sábado, 2 de setembro de 2017



GEOMETRIA COSMOGÔNICA


COSMOGONIA MAÇÔNICA, SÍMBOLO, RITO, INICIAÇÃO



Por: Jorge David Ortiz
Revista Hiram Abif – Edição 135 – outubro/novembro de 2011
Tradução Pedreiro de Cantaria.

Dizemos que o número quatro corresponde na geometria do espaço à pirâmide de base triangular (de quatro faces iguais em forma de triângulo) e na geometria plana às figuras do quadrado e da cruz. Vimos no primeiro o símbolo da tridimensionalidade e assinalamos que o ser humano, sendo em seu estado ordinário um ser tridimensional, potencialmente, de acordo com a tradição, tem a possibilidade de conhecer outras dimensões, insuspeitas para o homem comum

A quarta dimensão é a união do tempo e do espaço. A antiguidade e a tradição conheciam a existência desses "outros mundos", mais reais do que "este" e coexistindo com ele, e conheciam os múltiplos estados de ser. Diz-se que o homem pode acessar essas outras dimensões, através da abertura da consciência. Tal é o significado do mito platônico da caverna em que somos vistos simbolicamente para ver que as coisas que percebemos com nossos sentidos físicos poderiam ser apenas uma reflexo ilusório, como uma sombra, da realidade; e que poderia ser possível para o verdadeiro iniciado "passar" para outro mundo que seja verdadeiro. Como o que nos relata a tradição hebráica sobre o que ocorreu com Enoch e Elias, que “vieram” e foram levados a ele sem passar pela morte física. Como nos diz a tradição azteca: que o homem passa através do umbigo do sol para o mundo dos deuses. Como nos relatam, enfim, os mitos de todos os povos e culturas que evocam e recordam esse estado primordial que o homem perdeu pela queda e irá se recuperar pela redenção no final do ciclo.

Talvez a idéia que mais precisamente nos ajuda a unir os conceitos de tempo e espaço e a perceber essas outras dimensões é a da lei quaternária expressada na figura do símbolo de cruz de braços iguais (+) , símbolo que está presente de forma unânime nas culturas de todos os tempos e lugares. Na verdade, essa cruz aponta para as quatro direções do espaço (norte, sul, leste e oeste), juntando-se a elas com as quatro estações do tempo cíclico. Esta lei determina as quatro partes em que é subdividido o ciclo de qualquer ser manifestado, o que supõe um nascimento, crescimento, apogeu e decadência. A morte, que simbolicamente junta o ponto de nascimento, vem a ser a quinta essência, o ponto central da cruz que também simboliza a vida e o eterno presente.

Sabe-se que todas as criaturas têm uma existência física, e que os ciclos e os seres, grandes e pequenos, estão entrelaçados uns aos outros. O elétron está contido na molécula, esta em um ser principal (homem, por exemplo), que por sua vez é encontrado na terra, que pertence a um sistema solar, que é um dos inúmeros sistemas de uma das inúmeras galáxias que povoam o universo. No que diz respeito ao tempo, observamos segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos, milênios, manvántaras, kalpas. (De acordo com a tradição hindu, um kalpa constitui o ciclo de vida de um universo, cada um dos quais pode ser visualizado como um ciclo respiratório de Brahma. O kalpa é composto de quatorze manvantara, e cada manvantara é um ciclo humano completo de existência , um "dia" da Terra). Podemos reduzir essas dimensões até o infinitamente pequeno, ou aumentá-las para tamanho indefinido; mas, em todo caso basta observar aquelas que estão ao nosso alcance para nos dar conta de que cada uma contém outras menores enquanto está contida em uma maior, seguindo toda a lei do quaternário: quatro partes tem o dia, quatro fases o Lua que regula os meses, quatro estações do ano, quatro períodos tem a vida do homem, quatro yugas a manvántara. (De acordo com a mesma tradição hindu, um Manvantara é dividido em quatro yugas ou sub-ciclos que correspondem exatamente às quatro idades dos gregos: Kryta ou Satya Yuga ou Idade de Ouro, Treta Yuga ou Idade da Prata, Dvapara Yuga ou Idade de Bronze e Kali Yuga ou Idade do Ferro, que é o que vivemos há muito tempo e que de acordo com a tradição está muito próxima de concluir (ver Égloga IV de Virgílio).

Ao norte, meia-noite, lua nova, inverno, nascimento e morte do dia, do ano e do homem (ou qualquer ciclo do cosmos, a natureza ou a história); ao leste da manhã, o quarto crescente, a primavera, a infância, o crescimento; ao sul ao meio dia, a lua cheia, o verão, a juventude ou o apogeu; e para o ocidente, a tarde, o quarto minguante, o outono, a maturidade, o princípio da decadência que será seguido novamente pelo norte, a velhice e a morte, que dá início a outro ciclo ou ao novo nascimento. Tudo isso sugere a idéia de que a cruz pode ser vista executando um movimento circular ou rota, que é mais claramente representado no símbolo da cruz gamada ou suástica, e particularmenten a da cruz que está inscrita dentro da circunferência. Esta é a união perfeita do esquadro e o compasso, através da qual se realiza a misteriosa quadratura do círculo ou circularidade do quadrado; a união entre o céu e a terra, espírito e matéria, tempo e espaço.

O zodíaco, que também está dividido em quatro partes iguais, cujos extremos apontam para os signos de capricórnio e câncer, Áries e Libra (os dois solstícios e dois equinócios), foi o símbolo usado nos tempos antigos para expressar conceitos temporais; viam nele tanto os ciclos cósmicos como os planetários, solares (anuais) e diários. Mas as representações antigas do zodíaco foram encontradas inscritas em um quadrado, simbolizando idéias espaciais relacionadas ao desenho do Grande Arquiteto e à Jerusalém Celese, de cuja imagem foram construídas a cidade de Jerusalém e o Templo de Salomão. Nosso templo, que deve ser uma réplica daquele, expressa em suas colunas o simbolismo aqui aludido: ao norte os aprendizes; ao sul, os companheiros; para o oriente, os mestres; e para o oeste a vida profana e a porta do templo. Também este número está relacionado com as quatro pedras de canto que não devem ser confundidas com a pedra angular única e axial. Também está relacionado a este número com as quatro pedras de canto que não devem ser confundidas com a pedra angular única e axial. No cristinismo correspondem aos quatro Evangelistas e aos quatro signos zodiacais que são atribuídos a Lucas, Marcos, João e Mateus: Touro, Leão, Escorpião e Aquário; o boi, o leão, a águia e o anjo.

Resultado de imagem para o zodiaco

A tetrada hermética, composta das quatro figuras fundamentais (o círculo, a cruz, o triângulo e o quadrado); os tetraktys pitagóricos a que os gregos adoraram, a busca do Tetragammaton ou "palavra perdida" (conceitos relacionados ao número quatro), são todos os assuntos maçônicos que sempre foram objeto fundamental de estudo nas lojas.


Mas talvez o valor simbólico desse número se destaque especialmente na observação dos quatro signos com os elementos fogo, ar, água e terra e as múltiplas derivações às quais dão origem. Estes quatro elementos poderiam ser inscritos na cruz e relacionados à idéia cíclica das quatro estações; com os três signos zodiacais de cada elemento, ou com as quatro condições intermediárias às quais dão origem (o seco, o úmido, o frio e o calor).

Mas também podem ser observados do ponto de vista da hierarquia de "mundos" ou estados do ser. O fogo corresponde ao espírito incondicionado, ao ser puro e incriado, o mundo inimaginável das emanações que a cabala chama olam ha'atsiluth; o ar simboliza o mundo das ideias ou dos arquétipos, o mundo prototípico da criação, olam ha beriya; a água a alma ou psique, o mundo das formações, olam ha yetsirah, às vezes chamado de plano astral ou mundo de influências astrais; e a terra representa o corpo, a matéria, o mundo da realidade sensorial chamado olam ha asiya.

São as quatro letras do nome inexprimível de YHVH (ou tetragramaton); os quatro naipes (paus, copas, espadas e ouro) do "Livro de Toth" ou TAROT (ROTA); a hierarquia quaternária dos seres (nomes do poder, dos arcanjos, dos anjos e dos seres materiais), que significa a criação inteira de cuja imagem foi criado homem, a única criatura que tem a possibilidade de participar de uma forma simultânea e consciente, nos quatro mundos.

Por sua vez, esses quatro elementos expressam os quatro estados da matéria (ígneos, líquidos, gasosos e sólidos), visualizados como energias "elementais" simbolizadas pelas salamandras, ondinas, silfos e gnomos; e estão ligados à idéia de hierarquia que também observamos nas pirâmides divididas em quatro níveis (profano, aprendiz, companheiro e professor), que também simbolizam hierarquias sociais como as expressas na organização de castas hindus (Brahmins, Kshatriyas , vaishas e sûdras) e no plano ideal da República de Platão.


Como podemos ver, o quaternário tem variadíssimas derivações.

Ainda podemos adicionar alguns comentários sobre outras palavras sagradas de quatro letras, ou simbolismos relacionados ao quadrado, como as letras gamma e daleth, ou comparar os diferentes tipos de cruzes de armas iguais, como a dos Templários, a Celta, pré-colombiana, etc. ou referirmo-nos ao tema dos quadrados da Loja, ou aos números quadrados ou quadrados mágicos; ou podemos, em suma, mencionar alguns outros assuntos igualmente relacionados com o número quatro, como o da doutrina das quatro verdades do budismo.

Talvez no futuro teremos a oportunidade de tratar de alguns deles; Mas fazê-lo agora seria afastar-se da idéia original dessas obras que pretendem ser sintéticas e tentar apenas mostrar com alguns exemplos o tipo de idéias que podem surgir quando transcendemos o sentido de números puramente quantitativos e os observamos do ponto de vista qualitativo e tradicional, próprio do hermetismo e do simbolismo esotérico

COSMOGONIA -corpo de doutrinas, princípios (religiosos, míticos ou científicos) que se ocupa em explicar a origem, o princípio do universo; cosmogênese.





A ARCA DA ALIANÇA



Por Ir.´. César Moreno
Revista Hiram Abif – Edição 131 – Junho de 2011.
Tradução: Pedreiro de Cantaria.

Os templários encontraram a arca da aliança que o Senhor ordenou a Moisés construir no monte Sinai e que, segundo a tradição, foi mantida no porão do templo de Salomão em Jerusalém?.

OS CAVALEIROS DO TEMPLO DE SALOMÃO 

A mera menção de seu nome evoca lendas, história, paixão e drama. Cidade mágica por excelência, mãe das três grandes religiões monoteístas, Jerusalém parece ser destomada a ser um cenário de guerras e lutas, mas, também, permanece imune a todas elas a ganhar a eternidade.

Há três milênios, Salomão, rei de Israel, filho de Davi, empreendeu a construção de um templo projetado como o último lugar de descanso da Arca da Aliança, que Moisés levou em seu êxodo no deserto. Sua construção ocupou os hebreus entre sete e treze anos e a engenharia avançada empregada recorda a tecnologia usada na Grande Pirâmide de Gizeh. Na ornamentação do magnífico monumento, estima-se que foram estimadas 86 toneladas de ouro, 126 de prata, uma infinidade de pedras preciosas, as madeiras mais requintadas e os materiais mais suntuosos. Salomão consegjuiu construir um edifício deslumbrante.

Destruído pelos persas, reconstruído com autorização de Ciro II e engrandecido durante o reinado de Herodes, o segundo Tempo, inferior em tamanho ao primeiro, é novamente arrasado pelo imperador romano Tito, que ordena deixar a destruição como prova do poderio de Roma. Do local onde se dizia estar a Arca da Aliança resta apenas uma parede firme, que agora conhecemos como o Muro das Lamentações. Muito perto, no que era anteriormente a esplanada do Templo, hoje são levantadas duas mequitas. Um é o Omar de cúpula dourada, erguida na rocha basáltica, onde os muçulmanos afirmam que Muhammad apoiou os pés na "viagem noturna" de ascensão ao Céu e que a tradição hebraica relaciona com o lugar onde Abraham foi cumprir o mandato divino de sacrificar seu filho Isaac. Suspeita-se que a sua localização seja precisamente aquela que correspondoa ao santo antorum do antigo templo, a sala onde a Arca estava mantida. A outra é a mesquita branca de Al-aqsa, construída pelo imperador Justiniano de Bizâncio sobre os imensos estábulos de Salomão.

Por volta do ano de 1118, antes da tomada de Jerusalém pelos cruzados, nove nobres cavaleiros comandados por Hugo de Payens e Godofredo de Saint-Omer, se dirigem ao novo monarca da Cidade Santa, Balduíno II, com o pretexto de organizar uma ordem militar para a defesa dos lugares santos e dos peregrinos. O rei cristão acedeu imediatamente ao pedido e lhes concedeu, como residência, uma ala de seu palácio, situado onde é a antiga mesquita de Al-Aqsa. Devido ao fato de que esta, como temos visto, estava situada no Monte do Templo, a nova milícia foi denominada “Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo do Rei Salomão”. Haviam nascido os Templários.

Na origem da Ordem do Templo surgem com ele várias questões, das quais vamos ocupar a seguir. Os Templários foram claramente favorecidos pelos governantes desde o início e permaneceriam até o final de seus dias. Não foram a primeira ordem militar a ser fundada na região, mas é necessário ressaltar que naquela época era uma crença geral de que a mesquita branca que lhes era dada pertencia à localização exata do templo de Salomão. Hoje sabemos que ocupou uma extensão muito maior, além da Cúpula da Rocha ou mesquita de Omar, que também foi usada pelo Templo.



Cabe perguntar por que o rei Balduíno doou uma imensa área a apenas nove homens, no máximo, trinta ou quarenta, se incluíssemos possíveis escudeiros e criados, onde podiam ter vários milhares, incluindo os seus montes. Por outro lado, não se sabe se naquela ocasião foi fundada a "polícia de estradas" e que esta tenha participado de qualquer confronto armado durante os primeiros nove anos, período no qual admitiu nenhum novo membro.. Isso não tem lógica em um grupo cujo objetivo, a priori, era formar um exército permanente na Terra Santa. A que teriam se dedicado os primeiros Templários naquele início obscuro?

DEPOIS DAS TRILHAS DA ARCA

A maioria dos autores concorda que os nove fundadores, e os nove como veremos mais tarde é um número que preside as origens do Templo que escavaram o subsolo da mesquita de Al-aqsa teria sido o estábulo real . O que os cavalheiros poderiam procurar? É razoável pensar que era algo realmente importante e que não permitia novos ingressos na recém fundada Ordem . Parece significar que trabalhavam em segredo e que isso deveria ser conservado em segredo aos olhos alheios. Existe algum indício do que teria motivado aquela busca? Para respondermos essa questão devemos voltar à História clássica.

A Bíblia não é apenas um livro de religião. É também um livro de história maravilhoso. E a existência da Arca da Aliança sob o Templo de Salomão, vem da própria história. Sob a orientação de Moisés, a Arca viajou com os hebreus do deserto de Sinai para Horma. Quando Moisés morreu, sob a direção de Josué, ele passou pelo Jordão e entrou na Palestina. No tempo de Samuel, a arca foi capturada pelos filisteus e levada a Ashod, a Gath e mais tarde a Ekron.

Os filisteus são assustados com poderes da Arca, que causava morte e a doença, e a develveram aos israelitas, que a guardaram em Quiriate-Jearim, onde David finalmente a conduziu a Jerusalém. Salomão deveria colocá-lo no santo santorum do Templo que ele ordenou construir: "E Salomão disse: Javé Tu disseste que habitarias na escuridão. Eu edifiquei uma casa para que sejas Tua morada, e tua habitação para sempre. (Livro de Reis I, 8-12, 13). Depois disto não houve nenhuma menção nos livros históricos, apenas lendas.

A tradição se refere à imensa quantidade de objetos sagrados que foram mantidos no recinto do Templo. Além disso, no tesouro procurado, deveria ter muitos outros objetos valiosíssimos: o candelabro de sete braços, chamado pelos judeus de Menorah e a Mesa ou Espelho de Salomão. Na estrutura do Templo havia duas colunas chamadas Jaquim e Boaz, que segundo dizem algumas fontes, continham gravadas em suas paredes informações de capital importância.

Mas muito antes de os Templários chegarem, o Templo já havia sido saqueado várias vezes. Desde o tempo da pilhagem dos persas, com Nabucodonosor II, nenhum documento foi encontrado que se referisse ao tesouro. Também não sabemos este tesouro foi restituído por Ciro II ou se ele permaneceu escondido em Jerusalém durante todo esse tempo. Não se teve mais nenhuma notícia até que Tito e suas legiões romanas varrerem a cidade em 70 dC, e apesar de não sabermos com certeza o que ele conseguiu no saque, menciona-se a transferência de menorah e A Mesa de Salomão.

No entanto, há sinais que nos fazem pensar que o elemento mais importante do Tesouro do Templo, a Arca da Aliança, foi escondida pelos hebreus em um abrigo, em caso de extrema necessidade. O sábio árabe Maimonides cita a existência de uma caverna secreta sob o primeiro templo. Esta caverna, muito profunda, teria sido construída pelo próprio Salomão, que previa uma futura destruição do Templo, decidiu providenciar um esconderijo seguro para a Arca.

Há mais uma prova desse enterro. Os alimentos das oferendas entravam em contato com os rolos sagrados da Torá, então os sacerdotes não admitiram que fossem jogados no lixo. Um cemitério de objetos sagrados chamado guenizá foi criado, e uma antiga tradição afirma que "quando a Arca foi enterrada, o recipiente que contém o maná foi levado ao guenizá, porque tinha tido contato com as Tabuas da Lei".

"Habitarás no escuro", disse Salomão. Esta frase é significativa. Podemos, portanto, deduzir que o rei hebraico se referiu a um lugar escondido, a salvo dos olhares e das ações dos homens. Embora não fosse o próprio Salomão, é certo que em uma Jerusalém sitiada, a Arca da Aliança seria o primeiro objeto a ser escondido dos possíveis vencedores (ou inimigos). Quando mais de mil anos depois, 9 cavaleiros fizeram escavações secretas nos porões do antigo Templo, não podemos deixar de nos fazer uma pergunta: os Templários procuravam pela Arca?

TEORIA DE UMA CONSPIRAÇÃO

Antes de tentar responder a esta questão, devemos considerar o que poderia motivar uma busca semelhante no século XII. O que poderia incentivar nove nobres cristãos a realizar tarefas tão estranhas no seio da Cidade Santa?. E as pesquisas apontam diretamente para a França e para dois homens: Hugo, Conde de Champanhe e São Bernardo de Clairvaux.

Após várias viagens à Terra Santa entre 1104 e 1115, Hugo de Champagne mantém contactos com o Abade da Ordem do Cisterciense, Esteban Harding, a quem ele dá uma terra onde São Bernardo, que entrou na ordem três anos antes, fundou a abadia de Clairvaux. A partir desse momento, os cistercienses, com a ajuda de rabinos judeus, começam a estudar minuciosamente os textos sagrados hebraicos.

O Conde de Champagne haveria encontrado documentos importantes em alguma de suas viagens? Depois de ser traduzido e interpretado esses documentos, é possível que uma missão de busca fosse organizada em Jerusalém, para a qual era necessário ter no comando homens devotos e leais. É absurdo acreditar na existência de uma missão altamente secreta na Terra Santa? Vamos ver como os pedaços da conspiração se encaixam.

Hugo de Payns, o primeiro mestre da Ordem do Templo, nativo da região de Troyes em Champagne, pertenceu a uma família nobre relacionada ao Conde Hugo e era primo de São Bernardo. Este que era considerado de grande valor para os Templários na França, também era sobrinho de outro dos fundadores da ordem militar recém-criada, Andrés de Montbard. Como vemos, a relação não é acidental. Foi dito que desde os primeiros tempos evitaram cuidadosamente o ingresso de outras tropas. Já nos manifestamos, anteriormente, que este não era seu primeiro propósito defender as estradas e lugares sagrados, mas eles (os templários) rejeitaram qualque outra participação, com exceção do conde Hugo de Champagne, em torno de 1125 o 1126. O enredo começa a tomar forma.

Diz-se que Salomão fundou uma "Loja da Perfeição" composta de mestres, e que nove cavaleiros guardavam com suas espadas os nove arcos que levavam à Sagrada Cripta. Nove cavaleiros mantiveram a Arca e outros nove tentaram encontrá-la. Nove escolhidos para combater os infiéis e, sem dúvida, não foram abatidos. Nove homens designados que se comportam como monjes, castos e sem posses, nada deve distrair-lhes nem desviá-los de sua tarefa. A missão está acima de tudo.

Tão importante é a Arca ?, e acima de tudo ... o que é a Arca? Do Livro do Êxodo, sabemos que a arca é uma caixa de madeira de acácia, coberta de ouro por dentro e por fora. Suas dimensões tinham 1,35 metros de comprimento por 0,8 de altura e larga, com quatro querubins cujas asas tocavam para formar o trono de Deus. Era tão sagrada que apenas tocá-la causava morte súbita. Mas o importante não é a própria Arca, mas sim o conteúdo: um vaso com maná, o bastão de Aarão e acima de tudo, as Tábuas da Lei, gravadas em pedra.

As Tabuas da Lei são algo extremamente valioso porque é uma fonte de conhecimento e poder, e ambas vêm de Deus. É uma "lei divina". Inscreveu-se nelas as Tábuas do Testemunho, a equação cósmica, a lei do número, medida e peso que a cabala permitiria decifrar. Possuir as Tabelas da Lei significa ter acesso ao conhecimento da Lei que governa o mundo.

Entende-se que Moisés não enganou o povo hebreu quando prometeu o domínio pelas Tábuas da Lei. Começa-se a entender por que Estevam de Harding e Bernard de Clairvaux dedicaram sua abadia ao estudo dos textos hebraicos trazidos de Jerusalém por Hugo de Champanhe. Porque os textos hebraicos são o tratado de leitura das pedras, mas estas, se ainda existem, se fala que estão em algum lugar sob o Templo de Salomão, e alguém deve procurá-las. E aqui os Templários entram em ação.

UMA MISSÃO CULMINADA DE ÊXITO

Os Templários encontraram a Arca? Não se pode dar uma resposta sincera a esta questão. No entanto, aconteceu algo aos nove anos, novamente o nove, após iniciada a missão: Hugo de Payns e outros cinco templários retornam à França.

Segundo a história oficial, em 1127 Balduíno II, rei de Jerusalém, ecnontrava-se em dificuldade por falta de combatentes e recorre à ajuda do Papa. Ele deseja enviar uma mensagem de socorro e pede ao mestre templário que seja seu embaixador junto ao pontífice. Aqui encontramos outra incoerência nas funções da Ordem do Templo. Hugo de Payns não era um conselheiro nem um mensageiro do rei, mas ele é o líder de uma força militar criada expressamente para a defesa do novo reino cristão.

É suspeito que Baldwin usou o cavaleiro Templário para tal missão, em vez de confiar a um de seus embaixadores, ou na ausência destes, a qualquer outro nobre de confiança que não se estabelecesse permanentemente na Terra Santa que, depois de cumprir seu voto de cruzada para voltar para casa, algo muito comum na época. Mas o rei envia o mestre templário e este parte com seis de seus nove cavaleiros, abandonando seus deveres no exterior

A lógica não funciona, algo falha no planejamento. A menos que ... possamos pensar, que Balduíno II tenha aproveitado uma viagem expressa dos membros do Templo para confiar-lhes a tarefa. Uma viagem que podemos supor, teve que ser realizada seguindo mediante um plano estabelecido do outro lado, possivelmente por San Bernardo. Os cavaleiros tiveram êxito na missão e deveriam voltar ao ocidente.

Esta declaração não é feita de forma leve. A partir desse momento vão se dar grandes mudanças que irão afetar a Ordem do Templo e toda a Europa, mas o próprio São Bernardo nos dá uma pista que comporta nossas suposições. A primeira coisa que ele fez foi gerenciar uma recepção cordial e positiva do Papa Honório II para seu parente, Hugo de Payens e os Templários que o acompanhavam, uma vez que esses cavaleiros estavam prestes a visitar Roma. De acordo com a proposta de Bernardo, na primavera de 1228, o Conselho Extraordinário de Troyes.

Os cavaleiros até aquele tempo, embora sob o domínio monástico de Santo Agostinho, eram laicos, mas depois do Concílio de Troyes, os Templários se tornavam verdadeiros monges, membros de uma ordem religiosa plena e não um simples grupo de cavalheiros. Além disso, o abade de Clairvaux é instruído a escrever uma Regra original para a nova Ordem do Templo, e São Bernardo escreve: "O trabalho foi realizado com nossa ajuda. E os cavaleiros foram convocados na Marca da França e da Borgonha, isto é, no Champagne, sob a proteção do Conde de Champanhe, onde podem ser tomadas todas as precauções contra a interferência dos poderes públicos ou eclesiásticos; onde, neste momento, um segredo, uma custódia, um esconderijo pode ser melhor assegurado ".

O trabalho foi realizado. Os cavaleiros foram convocados. Um segredo. Um segredo que fizemos "Nós", isto é, ele e seus cavaleiros, "sob a proteção do Conde de Champanha". Três anos antes, Hugo de Champaña, um dos maiores senhores feudais da França, abandonou suas terras e repudiou sua esposa e filhos para se juntar à Ordem. As peças do quebra-cabeça começam a se emcaixar.

CHARTRES: UM SEGREDO GRAVADO NA PEDRA

A partir de 1130, o estilo gótico explode na Europa. O gótico não é uma evolução do românico, aparece de repente e quase sempre nas abadias cistercienses. Se o românico atinge sua plenitude após múltiplas melhorias do estilo romano e bizantino, o gótico vem de repente, completo e total. Aparece após a primeira cruzada e especialmente após o retorno dos Cavaleiros Templários com sei segredo dele. Um segredo sobre o sagrado. Um segredo concernente a utillização sagrada, e por que não dizer mágica, da arquitetura?

Já mencionamos o que oque continham as Tábuas da Lei. A chave numérica que foi usada na construção da Grande Pirâmide e do Templo de Salomão. Não há necessidade de lembrar que Moisés veio do Egito. Toda a cultura egípcia estava concentrada nos sacerdotes e ele era um deles, então ele foi educado em todas as ciências dos faraós.

Na Europa medieval e por aproximadamente 150 anos, a aplicação desse conhecimento arquitetônico se manifestará na construção das grandes catedrais. E é em uma delas, Chartres, muito perto de Paris, onde encontramos uma nova referência à Arca da Aliança. Sem dizer que a Catedral de Chartres tem o estilo gótico e sua origem é, obviamente Templária.

O pórtico norte da catedral é chamado de pórtico dos iniciados. Nele estão duas colunas esculpidas. Numa delas se observa uma arca que é transportada por um carrinho de bois, e, na outra, podemos ver um homem cobrindo uma arca com um véu, cercado por uma pilha de cadáveres entre os quais se destaca um cavaleiro com uma cota de malha. As duas colunas, logo abaixo das representações, formam uma controvertida lenda “:Hic Amittitur Archa Cederis”. Falamos controvertida porque a expressão tal e como está gravada não existe em latim, o que é realmente estranho, mas surpreendentemente o único texto plausível, que seria “Hic Amittitur Archa Foederis”, se traduz como “Neste lugar se oculta a arca da aliança”. Parece muita casualidade para pensar que não existe algo verdadeiro em tudo isso.

O Gótico não é somente uma inovação técnica. Não se trata unicamente da construção de templos, mas, também, além do Templo. Para uma expansão equivalente a que teve se requer uma ciência mais elevadas que o cálculo de estruturas. Gastaria muito tempo para explicar as diferenças em relação aos estilos anteriores, mas enquanto o românico dirige suas forças para baixo, o gótico os impulsiona para cima, porque a abóbada não pesa nas paredes, mas estas a empurram para cima. Esta ogiva, submetida a pressão, se transforma em um instrumento de música, em uma caixa de ressonância que aproveita as correntes telúricas que atuam sobre o homem, nas quais os construtores levantaram as catedrais. A catedral gótica é mais parecida com um acumulador de energia e sob sua abóbada o homem endireita-se, põe-se de pé. Se faz necessário um conhecimento das leis dos números, das leis da matéria, do espírito, para que atue dessa forma sobre os homens, tanto a nível físico quanto psíquico. Não foi acaso São Bernardo que disse de Deus: “Deus é longitude, largura, altura e profundidade”? Esse saber, que se estava nas Tábuas da Lei, foi sem dúvida utilizado.
Além da Catedral francesa, merece um lugar de honra a Abadia de Rosslyn, na Escócia, perto de Edimburgo. Após a dissolução da Ordem do Templo, entre 1307 e 1314, muitos dos sobreviventes se mudaram para a Escócia e Rosslyn foi a última fortaleza templária. Alguns eminentes pesquisadores suspeitam que poderia ser o sítio definitivo da Arca da Aliança que os Templários teriam carregado e escondido lá, juntamente com os outros tesouros, nunca encontrados.

Como pode ser visto, tudo nos Templários é i, enigma contínuo. Enigmas que, em muitas ocasiões, voltam para a noite mais remota do tempo. Deuses antigos de outras religiões, ritos ancestrales perdidos, objetos sagrados antigos, alquimia, feitiçaria ... em tudo isso aparecem os Pobres Cavaleiros de Cristo. Pode ser simples fantasias, mas não podemos deixar de nos perguntar, a que conhecimento oculto os templários tiveram acesso? Até que ponto chegava o conhecimento deles? Um dia, poderemos saber, enquanto isso, devemos nos contentar com o que as lendas nos dizem



sexta-feira, 1 de setembro de 2017



NOAQUITAS: MAÇONS E CARPINTEIROS

Baseado no texto do Ir∴ Neville Barker Cryer, publicado pelo Cannonbury Masonic Research Center, em fevereiro de 2000
Por: Luciano R. Rodrigues (Blog O Prumo de Hiran)



Nas Constituições de Anderson, edição de 1738, é introduzida uma alteração em relação a primeira versão, de 1723: “Um maçom é obrigado a obedecer a lei moral…… como um verdadeiro Noaquita”

A temática principal deste artigo é fácil de expressar:

O argumento é que, ao tentar resolver algumas questões de longa data, relativos ao nosso Ofício, sempre nos encontramos limitados a buscar respostas orientadas ao material da construção em pedra.

Quando aceitamos que os carpinteiros e marceneiros, assim como outros artesãos, também eram considerados “verdadeiros maçons”, podemos vislumbrar novas soluções.

O principal segredo será resolvido quando descobrirmos por que se dizia que nós, os maçons, éramos “Noaquitas” ou “Filhos de Noé”.

Embora esta tese seja simples de expressar, pode não ser tão simples, desvendar e obter provas, isso porque devemos superar quatro obstáculos:

1 – Precisamos de uma redefinição de termos, como o de “Mestre” ou de “Maçom”, que adquiriram uma identidade que parece apenas com “trabalhador da pedra”.

2 – Temos que considerar alguns pontos de vista existentes, que podem ser vistos como fora do âmbito desta discussão, por exemplo, as tradições anteriores a 1717, que são irrelevantes.

3 – Temos que admitir alguns fatos novos, tais como pinturas murais de Tudor, que à primeira vista tem aparência interessante, mas podem ser inadequados ou desnecessários.

4 – Temos de desfazer erros que desafiam os esforços do estudioso mais paciente.

Enfrentando uma série de obstáculos, parece que o melhor caminho é recuar e aceitar a derrota, enquanto a escolha óbvia seria deixar tudo como está, exceto quando vale a pena verificar. Eu acho que esta é uma daquelas ocasiões.

O que buscamos é a solução para as seguintes perguntas:

– Em que contribuiu o Manuscrito Graham, para a maçonaria Inglesa?

– Qual é a base provável da lenda de Hiram no terceiro grau?

– O que James Anderson estava tentando dizer, ao chamar os maçons de Noaquitas?

No que se segue, vou adotar uma linha de argumentação com base em evidências, afim de procurar responder às questões levantadas, e ainda, tentar demonstrar como elas estão interligadas.

Começamos com uma experiência baseada em relatos de uma visita em 1997, sobre arquitetura histórica, onde ocorreu uma série de palestras e atividades organizadas pelo chanceler da Catedral de York.

O objetivo era revelar ao público algumas das histórias e relatos relacionados com a construção da igreja. O item que mais atraiu a imaginação foi uma visita ao Capítulo da Catedral, incluindo o que é conhecido como a Câmara do Maçom, incluindo os andaimes de madeira que apoiam o telhado deste local de reunião.

Ao visitar esses lugares se adquire uma impressão permanente – uma íntima conexão do ofício dos carpinteiros com o dos pedreiros.

A Câmara do Maçom era a sala onde os desenhos para o trabalho em pedra eram desenhados no chão pelo Mestre Arquiteto e vestígios de alguns desenhos ainda estão conservados lá. Pendurados no teto, estão fileiras e mais fileiras de modelos de madeira que serviram de guia para os pedreiros na tarefa de preparar as costelas das abóbadas, janelas redondas, pedestais, cabeças dos pilares, picos e fachadas.

Todos estes itens da arte dos construtores da pedra, dependiam, para sua correta execução, de projetos de madeira feitos pelos carpinteiros sob a direção do Mestre Arquiteto.

Você pode imaginar que esta sala era uma colmeia em plena atividade.

Agora, subindo uma escada em caracol, se alcançava uma sala octogonal.

Acima da cabeça, se tem um conjunto de grandes vigas de madeira, em forma cônica, arrumados para ajustar a marcação do ápice no telhado do Capítulo, chanfradas e revestidas de lâminas de chumbo para impermeabilizar e sobre a qual as camadas de telhas são colocadas.

Aqui em uma das exposições mais complexas e impressionantes de carpintaria e montagem de toda a Europa, se pode apreciar o verdadeiro esqueleto e fundação que permitia que o trabalho de pedra abaixo, permaneceria seguro, seco e estável.

E isso não é tudo. A partir do ápice do telhado desce uma coluna de madeira, como o mastro de um navio antigo, formado com três grandes pedaços de madeira, como se uma única não fosse possível cobrir tal comprimento.

Essa grande coluna se funde com a base e a fundação do edifício, como uma enorme âncora. Compreendemos que há uma realidade interior deste edifício medieval, uma união inseparável de pelo menos dois ofícios, para produzir a maravilha da “Chapter House of York”: Pedreiros e carpinteiros trabalharam lado a lado.

Na maioria das vezes, esquecemos esta colaboração no período de funcionamento desses ofícios, mas com certeza os nossos antepassados não cometiam o mesmo erro.

Em um memorando de Dublin, datado de 1797, está registrado “… nós, a companhia de carpinteiros, pedreiros, construtores…” e “a verificação da altura de uma parede da Torre de Londres, foi realizada na presença de William Ransey, Mestre Pedreiro, e de William de Hurley, Mestre Carpinteiro.

E é precisamente deste tipo de inter-relação que se reflete nas Constituições da Primeira Grande Loja dos Maçons Livre e Aceitos ou maçons especulativos, de Londres e Westminster, em 1722-1723, compiladas pelo célebre Dr. James Anderson.

Ali primeiramente expressa:

“… os maçons sobre todos os outros artistas, eram os favoritos do Eminente e se fizeram imprescindíveis por seus grandes conhecimentos de todos os tipos de materiais, não só de pedra, tijolo, madeira, cal, mas também em tecidos e sedas usadas para as tendas e para vários tipos de arquitetura”.

“Não nos esqueçamos, também, dos pintores e escultores que eram reconhecidos como bons maçons, tais como cortadores de pedra, fabricantes de tijolos, carpinteiros, montadores, construtores de tendas e um grande número de artesãos que não podemos nomear, e que trabalhavam de acordo com a Geometria e Regras de Construção; mas nenhum desde Hiram Abiff foi reconhecido por dominar todas as partes da Maçonaria.

Neste caso podemos chegar à conclusão de que não eram apenas os trabalhadores “da pedra” que seriam considerados “maçons”.

Se podemos garantir que para a nova classe de maçons especulativos, pelo menos os carpinteiros eram vistos como pertencentes ao círculo da Maçonaria geométrica, não é de estranhar que, na história lendária dos maçons, aparecem histórias relacionadas com outros ofícios.

Nas Constituições de 1723 tem o seguinte texto:

“Noé o nono desde Seth, recebeu a ordem de Deus para construir uma grande arca, de madeira, certamente fabricada com geometria e de acordo com as regras da maçonaria.

Noé e seus três filhos, Jafé, Sem e Cam, todos verdadeiros maçons, trouxeram com eles depois do dilúvio, as tradições e artes dos antediluvianos (sic)…”

A história de Noé e sua família construindo a Arca foi especialmente conectada com o ofício dos carpinteiros medievais, e sublinhado por duas coisas:

A primeira foi revelada no livro de Jasper Ridley, History of the Carpenters Company of London (1995), que reproduz quatro pinturas murais do século 16 (1545), que foram descobertos no Carpenter Hall durante a metade do século 19, por ocasião da sua restauração.

A primeira dessas pinturas mostra o patriarca Noé, orando diante do Altíssimo, enquanto seus três filhos trabalham no navio (e se nota também uma escadaria que levaria para a glória do Senhor, que lembra o painel do primeiro grau).Noé e a construção da arca. Em 1845, os trabalhadores no Hall descobriram a pintura mural.

Este, se encontra nas paredes do local de encontro oficial dos Carpinteiros de Londres, confirma a associação dos ofícios.

O segundo fato refere-se à escolha de papéis, nos ciclos de mistérios que foram celebrados em muitas cidades na Inglaterra desde o século 14 a 16.

Sabe-se que, em Chester, Newcastle e em York, a representação de Noé era reivindicada pelos construtores navais pois eles estavam envolvidos na construção de um casco de madeira, anunciando suas habilidades.

Os Carpinteiros de York e de Chester encenavam a ressurreição. Nesta representação, Cristo se elevava de um caixão de madeira, do qual era suposto ter sido depositado na sepultura.

O vínculo entre este incidente e a história bem-conhecida por nós como a lenda do terceiro grau, não requer qualquer comentário especial se você considerar alguns painéis ou tapetes de grau, muito antigos.

Mas isso não é toda a evidência que temos. Há pelo menos três assuntos adicionais que merecem nossa atenção.

O próximo fator em comum entre os dois ofícios é a escolha de um patrono em comum. Era a Virgem Maria, mãe de Jesus. Para os maçons, a escolha se torna evidente.
Pintura de Maria no Carpenters Hall

Jesus era a pedra angular do Templo e a chave para o seu arco. Maria era simbolicamente conhecida como “templo” do qual a glória do Senhor emergiu e, portanto, como a mãe de Jesus, era natural que fosse escolhida por aqueles que fizeram surgir formas das pedras.

A ela também se referiam os escritores medievais, como “uma torre”, símbolo que aparece no brasão de armas dos construtores, apoiando este vínculo.

Para os Carpinteiros, não menos importantes do que Maria (enquanto esposa de um carpinteiro e mãe de Jesus que tinha servido como um aprendiz e treinados na arte) era José, tornando sua escolha como padroeiro dos trabalhadores de madeira, absolutamente óbvia.

Assim, outras pinturas Tudor no Carpenter Hall (Salão dos Carpinteiros), mostra Maria (sem auréola), Jesus como uma criança aprendiz (com auréola) praticando com pedaços de madeira e José como Mestre Carpinteiro com chapéu, vara, túnica e luvas vestidos como um Mestre dos maçons da pedra da época.

O Mestre e Vigilantes da Companhia dos Carpinteiros usavam tais chapéus, conforme revelado em uma das fotografias de Jasper Ridley, mostrando uma cabeça real com algo desgastado do período Tudor.

Quando se teve uma dedicação patronal comum aos dois ofícios, que tinham o mesmo dia Santo (ou festivos, quando os aprendizes eram liberados de seu trabalho) e as mesmas tradições religiosas e lendárias, a conexão entre Pedreiros e Carpinteiros aparece com mais força ainda.

E mais uma: as guildas tinha patronos secundários que também eram santos e suas apresentações teatrais, eram realizadas antes mesmo do dia de Corpus Christi.

Os Pedreiros tinham como patronos os dois São João, enquanto que os Carpinteiros honravam São Lourenço.

Jasper Ridley nos diz que a escolha de um Mestre Carpinteiro era realizada no dia de São Lourenço, onde também se realizava uma peça representando o mistério deste santo.

Não é possível fazer aqui uma descrição completa da história desses personagens, mas um dos fatos simbólicos intrigantes: que antes de ser morto, Lourenço foi amarrado a uma grade quadrada (da mesma forma do Palácio de Felipe II no Escorial em Madrid dedicada ao santo) e os gestos adotados nestas representações, são baseados em esquadros.

Assim, quando o santo está diante de seus acusadores, tinha os braços em jarro, ou seja, as mãos nos quadris e braços em ângulo reto aos ângulos do corpo, e para emitir parecer favorável a qualquer pergunta, estendia o braço direito da frente em um ângulo reto em relação ao corpo.

Hoje em dia, os maçons atuais dão o seu de acordo a qualquer questão desta forma.

Este antigo uso dos carpinteiros, foi “absorvido” no sistema maçônico especulativo.

Portanto, parece que desde o início do desenvolvimento do nosso ritual e lenda, desde os dias da primeira Grande Loja em Londres em 1717, se contava com uma dupla fonte de material, da qual se recorria.

Os irmãos que projetaram as cerimônias que se tornariam o padrão para a prática na Inglaterra do século 18, foram capazes de usar ecos não só tradicionais que ligavam o novo ofício com o dos pedreiros, mas também com os trabalhadores de madeira, carpinteiros.

O que é mais natural, então, que na formação de nossa prática maçônica do século 18, apareceria duas lendas sobre fundamentos da história bíblica.

A primeira é a história novamente relatada por Anderson em suas Constituições, a preservação das Sete Artes e Ciências Liberais da humanidade para a criação e proteção dos dois grandes pilares que ligam Adão, através de Lameque, com Hermes e no período pós dilúvio.

É útil revermos algumas dessas histórias como foram inicialmente contadas:

… Lameque teve duas esposas, uma chamada Ada e outra Zila; com Ada teve dois filhos, Jabal e Jubal; com Zilla um chamado Tubalcaim e uma filha, Naamá.

Estes quatro filhos foram os iniciadores de todos os ofícios do mundo … Tubalcain fundou o ofício do ferro, ouro, prata, cobre e aço. E eles gravaram estas ciências, que tinham fundado, em dois pilares de pedra que poderiam ser redescobertos depois de Deus se vingar; Um deles era de mármore que não poderia ser queimado, e o outro de um material que não seria afetado ao ser submerso em água…

Imediatamente se nota uma diferença perceptível nas substâncias que formam os pilares, pela introdução do termo “pedra”, obviamente na intenção de reivindicar aos pedreiros maior importância.

A lenda passou por muitas variações, mas foi finalmente consagrada da maneira que normalmente é afirmada, onde se lê:

“Estes pilares eram ocos, para servir como arquivos da maçonaria e onde os rolos das constituições foram depositados. Eles eram de bronze.

Também deve-se notar que temos a palavra “Tubalcain” criando uma ligação com as tradições antigas e enfatizando o lugar de outros ofícios, dentro da Maçonaria.

A segunda lenda se refere a anterior, uma vez que é baseado em Noé e seus descendentes na preservação dos “verdadeiros segredos” do ofício.

Após a passagem citada anteriormente sobre Noé, nas Constituições de 1723, lemos: “Noé e seus filhos comunicaram (Artes e Ciências) aos seus descendentes. Por cerca de 101 anos depois do dilúvio, encontramos um grande número de descendentes da raça de Noé, no vale de Sinar … que mais tarde foram conhecidos como Caldeus e Magos, que preservaram a boa ciência, a Geometria, que grandes Reis e grandes homens aplicaram à Arte Real. Mas não podemos falar mais a respeito, exceto em uma loja constituída ….”

Esta afirmação em negrito, indica que não estamos na presença de uma forma simples de um registro histórico, mas uma parte do que se chama “ritual” na forma das palavras usadas em cerimônias da loja.

E precisamente por esta razão que somos cativos de atividade maçônica, o ritual, que identifica e distingue a maçonaria de outras formas de associações sociais ou de intercâmbio, e precisamos reexaminar um documento ritual familiar que não só lança luz sobre a história de Noé e seus filhos, mas os liga as práticas semelhantes que têm sido desde o século 18, a principal característica do que chamamos de “Maçonaria livre e aceita”.

O documento é o Manuscrito Graham com data ambiguamente registrada como sendo 1726 ou 1672.

Não há uma conclusão firme sobre a datação correta, mas em um exame pericial do documento original, se pôde afirmar que vem do século 17 e que 1726 seria a data em que teria sido copiado.

O Ir∴ Herbert Pool, que foi o primeiro a chamar a atenção do mundo maçônico para o manuscrito Graham, apresentou sua opinião de que a história de Noé já era conhecida do ofício “em sua ampla forma, pelo menos 21 anos antes da formação da (primeira) Grande Loja”. Isso o tornaria contemporâneo do período em que algumas das nossas práticas especulativas maçônicas estavam se formando.

O que é relevante é o fato de que termos aqui a história de Noé, o guardião dos segredos dos sete Artes e Ciências Liberais, declarando que a descoberta de tais segredos só pode acontecer quando há três presentes (uma voz tripla), mas ele morreu antes de revelá-los…

Seus filhos tentaram levantá-lo por cinco pontos, de tal forma a descobrir os segredos de sua sepultura, mas sem sucesso e a busca do objetivo desejado deverá ser feito por outros meios.

A proximidade dessa história ao posterior “ritual” do terceiro grau, não pode ser ignorado e uma vez que não tem qualquer outro material existente que explique de onde surgiu a lenda de Hiram, sendo assim, convém investigar possíveis ligações entre o manuscrito Graham e sua contraparte.

Observamos, que em 1738, outra edição das Constituições da Grande Loja tem uma referência direta aos maçons como Noaquitas ou “filhos de Noé”, assim, devemos reconhecer que esta forma de nomear a nova forma de ofício especulativo era normal e aceitável.

A utilização do termo “Noaquita” naquela época, significa que pelo menos até então havia algum tipo de associação entre “maçons” no sentido amplo e a história ou lenda de Noé.

O Manuscrito Graham dá forma e realidade para essa associação.

Em um texto da AQC (1967), podemos considerar e fazer três comentários sobre o conteúdo principal que tem alguma relevância para este trabalho.

Parece ser um documento para uso em uma loja, em vez de uma produção literária para o estudo privado. Ele tem ligações óbvias com as chamadas Old Charges, e fizeram observações em 1967 (AQC 80. p100).

Harry Carr escreveu:

Parece provável que a coleção de lendas Graham era de uma tradição herdada e não uma invenção de quem as transcreveu…

Coletivamente (como nas Old Charges) parecem ter uma história separada das tradições, desconectadas das práticas rituais originais, mas estava disponível para ser adotadas em algum ritual, quando surgisse a necessidade ou oportunidade.

Deve-se notar que nem Harry Carr, nem ninguém em 1967, poderia sugerir de onde vinham essas tradições. Mas estas lendas podem ter começado a ser usadas no ritual, confirmada na introdução ao manuscrito, que afirma que a pessoa que se beneficiaria de seu conteúdo era um maçom livre e aceito, de boa fé.

Citando:

A saudação é a seguinte: – De onde vindes?

– Venho de uma mui venerável loja de Mestre e Companheiros…. que são todos verdadeiros e perfeitos irmãos de nossos segredos sagrados, que os darei se comprovar que é um deles…

Como foste feito Maçom…?

Estas e subsequentes perguntas e respostas, tudo na forma de um catecismo primitivo, ressaltam a antiguidade da forma e do conteúdo deste manuscrito, mas sugere que estamos no início de nossa viagem através do século 18.

Vejamos, algumas partes do manuscrito.

A primeira e mais marcante observação é que se mostram três estágios de conhecimento maçônico. Eles estão conectados com Noé, Moisés e Salomão. É realmente uma coincidência que todas estas fases incluem uma estreita ligação entre os trabalhadores de pedra e de madeira.

Noé, como se vê, herda os pilares de pedra com o conhecimento “secreto”, que como a Arca, vai sobreviver ao dilúvio, enquanto sua descendência, os construtores babilônicos, constroem a sua torre.

Bezaliel, o artesão escolhido por Moisés, surge como o criador de outra arca de madeira que será o símbolo da salvação dos últimos descendentes de Noé, vagando no deserto e está alojado em uma “tenda” de madeira e tecido, com dois grandes pilares na entrada.

Solomão aparece agora e erige sua mansão do Senhor, com paredes permanentes de pedra e pilares com câmaras e painéis de cedro e um santuário de ouro da mesma madeira da Arca da Aliança.

A união dos dois grandes ofícios de carpintaria e pedra não podem ser apresentados de forma mais dramática.

O segundo ponto seria que estes estágios estão presentes na história tradicional de James Anderson e confirma que ele não estava fantasiando quando disse, em 1738, que “os maçons foram os primeiros Noaquitas”.

Pode muito bem ser o registro da sentença de morte da antiga lenda dos carpinteiros, como parte do progresso incessante da maçonaria especulativa Inglesa, mas pelo menos estava apontando uma era de evolução da lenda, que forma parte de nossa herança.

O aspecto Noaquita da nossa cultura maçônica tem sido minimizada, tendo um paralelo notável com outras tendências artísticas.

Cito uma passagem de um romance de 1989 (Julian Barnes, História do Mundo em 10 capítulos e meio, p 137f) :

“Para os primeiros doze séculos cristãos ou mais, a Arca (geralmente representado como uma simples caixa ou sarcófago, para indicar que a salvação de Noé era uma pré demonstração da saída de Cristo de sua sepultura) aparece abundantemente nos manuscritos iluminados; esculturas e vitrais das catedrais. Noé era uma figura muito popular … mas onde estão as grandes pinturas, as imagens famosas que o inspiraram?

A Arca finalmente chegou ao seu horizonte e desapareceu. ”

Na pintura de óleo sobre tela de Nicolas Poussin, chamada de “O dilúvio” (primeira parte do século 18) o navio ainda podia ser visto. O velho Noé já tinha saída da história da arte.

A terceira observação apresenta uma pergunta:

Por que Noé, seus filhos e descendentes, apareceram na lenda maçônica e no ritual?

Vamos ver o que o Ir∴ Harvey, autor de AQC (1967) tem a dizer:

… nos primeiros anos da Grande Loja, entre 1722 e 1725, Desaguliers e seus amigos, consideraram conveniente reformar o que eles viam como marcante no ritual, aparentemente, as lendas Graham ou algo semelhante.

Por razões práticas, conservaram os Pilares em uma legenda dramática de fidelidade. Para ganhar consistência, toda a ação se mudou para Jerusalém. Hiram, o filho da viúva e Bezaliel, se confundiram facilmente em um só personagem.

O principal problema era a busca dos segredos substituídos e a transformação do falecido Noé, no Hiram vivo, mas esta invenção não parece ter causado muitas dificuldades a estes homens instruídos. (P.85-86).

Posso concordar com tudo isso, mas ainda resta uma pergunta, por que fariam algo que sairia, mas não deixaria o tema central de Noé?

Porque eles eram teólogos que conheciam a tradição de Noé, não eram os maçons de pedra, porque a tradição de Noé tinha uma ligação prolongada com um motivo da ressurreição de Cristo e que também tinham fortes laços com Nemrod e a Torre de Babel e associação “oculta” de Cam. Ao transferir a história para um filho médio de Israel, menos conhecido, resolveram muitos problemas em um só golpe. Tudo isso mostra o quão valioso e útil para eles, foi a lenda do manuscrito Graham.

Ir∴ Bathurst, no entanto, faz um outro comentário:

“O que é muito estranho é que Noé, Bezaliel e a abertura dos Vigilantes (todos elementos da história Graham) estavam no esquecimento, mas não ficaram lá.

Homens que mal tinham ouvido falar de Thomas Graham, o desenterraram anos mais tarde como base para cerimônias adicionais” (p.91, AQC 80). É aí que surge o grau de Royal Ark Mariner e porque estes primeiros protagonistas, no final do século 18, afirmaram ele sendo como uma linhagem de um século antes, que foi julgado como excessivo e até mesmo absurdo, um julgamento que agora deveria ser reavaliado.

O que também é interessante é que nas formas mais primitivas do “grau da Arca” não é a história da Arca de Noé o foco do grau, mas sim a construção e destruição da torre de Babel.

A referência de James Anderson, para os maçons como “Noaquitas” não era simplesmente para voltar a uma antiga tradição.

Como uma “base da religião natural”, no qual todos os homens coincidem, ele está sugerindo que somos aqueles que aceitaram as Leis Noaquitas como o nosso padrão. (p.353).

E para reforçar a influência persistente da tradição de Noé no Ofício Inglês, foi que o pombo substituiu as figuras do Sol e da Lua – figuras de Hermes e emblemas rosacrucianos – nas hastes dos Diáconos, depois da União de 1813.

A lenda dos Carpinteiros ainda segue no trabalho dos maçons da pedra.”

Há ainda um aspecto desta tese para elucidar. Como os segredos prometidos no manuscrito Graham, permanecem ocultos, apesar de terem sido divulgados por Bezaliel aos Príncipes de St. Alban, então teve que haver uma nova maneira de recuperar e revelar completamente aos Mestres.

Isso exigia novas formas para as lendas antigas. Dr. Oliver mostrou que o símbolo do arco-íris era parte de uma antiga cerimônia do Real Arco e como mostrado na Torre de Babel, toda a comunicação tornou-se impossível entre os construtores, foi assim que a partir de Babel ou Babilônia é que deveria vir a restauração do edifício contendo segredos.

Bezaliel com a “Arca” Mosaica também aparece como tendo redescoberto a verdadeira “palavra” do Todo-poderoso sob o Templo.

Não é de se surpreender que outras pinturas Tudor que adornam o Carpenters Hall (Hall dos Carpinteiros), mostram o Rei Josias instruindo seu povo a reconstruir o templo em Jerusalém.

Pintura. O rei Josias dá instruções para reconstruir o Templo em Jerusalém.

Podemos sugerir que, assim como os Carpinteiros, outras pinturas e lendas influenciaram as histórias em nosso Ofício, a ponto de ter impacto sobre o desenvolvimento dos rituais.

Bibliografia:

Baseado no texto do Ir∴ Neville Barker Cryer, publicado pelo Cannonbury Masonic Research Center, em fevereiro de 2000


OS HICSOS[1] E A MAÇONARIA



Por Orlando Dionísio Ribeiro Filho
Revista Hiran Abif – Edição 095 – fevereiro de 2008
Tradução: Pedreiro de Cantaria

Há muitas lendas e histórias sobre a origem da Ordem, algumas com certo fundamento e outras não tanto. Chama nossa atenção, uma delas em particular: a dos Hyksos. Para algumas de suas citações, acreditamos que isso pode ser provavelmente real.

É uma teoria do escritor Tom Valentine, escrita em um de seus livros: "The Great Pyramid". Em resumo, Valentine acredita que, na antiguidade, milhares de anos antes de Cristo, ao contrário do que se supõe, existiram pessoas altamente civilizadas, principalmente avançadas moralmente e intelectualmente, eram Hicsos ou Reis Pastores, que se infiltraram entre os Cidades do Egito, provenientes da região, que conhecemos como Etiópia, apoderando do governo sem violência e fazendo várias mudanças sociais.

Eles eram excelentes pedreiros e artesãos, sua tribo compreendia várias famílias, cada clã era governado por um homem sábio e engenhoso, o patriarca. Esses patriarcas eram os mais velhos, responsáveis ​​pela preservação do conhecimento. Eles descendiam de uma civilização ainda mais antiga, chamada MU, razão pela qual eram denominados Mussons, sendo eles os guardiões da Arca do Testemunho, ou Arca da Aliança.

A pronúncia da palavra Musson no Egito seria equivalente aos maçons, porém, mais do que isso, pelo seu próprio modo de viver, os mussons, espalharam sua filosofia de vida, que era o esforço para a perfeição humana, acreditando que pela prática da Virtude, todo homem seria capaz de alcançar a perfeição. 

Eles não tentaram introduzir uma nova religião no Vale do Nilo, sabendo da existência de crenças tradicionais, o que seria imprudente de alterar. Enquanto isso, lançaram novas concepções sobre a natureza humana em uma série de papiros egípcios que são conservados no Museu do Cairo, denominados "O LIVRO DO MORTE".

Eles foram responsáveis ​​pela construção da "Grande Pirâmide de Gizé", que hoje desafia a ciência pela perfeição de sua construção. Este monumento foi construído para que o homem pudesse alcançar a "Gloriosa Luz".

Antes de desaparecer tão misteriosamente como surgiram, este povo deu origem a uma sociedade chamada “Hermética”, que permaneceu com a missão de zelar e guardar a “Arca da Aliança”.

Um de seus integrantes foi José, outro Moisés e finalmente se fala que Jesus, também descendia dos “Herméticos”, povo que tinha descendentes entre os Essênios.

Trata-se, somente de uma suposição, uma teoria, mas, porém, tão profundamente interessante que é merecedora de maiores e mais cuidadosas investigações e estudos.

Dos cinco continentes lhes haviam sido enviados excelente e original planta motivadora, sinalizando nossos caminhos. Tão cheios de perguntas ainda hoje ...

Se os Hicsos fossem nossos pais originais, então muitos temas maçons teriam muito mais claridade, maior definição e melhor precisão. Excemplo:

- Sua alta qualidade como sociedade civil e, em tal virtude, nossa fraternidade universal teria tarefas totalmente distintas das atuais;

- Seu elevado prestígio como cientistas, em tal virtude, os ensinamentos maçônicos, dentro das oficinas, seriam muito mais rigorosos e de alto poder;

- Seu modelo de conduta virtuosa, em tal virtude, as poses epidérmicas, corteses e de mero tratamento seriam conversas da filosofia real e substantiva de vida e de distante existência maçônica.

- Porém, sobretudo, sua organização, sua ideologia, sua doutrina e sua práxis política, em tal virtude as Grandes Lojas e Oficinas, teriam outra conotação, configuração, apresentação e práxis[2]

Tudo isso, podemos especular de forma válida, porque os Hyksos ou Mussons eram pessoas altamente civilizadas e muito efeticases para concretizar, erguer, planejar e perpetuar obras tangíveis de alcance universal e orgulho para a raça humana ... que nem o tempo tem sido capaz de destruir...

Muito ao contrário, o tempo deu às suas magníficas obras maior brilho, mais luzes e maior glória.

Será que esta política não está pronta e acabada para a maçonaria ou será que existem interesses que isto seja da forma como se preconiza hoje.

Ao que parece, essa a política não tem sido guardada pela Maçonaria ... ou será que existem interesses no que se ensina hoje?

Finalizando, talvez seja esse o motivo de tanta incompreensão, de tanta cisão, de tanta falta de humildade, pois a ciência dos nossos antepassados ficou esquecida na poeira do tempo.


[1] Os hicsos (em egípcio heqa khasewet, "soberanos estrangeiros"; em grego Ὑκσώς ou Ὑξώς; em árabe: الملوك الرعاة, "reis pastores", ou como em versão atualizada "reis cativos") foram um povo asiático que invadiu a região oriental do Delta do Nilo durante a décima segunda dinastia do Egito, iniciando o Segundo Período Intermediário da história do Antigo Egito. São mostrados na arte local vestindo os mantos multicoloridos associados com os arqueiros e cavaleiros mercenários mitanni (ha ibrw) e Canaã, Aram, Kadesh, Sídon e Tiro

[2] O termo práxis provém de um termo grego e diz respeito à prática. Trata-se de um conceito que é utilizado em oposição ao de teoria. O termo costuma ser usado para fazer alusão ao processo pelo qual uma teoria passa a fazer parte da experiência vivida. A praxis é considerada uma etapa necessária na construção de conhecimento válido. A teoria é implementada nas aulas e foca-se na abstração intelectual; a práxis, por sua vez, ocorre a partir do momento em que essas ideias são experimentadas no mundo físico para continuar com uma contemplação reflexiva dos seus resultados. 



quinta-feira, 31 de agosto de 2017



A GEOMETRIA SAGRADA


“Platão considerava a geometria e os números como o mais conciso e essencial, e, portanto, o ideal da linguagem filosófica”.

Por Victor Manuel Guzman Villena
Revista Hiran Abif – janeiro de 2008 – Edição 95
Tradução: Pedreiro de Cantaria.


A Geometria é uma das ciências que mais aparece nas cerimônias e no simbolismo das escolas iniciáticas e a mais importante dentre elas. Geometria quer dizer “medida da terra”.

No Antigo Egito, de quem a Grécia herdou este estudo, o Nilo transbordava suas margens a cada ano, inundando a terra e alterando o metódico traçado das áreas de cultivo. Essa inundação anual simbolizava para os egípcios o retorno cíclico do caos aquoso original e, quando as águas se retiravam começava a tarefa de redefinir e restabelecer os limites adubados para o plantio.

Este trabalho se chamou geometria e era considerado como o restabelecimento do princípio da ordem e da lei sobre a terra. Cada ano, cada zona medida era um pouco diferente.O conhecimento humano estava mudando e isso refletia no ordenamento da terra. O astrônomo do templo podia dizer que certas configurações celestes haviam mudado e, portanto, a orientação ou localização de um templo tinha que ajustar-se a essa mudança. Assim, pois, o traçado das parcelas de terra tinha, para os egípcios, uma dimensão metafísica bem como física e social. Essa atividade de “medir a terra” se converteu na base de uma ciência das leis naturais tais e como são incorporadas nas formas arquetípicas do círculo, do quadrado e do triângulo.

A geometria é o estudo da ordem espacial mediante a medição das relações entre as formas. A geometria e a aritmética, juntas com a astronomia, a ciência da ordem temporal através da observação dos movimentos cíclicos, constituíam as principais disciplinas intelectuais da educação clássica. O quarto elemento desse importante programa composto de quatro partes - o “quadrivium” – era o estudo da harmonia, ou da música.

Eram as leis universais que definiam a relação e o intercâmbio entre os movimentos temporais e acontecimentos celestes, por uma parte, e a ordem espacial e o desenvolvimento sobre, por outra. Logo se agregaram outras artes, tais como a gramática, que ensinava a expressar as ideias com as próprias regras; a retórica que era considerado o adorno e a beleza do estilo falado; a lógica para formar juízos exatos das coisas. Com esses três elementos a mais se formou as Artes Liberais que são sete e que estão representadas nos sete mestres necessários para formar uma Loja justa, regular e perfeita[1].

O objetivo principal dessa forma de educar era o de permitir que a mente se convertesse em um canal através do qual a “terra” (o nível da forma manifestada) pudesse receber o abstrato, a vida cósmica dos céus. A prática da geometria era uma aproximação da maneira em que o universo se ordenava e se sustentava. Os diagramas geométricos podem ser contemplados como momentos de imobilidade que revelam uma contínua e intemporal ação universal geralmente oculta à nossa percepção sensorial. Dessa maneira, uma atividade matemática aparentemente tão comum pode converter-se em uma disciplina para o desenvolvimento da intuição intelectual e espiritual.

Platão considerava a geometria e os números como o mais conciso e essencial e, portanto, a forma ideal da linguagem filosófica. Porém, não é senão, em virtude do seu funcionamento a certo “nível” de realidade que a geometria e os números podem converter-se em um veículo para a contemplação filosófica. A filosofia grega definia essa noção de “níveis” tão útil em nosso pensamento, distinguindo o “tipo” do “arquétipo”. Segundo indicações que vemos nos relevos murais egípcios, dispostos em três registros: o superior, o médio e o inferior, podemos definir um terceiro nível, o “ecotipo”, situado entre o arquétipo e o tipo.

Para ver como funciona cada um deles tomemos um exemplo de algo tangível, como uma brida (freio) que se utiliza para controlar um cavalo. Esse freio pode ter certo número de formas, materiais, tamanhos, cores, utilidades e todas elas são freio.

O freio assim considerado é um tipo: existe, é diverso e variável. Mas em outro nível está a ideia ou a forma do freio, o modelo de todos os freios. Esta é uma ideia não manifestada, pura e formal, e esse é o “ecotipo”. E por cima desse está, todavia, o nível arquetípico, que é o princípio ou poder-atividade, ou seja, um processo que a forma ecotípica e o exemplo de tipo representa. O arquétipo tem que ver com os processos universais ou modelos dinâmicos que podem considerar-se independentes de qualquer estrutura ou forma material.

O pensamento moderno tem difícil acesso ao conceito de arquétipo porque as línguas europeias requerem que os verbos e a ação se associem com os substantivos. Portanto, não temos formas linguísticas com que imaginar um processo ou uma atividade que tenha um veículo material. As culturas antigas simbolizavam esses processos puros e eternos como deuses, ou seja, poderes ou linhas de ação através das quais o espírito se concretizava em energia e matéria.

O freio se relaciona, pois, com a atividade arquetípica mediante a função de alavanca: o princípio de que as energias são controladas, especificadas e modificadas mediante os efeitos da angulação.

Assim, pois, vemos que com frequência o ângulo – que é fundamentalmente uma relação entre dois números – havia sido utilizado no mesmo simbolismo antigo para designar um grupo de relações fixas que controlam complexos ou modelos interativos. Dessa maneira, os arquétipos, ou deuses, representavam funções dinâmicas que vinculam entre si os mundos superiores da interação e o processo constante, e o mundo real dos objetos concretos.

Vejamos, por exemplo, que um ângulo de 90º ou de 45º, da mesma forma, a ótica geométrica revela que cada substância reflete a luz na forma característica em seu próprio ângulo particular, e é esse ângulo o que nos dá a definição mais precisa da substância. Ademais, os ângulos dos padrões de união entre as moléculas determinam em grande parte as qualidades da substância.

No caso do freio, essa relação ou jogo angular se manifesta na relação entre o bocado e a correia do freio ou entre o bocado (boca do cavalo) e a inclinação do pescoço ou a mandíbula e o bíceps do cavaleiro. Partindo do nível do arquétipo ou ideia ativa, o princípio do freio pode aplicar-se metaforicamente a muitos campos da experiência humana.Funcionando, pois, a nível arquetípico, a geometria e os números descrevem energias fundamentais e causais em sua entrelaçada e eterna dança. É este modo de ver que está subjacente à expressão de sistemas cosmológicos e configurações geométricas.

Por exemplo, o mais reverenciado de todos os diagramas tantricos, o Sri Yantra, representa as funções necessárias ativas no univrso mediante nove triângulos entrelaçados. Submergir em tal diagrama geométrico dessa índole é entrar em uma espécie de contemplação filosófica.

Para Platão, a realidade consistia em essências puras ou ideias arquetípicas das quais os fenômenos que percebemos são apenas reflexos (a palavra grega "Idea" também se traduz como "Forma"). Essas ideias não podem ser percebidas pelos sentidos, mas somente pela razão pura. A geometria era a linguagem que Platão recomendava como o modelo mais claro para descrever esse reino metafísico.

"Acaso não sabeis que os geometras usam formas visíveis e falam delas, embora não se trate delas, mas dessas coisas que são reflexo e estudam o quadrado e a diagonal em si e não a imagem que eles desenham? E assim por diante em todo o caos. O que eles realmente procuram é poder vislumbrar as realidades que só podem ser contempladas pela mente ". Platão, República, VII.

O Platônico considera nosso conhecimento da geometria como sendo inato a todos nós, adquirido antes de nascermos, quando nossas almas estavam ainda em contato com o reino do ser ideal.

“Todas as formas matemáticas têm uma permanência primeira na alma; de tal modo que antes da sensível, esta contém números com sua própria dinâmica. Figuras vitais antes das aparentes; razões harmônicas antes das coisas harmônicas, e círculos invisíveis antes dos corpos que se movem no círculo”. (Thomas Taylor)

Platão o demonstra no Menon, onde faz com que um jovem servente sem instrução resolva instintivamente o problema geométrico de duplicar o quadrado.

Para o espírito humano, preso em um universo em movimento, na confusão de um perpétuo fluxo de acontecimentos, circunstâncias e desconcerto interno, buscar a verdade sempre consiste em buscar o invariável, chame-se ideias, formas, arquétipos, números ou deuses. Entrar em um templo construído em sua totalidade conforme as proporções geométricas invariáveis é entrar no reino da verdade eterna. 

Thomaz Taylor diz: “a geometria permite que seu devoto, como uma ponte, atravesse a escuridão da natureza material, como se fosse um mar escuro para as regiões luminosas da realidade perfeita”. No entanto, não se trata de um absoluto sucesso de um evento que ocorre apenas tomando um livro de geometria. Como disse Platão, o fogo da alma deve ser gradualmente reavivado pelo esforço: 
"Que graça você me faz aqueles que parecem preocupados porque lhes imponho estudos pouco práticos? Não é próprio apenas dos espíritos medíocres, mas todos os homens têm dificuldades para persuadir a si mesmo de que é através desses estudos, utilizados como instrumentos, que se purifica o olho da alma propiciando que um novo fogo arda nesse órgão que estava obscurecido e extinto pelas sombras de outras ciências, um órgão mais importante para preservar que dez mil olhos, pois é o único com o qual podemos contemplar a verdade”, Não são apenas os espíritos medíocres, mas todos os homens têm dificuldade em persuadir-se de que é através desses estudos, usados ​​como instrumentos como o olho da alma é purificado e como um novo incêndio queima nesse órgão O que foi escurecido e extinto pelas sombras de outras ciências, um órgão mais importante para preservar que dez mil olhos, pois é o único com o qual podemos contemplar a verdade ". (A República, VII (citada por Teón de Izmir (2º século) em sua Matemática útil para entender Platão.)

A Geometria propriamente dita trata da forma pura e a geometria filosófica reconstrói o desenvolvimento de cada forma a partir de outra anterior. É uma maneira de tornar visível o mistério criativo essencial. O passo da criação para a procriação, da ideia pura, formal e não manifestada ao mundo que surge desse ato divino original para traçar mediante a geometria a ser experimentada, mediante sua prática.

Inseparável deste processo é o conceito do número e para os pitagóricos, o número e a forma a nível de ideia eram um só. Mas neste contexto o número deve ser entendido de maneira especial. Quando Pitágoras dizia: “Tudo está ordenado em torno do número”, não pensava nos números no sentido numerativo ordinário. Além do mais, na quantidade simples no nível ideal, os números são impregnados por uma qualidade de modo que a “dualidade”, a “trindade” ou “Tríade”, por exemplo, não são compostos simples de 2, 3 ou 4 unidades, mas são um todo ou uma unidade de si mesmas, cada uma delas com suas correspondentes propriedades. O “dois” por exemplo, se considera como a essência original a partir da qual o poder da dualidade vem e na qual se baseia sua realidade.

R.A Schwaller de Lubiez propõe uma analogia pela qual este senso de número universal e arquetípico pode ser entendido. Uma esfera rotativa é apresentada a nós com a noção de um eixo. Pense nesse eixo como em uma linha ideal ou imaginária que cruza a esfera. Não tem existência objetiva, e, no entanto, não podemos deixar de nos convencer de sua realidade. E para determinar qualquer coisa relacionada à esfera, como sua inclinação ou sua velocidade de rotação, devemos nos referir a esse eixo imaginário. O número em seu sentido enumerativo corresponde às medidas e movimentos da superfície externa da esfera, enquanto o aspecto universal do número é análogo ao princípio imobilizado, não manifestado e funcional de seu eixo.

Vamos agora, em nossa analogia, ao plano bidimensional. Se tomarmos um círculo e um quadrado e lhe dermos o valor 1 ao diâmetro do círculo e também ao lado do quadrado, então a diagonal do quadrado sempre será (e esta é uma lei invariável) um número “incomensurável”, “irracional”. Dizemos que esse número se pode prolongar em um número infinito de decimais sem chegar nunca a uma resolução. No caso da diagonal do quadrado, esse decimal é 1,4142... e se chama raiz quadrada de 2. Com o círculo, se damos ao diâmetro o valor 1, a circunferência sempre será de tipo incomensurável, 3,14,15, 9....que conhecemos como o símbolo grego Pi.



O princípio permanece o mesmo no caso inverso, se lhe darmos o valor fixo e aquela transação única na qual a vibração ouvida se converte em forma visível e sua geometria explora as relações da harmonia musical. Embora inter-relacionadas em sua função, nossos dois principais sentidos intelectuais, a visão e a audição, utilizam nossa inteligência em duas formas completamente diferentes.

Por exemplo, com nossa inteligência ótica, para formar um pensamento, criamos uma imagem de nossa mente. Por outro lado, o ouvido usa a mente em uma resposta imediata e sem imaginação, cuja ação é expansiva e evoca uma resposta de experiências associadas com experiências subjetivas, emocionais, estéticas ou espirituais. Tendemos a esquecer que, também, intervém quando a razão percebe relações invariáveis. Portanto, quando focamos nossa experiência sensorial em nossa capacidade auditiva, podemos perceber que é possível ouvir uma cor ou um movimento.

Esta capacidade intelectual é muito diferente da “visual”, analítica ou sequencial que normalmente utilizamos. É esta capacidade, associada com o hemisfério direito do cérebro, que reconhece padrões no espaço ou conjuntos de qualquer tipo. Pode perceber simultaneamente os opostos e captar funções que ante a faculdade analítica parecem irracionais. É de fato o complemento perfeito da capacidade visual e analítica do hemisfério esquerdo, já que absorve ordens espaciais e simultâneas. Essa qualidade intelectual inata se assemelha muito a que os gregos chamavam “razão pura” e que na Índia chamam de “coração-mente”

Os antigos egípcios tinham para ela um belo nome, “a inteligência do coração” e alcançar essa qualidade de entendimento era a meta implícita da vida. A prática da geometria, embora tenha uso também da faculdade analítica, usa e cultiva esse aspecto auditivo e intuitivo da mente. Por exemplo: um experimenta o fato do crescimento geométrico através da imagem do quadrado cuja diagonal forma o lado de um segundo quadrado. Se trata de uma certeza não fundamentada captada pela mente a partir da experiência real de executar um desenho. A lógica está contida traços no papel, que não se podem desenhar de outra forma.

Como geômetras equipados unicamente com compasso e réguas, entramos no mundo bidimensional da representação da forma. Se estabelece um vínculo entre os reinos do pensamento mais concreto (forma e medida) e os mais abstratos. Na busca das relações invariáveis que governam e inter-relacionam as formas nos colocamos em ressonância com a ordem universal. Ao reproduzir os princípios da evolução. E dessa maneira, a elevar nossos próprios padrões de pensamento a esses níveis arquetípicos, propiciamos que a força desses níveis penetre nossa mente e nosso pensamento. Nossa intuição se anima, e quiçá, como disse Platão, o olho da alma possa ser purificado e acesso de novo, “pois só através dele podemos contemplar a verdade”.

Um dos pressupostos fundamentais das filosofias tradicionais é que o propósito das faculdades intelectuais humanas é acelerar nossa própria evolução ao superar as limitações do determinismo biológico que restringem todos os outros organismos vivos. Métodos como ioga, meditação, concentração, artes, artesanato são técnicas psicofísicas para abordar esse objetivo fundamental. A prática da geometria é uma das técnicas esse 

[1] Para uma Loja ser considerada justa e perfeita necessário é que três a governem (as luzes), cinco a componham e sete a completem.