quarta-feira, 19 de julho de 2017



A ORIGEM DAS FRATERNIDADES

Por João Anatalino


MAAT – O EQUILÍBRIO UNIVERSAL


A tradição hermética sustenta que houve uma época na vida da humanidade em que todos os homens tinham consciência da unidade do Universo e sabiam que o céu e a terra eram complementos um do outro. Ambos refletiam a consciência maior que os havia pensado. Era um mundo unificado por dentro e por fora, onde tudo estava em tudo, o que estava dentro era igual ao que estava fora, o que estava embaixo era igual ao que estava em cima, e dessa forma o Universo se mantinha em equilíbrio constante.

Essa concepção, cosmológica em sua origem, religiosa em sua prática, evoluiu mais tarde para o plano social e ético, dando fundamento a elementos culturais importantes que moldaram comportamentos e inspiraram crenças que ainda longe informam boa parte de nossa vida espiritual.

Esse equilíbrio era mantido por uma relação de estreita reciprocidade entre homens e deuses. Os primeiros lhes prestavam culto e os segundos controlavam a Natureza para que esta sempre lhes aparecesse sob uma forma amigável. Daí a religião animista dos povos antigos, com sua profusão de deuses identificados com as forças da Natureza.

Já antes dos tempos históricos essa noção podia ser observada na cultura religiosa dos povos do Nilo. Bem do antigo Egito, anterior aos Faraós, a noção de que esse equilíbrio era realizado pela deusa Maat, a qual agia como uma intermediária entre os homens e os deuses, recolhendo na terra os influxos das boas ações praticadas pela humanidade e levando-as para o céu, como alimento para as divindades; e deles ela trazia para a terra as benesses concedidas, como contraprestação das ações humanas realizadas em sua homenagem.

Assim, o equilíbrio universal era mantido pela prática da maaty, ou seja, o viver de forma virtuosa, praticando a verdadeira justiça. Desse modo, a ética, a ecologia e a responsabilidade social estavam solidamente vinculadas ao espírito religioso e este, por sua vez, se refletia no sistema jurídico, formando um todo harmonioso que dava vida à sociedade, regulando as relações do homem para com a divindade e entre eles mesmos.

Destarte, a pátria e o povo eram a noção ampliada da família do rei-sacerdote, aquém incumbia a mediação dessa relação entre o profano e o sagrado, que se realizava por meio dos ritos apropriados, instituídos pelos próprios deuses.[1]


AS CIDADES ANTIGAS



Entre os gregos a noção de estabilidade social estava estreitamente ligada à ideia de fraternidade. Os grupos familiares eram chamados de frátrias. Esses grupos congregavam as pessoas da família e todos os agregados que de alguma forma tivessem relação de parentesco com o chefe da família, ou qualquer ligação profissional, social ou legal, com o núcleo familiar. Dessa conformação, em princípio moldada por vínculos de sangue e depois por interesses sociais, religiosos, políticos e econômicos, evoluiu a noção de clã – a família ampliada – e da reunião de clãs formou-se, mais tarde, a pólis, que era a comunidade circunscrita a uma urbe.

Foi esta última que deu origem às cidades-estados da Grécia antiga e da Península Itálica. Praticamente, todas as cidades do Ocidente clássico evoluíram a partir desses núcleos familiares. Iremos encontra-los também em Roma, na estrutura do patriciado, assim chamados os núcleos familiares que deram origem ao Estado romano e foram responsáveis por uma estrutura social que sobreviveu por muitos séculos.

Fustel de Coulanges, em sua obra clássica, conta como essa evolução se procedeu: “Assim a cidade-estado surgiu, como resultado desse tipo de organização familiar. A cidade em uma grande família. Família, frátria, tribo, cidade são, portanto, sociedades perfeitamente análogas e nascidas umas das outras por uma série de federações. No mundo antigo era o culto que constituía o vínculo unificador de toda e qualquer sociedade. Cada cidade tinha seus deuses, assim como a família. O sacerdote máximo da cidade era chamado rei, como era o pai dentro da família. E, aqueles que era da família, chamada cidade, era o cidadão; portanto era cidadão todo homem que tomava parte no culto da cidade e estrangeiro aqueles que não compartilhava do mesmo culto. A cidade em seus primeiros tempos nada mais era do que a reunião dos chefes de família”, escreve aquele autor.[2]

A própria fundação de Roma não escapou a essa conformação. Nesse sentido, a chamada Cúria Hostilia (reunião dos chefes tribais italianos), sob o comando de Rômulo, é tida como sendo o núcleo histórico do Senado romano e mais tarde o alicerce da República. Sua sede foi construída originalmente como um templo etrusco sobre o local onde as diversas facções tribais depuseram suas armas, após elegerem Rômulo para seu rei (771-717-a. C.).

Isso nos mostra como a organização social se constrói e se apoia na perenidade de certos arquétipos[3] cultivados pela mente humana e nos permite deduzir que, quando essas estruturas arquetípicas são esquecidas e relegadas a um segundo plano na vida das sociedades, elas declinam e acabam por desaparecer, como registra Gibbons em sua obra clássica.[4]

Por esse prisma se pode perceber também que a liga que mantinha a unidade primordial das antigas sociedades estava principalmente no compartilhamento da religião. Esse era o principal elemento constitutivo da família antiga. E a família, como vimos, não se constituía só por conta de ligações afetivas ou condições de nascimento, mas tinha como principal fundamento o poder do pai como sacerdote do lar. Ele, como patriarca, era o centro no qual girava todo o núcleo familiar. Destarte, a família não era formada apenas pelos ascendentes e descendentes do núcleo principal – o pater famílias, o patriarca -, mas por todo o grupo de pessoas a quem a religião permitia partilhar o mesmo lar e oferecer respaldo fúnebre aos antepassados comuns. Em razão dessa tradição, a primeira instituição estabelecida pela religião doméstica foi o casamento, pois este erra considerado praticamente um novo nascimento, já que por ele se instituía um lar, onde se mantinha o vínculo dos descendentes com seus ancestrais e o culto aos mesmos deuses lares, assim como se compartilhava a terra onde os túmulos dos antepassados se encontravam. É aqui que se identificam também a origem da sacralidade do casamento e a instituição da monogamia como arquétipos garantidores da perenidade da família.[5]

Da mesma forma, a instituição da propriedade privada como direito de família também teria origem na crença de que os mortos precisam ter um pedaço de terra para continuar suas vidas após a morte. 

A pessoa sem túmulo conhecido, além de ser uma alma sem direito a repouso no mundo dos desencarnados, era também um fracassado que não legara aos seus descendentes uma base de continuidade para seu núcleo familiar. Foi dessa forma que os povos da Grécia e da Itália desenvolveram o instinto da propriedade privada, derivando-a da própria tradição religiosa, pois o solo onde repousavam os mortos constituía, por força dessa crença, uma propriedade inalienável e imprescritível que não podia ser perdida sob pena de destruição do próprio núcleo familiar. Assim, o direito de propriedade, fundamentado na prática de um culto hereditário, não acabava com a morte de um único indivíduo, porque a propriedade não pertencia a ele, mas à família.[6] Essa tradição foi observada também entre os hebreus, como nos mostra o episódio descrito em Gênesis, 23, em que Abraão, peregrino em terra estrangeira, compra de um homem chamado Efron um campo para fazer uma tumba para sua esposa Sara.

Com essa prática se mantinha a estreita ligação entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses, representada pelo respeito que as frátrias dedicavam às suas divindades e na tradição mantida por elas, de honrar seus ancestrais falecidos como intermediários entre os vivos e os mortos. Em Roma, esses ancestrais eram conhecidos como manes ou deuses lares, de quem se faziam pequenos bonecos de madeira que eram colocados nas aras (altares) domésticos. Na Ilíada e na Odisseia também se percebem traços distintivos dessa tradição na forma peculiar de os gregos honrarem seus ancestrais.


A FRATENIDADE MAÇÔNICA



Assim, o termo “fraternidade”, que na origem era aplicado a um grupo de tradições comuns, vem do grego frátria, que na antiga Atenas designava uma associação de cidadãos, unidos pela mesma cultura religiosa e compartilhante dos mesmos arquétipos. Cada frátria formava uma unidade política e religiosa. A legislação de Sólon legitimou essas associações, determinando sua composição em 30 frátrias.

O desenvolvimento ulterior das sociedades, que de famílias se tornaram tribos, de tribos passaram a povos, de povos a nações, nações a Estados, forçou a incorporação de elementos culturais estranhos à sua estrutura nuclear. A tradição antiga da frátria como núcleo fundamental da comunidade se perdeu, mas essa noção jamais deixou de existir no inconsciente coletivo da humanidade. Ela seria conservada na tradição de todos os povos, por meio dos grupos que então se formaram para o compartilhamento de tradições e defesa de interesses comuns. Esses grupos, nos quais identificamos os iniciados nos Antigos Mistérios e também as corporações obreiras da Antiguidade, antecessoras das guildas medievais, estão na origem de todas as sociedades, religiosas ou laicas, que buscam preservar, manter, divulgar ou cultuar determinados elementos arquetípicos próprios de suas culturas.

Foi dessa tradição e do que ela representa, em termos de compartilhamento de uma tradição feita de arquétipos comuns, que evoluiu a ideia que nutre a vida corporativa. De uma de suas vertentes fluiu a noção que informa a moderna Maçonaria, que por definição é uma sociedade universal de homens de boa vontade, cujo objetivo é defender a liberdade de pensamento, a igualdade entre as pessoas e a fraternidade entre os povos da terra.

Essa definição é colocada tendo em vista a Maçonaria Especulativa, ou seja, a organização que se tornou conhecida por esse nome em algum momento no fim da Idade Média, formada pela associação entre os profissionais da construção civil – conhecida como Maçonaria Operativa – e membros da sociedade (militares, intelectuais, artistas, comerciantes, cientistas, etc.), transformando as antigas corporações dos pedreiros livres em verdadeiros clubes de pessoas ilustres, com o objetivo de defender um ideal de progresso e liberdade.

É com essa noção que trabalhamos hoje o conceito de Maçonaria e é com ela que desenvolveremos os temas expostos neste livro.

(Texto extraído do livro “O Tesouro Arcano, a Maçonaria e seu Simbolismo Iniciático – João Anatalino Rodrigues – Editora Madras)


[1] Daí o desenvolvimento dos chamados Mistérios, rituais religiosos que visavam honrar os deuses e imitá-los em seus processos de criação das realidades universais. 

[2] Fustel de Coulanges, A Cidade Antiga, p. 23. 

[3] Arquétipo (grego ἀρχή - arché: principal ou princípio e τύπος - tipos: impressão, marca) é o primeiro modelo ou imagem de alguma coisa, antigas impressões sobre algo. É um conceito explorado em diversos campos de estudo, como a Filosofia, Psicologia e a Narratologia
Modelo, tipo, paradigma. 

[4] Edward Gibbons, Ascensão e Queda do Império romano, 1986. Esse arquétipo é construído em cima da hierarquia existente no poder do pater famílias, que, em sentido amplo foi depois estendido para a figura do rei 

[5] É aqui, também, que se identifica o surgimento do costume de considerar a pessoa que compartilha da mesma cultura simbólica como “iniciado, Irmão” e o que não compartilha como “profano, estrangeiro”. 

[6] Ibidem, Fustel de Coulanges, op. Cit.p. 25

terça-feira, 18 de julho de 2017


O ESOTERISMO DOS CONSTRUTORES DE CATEDRAIS


Tradução J. Filardo
Extraído do Blog Bibliot3ca



Por Jean van Win

A frase composta para o título consiste em três conceitos distintos: primeiro, o de esoterismo, em seguida, o de construtores e, finalmente, o das catedrais que são os monumentos mais grandiosos do catolicismo romano.

Estes três elementos justapostos refletem uma crença compartilhada por certos maçons: os construtores de catedrais praticavam entre eles, e gravavam nas pedras das igrejas, colégios e catedrais, mensagens e sinais de esoterismo, que para alguns autores do final do século XIX, se tornam pura heresia ou anticlericalismo se não ateísmo.

Vejamos rapidamente cada um desses conceitos separadamente, antes de compreender, porque é muito mais uma questão de compreender que de aderir.

O ESOTERISMO

O esoterismo é uma maneira de pensar sobre a vida interior e que se manifesta na discrição, mesmo em segredo. Assim como o símbolo, de que só alguns podem entender o significado, escreve Marie-Madeleine Davy em sua indispensável “Introdução ao simbolismo romano”, publicado pela Editora Flammarion.

O esoterismo é uma forma universal de pensar, ao mesmo tempo no tempo e no espaço. Há esoterismo quando há conhecimento reservado a eleitos e revelado em segredo. Essa ideia remonta a tempos mais antigos. Ela é encontrada em abundância na Grécia. Em seguida, em Roma, com os celtas, os etruscos e os alemães, mesmo dentro do cristianismo com diversas tradições secretas ente as quais o gnosticismo; na Idade Média, com os cavaleiros templários, os cátaros, a lenda do Graal, os grandes poetas entre eles o maior, sem dúvida, Dante, com a alquimia, a adivinhação, a magia, a astrologia; no Renascimento com Paracelsus e um florescimento de pensadores e escritores esoteristas; no século XVII com os Rosacruzes, e no século XVIII com o ocultismo, a teosofia nascente; no século XIX, com ocultismo invasivo, a Teosofia e a escola de Papus; no século XX, com um resumo de todos os itens acima, usando o prefixo muito conveniente: néo.

Uma constatação geral: o esoterismo parece ser apanágio de intelectuais e pensadores pelo menos alfabetizados, ou seja, capazes de ler e escrever, e sobretudo livres para pensar à margem de quadros impostos.

A questão colocada acaba sendo saber se, em toda essa confusão omnidirecional, os construtores de catedrais puderam constituir um vetor de um ou outro desses diferentes sistemas secretos.

A existência de um esoterismo cristão é afirmada por alguns, incluindo, obviamente, Guenon que vê ali “o lado interior da tradição cristã”, mas que é rigorosamente rejeitado por outros e principalmente pela Igreja Católica Romana que nega absolutamente a existência de qualquer dimensão esotérica na doutrina cristã.

De fato, como conciliar afirmações contraditórias ‘tais como ’não deis pérolas aos porcos’, Mateus VII, 6, com ’O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia’, Mateus X, 27.

Mesmo assim, como conciliar a afirmação: “não se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sim sobre um lampadário para iluminar o dia” com o seu oposto absoluto “estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram” Mateus VII, 6.

No exame dos textos cristãos tanto canônicos quanto apócrifos, podemos então recorrer a muitas referências que lhe eram totalmente contrárias. Por exemplo, de um lado, a crença em um esoterismo cristão proveniente do pensamento do próprio Jesus marcada por um significado supostamente oculto contido em suas parábolas, e, de outro, a completa ausência e mesmo a recusa desse modo de pensar a doutrina que ele pregava.

OS CONSTRUTORES, OU MAÇONS OPERATIVOS

Portanto, se existe um esoterismo cristão, ou vestígios de qualquer outro pensamento esotérico que tenha uma origem diferente dentro do cristianismo, os trabalhadores que construíram as catedrais maravilhosas constituíram o vetor? Vejamos, portanto, como eles eram, tanto espiritual quanto sociologicamente

No século XII, a arte da construção é dirigida pelo mestre de obras, que é ao mesmo tempo arquiteto e engenheiro, e até mesmo empresário. Seu status social é frequentemente muito importante. Ele possui casas, às vezes um castelo. Com frequência ele assinava suas obras. Ganhando até vinte vezes o salário de um trabalhador qualificado, ele está perto do poder de quem depende sua sorte, e compartilha muitos privilégios. É também chamado Mestre Pedreiro. É ele quem tem uma formação emprestada de Pitágoras e de Euclides particularmente. Devemos encontrar vestígios disso em nosso grau de companheiro maçom…

Quanto ao patrão da obra, ele é muitas vezes constituído por uma comunidade religiosa, mosteiro, claustro ou capítulo de cânones. Ele inclui os únicos estudiosos da época, o clero secular que conheceu em diversos momentos de um estado vizinho à decadência. Os monges são muitas vezes eles mesmos, ao mesmo tempo mestres da obra e mestres de obra. Há outras escolas ou colégios de construtores que conhecem formas diferentes e hierarquizadas de organizações corporativas, e tudo isso ao longo da Idade Média. Estes trabalhadores trabalham por conta de cânones e capítulos constituídos em conselhos particulares para os bispos. A mão de obra abundante e não qualificada é recrutada na classe dos desenraizados: servos em fuga, filho de camponeses, filhos de famílias numerosas, além de trabalhadores especializados tais como pedreiros e canteiros. Esta última categoria inclui tanto os “desbastadores de pedras” (canteiros de pedras brutas) que os escultores-talhadores (pedreiros livres, abreviado como freemasons ou frimaçons sob o Cardeal Fleury), a noção contemporânea e distinta de artista sendo então desconhecida e inexistente.

Todo esse pessoal era analfabeto. As contas de salários estavam cheias de erros de soma, que não enganariam uma criança de 10 anos em nossos dias.




As marcas lapidares, de transporte e sinais de posse são grafitis rudimentares compensando a ignorância generalizada do alfabeto.

Esta mão de obra analfabeta é profundamente católica romana, assim como toda a sociedade da época. A cultura estava exclusivamente nas mãos dos clérigos. A composição de imagens religiosas parte de princípios impostos pela Igreja Católica, precisamente codificados e de que qualquer desvio era punido. Os escultores contam a história sagrada aos fiéis, eles também analfabetos, de acordo com uma tradição cristã onde os monges e os mestres de obra são os depositários exclusivos e vigilantes.

Havia um segredo dos Pedreiros? Vários regulamentos corporativos revelam que no final da Idade Média, compromissos deviam ser assumidos de não revelar “certos truques do ofício” e nada mais. Esta obrigação de segredo não estava ligada particularmente ao oficio de construção, mas estava relacionada com a maior parte dos ofícios organizados como sindicatos. Os sapateiros e ferreiros tinham os seus…

Knoop e Jones, antes da escola francesa, estudaram a fundo o conjunto das Antigas Obrigações inglesas. Todos estes manuscritos, tipos de regulamentos ou constituições profissionais defendem rigorosamente isso: “o primeiro dever do Pedreiro é fugir da heresia, e também amar a Deus, à Santíssima Trindade, à Virgem Maria, os santos e a Santa Igreja, não brigar e ser discreto”.

Existe mais de uma centena desses manuscritos, que vão de 1389 a 1722. Os principais textos são: Ms Regius, datado de 1389; o Ms Cooke, do início do século XV; o Ms Plot datado de 1686; o Ms Grand Lodge datado de 1583; o Ms. Roberts datado de 1722. Eles nada contêm, absolutamente, que seja de natureza esotérica, observam Knoop e Jones. Eles foram escritos por alguns monges piedosos e eram destinados a serem lidos em grandes ocasiões a “trabalhadores totalmente analfabetos, profundamente crédulos e supersticiosos” assim os descreveu Bernard Jones.


A CATEDRAL


Monumento grandioso e manifesto explosivo da dogmática romana, a catedral é o símbolo vivo da onipotência da Igreja, mas também da mais autêntica espiritualidade cristã. A catedral é símbolo. Sua própria função é de ordem simbólica, em uma sociedade teocrática e teocêntrica, onde tudo tem um significado espiritual e simbólico que remete a Deus. Ela é também ensino.

Marie-Madeleine Davy escreveu que “a fé penetra a existência, ou melhor, ela É a existência”. Os monges e ninguém mais, também preservaram, de alguma forma, pedaços de tradições simbólicas vindas da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia, da China, da Índia e da Palestina, todas as regiões de onde vêm elementos exóticos que às vezes adornam as capitéis e pórticos.

A alquimia tem ali o seu lugar, muito pouco esotérico, no sentido moderno do termo. Ela é integrada ao universo simbólico da catedral. Alguns prelados se apropriam da Arte Real, enquanto outros a ela se opõem e a rejeitam. Mas, no século XII, a alquimia é uma disciplina, ao mesmo tempo natural e hermética, o que não é absolutamente um pecado. A Alquimia serve para lembrar aos fiéis, entre outras imagens alegóricas, que ela é o templo de Deus; ela é considerada uma ciência “sacramental”.

A Igreja não é, contudo, unânime em considerar que o povo precisa de imagens edificantes e assustadoras. São Bernardo, por exemplo, critica com ironia, mas com firmeza todo este material de monstros ridículos “que os monges devem considerar como estrume”, escreveu este homem santo que não era brando com isso.

Em conclusão, como, sob estas condições, admitir a tese de romancistas anticlericais do século XIX, argumentando que os nossos trabalhadores analfabetos e devotos teriam constituído o veículo de tais ou quais tradições esotéricas do culto de Isis ou de Druidas celtas? E a se supor por um momento que se tal fosse o caso, seria preciso reconhecer que esta transmissão secreta foi exercida somente através dos mestres de obras, o que implica que ela foi infiltrada à revelia dos capítulos de cânones, à revelia dos bispos muito vigilantes e financistas desses projetos caríssimos. Que ela fosse, ainda mais exercida à revelia dos trabalhadores ingênuos e supersticiosos encarregados de sua execução revela, uma vez mais, pensamento ilusório.

Ou ainda, infinitamente mais absurdo ainda, com sua cumplicidade herética em tudo? E, finalmente, questão determinante, a intenção de quem receberá esta “mensagem”, o público presente nas igrejas católicas sendo composto de praticantes sinceros, mas ingênuos, incapazes de compreender o alcance escondido de alusões ditas esotéricas? A mensagem da Igreja sempre foi exclusivamente exotérica.

Mas a resposta a estas objeções é bem conhecida, e ela floresce mesmo em alguns círculos maçônicos, permeáveis a fábulas e mitos. A Tradição Esotérica seria então transmitida para o uso exclusivo somente dos “iniciados”.

Talvez, mas iniciados em que? No culto de Ísis, sob São Luis? Nas práticas dos Druidas, sob Filipe, o Belo? E existe um único documento irrefutável que permita apoiar cientificamente estas extravagâncias imaginativas? A resposta é claramente, não.

Conclusão.

Por que, e quem propagou esta imagem ridícula do Maçom anticlerical, que ainda existe nos dias de hoje, e até mesmo em uma certa maçonaria? Quem é o inventor da imagem anticlerical, e com que finalidade?

Por duas razões, em minha análise, que levam ao conceito francês de uma maçonaria nacionalista e política, quando ela afirma:

A Maçonaria nasceu na França e não na Inglaterra ou na Escócia. Ela mesma foi exportada da França para a Inglaterra, originalmente! Ela descende em linha reta dos construtores de catedrais, que praticavam uma espécie de esoterismo de natureza anticlerical, herética, à margem da Igreja Católica, em filiação direta dos Grandes Iniciados egípcios, dos Collegia Fabrorum Romanos, dos druidas celtas, seguidos pelos Templários os Rosacruzes, os Alquimistas e alguns outros “Atlantes”. Em suma, observemos, por um conjunto eclético de adversários pré-históricos do papado.

Esta filiação herética e anticlerical é reivindicada ao final do século XIX pelos maçons franceses em ruptura com a tradição maçônica. A intrusão da política em loja, por volta de 1860, que coincidirá com a ejeção do GADU e da Bíblia, leva a nova instituição secular a inventar uma justificativa e uma ascendência nobre, tanto histórica quanto espiritual: a do canteiro de pedras, do pedreiro, da imagem anticlerical, Grande Iniciado e detentor de segredos extraordinários, apesar de todo o poder espiritual e temporal da Igreja. Sabemos o destino que reservou a Santa Inquisição a esse tipo de pessoas.

Este construtor de catedrais puramente imaginário é, portanto, o ancestral sonhado do maçom “comedor de padres: inimigo da Igreja Católica, mas ao mesmo tempo detentor de tradições e mistérios antigos genuínos, ou seja, que não se originam do judaico-cristão. Ele é o arquétipo da Tradição Autêntica (vamos lá com as guenonices capitalizadas!), que vem de todos os lugares, exceto de Roma e de Jerusalém.

E esta concepção surpreendente encontrou ecos cúmplices em alguns círculos intelectuais. E garante tiragens gigantescas ou faraônicas a autores populares.

Para alguns, trata-se de um sonho. Não os culpamos por escolher esta opção, muitas vezes fascinante porque mais suave e consoladora que a dura realidade.

“Eu sou bela, ó mortais, como um sonho de pedra …
“Meu trono é o azul como uma esfinge misteriosa …
“Porque eu tenho o que fascina estes amantes dóceis
“Espelhos puros que fazem mais belas todas as coisas:
“Meus olhos, meus olhos enormes, de claridades eternas …

Para outros, esta opção calmante é um cálculo ideológico. Como tal, ela é lícita, justa e salutar de denunciar, como todas as fraudes moral e intelectual. Eu jamais me privaria disso. O sono da Razão produz monstros.

BIBLIOGRAFIA

Altamente recomendável :

** Initiation à la Symbolique romane, M.M. Davy, Champs, Flammarion.

** L’Esotérisme, Pierre A. Riffard, Robert Laffont.

** Images et Symboles, Mircea Eliade, TEL, Gallimard.

Muito interessantes:

L’Ordre corporatif dans la Belgique ancienne, André Frantzen, D. De Brouwer,1941

Le Moyen Age, Christian Papeians. Ed. Artis-Historia, Bruxelles.

Chateaux et Cathédrales, Marcel Brion, Edito Service, Genève.

Les Bâtisseurs de cathédrales, Jean Gimpel, Seuil.

Freemason’s Guide and Compendium, Bernard E. Jones, Harrar & Compagnie Ltd, London.

Signs & Symbols in Christian Art, George Ferguson, Hesperides Book, New York-Oxford University. (Prescriptions iconographiques de l’Eglise).

La Bible et les Saints, Gaston Duchet, Guide iconographique, Flammarion.

Textes politiques. Saint Bernard de Clairvaux. 10/18, Union générale d’éditions.

La Franc-Maçonnerie opérative, Louis Lachat, Ed. Figuière, Paris.

Questionável e tendencioso:

Les origines religieuses et corporatives de la Franc-Maçonnerie, Paul Naudon, Dervy

Delirante e imaginário:

Le Message des constructeurs de cathédrales, Christian Jacq, Rocher.


TEMPLÁRIOS E MAÇONS - UMA CONEXÃO ESCOCESA


Fonte Loja Hiran Abif
Eugenio Tschelakow 
Núcleo de Estudos e Pesquisas Maçônicas Udo Schleusner.

PARTE I: A ORIGEM DA MAÇONARIA 

Para todos os historiadores, maçons ou não, trata-se da questão mais enigmática, apaixonante e controversa a ser desvendada, fora a origem mesma da humanidade.

Assim, alguns autores afirmam que a maçonaria nasceu no Antigo Egito, e que as Pirâmides foram construídas por pedreiros livres que tinham um ritual esotérico secreto e conheciam a Geometria sagrada. Outras tradições maçônicas estabelecem estas origens nos Artífices Dionísios que teriam aparecido na construção do Templo de Jerusalém. 

O Manuscrito Cooke, o segundo documento maçônico mais antigo que se conserva, datado em (cerca) 1410, diz que: Abraão ensinou Geometria a Euclides e assim se construiu o Templo de Salomão. Outros historiadores consideram que as corporações bizantinas (o Império Romano de Oriente com sede em Constantinopla) absorveram os ensinos das fraternidades judaicas e muçulmanas de construtores. O próprio Imperador Justiniano, depois de construir a majestosa Catedral Basílica de Santa Sofia, teria exclamado: Eu superei você, OH Salomão! Esta influência passou ás confrarias de construtores da Alemanha (os grêmios de Steinmetzer), da França (os Compagnonnage), da Itália e das Ilhas Britânicas. 

Também se atribui a origem ao deus grego Hermes, nascido no Egito como Toht e pai das sete artes liberais, a Pitágoras e sua Geometria Sagrada ou as Academias Platônicas. Platão escreveu que Deus, o arche-tekton, desenhou o cosmos por meio da geometria. Os gnósticos dos primeiros anos do cristianismo também estão entre os candidatos a fundadores da maçonaria, como os alquimistas, os Atlantes, os Lemurianos, a Antiga Índia, e outros.

Nas Constituições de Anderson, 1723, que são a base de todas as Constituições maçônicas do mundo e que atualmente vigoram na Inglaterra, se estabelece na parte da Lenda Maçônica - que o primeiro Maçom foi Adão, quem recebeu os ensinos sagrados diretamente do G.: A.: D.: U.:. Todavia, a Grande Loja Unida da Inglaterra estabelece que a Maçonaria é a mais antiga instituição cujas origens se perdem nos inícios dos tempos, sendo que o seu antecedente mais imediato são as corporações de maçons operativos, que gradualmente admitiram o ingresso de maçons aceitos (não operativos) em suas lojas. 

Porém, há quem pense que a verdadeira origem está estreitamente vinculada à Ordem dos Pobres Companheiros de Armas de Cristo do Templo de Jerusalém. Em latim é: Pauperes Commilitones Christi et Templis Salomonis, e em inglês: Poor Felow-Soldiers of Christ and the Temple of Salomon. O símbolo era dois templários sentados em um cavalo só. 

Este pensamento está plasmado em diversos Ritos maçônicos vigentes: 

1) O Rito Sueco. A Grande Loja da Suécia, e toda a maçonaria nórdica que segue este ritual, afirma categoricamente a filiação templária da Maçonaria. 

2)O Rito de Menfis-Misraim do qual o General italiano Giuseppe Garibaldi foi seu Grão Mestre de Honra, também reconhece a descendência templária. 

3) O Rito de York Americano. Em seus Altos Corpos, culmina com o Grau de Grão Cavaleiro Templário.

4) O nosso Rito Escocês Antigo e Aceito, elaborado na França e nos Estado Unidos, com pretensão de ser da autoria do Imperador Frederico II O Grande de Prússia, contém vários dos 33 graus dedicados aos Templários. 

5) O Rito Inglês, que não tem nome específico porque é o Rito que alguns chamam de Emulation, e outros por engano, de Rito de York, é refratário a Lenda Templária, embora exista uma Ordem do Templo atual associada a Grande Loja inglesa. Capítulo aparte mereceria um estudo do Grau do Real Arco. 

6) O ritual praticado na Escócia, embora se chame de Escocês Antigo e Aceito, não tem relação com o REAA francês, e nada fala dos Templários a pesar de existir várias ordens neo-templárias nesse pais. Inclusive, todo 24 de junho se celebra na Capela de Rosslyn o aniversário da batalha de Bannockburn do ano de 1314, onde Robert de Bruce derrotou o rei da Inglaterra Eduardo II, genro do rei francês Felipe IV O Belo libertando o país do domínio inglês. A tradição conta que recebeu a ajuda de 432 cavaleiros templários refugiados na Escócia, entre eles Henry St. Clair barão de Rosslyn. 

PARTE II: OS TEMPLÁRIOS 

 

Divisa templária "Non nobis Domine, non nobis, sed Nomini Tuo da Gloriam", são palavras do Salmo 115:1, "Não por nós Senhor, não por nós, senão para maior glória do Teu Nome". 

A Ordem dos Templários foi criada em 1189 por São Bernardo e Hugues, conde de Champagne, depois da Primeira Cruzada, com o propósito declarado de proteger os peregrinos a Terra Santa. Mas na realidade o seu objetivo geopolítico era muito mais ambicioso e grandioso. Há quem diga que foi a de criar uma nova ordem mundial, onde cristãos, muçulmanos e judeus poderiam viver reconciliados e em paz e onde não exista outra religião que a religião da natureza, que se conservava nos Templos Iniciáticos do Egito e da Grécia. 

Sobre estas considerações, foi armada a base das acusações de heresia que Felipe IV o Belo elaborou quando os Templários foram presos e levados a julgamento perante a Inquisição. 

O primeiro Grão Mestre foi Hugues de Payens, casado com Catherine St. Clair, que no mundo profano era vassalo do Conde da Champagne, mas na Ordem era o seu superior. Poucas instituições na história aceitavam esta aparente inversão de valores. Depois do Concílio de Troyes, os Templários receberam do Papa a regra monástica (tipo uma constituição) e, pela primeira vez na história do cristianismo os soldados viveriam como monges. 

A existência de uma Ordem dissidente, Priuré de Sion, que teria guardado o segredo da união entre Jesus Cristo e Maria Madalena e que fora popularizada no livro O Código Da Vinci, é totalmente falsa, conforme o confessou o próprio inventor de tal fraude, Pierre Plantard, perante o juiz Thierry-Jean Pierre em Paris, 1993.
A partir de 1228 a Ordem se expande rapidamente, recebendo novos membros recrutados da nobreza e sobre tudo doações de terras e dinheiro. 

A mediados do século XII o Templo era a organização mais importante e poderosa da Europa Ocidental, chegando a ser uma lenda viva no seu tempo. Ademais de excelentes guerreiros, eram os maiores proprietários de terras (três quartas partes da cidade de Paris lhes pertencia), comerciantes, armadores, navegantes e intelectuais.

Foram os pioneiros em traduzir para o idioma vernáculo trechos da Bíblia, como Josué e os bravos Cavaleiros, baseado no livro Juízes da Bíblia, na forma de romance de cavalaria. Resulta interessante observar que neste livro o grande herói é Sansão, quem diz em Jz.16:17: Nunca subiu a navalha à minha cabeça, porque sou nazireu de Deus... Outra coincidência é que este livro contem o relato da lenda de um importante grau maçônico. Os templários ajudaram a difundir as obras sobre o Santo Graal e o Rei Arthur, como Parzifal de Wolfram von Eschenbach, que viveu entre 1170 e 1220 e Le conte du Graal escrito entre 1184 e 1190 por Chretien de Troyes, onde Percival é denominado Filho da Viúva. Aos templários é atribuída a criação do Tarot, que seria um manual de ensino esotérico, longe de ser um baralho de sortilégios como é desvirtuado hoje em dia.

Politicamente também eram muito poderosos pois mediavam entre os paises em conflito e tinham cadeira no Parlamento inglês. Administravam todo o dinheiro de Europa ocidental e criaram a carta de crédito com código secreto. Prestavam a interes de 60% anual, 17% mais do permitido aos prestamistas judeus. Os reis freqüentemente recorriam a esses empréstimos e sempre estavam muito endividados com a Ordem. Com o tempo, os agentes templários ficaram arrogantes e muita gente não gostava deles; mais podia confiar-se neles. A corrupção interna era fortemente punida: uma vez o prior da Irlanda foi acusado de malversação de fundos e foi preso numa cela onde não podia nem se deitar. Morreu de fome oito semanas depois. 

Mas os Templários eram sobre tudo construtores. Como tais, eram chamados de Fratres Salomonis, e dirigiam as construções de castelos, pontes e catedrais góticas que proliferaram durante o reinado da Ordem. Quase todas as catedrais góticas foram construídas ou iniciadas durante a época templária. O último Grão Mestre da Maçonaria Operativa da Inglaterra, o arquiteto Christophen Wren disse (cerca 1700) que o que hoje chamamos de gótico, deveria chamar-se de arquitetura sarracena refinada pelos cristãos, que surgiu primeiro no Oriente... Devemos lembrar que os contatos dos templários com outras culturas, tanto exotéricas como esotéricas, dos povos árabes, judeus e cristãos ortodoxos orientais do Império Bizantino, enriqueceram a visão do mundo até então limitada ao cristianismo católico romano. Houve, então, uma troca de informações mútuas, onde os construtores maçons também influenciaram os Fratres Salomonis com as lendas das antigas origens das fraternidades de pedreiros e construtores. A corrente de transmissão da Tradição Primordial teria sido transversal, e não apenas vertical. 

Muitos templários receberam a iniciação de companheiros maçons quando dirigiam os trabalhos de construção ou exerciam a função de mestres instruindo os aprendizes. Assim, se tornaram Cavaleiros Guerreiros e Companheiros da Arte Real. Como prova concreta temos que na cidade de Metz uma fraternidade de maçons se reunia na Comandaria dos Templários. Em 1285 se encontra o nome de Jennas Clovanges, li maires de la frairie dês massons dou Temple (Jennas Clovange, prefeito da fraternidade de maçons do Templo). Uma lápida funerária descoberta em 1861 frente a capela, diz Freires Chapelens ki fut Maistres dês Mazons dou Temple de Lorene? (Freire Capelão ? Cavalheiro Templário - que foi Mestre dos Maçons do Templo de Lorena). 

Alguns autores querem ver uma doutrina e um ritual secreto templário, que seriam regras iniciáticas e que se estendiam por sete graus - três elementares, três filosóficos e um cabalístico, denominados: Adepto, Companheiro, Mestre Perfeito, Cavaleiro da Cruz, Intendente da Caverna Sagrada, Cavaleiro do Oriente e Grande Pontífice da Montanha Sagrada. Acreditavam que após a morte a alma, que era imortal, liberta do invólucro físico, ascendia a um plano superior, se sublimava e voltava ao mundo para rever aqueles que lhes eram simpáticos, segundo as leis das afinidades. Contudo, não temos documentos confiáveis que provem estas informações. Por outro lado, é evidente que legaram os losangos negros e brancos da sua bandeira, a orla dentada, a bandeira de guerra marítima com a caveira e duas tíbias cruzadas, a palavra vale, entre outros. 

Em 1291 cai Acre, última cidade dos cruzados em Terra Santa, e assim o reino latino de Jerusalém se perdeu para sempre. Os Templários ficaram e sem lar. O plano secreto seria criar um novo reino no Languedoc, sul da França que, para pior, tinha uma população ainda simpatizante da heresia cátara. Os Cavaleiros Teutónicos (alemães) já tinham criado um território independente na Prússia e no Báltico. 

O Papa havia proposto a fusão das Ordens de São João com os Templários, e já ameaçava com punir a Ordem Teutónica, quando o rei Felipe o Belo, que ambicionava as riquezas templárias e que os odiava porque fora rejeitado como Templário Aceito ou de Honra como tinha sido o rei inglês Ricardo Coração de Leão, resolveu agir rapidamente: numa sexta-feira 13 de outubro de 1307 todos os templários em território francês foram presos de surpresa e colocados a disposição da Inquisição sobre acusações de heresia, cujo delito se castigava com a morte. Todos foram torturados, inclusive o Grão Mestre Jacques de Molay. Alguns morreram, outros conseguiram fugir.

O papa Clemente V, que era um virtual prisioneiro do rei francês e que nem morava em Roma e sim em Avignon (França), concordou com os arrestos. Ele sempre tratou de salvar a Ordem, contra a posição de Felipe o Belo. Esta teoria foi confirmada quando a historiadora italiana Bárbara Frale descobriu em 2002 um pergaminho chamado de Chinon que inocenta a Ordem, assinado, entre outros, pelo cardeal Berenguer, legado do Papa. O Prefeito do Arquivo Secreto do Vaticano, Monsenhor Pagano, exibiu a Ata original do Processo aos Templários, firmada de punho e letra pelo Papa Clemente V°, que absolve de toda heresia e apostasia á Ordem do Templo, a Jacques de Molay e aos altos dignitários prisioneiros nesse momento (verão de 1308) no castelo de Chinon, França. Prossegue o documento dizendo que os líderes templários são reintegrados à comunhão e podem receber os sacramentos.

Todavia o principal objetivo do rei francês não foi atingido: o fabuloso tesouro dos templários não foi encontrado por ele... nem por ninguém. 

Em 22 de março de 1312 a Ordem do Templo foi suspensa não eliminada - pelo papa, sem veredicto sobre as acusações de heresia, como já vimos. Dois anos depois, no dia 11 de março, vésperas de São Gregório, Jacques de Molay e o preceptor de Normandia Geoffroi de Charnay foram queimados vivos na Ilha de la Cite em frente à Catedral de Notre Dame por ordem direta do Felipe o Belo. Nesse mesmo ano, o rei e o papa também morreram, em circunstancias duvidosas, sobre tudo o primeiro. 

Os templários que sobreviveram, tiveram acolhida na Ordem Teutónica, nos Hospitalários e nas ordens ad-hoc criadas pelos rei de Portugal D. Diniz chamada Ordem de Cristo e pelo rei de Aragão, chamada Ordem de Montesa. Demais está lembrar que estes dois reinos foram, um século depois, as principais potencias marítimas do mundo, com cartas de navegação de uma precisão surpreendente para a época, e que constituíam o maior segredo político-militar e comercial da alta idade média. Um Grão Mestre da Ordem do Cristo descobriu o Brasil, e o genro de outro descobriu América. 

Outro grupo de templários chegou a Escócia, onde o rei excomungado Robert I de Bruce os recebeu e criou também uma ordem para abrigá-los: a Real Ordem de Escócia, como recompensa pela ajuda na batalha de Bannockburn. O rei seria o Grão Mestre Soberano e os St. Clair os Grandes Mestres hereditários. Também, elevou de categoria a Ordem de Kilwinning do Heredom, palavra que significa do refugio ou do asilo, conforme o escritor Andrew Sinclair. 

Depois desta breve introdução, vamos apenas enumerar alguns fatos históricos comprovados que possam levar a estabelecer uma relação entre Templários e Maçons e também deduzir se houve ou não uma conexão escocesa. 

Esta tarefa não é fácil para o historiador, se considerarmos que a maçonaria é um enorme quebra-cabeça vivo, em constante movimento. Todavia, o desafio de estabelecer uma relação entre a Trolha e a Espada, vale a pena como recompensa para as nossas pesquisas, bem como estimular outros escritores visando obter melhores resultados com novas descobertas. 

PARTE III: INFLUENCIA DO TEMPLARISMO NOS RITUAIS MAÇÔNICOS 


Os heróis do Graal, esses guardiões da Terra Santa por excelência são os Cavaleiros das duas espadas, que representam o duplo poder, temporal e espiritual.

1) Nos arquivos da Loja de Edimburgo Marys Chapel N. 1 aparece o registro da primeira admissão documentada de um maçom gentil homem, ou seja não operativo: John Boswell de Auchnlech, cuja firma era uma cruz num círculo, símbolo usado também pelos rosa-cruzes. Na Escócia é onde aparecem os primeiros maçons aceitos - não pedreiros seguindo uma tradição templária. 

2) Existem atas que demonstram a filiação do rei Jacob VI de Escócia (e Jacob I da Inglaterra) à Loja de Peth e Scoon em 1601. Este rei funda a Ordem de Santo André do Cardo com estrutura Templária. Em 1687 é restabelecida por Jacob II antes de seu exílio a França. Dela nasce o grau de Mestre Escocês de Santo André, que sucede ao grau de Mestre Maçom. Nasce também a Garde Ecossé (Guarda Escocesa) encarregada da proteção do rei da França. Esta tropa, a diferencia de outras ordens de militância teórica, como a Ordem da Jarreteira, era militar autêntica e similar aos Templários. Este regimento foi modelo na França e no mundo, e toda a comandância era filiada à maçonaria, levando suas lojas a França a partir de 1688. 

3) Em 1641 na Loja de Edimburgo se filiam os generais e engenheiros Robert de Moray e Alexander Hamilton. 

4) Em 16 de outubro de 1646 é iniciado o antiquário Elias Ashmole, co-fundador com Moray da Sociedade Real e o primeiro autor conhecido que escreveu a favor dos Templários. 

5) No reinado do rei Carlos II, segunda metade do século XVII, se mantém os graus superiores de Mestre Secreto, Perfeito e Eleito. Esta maçonaria já começa a ser chamada de escocesa. Posteriormente, quando os Estuardo são derrocados e exilados na França, a maçonaria que era a favor dos reis Hannover funda a Grande Loja de Londres em 1717 e trata de apagar todo vestígio da maçonaria escocesa e chamada de jacobita, por causa da ação política dos reis Estuardo exilados: Jacob II, Jacob III o Velho Pretendente e Carlos Eduardo o Novo Pretendente, que desejavam retomar o poder perdido na revolução de 1688. Como parte deste processo, os altos Graus não são aceitos na Grande Loja dos Modernos da Inglaterra, enquanto prosperam na França, Alemanha, Irlanda e na Loja dos Antigos da Inglaterra.]

6) Primeira Loja fundada em França foi em 25 de março de 1688 pelo Regimento Royal Irish conhecido como Regiment de Infrantic Walsh, que havia acompanhado a Jacob II no exílio. Um ano depois chega a Paris o escocês David Claverhouse portando uma Cruz Templária original, anterior a 1307, que pertenceu ao seu irmão o visconde de Dundee e que aparentemente lhe dava a autoridade de Grão Mestre Templário. 

7) A primeira Loja registrada em Paris foi fundada em 1726 pelo escocês Charles Radclyffe, conde de Derwentwater, cujo irmão morreu na revolta jacobita de 1715 contra o rei inglês, e ele mesmo foi decapitado na Torre de Londres em 1746 depois de fracassar a última revolta jacobita na batalha de Cullen. 

8) Em 1737 o escocês Cavalheiro de Ramsay pronuncia seu famoso discurso como Grande Orador da Grande Loja da França presidida por Charles Radclyffe, onde afirma que a maçonaria descende dos Templários e não dos grêmios de pedreiros. Cria os altos graus de Escocês, Novicio e Cavaleiro do Templo, que são rejeitados na Inglaterra. Cita a Loja de Kilwinning como a mais antiga, elogia a Guarda Escocesa como depositaria do Cavalarismo e lembra que os sinais, toques e palavras da maçonaria foram transmitidos pelos cruzados. 

9) Nas Ordenanças Gerais de 1743 da Grande Loja da França (de filiação maçônica jacobita), se menciona uma Ordem de Mestres Escoceses e, em 1755, quando o conde de Clermont e príncipe de sangue real, Luiz de Borbón-Condé, assume o Grão Mestrado da França, reconhece o novo grau de Mestre Escocês, e lhes da a função de serem os Inspetores da Ordem. 

10) Em 1742 o varão Karl G. Von Hund é iniciado por maçons jacobitas e funda o Rito da Estrita Observância Templária (E.O.T.) Divulga uma lista inédita de Grão Mestres Templários, se declara ele mesmo Grão Mestre do Temple e outorga graus maçônicos-templários. Desta Ordem foram membros, dentre outros, Mozart, Goethe e Haydn. 

11) Em Lyon Jean-Batiste de Willermoz participa da criação do Rito Escocês Retificado baseado no rito da E.O.T. Afirmam alguns autores que a ele pertenceu Napoleão I. 

12) Em 1755 em Paris, o Conselho de Imperadores de Oriente e Ocidente organiza o Rito Escocês de Perfeição ou de Heredom, de 25 graus. 

13) Os regimentos instalados nos atuais Estados Unidos eram quase todos filados as Grandes Lojas da Irlanda, Escócia, a Estrita Observância e às inglesas dos Antigos e dos Modernos. Menos a última, as demais ofereciam os altos graus como Royal Arch, Mark Degree, e Royal Ark Mariner. Em 28 de agosto de 1769, em Boston, a escocesa Loja Saint Andrews outorgou o Grau de Cavaleiro Templário.

14) Finalmente a 1° de maio de 1786 é atribuída a Frederico II O Grande, Imperador da Prússia, a unificação de todos os ritos escoceses num único Rito Escocês Antigo e Aceito, elevando a 33 os graus maçônicos. Este é o ritual mais difundido do mundo e o praticado pela nossa Grande Loja Maçônica da Bahia. 

15) Neste rito, o simbolismo construtivo se une com a Cavalaria Templária, manifestando-se, esotéricamente, especialmente nos graus 15° (Cavaleiro de Oriente e da Espada), 17° (Cavaleiro de Oriente e Ocidente), 21° (Noaquita ou Cavaleiro Prussiano), 27° Grão Comandante do Templo ou Soberano Comandante do Templo de Jerusalém, 29° Grande Escocês de Santo André de Escócia, 30° Grande Cavaleiro Eleito Kadosch ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra. 

Corresponde considerar que todos esses graus cavaleirescos são marcados pelo sinete do Santo Graal, sincretismo das tradições judeu-cristãs com os celtas e a mística templária que, passando pela Escócia eclodiria finalmente na França. Nenhuma pesquisa sobre a relação entre os graus escoceses e os Templários terá sucesso se não se referir à busca do Graal, esse Santo Vaso que a Tradição Primordial considera como sendo a representação do centro espiritual do mundo, custodiado eternamente pelos Cavaleiros Templários, num vale cuidadosamente dissimulado à vista dos profanos. 


PARTE IV: A FUSÃO DOS TEMPLÁRIOS COM OS MAÇONS ESTÁ ESCRITA EM PEDRA POR TODA A ESCÓCIA 


"O vinho é forte/ o Rei é mais forte/ as mulheres mais fortes ainda/ mas a verdade conquista tudo". Inscrição no Pilar do Aprendiz, dentro da Capela de Rosslyn, Escócia. 

1) No povoado de Kilmartin, próximo do Loch Awe, no cemitério da Igreja, existem 80 túmulos de templários, com espadas gravadas nas lápidas, datadas dos anos de 1300. Não têm nome nem cruzes cristãs, apenas marcadas com espadas retas e, em algumas delas pode-se observar maços, esquadras, compassos medievais (tipo tesouras). No mundo todo, há apenas 4.460 tumbas medievais cadastradas, quase nenhuma militar, salvo na Escócia e algumas poucas em Terra Santa, todas de Cavaleiros Templários. Precisamente seria em Argyl onde se teria refugiado a frota fugitiva dos templários. 

2) Túmulos no castelo templário de Athlit, hoje Israel, abandonada em 1291 quando a caída de Acre. Uma tumba tem um almirante templário com uma âncora, outra um templário mestre maçom com espada, esquadro e prumo e outro com esquadro e compasso. São os túmulos templário-macônicos mais antigos do mundo, junto com Reims (1263) e Bure-les-Templiers, ambas na França. 

3) Na capela de Kilmory, no loch Sween se encontram 40 túmulos de templários, uma delas claramente bem conservada mostra um esquadro maçônico na cabeça do guerreiro, talhado na lápida. 

4) Resumindo, há tumbas templário - maçônicas na Escócia Oriental, cerca do fiorde de Forth, em Balantrodoch (ex encomenda templária), em Temple, em Pentalnd e em Westkriek, onde as lápidas levam símbolos de régua, compasso, esquadro, maço e malho junto com a espada reta e austera dos templários.

5) Em 1560 um documento da família escocesa Seton afirma que nesse anoos templários foram desempossados do seu interesse patrimonial. Estavam atuantes na Escócia 250 anos depois da dissolução.

6) A Abadia de Kilwinnig foi construída no século XII pela família De Morville. Concederam terras aos Sinclair de Rosslyn e aos templários. Os Sinclair presidiam as assembléias anuais dos maçons nesta abadia, que reclama ser a Loja Maçônica mais antiga do mundo. 

7) A Capela de Rosslyn representa um dos maiores edifícios onde se misturam, talhados em pedra, antigas tradições templárias, de maçons, dos celtas e do homem verde, e provas da navegação ao continente americano, 50 anos antes dele ser oficialmente descoberto por Cristóvão Colombo em 1492. Encontra-se a 5 km ao sul de Edimburgo. Começou a ser construída em 1446 por William St. Clair quem, como mestre de obras e arquiteto, projetou todo o edifício, conforme a geometria sagrada, que foi terminado na década de 1480. Em 1441 Jacob II de Escócia nomeou os St. Clairs como protetores hereditários dos maçons na Escócia. Esta tradição durou até a criação em 1736 da Grande Loja Maçônica da Escócia, já como maçonaria moderna e especulativa, elegendo como primeiro Grão Mestre a William St. Clair. Nesta capela existe a Coluna do Aprendiz, um anjo em postura de iniciação maçônica, tumba de templários com espadas e símbolos maçônicos construtivos, esquadros e compassos talhados copiando o desenho da Jerusalém Celeste de Lambert de Saint Omer de 1121, e plantas originarias da América como milhos e agaves. Em certo sentido, Rosslyn celebra a reconstrução do Templo de Jerusalém por Zorobabel admirado pelos Templários - em uma nova Jerusalém Celeste. 

8) Durante nossa pesquisa tivemos uma pequena mas interessante descoberta: a frase "O vinho é forte/ o Rei é mais forte/ as mulheres mais fortes ainda/ mas a verdade conquista tudo está referenciada como Esdras caps.3 e 4, mas comprovamos que ela não existe na Bíblia. Todavia, é em Esdras onde aparece Zorobabel, e a construção do segundo templo de Jerusalém é tema recorrente em diversos rituais maçônicos. 

9) Uma carta de 1676 afirma que os Sinclair estão obrigados a receber a palavra do maçom, que é um sinal secreto que os pedreiros têm no mundo todo para se reconhecer...

10) Em 1475 o burgo de Edimburgo outorgou Carta de Associação aos maçons, chamada de Carta da Capela de Maria (Marys Chapel), local mais tarde conhecida como Loja N. 1 de Edimburgo Capela de Maria. 

11) Em 1598 o Grão Mestre de Obra e Guardião Geral dos Maçons, William Schaw, nomeado pelo rei Jacob VI de Escócia (mais tarde Jacob I da Inglaterra), redigiu os primeiros Estatutos Schaw reorganizando a maçonaria escocesa e que foram o proto - modelo da maçonaria especulativa atual. 

PARTE V: A GÊNESIS DA MAÇONARIA.


Pedi, e dar-se-vos-à; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-à. Pois todo o que pede recebe; o que busca, encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Evangelho Matheus, 7: 7-8. 

Finalizando a nossa pesquisa podemos esboçar a tese, despretensiosa por certo, de que a Maçonaria atual é o resultado de um sincretismo onde diversas correntes do pensamento e da Tradição confluíram na Maçonaria Operativa, (embora René Guénon disse que na verdade ela sempre foi ao mesmo tempo operativa e especulativa), dando nascimento à maçonaria atual, composta por cavalheiros sem vinculação necessária com os grêmios da construção. Estas correntes incluem o gnosticismo dos primeiros cristãos; o hermetismo através das escolas neo-platônicas renascentistas italianas; a tradição celta e a da igreja culdéia encarnadas em famílias escocesas como Robert de Bruce, os Montgomery, os Sinclair, os Seton, os Schaw, os Hamilton; os esoterismos: católico medieval, islâmico dos sufis e protestante sobre tudo dos rosa-cruzes; e a cabala cristã e a judia. A faísca da Tradição Primordial está presente na transmissão realizada pelas confrarias dos antigos construtores, cujas fontes se perdem nos inícios dos tempos. A Ordem dos Templários, que por dois séculos foi uma espécie de comunidade européia medieval, globalizou e catalisou o melhor do pensamento de Oriente e de Ocidente, depositando tais conhecimentos nas corporações de construtores de Europa. Estas reuniam o mais avançado da intelectualidade da época por lidar com a construção de monumentais catedrais, que exigiam a mais avançada tecnologia do momento, além de dominar teologia, simbolismo filosófico e a Geometria Sagrada. Tudo isso devia ter o beneplácito da Igreja Católica ? ou mantê-la oculta - porque, à menor suspeita de heresia, mandava os acusados à Inquisição. O monge hermetista Giordano Bruno foi queimado vivo em 1.600. Por sua vez, o Templo também foi influenciado pelas tradições da maçonaria operativa. Todavia, só na Escócia sucedeu o fenômeno de que cada corporação de artesãos tinha uma loja maçônica, quase que superposta a ela, cujas reuniões tinham caráter esotérico e iniciático. O historiador escocês David Stevenson, que não é maçom, pesquisou os arquivos e minutas de 25 corporações e suas lojas maçônicas escocesas desde 1590 até 1710, documentando que todas elas tinham um lado misterioso. Hoje sobrevivem 20 dessas Lojas, todo um recorde. Na Inglaterra nenhuma Loja atual pode demonstrar uma antiguidade anterior a 1716/1717, o ano quando se criou a Grande Loja de Londres. Da Escócia, pois, a maçonaria especulativa se expandiu a Irlanda, país de Gales e Inglaterra, e daí ao mundo todo, sendo que na França reencontrou, como vimos, o espírito templário. Por tudo isso preferimos não falar de uma origem da maçonaria, e sim da gênesis do sincretismo que foi construindo e ainda o faz!- a atual maçonaria. 

Finalmente, não podemos deixar de mencionar o que cremos ser a maior homenagem que a Maçonaria brinda a Ordem dos Templários, que é educar os seus jovens na Ordem De Molay, criada em Kansas City em 1919 por Frank Land. 

Lembremos, mais uma vez, as 7 Virtudes que devem guiar a nossa Juventude, inspiradas na conduta do último Grão Mestre Templário Jacques de Molay: AMOR FILIAL, RESPEITO, CORTESIA, CAMARADERIA, FIDELIDADE, LIMPEZA E PATRIOTISMO.
Eugenio Tschelakow 
Núcleo de Estudos e Pesquisas Maçônicas Udo Schleusner.

segunda-feira, 17 de julho de 2017



OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS


Por Robert Lomas


No ano de 1118, Hughes de Payens e oito outros Cavaleiros formaram um aliga para proteger os peregrinos que vinham à Terra Santa. Eles prestaram votos perante o bispo de Jerusalém de viver e lugar por Jesus Cristo em castidade, obediência e pobreza. Sua Ordem cresceu rapidamente, e, dez anos depois, Hughes retornou para a Terra Santa à frente de 800 recrutas nobres da Inglaterra e da França. São Bernardo de Clairvaux se tornou seu patrono, e, pela Sua morte, a Ordem se espalhou por toda a Europa. No fim do século XII, era uma das organizações mais poderosas do mundo cristão.

A Ordem tinha três classes: Cavaleiros, que lutavam; padres que rezavam (ambos tinham de ser de descendência nobre); e Irmãos serventes, que não tinham de ser de origem nobre. Os Novatos podiam prestar votos por um número fixo de anos, ou por toda a vida. Uma das regras da Ordem convocava seus membros para viver em pobreza, e seu emblema mais antigo mostrava dois Cavaleiros cavalgando um cavalo, para denotar humildade e pobreza. Mas essas virtudes não duraram muito. Os Templários logo se estabeleceram em grandes castelos acima e abaixo da Terra Santa, e seu orgulho tornou-se proverbial. O rei de Jerusalém, Balduwin II, deu-lhes o uso de um edifício no Monte Moriá, perto do local do Templo do rei Salomão, e, a partir disso, eles têm seu nome de Cavaleiros do Templo. Quando Jerusalém foi tomada pelos muçulmanos, eles mudaram sua sede para o Castelo Pilgrim, em Acre. Eles foram expulsos de Acre em 1295 e, em seguida retiraram-se para Chipre.

Eles vieram pela primeira vez p0ara a Inglaterra e criaram um Priorado no Templo Antigo, perto do que é agora Southampton House, em Londres, durante o reinado do rei Stephen. Em 1185 eles se mudaram para o sítio da Igreja do Templo, em Fleet Street, em Londres. O rei Luiz VII, da França, deu-lhes um local em Paris, que se tornou famoso como o Templo de Paris. Esses quartéis-generais na Inglaterra e França foram suas principais estações de recrutamento, e eles rapidamente começaram a adquirir doações de propriedades na Inglaterra, Escócia e França. No momento de sua dissolução, diz-se que possuíam mais de 9 mil grandes mansões. Suas propriedades foram espalhadas por toda a Inglaterra, sendo 25 só em Yorkshire.

Durante a luta na Palestina, muitos Cavaleiros morreram, e eles lutaram muitas batalhas difíceis para provar sua devoção à Cruz. Na batalha de Ascalon, eles sitiaram Saladino, mas o Grão-Mestre e a maioria dos Irmãos foram deixados mortos no campo de batalha. Existe também o que parece ter sido uma estreita ligação entre eles e os Assassinos, ou seguidores do Velho Homem das Montanhas, e é uma tradição que dois dos nove fundadores originais dos Templários foram afiliados aos Assassinos (Ward diz que “Assassinos” não significa sempre “Homicida”, mas era o nome dado para alguém que tomasse a droga haxixe (hashish). Esse estimulante foi um método que os guerreiros usavam para motivar-se antes de irem para a batalha.)

Os Assassinos eram membros de uma seita mística, panteísta, e Ward diz que eram amargamente hostis aos muçulmanos (embora eles fossem muçulmanos – uma subseita ismailita em oposição à maioria sunita) e igualmente detestado por eles. A primeira associação entre os templários e os Assassinos foi, provavelmente, uma aliança mútua contra um inimigo comum. No entanto ela terminou com os Assassinos tendo de prestar homenagem ao Grão-Mestre do Templo, e em 1249 seu chefe ofereceu-se para se tornar cristão, se os Templários liberassem sua seita dessa obrigação.

Vinte anos antes de os Templários serem expulsos de Acre, os Assassinos foram praticamente aniquilados pelos sarracenos (seus descendentes são o Aga Khan e seus seguidores). Após a queda de Acre, o Grão-Mestre templários e a maioria dos Cavaleiros foram mortos, e a Ordem foi reagrupada em Chipre. No entanto, eles não tentaram recuperar Jerusalém, em vez disso, começaram a travar brigas europeias mesquinhas, parecendo que eles teriam abandonado sua tarefa de defender a cristandade, e deixando a si mesmos abertos aos ataques de seus inimigos. Esse hiato em sua atividade só pode ter sido temporário, mas pela intervenção do rei Filipe IV, da França, que os atacou em 1307.

Naquela época, os Templários contavam com 15 mil Irmãos ativos e perto de 40 mil filiados, mas tinham poucos amigos na França. Seu orgulho e riqueza alienada do povo, e sua vontade de admitir homens de origem modesta, despertaram a indignação da nobreza. Os Templários combinavam arrogância com origem humildes, atraindo antipatia imediata, e os reis da Europa institivamente faziam objeções a uma Ordem cosmopolita, que tinha assumido algumas das melhores propriedades em seus reinos e não lhes pagou nenhum serviço ou impostos. 

Mesmo o clero odiava os privilégios concedidos aos Templários por vários papas. Eles respondiam apenas ao papa e não estavam sujeitos à autoridade dos bispos, em cujas dioceses ficavam seus negócios; portanto, não poderiam excomunga-los ou controla-los de alguma forma. Quando o papa Alexandre III criou o cargo de Sacerdote de Cavaleiro Templários dentro da Ordem, de modo que os Templários pudessem confessar aos seus próprios sacerdotes, eles foram capazes de ignorar totalmente o clero paroquial. Tronou-se uma tradição templária não se confessar ao clero externo sem uma permissão especial, o que servia para manter invioláveis os segredos da Ordem, mas também permitia que as heresias continuassem incontroladas. A gota d´água deve ter sido quando o papa Inocêncio III liberou o clero templário de qualquer dever de obediência ao bispo diocesano.

A absoluta autonomia dos Templários deu origem à suspeita e às acusações de heresia, e pior, que eram feitas contra eles. Em algumas matérias, os Templários foram pouco ortodoxos de acordo com as ideias de sua idade. Assim, é evidente, a partir de transcrições de suas provas, que as formas de confissão e de absolvição que eles usavam não eram as mesmas utilizadas pelo clero ortodoxo.

No século XIV, existiam três importantes Ordens militares: os Cavaleiros Teutônicos, os Hospitalários e os Templários. Os Cavaleiros Teutônicos estavam fazendo um trabalho útil contra as selvagens tribos eslavas na fronteira alemã e, uma vez que eles estavam lá concentrados, eram difíceis de serem atacados Os Hospitalários não eram, nem de longe, tão ricos como os Templários, mas estavam ativamente engajados na luta contra os turcos no Oriente Médio – e eles tiveram um sábio Grão-Mestre (ele recebeu a mesma convocação que Jacques de Molay do Papa Clemente V, mas, suspeitando de traição, arranjou uma desculpa para não ir, porque estava muito ocupado sitiando Rodes). Felipe o Belo, da França – ou Felipe, o Falso, como seus inimigos o chamavam – odiava os Templários por muitas razões, a não menos importante porque se recusavam a admiti-lo em sua Ordem. Ele também odiava o papa Bonifácio VIII e, quando o papa Clemente V assumiu o comando, exigiu uma investigação sobre a vida e as ações de Bonifácio. Clemente estava em uma posição fraca, pois seu trono papal tinha sido presente do rei da França; e, quando Felipe acusou Bonifácio de ateísmo, blasfêmia e imoralidade, Clemente estava disposto a acalmá-lo para evitar o escândalo de uma investigação pública. Naquela ocasião, o papa estava vivendo em território francês, em Avignon, onde ele tinha sido forçado a ficar pelo rei francês, por isso foi para a França que Clemente convocou o Grão-Mestre dos Templários para discutir uma nova cruzada.

Jacques De Molay foi para a França e, em 13 de outubro de 1307, foi preso por ordem de Felipe. Ele foi retirado do Templo de Paris, com 60 Cavaleiros. Felipe acusou-os de heresia, idolatria e vícios degradantes. O rei tinha enviado anteriormente ordens seladas para todos os governadores provinciais, que, na madrugada de sexta-feira, o 13º dia, prendeu todos os membros da Ordem na França.

Felipe baseou suas acusações no depoimento de suas testemunhas – Noffo Dei e Squin de Florian, ambos expulsos dos Templários por graves crimes, sendo homens em cuja palavra não se podia confiar. Mas Felipe contou com algo mais eficaz do que a palavra de dois bandidos. Ele empregou a tortura mais diabólica. Seu Grande Inquisidor, William Imbert, foi apoiado pelos dominicanos, que já detestavam os Templários. Torturador hábil que era Imbert, quase sempre conseguiu extrair confissões de suas infelizes vítimas. Alguns Cavaleiros foram convidados? “Vocês gostariam de defender a Ordem? ” – Eles responderam: “até a morte”, e a maioria que respondeu dessa forma foi queimada na fogueira.

Em novembro de 1307, o papa emitiu uma bula declarando que os chefes da Ordem haviam confessado a verdade dos crimes de que foram acusados, e ele enviou instruções para Edward II da Inglaterra para prender todos os Templários em seu reino. O rei inglês recusou, dizendo que os Templários eram fiéis à pureza da fé católica. No entanto, Edward estava no meio de resolução de um casamento com a filha de Felipe, Isabella de França, e seu futuro sogro colocou tanta pressão sobre ele que Edward, em última análise, cedeu e apreendeu os bens dos Templários, embora não se tenha prendido ou torturado. Esse atraso permitiu que muitos dos Cavaleiros, alertados pelo destino que os ameaçava com o que estava acontecendo na França, escapassem na obscuridade. Se existir uma ligação real, é a partir desses Cavaleiros que a sucessão maçônica dos Templários deve ser derivada.

Uma Comissão Papal chegou à Inglaterra em setembro de 1309 e insistiu que Templários fossem presos e levados para Londres. Lincoln e York para julgamento. Muitos fugiram, principalmente no Norte, onde o xerife de York foi repreendido por permitir-lhes vagar por todas as terras.

Naquela época, a Escócia estava nominalmente sob o domínio inglês. Escócia e Irlanda foram incluídas nas mesmas instruções, e os Templários de ambos os países foram levados para Dublin para julgamento. É improvável que muitos Templários escoceses tenham sido capturados, e, nessas circunstâncias, a tradição da Ordem Real da Escócia, assim como os Maçônicos Preceptórios Templários escoceses podem muito bem ter uma base sólida. É provável que esses Cavaleiros escoceses se juntaram aos rebeldes escoceses em 1314 na Batalha de Bannockburn, para lutar contra o governo inglês que os estava perseguindo. Na verdade, o que mais eles poderiam fazer? Eles estavam lutando contra homens. Se eles não podiam lutar contra o infiel e, nem por Edward II, por que não lutar por seu oponente, o rei Robert da Escócia?

Finalmente, o rei Edward rendeu os Cavaleiros acusados à lei eclesiástica, mas até março de 1310 nada foi feito. Naquela época, a tortura não era permitida na Inglaterra, e, sem surpresa, nenhuma confissão foi obtida. O papa alertou Edward II que ele estava pondo em perigo a si mesmo por dificultar a Inquisição, e até mesmo ofereceu ao rei a remissão de todos os seus pecados se ele o ajudasse. Isso era muito tentador para que Edward resistisse, e em 1311 ele permitiu que a tortura fosse utilizada. Três dos acusados confessaram, mas os resultados foram insatisfatórios do ponto de vista do papa. Os presos admitiram ser culpados de heresia e concordaram em fazer penitência. Eles passaram o resto de suas vidas em vários mosteiros, mas receberam boas pensões; William de la More, Mestre da Ordem na Inglaterra, recebeu dois schillings por dia, e os membros ordinários quatro pence (uma soma muito adequada, então). O rei deu a maioria das propriedades dos Templários aos seus favoritos, mas algumas passaram aos Cavaleiros Hospitalários. 

Na Itália, um inquérito em Ravenna decidiu que todos os Templários eram inocentes, mesmo aqueles que confessaram sob tortura, mas em Florença a tortura conseguiu fazer com que muitos confessassem crimes repugnantes. Em Castela, os Templários pegaram em armas e tomaram as montanhas. A lenda diz que se tornaram anacoretas e foram tão santos que, quando eles morreram, seus corpos permaneceram não corrompidos. (A existência de tal tradição indica que em Castela eles eram considerados homens maus.) Em Aragão eles foram absolvidos e aposentados, mas em 1317 uma nova Ordem foi fundada, o que Ward denomina como A Ordem dos Cavaleiros de Notre Dame de Montesa (L´Ordre des Chevalier de Notre Dame de Montesa). Eles adotaram a regra e as roupas dos Templários, com a aprovação do papa João XXII. Esses Cavaleiros foram grande trunfo para Aragão, que estava envolvida em guerra constante com os mouros e não teria conseguido sem eles.

Em Maiorca, os Templários foram aposentados, e, em Portugal, o rei D. Dinis também superou sua dificuldade de em fundar uma nova Ordem em 1317, que foi realmente uma continuação da Ordem dos Templários, sendo chamada de Companhia de Jesus Cristo. Ela foi formalmente aprovada pelo papa João XXII em 1318, e muitos Templários juntaram-se a ela, muitas vezes mantendo sua posição de origem. Seu castelo em Belém, perto de Lisboa, manteve seus escudos exteriores mostrando a Cruz dos Templários.

Na Alemanha, os Cavaleiros Templários convenceram a nobreza de que eram inocentes, e a maioria escapou com vida. Muitos se juntaram à Ordem Teutônica, e fizeram um bom serviço na Prússia contra os eslavos. Na Boêmia, os templários mantiveram suas propriedades e foram autorizados a legá-las aos seus herdeiros.

Só na França eles eram tratados com crueldade e injustiça. Felipe não fez nenh8u7ma tentativa de dar aos Cavaleiros um julgamento justo. Uma bula emitida por Clemente em 12 de agosto fingiu dar os resultados de um exame que não foi realizado até 17 de agosto. Ele também alegou que as confissões foram espontâneas, o que era uma absoluta mentira. Ward cita um exemplo para demonstrar a brutalidade da perseguição e da traição do rei. Em 1310, Clemente apelou à Ordem para que ela se defendesse e dissesse que por ela não deveria ser suprimida. Quinhentos e trinta e seis Cavaleiro se ofereceram para defender a Orem, e Felipe prometeu que eles estariam livres de perigo. Eles devidamente compareceram perante a Comissão Papal em Paris e seus sofrimentos foram relacionados. (Um cavaleiro mostrou aos comissários os pequenos ossos dos pés, que caíram quando ele foi torturado pelo fogo.) Mas, uma vez que os Cavaleiros estavam em seu poder, Felipe quebrou sua palavra e ordenou que fossem processados. Como alguns já haviam confessado a heresia sob tortura, sua defesa da Ordem foi tratada como uma recidiva, e por isso podiam ser queimados na fogueira.

Felipe não mostrou misericórdia. Os Templários foram queimados em lotes, e as contas de seus sofrimentos são terríveis. Cinquenta e quatro foram queimados por Felipe de Marigni, arcebispo de Sens, e, apesar de seus gritos de angústia, nem um deles se retratou ao ser queimado. No entanto, vendo o que os esperava, muitos dos outros Cavaleiros retiram sua defesa. Aymeric de Villars le Duc foi arrastado perante o tribunal em 15 de maio, três dias depois de ter visto os 54 levados para o fogo, e ele disse aos comissários que, sob tortura, ele poderia jurar qualquer coisa que fosse necessária. Ele mesmo admitiu que tinha assassinado o próprio Senhor.

Foram utilizados diversos métodos de tortura. Lascas de madeira foram introduzidas sob as unhas, ou nas articulações dos dedos; dentes foram arrancados, pesos pesados pendiam das partes penduradas do corpo; o fogo foi estabelecido sob as solas dos pés, que foram primeiramente esfregadas com óleo. Quase todas as torturas posteriormente usadas pela Inquisição espanhola foram experimentadas e testadas sobre esses homens que, antes de 1307, tinham sido os campeões do Cristianismo contra os turcos. Mesmo os mortos não foram autorizados a descansar. Felipe ordenou que os restos mortais de um ex-tesoureiro da Ordem, que morrera havia cem anos, fosse desenterrado e queimado.

Ward se apressa sobre o restante da história de perseguição dos Templários e a apreensão de seus bens, e discute brevemente a morte de seu Grão-Mestre. Ele diz que Jacques de Longvy de Molay era nobre de nascimento e ingressou na Ordem em Baune, em 1265. Ele era um valente soldado e foi eleito Grão-Mestre em 1298.

Durante sua tortura, ele confessou e escreveu uma carta aconselhando outros Cavaleiros para fazer o mesmo, dizendo que eles tinham sido enganados por erro antigo. Ele admitiu a negação de Cristo, mas negou dar permissão para a prática de vícios. Em 22 de novembro de 1309, ele compareceu perante a Comissão Papal, em Paris, e foi perguntado se ele gostaria de defender a Ordem. Ele disse que essa era a única razão por que estava lá. Na quarta-feira, 26 de novembro, ele compareceu novamente perante a Comissão e ouviu quando eles liam sua confissão. Ele disse que estava surpreso com o que ela continha, e desejou a Deus que a lei dos sarracenos e tártaros fosse aplicada contra esses maus, sentados na comissão, para que fossem decapitados esses caluniadores, ou serrados em pedaços. No dia 29 de novembro, a Comissão acusou a Ordem de prestar homenagem feudal para Saladino. Molay negou isso. Ele foi enviado de volta para a prisão até 1314, quando o ato final da tragédia ocorreu.

O papa alegou autoridade para três cardeais, que condenaram De Molay à prisão perpétua. No entanto, ao sair do salão, junto com o Mestre da Normandia, ambos gritaram para que a multidão ouvisse que a Ordem era inocente de todas as acusações. Isso deu a Felipe uma desculpa para condená-los à morte pelo fogo como uma recidiva de hereges. Em 11 de março de 1314, portanto, eles foram levados para uma pequena ilha no Rio Sena, entre o palácio do rei e o Mosteiro Agostinho. Lá, Molay fez um último discurso, declarando que não havia verdade em sua confissão, que ela tinha sido arrancada dele quando a tortura da cremalheira o havia reduzido a um estado tal que ele não sabia o que estava fazendo. Ele disse que a confissão era uma mentira, e nem mesmo para salvar-se ainda mais de tortura e da morte que ele iria adicionar uma segunda mentira. Ele insistiu que a Ordem era inocente das imundas acusações.

Naquela noite, Jacques de Molay morreu em agonia entre as chamas. Por último ele protestou a inocência da Ordem e, como eles estava morrendo, amaldiçoou o papa Clemente e Felipe da França, convocando-os para encontra-lo diante do Trono de Deus dentro de um ano. Felipe regozijou-se com a cena do muro de seu jardim do palácio. Mas a convocação foi confirmada por um Rei Maior: dois meses depois, Clemente morreu de lúpus e oito meses após a morte de Molay, Felipe também morreu de uma queda do seu cavalo. (Eles não eram os únicos convocados por suas vítimas. Outro Templário queimado na fogueira ordenou que seu Inquisidor, Guillaume Nogaret, aparecesse com ele oito dias depois diante do Trono de Deus. No prazo fixado Nogaret passou para seu julgamento final). Esse é o conto da destruição dos Templários. Ward diz que ele poderia dar terríveis detalhes, mas que ele havia dito o suficiente para mostrar que nem a justiça, nem a boa-fé, nem as misericórdias ainda tinham sido mostradas para as infelizes vítimas na França. Ele diz que essa história é uma das mais negras aos registros do Cristianismo.

EM QUE OS TEMPLÁRIOS ACREDITAVAM

Nove principais acusações foram finalmente movidas contra os Templários. Estas foram:

1. Que eles negavam Cristo e profanaram a cruz;

2. Que eles adoravam ídolos;

3. Que eles usaram uma forma pervertida do sacramento;

4. Que eles haviam realizado assassinatos ritualísticos;

5. Que eles usavam uma corda em torno de sua cintura que tinha um significado herético;

6. Que eles realizavam beijos no ritual;

7. Que eles mudaram o ritual da missa e fizeram uso de um tipo heterodoxo de absolvição;

8. Que eles eram imorais;

9. Que eles eram traiçoeiros para outras divisões das forças cristãs.

Ward acredita que, em algum sentido, as acusações 1, 5, 6, 7 e, de forma limitada, a 8 eram verdadeiras, mas que a 2, 4 e 9 eram infundadas. A acusação 2 ele suspeita que possivelmente tenha surgido a partir de sua prática de venerar uma relíquia, o que foi exagerado e distorcido pelos críticos ignorantes e hostis.

Como o ritual de iniciação dos Templários era secreto, as evidências usadas para enquadrar as acusações só poderiam ter sido ouvidas por bisbilhoteiros e é provável que tenham sido mal interpretadas. A acusação de negar Cristo poderia ter sido parte de uma seção dramática da cerimônia de iniciação, cujo significado pode não ter sido totalmente compreendido pelo participante. Petrus Picardi, um Cavaleiro Templário disse que era parte de um teste de fidelidade religiosa, e, se ele fosse corajoso o suficiente para se recusar a negar, ele teria sido digno de ser enviado à Terra Santa imediatamente. O Preceptor de Poitou e Aquitânia, um cavaleiro chamado Gonavilla, disse que a tríplice negação foi feita para representar São Pedro e suas três negações de Cristo. Outro cavaleiro, Johannis de Elemosina, cedeu quando pressionado e fé a negação. Ele relatou que seu iniciador foi arrogante e disse-lhe, “Vá tolo, e confesse”. Muitos Cavaleiros disseram que a negação era “ore nom conde”; vinda da boca, e não do coração. Eles explicavam o desprezo, ou cuspindo, à cruz da mesma forma, dizendo que cuspir era “juxta, nom supra” (ao lado dela, e não sobre ela). Era semelhante a uma peça de teatro de milagre medieval, especialmente uma chamada O Festival dos Idiotas, em que um jogador faz o papel de uma alma idiota que cospe na cruz (no entanto, houve uma heresia gnóstica, mantida pelos cátaros, que dizia, desde que a cruz foi o meio de matar o Salvador, que não era um emblema para ser reverenciado, mas que deveria ser odiado. Os cátaros foram duramente perseguidos por isso).

A Evidência sugere que o ritual da Cruz foi pintado ou esculpido ao chão. Isso pode significar que a cerimônia envolveu uma etapa do ritual. A maneira apropriada de se avançar do Ocidente para o Oriente em certo Grau Maçônico envolve traçar, por meio dos passos adequados, uma cruz latina. Muitos candidatos maçônicos não interpretam o porquê de eles estarem de face ao norte, sul, e finalmente leste.

Em certo sentido, os maçons cristãos podem interpretar a rejeição da cruz como semelhante aos três passos regulares da Maçonaria. Esses passos ritualmente simbolizam um ato de pisar na cruz de nossas paixões, para representar a cruz fálica que causou a morte de nosso Senhor. Claro, isso está ainda dando ao ritual um significado exotérico, como um julgamento da submissão do candidato às instruções de seus superiores (em outras palavras um teste da força relativa de sua obediência e sua fidelidade religiosa). Durante a cerimônia de negação e rejeitando a cruz com os pés, os Cavaleiros, com as espadas desembainhadas, ameaçavam os candidatos; isto é, como o velho ritual maçônico templário do Cálice da Caveira, em que o candidato será ameaçado se hesitar em beber.

Os Cavaleiros Templários faziam questão em dizer que eles adoravam e veneravam a cruz três vezes por ano: em setembro, em maio e na Sexta-Feira Santa. Ward não acredita que esse ato com a cruz poderia ter sido anticristão. Ele diz que deve ter sido algum simbolismo e significado interior profundo. Quando perguntaram por que eles fizeram isso, muitos disseram que era o costume da Ordem dos Cavaleiros. Essa é uma resposta que a maioria dos maçons também daria se perguntassem por que nós fazemos tantas coisas estranhas nos nossos rituais.

A segunda acusação, a de adorar um ídolo, tem sido associada ao nome Bathomet ou Mahomet. Esse nome é derivado de uma palavra grega que significa Batismo de Sabedoria. Grande parte da evidência diz que a coleta do Espírito Santo foi usada durante a cerimônia de iniciação templária, e isso sugere que eles veneravam uma cabeça infame em seus rituais secretos, que poderia ter sido uma figura do Espírito Santo. Muitas das seitas gnósticas dão grande ênfase à Santa Sabedoria, ao passo que a Igreja Latina tinha tradicionalmente negligenciado a terceira seção da Trindade. Alguns dos Cavaleiros descreveram a cabeça como sendo de um velho, o homem barbudo. Ward lembrou-se por essa descrição do símbolo gnóstico para a Manifestada Divindade Abraxas, mas ele pensa ser mais provável que fosse um relicário na forma de uma cabeça e provavelmente contivesse um crânio.

Ward tinha pouca dúvida de que os Templários eram afetados pelas ideias do Gnosticismo, provavelmente ideias que eles adquiriram durante o serviço na Palestina. Ele diz que até a forma de suas igrejas é simbólica. A redonda ou a de forma octogonal nos lembra que a veneração do octógono faz pare da tradição operativa maçônica nos presentes dias. A Cruz Templária forma um octógono se seus pontos forem juntados, enquanto o círculo se origina de religiões pré-cristãs, não latinas e a cristandade grega. Pode existir também uma razão simbólica esotérica para chamar as igrejas de Templos; a lenda maçônica de que a forma destas igrejas foi copiada da igreja construída pela imperatriz Helena para guardar a verdadeira cruz pode ter tido algum significado.

Ward rejeita totalmente a ideia de que os templários tenham desenvolvido um sacramento pervertido, e da mesma forma dele rejeita a acusação de um assassinato ritualístico. A quinta acusação pode simplesmente referir-se ao Cinto de Castidade Cisterciense, pois o uso de tal item era previsto no Regulamento elaborado por São Bernardo. Os inquisidores pensaram que essa era um aprova de heresia, porque a associaram com os cátaros e os Assassinos, já que ambos os grupos usavam um cinto vermelho a que atribuíam grande importância. Hoje, os dervixes muçulmanos investem o novato com um cinto. É possível que a ideia de se usar um cordão vermelho foi importada do Oriente e tinha um significado herético, mas o monástico uso do cinto era tão bem conhecido na época que Ward conclui que não era nada mais do que um Cinturão de Castidade Cisterciense. Os inquisidores não aceitaram isso, no entanto, dizendo que essas cintas eram prova de sua heresia.

Parece bem aceito que um beijo ritualístico foi usado. O que é incomum e que foi dito ter sido dado na parte traseira. Ward sugere que seu objetivo era o de incutir humildade. Ele ressalta que no Grau de Cavaleiro Prussiano, o candidato tinha de beijar o punho da espada do principal oficial para mostrar a sua humildade. O beijo posterior poderia muito bem ser uma variação do conceito original. No século XIII, o povo era mais bruto do que agora, e Ward vê essa cerimônia como semelhante ao tratamento de um novato na escola que ele pode receber de um valentão. Ele diz que isso não é uma razão para suspeitar que havia alguma coisa imoral nesse beijo. Também não faz muito para apoiar a acusação de “dar permissão para que um vício antinatural” (parte da acusação nº 8). No que diz respeito à moral sexual, os Templários não foram, provavelmente, nem melhores nem piores do que o atual clero ortodoxo. Seja qual for a verdade, a acusação de vício antinatural nunca foi perseguida.

Nenhuma evidência substantiva da traição foi produzida. Foi dito que, ocasionalmente, os Templários não poderiam ter usado toda a sua energia para apoiar seus rivais, os Cavaleiros de São João, ou até mesmo alguns dos príncipes cristãos na Terra Santa. Isso deixou o cargo de mudar o ritual da missa e fazer uso de um tipo heterodoxo de absolvição. Ward diz que a prova sobre a forma de qualquer alteração é conflitante, mas é claro que a forma de missão que eles usaram foi definitivamente ortodoxa. Se os Templários estavam celebrando uma variação inaceitável da missa, então o caso de heresia foi realizado. Cada Cavaleiro iria tentar minimizar a importância de quaisquer variações que ele tinha notado, mas cada volta na cremalheira iria encorajá-lo a adicionar algo novo para sua confissão. O serviço da missa era realizado pelos Sacerdotes dos Templários, e qualquer heresia dependeria da visão que esses sacerdotes tomaram de como o ritual devia ser realizado. Eles eram homens educados, que tinham tempo livre suficiente para pensar, refletir e meditar, mas não estavam sujeitos a nenhuma influência moderadora de bispos e à hierarquia da Igreja habitual. Em tais circunstâncias, eles estavam livres para pensar por si mesmos, de especular e de usar suas especulações para desenvolver conhecimentos e percepções captadas a partir das seitas heréticas do Oriente. Sem dúvida alguns sacerdotes templários iriam mais longe do que outros, e não haveriam genuínas diferenças entre os Preceptórios. Os Cavaleiros, por outro lado, eram homens guerreiros, principalmente ignorantes e mal-educados, pois eles teriam de ter na confiança o que seus sacerdotes lhes disseram. Eles confessavam aos Sacerdotes dos Templários, e por isso não tinham a chance de comparar o que seus próprios sacerdotes ensinavam com as ideias do clero fora de sua Ordem. Eles podem até não ter sido capazes de compreender as pequenas diferenças entre as duas frases latinas, de moto que a liturgia ortodoxa e a prosa latina herética soariam pouco diferentes aos seus ouvidos ignorantes (apesar desse poder e responsabilidade, porém, os sacerdotes templários não foram perseguidos, eram os Cavaleiros quem os inquisidores alvejavam). E as diferenças nas palavras da missa eram leves. As evidências mostraram que o Cánon da Missa foi deixado intacto, apesar de alguns sacerdotes omitirem as palavras “isto é meu corpo” da consagração – dificilmente uma questão escaldante.

A absolvição, no entanto, foi pouco ortodoxa. Embora os detalhes da prova variem, Ward diz que um fato se destaca. O Preceptor chamado Raduphus de Gisisco disse que a ele foi dada a seguinte absolvição em francês:

“Beau Segnurs freres, toutes les choses que vous leyssuz a there pour la honte de la char ou pour justice de la mayson, tei pardon cume je vou fayt je vou em fais de beau tour de bonne volente: et Dieu qui pardona la Maria Magalene ses pechiez, les vous Pardoient”. Etc. 

Um Cavaleiro Templário da Catalunha, Garcerandus de Teus, relatou que a mesma forma de meta-absolvição estava dentro de sua versão em inglês:

“Rezo a Deus para que ele possa perdoar nossos pecados, como Ele perdoou Santa Maria Madalena e o ladrão na cruz” (mas as versões francesa e inglesa que Ward oferece não são de maneira nenhuma “a mesma forma de absolvição”. A francesa não é apenas longa, ela não faz referência ao ladrão).

Disso Ward sugere que essas palavras podem ser uma citação das palavras de Cristo ao ladrão que foi crucificado ao lado dele. Mas, em seguida, relata que Garcerandus passou a relatar como a referência para o ladrão tinha sido explicada a ele:

“O ladrão queria dizer Jesus, ou Cristo, que foi crucificado pelos judeus, porque ele não era Deus, mas ele chamou a si mesmo Deus e rei dos judeus, que era um ultraje para o verdadeiro Deus, que está nos céus. Quando Jesus teve seu lado trespassado com a lança de Longino, ele se arrependeu de haver se chamado o próprio Deus e rei dos judeus, e pediu perdão ao Deus verdadeiro. Em seguida, o verdadeiro Deus o perdoou. É por essa razão que se aplica a Cristo Crucificado estas palavras: “Como Deus perdoou o ladrão que estava pendurado na cruz”.

Agora, Ward nos diz, se essa crença era geralmente realizada pelos Templários, então, na visão da Igreja do século XIV, não há dúvida de que eles eram hereges, que não foram mesmo cristãos. Se eles tinham esses pontos de vista, então sua negação de Cristo e a rejeição da cruz são a prova de que os Templários eram os não cristãos. Mas, Ward pergunta, essa declaração foi apenas uma opinião pessoal tomada por um único Cavaleiro Templário iletrado? Ele não encontrou nenhuma evidência de que esse ponto de vista tenha sido generalizado. Um Cavaleiro Templário chamado Trobati disse que ele tinha sido ordenado não para adorar um Deus que estava morto e afirmou que, em vez disso, eles tinham dito para colocar sua fé em um ídolo. Mas seu testemunho é o único em meio a centenas de declarações que suportam essa crença anticristã.

É opinião de Ward de que a Ordem não tem crenças não cristãs, embora ele não achasse que sua forma de absolvição era ortodoxa. Ele aceitou que os leigos poderiam absolver pecados, em certos casos. O apoio a essa ideia vem da Inglaterra, onde os Cavaleiros não foram interrogados sob tortura, e onde negaram a maioria das acusações, mas admitiram a heresia leve e se ofereceram para fazer penitência para fazer as pazes. Mas havia uma importante questão religiosa subjacente no momento. Fiou claro que as Cruzadas foram um fracasso. Jesus não tinha conseguido apoiar os defensores de sua fé contra os infiéis. Vendo isso, muitas mentes pensantes não podiam deixar de questionar se a fé em Cristo era realmente a revelação direta de Deus, como lhes foi dito.

Durante as Cruzadas, haviam encontrado homens piedosos que não acreditavam em Cristo – os seguidores de outro Deus tinham ganhado. Eles também se encontraram com os cristãos gnósticos, que explicaram a história de Jesus de uma forma muito diferente da Igreja Latina. Parece altamente provável que alguns dos Cavaleiros foram levados para novas linhas de pensamento que divergiam da estrita ortodoxia da época.

Ward nos lembra a crença gnóstica de que Cristo não foi crucificado, e que era Simão o homem que se dizia tê-lo ajudado carregar a cruz, que morreu em seu lugar. A tradição maçônica dos Templários dos dois Simões pode aludir a isso. Ward diz que, nos Estados Unidos, o crânio usado em alguns rituais maçônicos é muitas vezes chamado de Velho Simão. Alguns gnósticos tinham uma visão ainda mais extraordinária: eles alegavam que o mundo foi criado por Lúcifer, e o homem pendurado na cruz era um Mensageiro de Deus de Justiça, cuja missão era infligir um código duro e impossível de direito. Nessa visão de mundo, Lúcifer havia matado Jesus para proteger os homens de Sua opressão. Muitas doutrinas estranhas e selvagens prosperaram no Oriente Médio, e os Cavaleiros Templários não poderiam ter evitado ouvi-las. Mas Ward pensa que não é necessário seguir essa ideia muito mais longe. Ele já havia dito que o cavaleiro médio era um guerreiro simples e era pouco provável que tenha se incomodado com tais sutilezas. Talvez um cavaleiro pudesse ter se interessado pelo significado fálico da cruz, mas era improvável para ele adotar os pontos de vista mais extremos.

Ward diz que ele está ciente de que os dervixes turcos usavam um método de iniciação que se assemelha muito de perto ao sistema maçônico. E ele fala de uma tradição cujo ritual os maçons poderiam ter conseguido por intermédio dos Templários e de Ricardo Coração de Leão. Ele não quer sugerir que essa é a única verdadeira origem do ritual maçônico, mas acha que é muito provável que uma nova enxurrada de ideais entrou no pensamento europeu ocidental quando os Templários foram trazidos para perto e tiveram contato naquele momento com uma aliança europeia de construtores operativos chamados de maçons Comacinos. O arco gótico pontudo, derivado da vesica piscis, apareceu, ao mesmo tempo, com as Cruzadas, e Ward acredita que a velocidade por meio da arquitetura da Europa Ocidental sugere que um corpo bem organizado foi responsável por sua promoção. Outros costumes orientais também se espalharam para o Ocidente: por exemplo, a touca da freira era apenas uma forma europeia do véu da mulher muçulmana.

Ward é de opinião que alguns rituais secretos dos Templários podem ter sido copiados dos ritos dos dervixes ou dos Assassinos, pois é bem sabido que eles estavam intimamente associados com ambos. Ward diz que, para seu conhecimento pessoal, os drusos são os descendentes prováveis dos Assassinos e têm pelo menos um sinal maçônico, e um sistema similar de Graus. Ele prossegue acrescentado que existem várias teorias de que os Templários não pereceram, mas refugiaram-se na Maçonaria e sobrevivem hoje em modernos preceptórios templários maçônicos.

(Texto extraído do livro “Os Segredos da Maçonaria” – Robert Lomas – Editora Madras)