirma Gebherdt – em sua já citada obra escrita no século XIS – que uma comunidade monástica se estabeleceu ali e que chegou a possuir importantes rendas com a obrigação de manter cento e cinquenta homens armados para a defesa do Santo Sepulcro. Em 1.106, visitou o Cenáculo um peregrino russo chamado Daniel, o Higumeo. Em seu diário de viagem descreve os antigos mosaicos bizantinos que ainda perduravam então e que continham imagens da Última Ceia, a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e outros temas vinculados com a tradição ali reunida [10].

Godofredo também ordenou a reconstrução da Basílica da Ascensão no Monte das Oliveiras. No monastério mediato a Igreja se constituiu uma comunidade de monges da Ordem de Santo Agostinho que tinha substituído os beneditinos que ali foram estabelecidos por Carlos Magno. Do mesmo modo, organizou e dotou uma comunidade de monges negros cluniacenses junto às ruínas da Igreja da Assunção da Virgem, situada aos pés do Monte das Oliveiras, no vale de Josaphat, com a ordem de proceder a sua reconstrução. 

Ao Santo Sepulcro ele dedicou especial interesse. Fez reunir sob um mesmo complexo o edifício das antigas igrejas construídas pelo monge Modesto, devolvendo-lhes a antiga grandiosidade.

E quanto ao complexo monástico do Monte Sião, no ano de 1.219, o sultão al Hakem ordenou sua demolição (provavelmente como parte do programa de destruição das muralhas e contrafortes que rodeavam a cidade) permanecendo em pé somente a Capela do Cenáculo com o cenotafio e tumba de Davi. Em 1.315, os Franciscanos receberam em custódia e como propriedade o Santuário, erigindo no lado sul um pequeno convento cujo claustro se pode visitar. Junto ao Cenáculo teve origem a Custódia da Terra Santa, oficialmente instituída a favor da Ordem Franciscana em 1.342. Mas, em 1.552, os frades foram obrigados a deixar o santuário nas mãos dos muçulmanos.

Como se algo faltasse, em 23 de março de 2.000, na ocasião de sua visita a Terra Santa, Sua Santidade o Papa João Paulo II, oficiou no Cenáculo do Monte Sião uma missa privada. Nesse dia a Agência Católica Internacional deu conta da grande expectativa que este fato havia suscitado e expressou que...”os cristãos e especialmente o Papa João Paulo II, quiseram que o Cenáculo, atualmente de propriedade do Estado de Israel, voltasse a ser um lugar de culto católico, devido a sua importância capital para a história do cristianismo...”[11]


6. O Exército de Cluny e a “Guerra Santa”.

Muitos enigmas permanecem inexplicáveis na vida de Godofredo de Bouillón.

Por que razão e o mais encarniçado inimigo de Gregório VII terminou aliado à sua política e contra a do imperador Enrique IV? Cremos ser possível que o espírito de Cluny tenha obrado – como em tantos outros guerreiros francos, bárbaros e incorrigíveis – o milagre de insuflar-lhes uma piedosa inspiração e uma ideia de “cristandade” capaz de comover sua vontade. Talvez estivesse convencido que o velho sonho cluniacense de estabelecer um reino cristão em Jerusalém era possível, pois ele não se importou de alienar todos seus bens, porque sabia que não regressaria.

Por que recaiu sobre ele a Coroa de Jerusalém? Nunca saberemos, mas não parece haver dúvidas quanto as suas virtudes, a sua entrega e a sua fé. “Não me cingirei uma coroa de ouro onde Jesus Cristo foi coroado com espinhos...” Se os cluniacenses tiveram o controle sobre a eleição, tudo indica que optaram por um estado secular no conclave mais sagrado da história do cristianismo.

Esgotado, Godofredo dedicou o ano que reinou em Jerusalém a consolidar a vitória cristã. Sua obsessão estava no plano militar. Poderia ter sido seu objetivo assegurar uma suposta dinastia merovíngia; mas estava preocupado com outras necessidades mais gratificantes. Nenhum documento da conta de Ordem alguma fundada pelo duque Godofredo, sem dúvida, empenhou seus esforços em restaurar as antigas Igrejas e Monastérios. Seja o que tenha acontecido em Santa Maria do Monte Sião, ali houve um quartel ocupado por “cento e cinquenta homens em armas” cuja missão não difere da que tinham as ordens militares que seriam fundadas em um futuro imediato. Os guerreiros do Monte de Sião parecem ter existido como organização antes que os próprios Templários

Mas também aqui parece haver uma explicação nos costumes cluniacenses. Desde a época em que o espírito de Cluny havia acompanhado a reconquista ibérica – especialmente a recuperação de Toledo em 1.085 = insuflando os combatentes a ideia de “guerra justa”, era comum que os monastérios congregassem “milites”, cavaleiros que adotavam uma vida de espiritualidade profunda e de oração. Esta prática deve ter sido frequente na Terra Santa. A cabalaria tinha muitos pontos de contato com as ordens religiosas e sua “iniciação” estava cheia de simbolismo, rito e religiosidade.

Provavelmente e de maneira simultânea, vários grupos de guerreiros se haviam constituído em torno dos monastérios cluciacenses e as grandes Igrejas, tal como ocorreu com os cavaleiros do Santo Sepulcro ou os do Monte Sião. Pela mesma época, um grupo de homens que respondiam a Hugo de Payens, iria estabelecer-se nas cercanias de um tanque de água nas proximidades das portas de Jerusalém onde, com frequência, se sucediam os assaltos aos peregrinos. Pode ter sido este o começo dos Templários? Não soa tão épico nem tão misterioso.

Neste caso, a realidade resulta mais atrativa que a lenda. Godofredo e os demais chefes que integraram os exércitos da expedição armada à Terra Santa criaram quatro estados cristãos no coração do Islam: O Principado de Antioquia, o Condado de Trípoli, o Condado de Edesa e o Reino de Jerusalém. Recuperaram todos os Lugares Santos e estabeleceram uma cultura cujos últimos filhos já não recordavam as cores nem os odores da Europa. Seu mundo era “ultramar”. Durante dois séculos resistiram a aliança muçulmana de árabes, kurdos e turcos, alternando períodos de proveitosa paz com outros de furiosa violência. Como veremos, os Templários tiveram um papel preponderante e contraditório nesse vínculo com o Islam.

Pode se dizer que quem estava por trás de Godofredo foram os cluniacenses, os arquitetos da Europa, os que construíram a alegoria de um Império Cristão no coração político e religioso de seu mundo: Jerusalém.

Para ele eram necessários maçons capazes de erigir Igrejas, monastérios, castelos e cidades e um exército. 

Nasceu então a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo do Tempo de Jerusalém e a dos Cavaleiros Hospitalários. Em qualquer caso, quando Ramsay se referiu a “nossos ancestrais os cruzados” fixou seu olhar naquele distante momento no que os cluniacenses, maçons e monges guerreiros formaram a mais temível e eficaz aliança cristã. Uma aliança que, sem dúvida, sonhava restaurar.

Enquanto isto sucedia, a maçonaria beneditina dava passo, lentamente, às futuras corporações de construtores laicos.


[1] Jacques de Vitr. “História de lãs Cruzadas”, Buenos Aires, Edema, 1991 p. 43

[2] Jacques Heras, óbito. P 242. La cita corresponde a E. Roy, “Lês poemas franças relates à lá première crise”, em România, 1929, t55, pp.411-468

[3] “Aqui face, ínclito, ele duque Godofredo de Bouillón, que ganó toda esta tierra para el culto cristiano, cuya alma descansa con Cristo. Amén”

[4] Puede consultarse la historia de Orval en la página web de la propia abadía: http://www.orval.be/

[5] Runciman, ob. cit. V. I, pag. 117-119. Guillermo de Tiro cree que era oriundo de Amiens, pero sus orígenes son imprecisos.

[6] Runciman; ob. cit. Vol. III p.368.

[7] ibid. p. 370.

[8] ibid. p. 372.

[9] “Libro de Suger” cap. XXXIII.

[10] Khitrowo, Mme. B. De; “Itinéraires Russes en Orient” (Réimpressión de l’édition 1889; Osnabrück, Otto Séller, 1966

[11] http://www.aciprensa.com/juanpabloii/viajes/tierrasanta/esp-tie2.htm

[1] Túmulo ou monumento fúnebre em memória de alguém cujo corpo não jaz ali sepultado; túmulo honorário. 

[2] Arq. nicho ou recinto semicircular ou poligonal, de teto abobadado, ger. situado nos fundos ou na extremidade de uma construção ou de parte dela.