terça-feira, 4 de fevereiro de 2020


A Fixação da Ritualística no Inconsciente do Maçom Data: 
Extraído do blog Bibliot3ca
por Eduardo Albuquerque Rodrigues Diniz **




Muitas vezes são imperceptíveis, mas as pessoas estão cercadas de Ritos. Eles, inclusive, ontribuem para o bem-estar dos indivíduos. “Os ritos e rituais vêm da antiguidade com a mesma função: servem acima de tudo para facilitar o encontro com nós mesmos, para não nos desviarmos dos nossos objetivos e metas que traçamos com sinceridade; são uma ferramenta para nos lembrar quem somos, o que estamos fazendo e como estamos fazendo”, segundo España (2017).

Utilizados de forma equilibrada, os ritos ajudam o ser humano a ter mais autocontrole, a estar mais centrado nas ações que desempenham, impedindo-o de desconectar dele mesmo, e por isso, podem e devem ser criados e respeitados, como forma de trazer um ganho geral, melhorando sua motivação e consequentemente tudo ao seu redor.

Por exemplo, a estratégia utilizada para chegar ao trabalho diariamente pode ser considerada um hábito próprio que condiciona uma pessoa a sair sempre no mesmo horário, seguir pelos mesmos trajetos e alcançar o destino sem maiores problemas. Assim, desde o simples escovar dos dentes até a forma de encarar e resolver problemas complexos podem ser reflexo de um acúmulo de experiências próprias.

Entretanto, o que torna essas ações cotidianas em ritos são os significados que se dão a elas. Se escovar os dentes depois da alimentação ou antes de dormir traz uma sensação de bem-estar que supera simples fato de manter a higiene bucal, influenciando na sua concentração, pode-se estar diante de uma ritualística. Quando uma alteração no transcorrer dessas ações cotidianas, como a mudança no trajeto para o trabalho, influencia no desempenho de uma pessoa ou a fazer crer que gerou um descontrole na sua performance rotineira, e até chega a atrapalhar todas as demais atividades que serão desenvolvidas em seguida, pode-se constatar que houve a quebra de um rito. O grau de importância e significação que se atribui a determinados atos é que os tornam ritualísticos.

Além das experiências pessoais, destacam-se as cerimônias grupais, como as festas, tradições, funerais e outros comportamentos sociais, que desempenham importante papel na vida de um grupo. A ausência de uma solenidade nessas ocasiões pode ser encarada como um desrespeito e anulando a importância da passagem ou transição, reduzindo a ocorrência de um acontecimento que estabelece distinções muitas vezes entre estilos e modos de vida, o antes e o depois. Além disso, a ritualística assume uma “importância simbólica no processo de elaboração e assimilação de uma realidade subjetiva, mas com implicações de ordem prática, uma vez que envolve valores e posturas, na forma de se ver e se colocar no mundo” (Diário de Antropóloga, 2009).

A identificação entre os membros de um grupo pode estar ligada a prática de ritos predeterminados, que são realizados muitas vezes sem entendimento de seus significados, como forma de aceitação pela coletividade e permanência nela. Todavia, é importante compreender os ritos sugeridos e alcançar seus significados, até como forma de solidificação da inserção coletiva. “Quando a integração não acontece a contento, o grupo se enfraquece, assim como o ritual. Antes que afete sua identidade como um grupo, a coesão entre os membros é impactada e seus laços sociais e afetivos não são reforçados. A experiência ritual favorece os laços sociais e a coesão do grupo” afirma Ritter (2015), que leciona ainda que:

É na necessidade humana de simbolização que os ritos encontram o caminho para existir, quer na repetição de rituais estabelecidos, quer pela atualização ou construção de novos. O simbólico é funcional na medida em que propicia a expressar e compreender uma experiência, ou conferir sentidos às vivências e à existência, ou ainda para olhar além de si mesmo e conviver na esfera coletiva. Mesmo que se valha de hábitos ou comportamentos repetitivos, com frequência e insistência nascem rituais que nos levam além do nosso comportamento e além de nossa individualidade, agregando sentidos e significados à nossa existência.

Os seres humanos atribuíram ao longo da história importâncias e significados a determinadas ações, e se sentem bem em repeti-las individual ou coletivamente, criando os mais diversos ritos para eventos grandes, formais, pequenos, públicos ou privados. Para Aristóteles “somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito”.

Conceitualmente, rito é um método utilizado para transmitir ensinamentos, funciona como uma lei, e segundo Ismail (2013) “é um conjunto de preceitos e obrigações gerais que produz efeitos sobre aqueles que estão sob seu alcance. Assim como uma lei, um Rito reflete princípios que o orientam, possui elementos históricos, além de buscar um objetivo específico”.

O ritual “é como uma instrução normativa, um manual de procedimentos que determina e regulamenta como essa lei deve ser praticada e observada” (ISMAIL, 2013), um livro que contém tudo referente ao rito, ou seja, um conjunto de regras, a ordem e a forma das cerimônias, religiosas ou não, com as palavras e orações, que orientam os praticantes do rito.

Já ritualística é a prática do rito segundo o ritual, isto é, a ritualística é o desdobrar do rito e precisa ser sempre fiel a ele e ao que está contido em determinado ritual. O rito em ação é a ritualística, com o exercício continuado dos mistérios observando os símbolos, princípios, preceitos e representações.

Analisando a questão sob o aspecto maçônico, destaca-se o ensinamento de Mackey (1869): A Maçonaria é um sistema de moralidade desenvolvido e inculcado pela ciência do simbolismo. Este caráter peculiar de instituição simbólica e também a adoção deste método genuíno de instrução pelo simbolismo, emprestam à Maçonaria a incolumidade de sua identidade e é também a causa dela diferir de qualquer outra associação inventada pelo engenho humano. É o que lhe confere a forma atrativa que lhe tem assegurado sempre a fidelidade de seus discípulos e a sua própria perpetuidade.

Neste sentido, afirma Figueiredo (1998) que A Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e acessível somente ao maçom que haja aprendido a usar sua imaginação espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo.

Além disso, como a Maçonaria é uma sociedade iniciática adotou uma linguagem simbólica e ritualística para registro de seus ensinamentos, através de ritos, anotados em rituais, para que somente os iniciados em seus mistérios possam praticá-los, o que pode ser constatado desde os primeiros registros como o Manuscrito Regius de 1390 (FILARDO, 2015).

Constata-se, portanto, a importância pessoal, social e iniciática, especialmente para a Maçonaria, dos ritos e ritualísticas, mas “o mundo moderno, entretanto, rejeita os rituais”, afirma Freitas Neto (2016), e complementa que: Vemos com grande frequência o desdém com que os mais jovens e os mais velhos tratam os rituais maçônicos como meras fórmulas vazias, lidos e repetidos automaticamente, sem força e vitalidade.

Destaca-se as observações de Mckay e Mckay (Apud FREITAS NETO, 2016): A superficialidade estéril do mundo moderno tem seu fundamento em muitas questões, como o consumerismo irrefletido, a falta de desafios significativos e a perda de valores e normas compartilhados, ou mesmo de tabus compartilhados contra os quais se rebelar.
(…)
Nosso mundo moderno está quase vazio de rituais – ao menos no modo em que tradicionalmente pensamos neles. Aqueles que restam – como os que estão nos entornos dos feriados religiosos – perderam boa parte do seu poder transformativo e são hoje mais suportados do que propriamente apreciados, dos quais participamos mais por convenção do que por convicção. Ritual, hoje, é algo associado ao que é podre, vazio, sem sentido.

O fato de que toda cultura, em toda parte do mundo, em todas as eras, tem seus rituais é sugestivo de que o ritual é parte fundamental da condição humana. Os rituais já foram chamados, inclusive, da forma mais básica de tecnologia; são um mecanismo pelo qual coisas podem ser mudadas, problemas podem ser resolvidos, certas funções podem ser desenvolvidas e resultados tangíveis, atingidos. A necessidade é a mãe da invenção, e rituais surgiram da perspectiva límpida de que a vida é intrinsecamente difícil e que uma realidade “pura” pode, paradoxalmente, parecer irreal. Por eras os rituais foram os instrumentos pelos quais os homens puderam liberar e expressar emoções, construir sua identidade pessoal e a identidade da tribo, trazer ordem ao caos, orientar-se no tempo e no espaço, produzir transformações reais e construir camadas de significado e consistência para suas vidas. Quando os rituais são arrancados de nossa vida e esta necessidade humana não é satisfeita a apatia, inquietação, alienação, tédio, a perda das raízes e a anomia são o resultado.

Na atualidade, para muitas pessoas a prática de ritualísticas tornou-se ultrapassada, e em muitos casos é vista com preconceito e desdém. A observação dos ritos, inclusive maçônicos, é realizada de forma superficial, e a ritualística realizada de forma mecânica, sem qualquer preocupação com o significado e importância das mensagens e conceitos que os símbolos, palavras e gestos acumulados ao longo de séculos de atividade, decorrente de uma exagerada racionalidade e cientificidade, que terminou por destacar o lado consciente do homem moderno, o que termina por acarretar consequências desastrosas para o desenvolvimento do inconsciente humano.

Conforme Tavares (2018, informação verbal)[1] os ritos, mitos, símbolos são importantes no desenvolvimento da Psique, que segundo os psicanalistas está envolvida com o inconsciente, e responsável pelo crescimento e libertação do homem, ajudando-o a se encontrar interiormente. Deve-se considerar que a Simbologia é uma das ciências mais antigas do mundo, que possui seus sinais e efeitos sobre a humanidade. O homem e seus símbolos tem uma relação profunda que consistem em metáforas e na construção de compêndios de um conhecimento sensivelmente elevados, externados e expressados através de arquétipos.

Um arquétipo rege um símbolo (TAVARES, 2018). O grande imã que une os arquétipos aos símbolos e seus significados é o próprio homem, sendo necessário praticar sempre, para evoluir e continuar a crescer intimamente como indivíduo, gerando uma situação de satisfação interna, pois os símbolos e gestos funcionam como catalizadores das ações humanas como uma força psicológica, em um processo contínuo que leva o indivíduo a um avanço moral e ético, buscando estar bem e fazer o bem. O rito é uma forma de transmitir ensinamentos básicos e organizar as solenidades, especialmente maçônicas, através de um processo de troca de energia e renovação, sendo necessário tocar o símbolo e ser tocado por ele. No rito maçônico há três estágios, sendo no 1º grau do Simbolismo, o aprendizado, no 2º estágio, o desenvolvimento do caráter, e no grau de Mestre, encontra-se a plenitude, auxiliando o iniciado a lidar com a ambivalência entre o consciente e o inconsciente. A ritualística auxilia no desenvolvimento do caráter, auxilia “o outro” que existe dentro do indivíduo, já identificado como Psique, envolvido com o inconsciente e o instinto, e que ajuda o sujeito a lidar com seu consciente.

A racionalização do mundo atual, que reduz a importância da ritualística, termina por causar prejuízo ao inconsciente, e contribuindo para que o ego, ligado ao consciente, enfraqueça e adoeça. Para Jung (2017): O homem moderno não entende quanto o seu “racionalismo” (que lhe destruiu a capacidade de reagir a ideias e símbolos numinosos) o deixou à mercê do “submundo” psíquico. Libertou-se das “superstições” (ou pelo menos poensa tê-lo feito), mas nesse processo perdeu seus valores espirituais em escala positivamente alarmante. Suas tradições morais e espirituais desintegraram-se e, por isso, paga agora um alto preço em termos de desorientação e dissociação universais.

Os antropólogos descreveram, muitas vezes, o que acontece a uma sociedade primitiva quando seus valores espirituais sofrem o impacto da civilização moderna. Sua gente perde o sentido da vida, sua organização social se desintegra e os próprios indivíduos entram em decadência moral. Encontramo-nos agora em condições idênticas. Mas na verdade não chegamos nunca a compreender a natureza do que perdemos, pois os nossos líderes espirituais, infelizmente, preocuparam-se mais em proteger suas instituições do que em entender o mistério que os símbolos representam. Na minha opinião, a fé não exclui a reflexão (a arma mais forte do homem); mas, infortunadamente, numerosas pessoas religiosas parecem ter tamanho medo da ciência (e, incidentalmente, da psicologia) que se conservam cegas a essas forças psíquicas numinosas que regem, desde sempre, os destinos do homem. Despojamos todas as coisas do seu ministério e da sua numinosidade; e nada mais é sagrado.

Em épocas remotas, quando conceitos instintivos ainda se avolumavam no espírito do homem, a sua consciência podia, certamente, integrá-los numa disposição psíquica coerente. Mas o homem “civilizado” já não consegue fazer isso. Sua “avançada” consciência privou-se dos meios de assimilar as contribuições complementares dos instintos e do inconsciente. E esses meios de assimilação e integração eram justamente os símbolos numinosos tidos como sagrados por um consenso geral.
(…)
À medida que aumenta o conhecimento científico, diminui o grau de humanização do nosso mundo. O homem sente-se isolado no cosmos porque, já não estando envolvido com a natureza, perdeu a sua “identificação emocional inconsciente” com os fenômenos naturais. E estes, por sua vez, perderam aos poucos as suas implicações simbólicas (…). Acabou-se o seu contato com a natureza, e com ele foi-se também a profunda energia emocional que esta conexão simbólica alimentava.

A racionalidade e a cientificidade não são prejudiciais ao desenvolvimento humano, mas não devem ser encarados de forma maniqueísta, anulando o lado mítico e simbólico da humanidade, até mesmo porque a acompanha desde sua fase embrionária, e ainda está presente nos dias atuais, apesar de mitigada sua importância. Os ritos tradicionais que alimentavam o inconsciente humano perderam espaço e deram lugar a novos que “não dão sustança ao espírito e não satisfazem”, como uma “cultura do confete” (MCKAY; MCKAY, apud FREITAS NETO, 2016).

Desta forma, a sociedade “moderna” está carente dos mecanismos que antes ajudavam a lidar com a morte e situações difíceis de perda e dificuldade, bem como auxiliavam no desenvolvimento individual e na descoberta interna e do mundo, por novos “rituais” que eliminam os problemas e somente apresentam o lado lúdico, “brilhante e colorida, que facilita o consumo passivo e rejeita o exame aprofundado das assunções” (MCKAY; MCKAY, apud FREITAS NETO, 2016). Destarte, não é difícil encontrar pessoas com complicações na vida pessoal e no enfrentamento dos problemas sociais e de relacionamento, em proporções maiores que em tempos mais remotos.

Na Maçonaria, os ritos ainda sobrevivem às mudanças da “atual civilização”, e sua prática constante reforça o lado inconsciente do Maçom, que deve ser trabalhado segundo seus preceitos filosóficos, auxiliando-o na convivência da Psique com a consciência, através da preservação dos conceitos éticos e morais gerais e iniciáticos, que devem reger sua vida como homem livre e de bons costumes, devendo encarar a simbologia de forma mais intensa.

Não cabe a este texto discutir as teses de como se chegou a este estágio social, mas fazer um alerta para o fato da racionalidade ampliar o consciente em detrimento do conhecimento íntimo, com reflexo estrutural da personalidade do profano ou iniciado, alterando seu amadurecimento e na forma de encarar a vida em comunidade, e para despertar sobre a importância do rito e da ritualística maçônica para o inconsciente do Maçom e conhecimento próprio.

REFERÊNCIAS

CARR, Harry. O Ponto Dentro do Círculo. Seis Séculos de Ritual Maçônico – 1ª Parte, traduzido por FILARDO, José. Publicado em 2 de outubro de 2015. Disponível em: <https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2015/10/02/seis-seculos-de-ritual-maconico-1a-parte/&gt;. Acesso em 28.12.18.
Diário de Antropóloga – Diversidade Cultural. Cidadania. Cultura Popular. Semiótica e Interpretação. Rituais da Vida e Ritos do Cotidiano. Publicado em 3 de junho de 2009. Disponível em: <http://diariodeantropologa.blogspot.com/2009/06/rituais-da-vida-e-ritos-do-cotidiano.html&gt;. Acesso em 28.12.18.
ESPAÑA. Danilo. Ritos no dia a dia trazem motivação!. Publicado em 18 de novembro de 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/blog/o-que-te-motiva/ritos-no-dia-a-dia-trazemmotivacao/&gt;. Acesso em 28.12.18.
ISMAIL, Kennyo. No Esquadro. O que é rito e o que é ritual. Publicado em 18 de fevereiro de 2013. Disponível em: <https://www.noesquadro.com.br/termos-e-expressoes/o-que-e-rito-e-o-que-eritual/&gt;. Acesso em 28.12.18.
JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos, traduzido por PINHO, Maria Lúcia. 3ª Edição Especial. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil. 2016.
MACKEY, Albert Galatin. Encyclopedia of Freemasonry. New York: Clark and Maynard, 1869.
MCKAY, Brett; MCKAY, Kate. O poder do Ritual, parte 1 – A necessidade do homem por rituais e os ritos de masculinidade, traduzido por FREITAS NETO, Edgard Costa. Publicado em 21 de fevereiro de 2016. Disponível em: <http://york.blog.br/poder-ritual-parte-1-a-necessidade-do-homempor-rituais-e-os-ritos-de-masculinidade/&gt;. Acesso em 28.12.18.
Riter, Ettore. Ritos e Rituais da vida diária – PensarAção. Publicado em 12 de Fevereiro de 2015. Disponível em: <http://www.pensaracao.com.br/ritos-e-rituais-da-vida-diaria/&gt;. Acesso em 28.12.18.
[1] Palestra proferida pelo psicólogo Lázaro Tavares, com o tema: Psique e Rituais Maçônicos: efeitos e sinais, na SESSÃO CONJUNTA DAS LOJAS MAÇÔNICAS DO PALÁCIO DA ARTE REAL, em Teresina – PI, no dia 04 de outubro de 2018, conforme registrado em Ata da Sessão Conjunta da Aug e Resp Loj Simb Liberdade Teresinense, nº 1314.
** M. M. da Aug. Resp. Loj. Simb. Liberdade Teresinense nº 1.314 – Oriente de Teresina

A Sequência de Fibonacci no Templo de Salomão




Anderson Lupo Nunes *
Extraído do blog Bibliot3ca

INTRODUÇÃO

A Maçonaria possui um simbolismo oculto, o qual o irmão deve se debruçar no estudo e meditação acerca do aspecto ritualístico para desvendar o seu significado. Há, de certa forma, uma Maçonaria velada e que nem todos os irmãos têm acesso. Isto é natural, pois apesar de toda a abertura do conhecimento e o aprimoramento dos meios de comunicação, a Maçonaria continua sendo profundamente mística e esotérica. Efeitos psicológicos acerca do simbolismo maçônico são apresentados em Guimarães (2013).

Segundo Janotta (2013), boa parte do simbolismo maçônico é fundamentado no Templo de Salomão, apresentado na Bíblia Sagrada (2012) em Êxodo cap. 26 até 29 como uma tenda que deveria abrigar o Senhor durante a peregrinação dos judeus que eram guiados por Moisés até a Terra Santa. Com a sua fixação na região da Palestina, houve uma época de muitos conflitos que se acentuaram durante o reinado de Davi. Após a sua morte sobe ao trono o seu filho, Salomão. Segue-se um período de paz e prosperidade, que o motivou a construir o Templo de Deus na Terra Prometida, de acordo com I Reis no capítulo 1 e capítulos 5 até 7.

Buchanan (2013) realiza uma busca arqueológica ao Templo de Salomão contestando o senso comum de que ele ficava originalmente na Cúpula da Rocha, afirmando que quando foi totalmente destruído pela primeira vez em 516 A.C. ele ficava perto da fonte de Siloé. A importância dessa busca reside no fato de que o Templo não é apenas simbólico e mitológico, mas também uma realidade histórica inserida em um contexto atual sócio-político bastante complexo.

A construção do Templo de Salomão começou no ano 480 após o êxodo, segundo I Reis, cap. 6 vers. 1 e levou um período de 13 anos até o término da obra. Segundo Durão (2003), Salomão era um grande artista e um alquimista, tendo desenhado a maior parte dos enfeites do Templo e também teria manufaturado, por meios alquímicos, parte do ouro utilizado na sua construção. Vale ressaltar a carência de referências nas afirmativas de Durão (2003). Ismail (2012) ressalta que a Maçonaria sempre teve uma relação com o Templo de Salomão. Adoum (1972) trata de aspectos simbólicos do Tabernáculo no deserto que seria o símbolo do corpo físico no deserto da matéria. O Tabernáculo, ou o corpo físico, foi dado ao homem para que ele encontre Deus. Williams (2004) também destaca os mesmos aspectos relatados por Adoum (1972) e ainda trata de relações com os sólidos platônicos e os chakras.

A proposta do presente trabalho consiste em relacionar aspectos simbólicos do Templo de Salomão com a sequência de Fibonacci. O manancial de símbolos acerca de ambos é muito rico e a interseção entre eles é a matéria prima desta obra. A relevância do tema se justifica pela importância dos aspectos simbólicos relacionados. A sequência de Fibonacci aparece nas mais diversas manifestações da vida no planeta Terra. Da quantidade de pétalas das flores até as espirais do caracol e da própria via Láctea são alguns exemplos de aplicação desta sequência.

Uma notável descoberta revelada por Tattersall (2013) consiste no fato de que os períodos das órbitas de todos os planetas o sistema solar, incluindo os dois planetas anões, possui uma estreita correspondência com os vinte primeiros termos da sequência de Fibonacci. O erro médio entre os vinte e oito pontos de dados é demonstrado estar sob 2,75%.

Um número que surge naturalmente no estudo matemático da sequência de Fibonacci é a chamada Razão Áurea, também chamada de Divina Proporção ou mesmo Proporção Áurea. O seu estudo é relevante para este trabalho.

A Razão Áurea

Trata-se de um número irracional que pode ser obtido a partir de certas proporções do ser humano e da Natureza em geral. Por unir macrocosmo e microcosmo assume um aspecto divino, daí também ser conhecido como Divina Proporção. Existe mais de uma maneira de deduzir a Razão Áurea, conforme pode-se verificar em Queiroz (2010), Conte (2008) e Lawor (1997). Na verdade usarei um método pessoal, partindo dos conceitos apresentados nas três referências.

Considere um seguimento de reta definido pelos pontos A e B abaixo: Marque um ponto C qualquer entre A e B.


Marque um ponto C qualquer entre A e B. Tanto faz se o ponto está mais próximo de A ou de B.


Quando a razão (divisão) entre o maior trecho (AC) e o menor trecho (CB) é igual a divisão entre o seguimento de reta completo (AB) e o maior trecho (AC) o resultado da divisão é um número irracional chamado de Divina Proporção ou Razão Áurea. Matematicamente a afirmativa acima pode ser escrita:


A letra grega (Phi) representa a própria Razão Aurea. Para deduzir o valor de , vamos chamar o trecho AC de x e o trecho CB de y. A equação acima pode ser reescrita:


Multiplicam-se os denominadores cruzados pelos numeradores:


Em seguida, aplica-se a propriedade distributiva ao termo da direita:


O termo passa para o lado esquerdo da equação:


A equação acima, considerando o x como a incógnita, torna-se uma equação do segundo grau.


Note que se escolhêssemos o y como incógnita a equação seria exatamente a mesma. Foi por conta desta simetria que afirmei acima que tanto a menor distância ser AC ou CB. A equação do segundo grau é resolvida pela fórmula de Báscara.


Aplicando a fórmula de Báscara à equação , segue:


É possível simplificar a equação acima. Primeiro, soma-se os termos de dentro da raiz quadrada.


Segundo, aplica-se a propriedade do produto de raízes:


Seguem duas opções de simplificações para a equação. A primeira é:


Note que , logo:


Este resultado é falso uma vez que x e y são positivos e assim a Razão Aurea não pode ser negativa. Resta, portanto a outra alternativa:


Logo,


O número é chamado de Razão Áurea ou Divina Proporção. É irracional porque resulta de uma divisão em que o resultado não é exato, ou seja, após infinitas etapas de divisões o resto nunca se anula. O seu simbolismo é muito rico, o infinito presente no finito, o eterno expresso e limitado no tempo.

Aspectos naturais da Razão Áurea

A Divina Proporção está presente em diversas relações do corpo humano, segundo Queiroz (2010) e Melchizedek (2009): ·
A altura do corpo e a medida do umbigo até o chão.
A medida da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax
O tamanho dos dedos e a medida da dobra central até a ponta.
A altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça.
A medida do quadril ao chão e a medida da mandíbula até o alto da cabeça.

Também encontramos a Razão Áurea no comportamento da refração da luz, nos átomos, nas espirais das galáxias, nas ondas dos oceanos, nos furacões. Ela já era conhecida dos antigos egípcios que construíram suas pirâmides utilizando a Divina Proporção nos blocos de pedra e nas câmaras internas de seus monumentos.

Segundo Melchizedek (2009) as dimensões da Razão Áurea no corpo humano nunca são exatas em uma pessoa. Quando um bebê nasce o seu umbigo se situa exatamente no centro geométrico do corpo. À medida que a criança cresce a posição do umbigo começa a se mover na direção da cabeça até chegar exatamente na Razão Áurea, mas continua subindo. Depois vai descendo e assim, sucessivamente, oscilando em torno da posição correspondente à Divina Proporção. Quando chega a idade adulta se estabiliza em um ponto um pouco acima ou abaixo da Proporção Áurea, na maioria dos homens ligeiramente acima e na maioria das mulheres ligeiramente abaixo. Na média da humanidade fica exatamente no ponto correspondente à Razão Áurea. Lawor (1997) também cita a oscilação da posição do umbigo em relação à Razão Áurea e o fato de que nos homens é acima e nas mulheres, abaixo.

Lawor (1997) afirma que a Proporção Áurea é uma razão constante derivada de uma relação geométrica que tal qual o π e outras constantes deste tipo é irracional em termos numéricos. Acima de tudo deve ser apresentada como uma proporção sobre a qual se funda a experiência do conhecimento. Assim, a Proporção Áurea pode ser considerada como suprarracional ou transcendental.

Foi Pitágoras, segundo Conte (2008), quem descobriu que a Razão Áurea representava uma lei biológica que regula o crescimento de todas as coisas vivas. Chegou a esta conclusão ao medir e analisar uma belíssima concha marinha (Nautilus pompilius), bastante comum nas praias da ilha de Samos.

Mas Pitágoras tinha a convicção de que a Natureza era regida pelo número quatro. Assim, pode representar a perfeição da espiral da concha por uma sequência de quadrados, começando com um quadrado de lado igual a um e ajustando os quadrados seguintes ao crescimento da espiral. O mesmo exercício geométrico feito com a perfeita espiral de uma concha pode ser feito com a Via Láctea. Esta sequência numérica é muito especial e parece ser a chave para explicar a Razão Áurea.

Figura 1: 
Homem de Vitruvio de Da Vinci (1485-90, Veneza)

A Sequência de Fibonacci

Leonardo Da Vinci se notabilizou, entre diversas outras obras, por um esboço chamado de o Homem Vitruviano ou Homem de Vitrúvia, apresentado na Figura 1. Melchizedek (2009) e Lawor (1997) comentam que é possível traçar uma espiral sobre o desenho que tem uma importante relação com Razão Áurea. A espiral é construída a partir de um quadrado 1×1, seguido de outro quadrado idêntico. Os dois primeiros quadrados formam o lado do terceiro quadrado 2×2 e assim sucessivamente. A Razão Áurea presente no esboço de Da Vinci revela a espiral abaixo feita pelos lados sucessivos de quadrados, formando a sequência de Fibonacci.

Figura 2: A Espiral de Fibonacci





A sequência numérica presente na espiral da figura 2 foi revelada por Leonardo Fibonacci (11701250) em sua obra Liber Abaci, embora não tenha sido ele que descobriu a sequência, ela recebeu o seu nome após a sua morte. Fibonacci foi o primeiro e um dos mais importantes matemáticos europeus da Idade Média, segundo Eves (1990).

Considere o número 1, representa o Todo, o Grande Arquiteto do Universo. Ele cria uma imagem de si mesmo, ou seja, outro número 1. Soma-se os dois primeiros números da sequência o que resulta no 2. Soma-se o 2 com o anterior o que resulta o 3. Repete-se sempre a soma do número com o anterior sucessivamente e obtém-se a Sequência de Fibonacci.

1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89…

A sequência de Fibonacci apresenta muitas propriedades que, segundo Kalman & Mena (2003), podem ser classificadas como maravilhosas. As somas ou as diferenças entre números da sequência de Fibonacci resultam em números que também são da sequência. Quaisquer quatro números seguidos de Fibonacci podem ser combinados para formar um terno pitagórico, ou seja, dos quatro números é possível tirar três que formam os catetos e a hipotenusa de um triângulo retângulo (onde vale o Teorema de Pitágoras). Estas e outras propriedades da sequência de Fibonacci são descritas por Kalman & Mena (2003) com maiores detalhes.

A relação entre a Sequência de Fibonacci e a Razão Áurea é bastante simples. Basta dividir um número da sequência pelo seu antecessor. Quanto maior for o número, mais o resultado se aproxima da Razão Áurea. Vejamos a seguinte tabela:

Tabela 1: Termos consecutivos da sequência de Fibonacci convergindo para a Razão Áurea


Representando a aproximação da divisão dos termos seguidos em relação à Razão Áurea observa-se um comportamento oscilatório, que já havia sido comentado neste trabalho por meio do exemplo sobre a posição do umbigo do bebê até chegar à idade adulta. Observe o comportamento oscilatório no gráfico da Figura 3.


Figura 3: Gráfico que mostra a oscilação dos termos da sequência de Fibonacci em torno da Razão Áurea produzido pelo autor no aplicativo Microcal (TM) Origin versão 6.0

A sequência de Fibonacci, vinculada à Razão Áurea, está associada a uma miríade de fenômenos biológicos, atômicos e estelares. Melchizedek (2009) mostra a presença da sequência na quantidade de pétalas das flores, a distribuição das folhas e das sementes. Também aparece nas espirais presentes na anatomia humana, nos caracóis, etc. Tashtoush & Darwish (2012) utilizam a sequência de Fibonacci na construção de um protocolo que melhora em até 21% a transmissão dos dados em uma rede. Mishra et al. (2012), por sua vez, utilizam a sequência para criar um novo modelo de criptografia de imagem. A sequência de Fibonacci revela uma ordem natural subjacente a todo o Universo.

Relações com o Templo de Salomão

A Maçonaria revela aspectos simbólicos do Templo de Salomão que são velados e segundo minha análise e inspiração tem uma relação direta com a sequência de Fibonacci, e por contiguidade, à Razão Áurea. Morrison (2008) revela a metáfora arquitetônica do Templo de Salomão correlacionando sua geometria com o corpo humano e demais elementos naturais a partir do estudo acerca de uma obra de Juan Battista Villalpando publicada em 1604.

O início do ingresso no Templo de Salomão se faz pela antessala, que pode ser simbolizada pelo número 1, é Princípio no sentido cosmogônico do termo, portanto, o início da sequência de Fibonacci.

Queiroz(2010), Melchizedek (2009) e Lawor (1997) relacionam o simbolismo do número 1 à unidade e ao princípio organizador do Universo. Goswami (2007) afirma que a consciência necessária, segundo uma interpretação idealista da Física Quântica, é única.

Um referencial absoluto e necessário para que todo o Universo se manifeste. Na verdade ele adota o conceito de mônada, criado por Leibnitz e o amplia, definindo a mônada quântica.

O Aprendiz Maçom está ainda no pavimento térreo do Templo do Rei Salomão, segundo Adoum (1972). Este pavimento simboliza o próprio Aprendiz e é o reflexo do princípio. Logo é o segundo termo da sequência de Fibonacci, ou seja, o segundo 1. Na Bíblia Sagrada (2012), Livro da Gênesis, cap. 1 vers. 26 está escrito: “Deus disse: Façamos o ser humano a nossa imagem e segundo nossa semelhança,(…)” A consciência humana é um reflexo da consciência cósmica. Este ponto do estudo é relevante porque se do Princípio não surgisse a sua imagem ou reflexo não existiria a Criação. Se não fosse o surgimento do segundo 1 na sequência de Fibonacci ela simplesmente não existiria. Hurtak (1996) afirma que o Homem é feito na imagem e similitude, onde o “na” indica que a evolução é um contínuo assimilar de Luz. Ubaldi (1999) que cada fenômeno só existe porque há movimento de um ponto de partida para um ponto de chegada. O surgimento do segundo número 1 da sequência de Fibonacci mostra, portanto, o primeiro movimento da Criação.

O aprendiz no início de seu movimento para o pavimento superior do Templo de Salomão fica entre as duas colunas, B. e J., que juntas elas dão a ideia da dualidade. Simbolizam o terceiro termo da sequência de Fibonacci, ou seja, o número 2. Na Bíblia Sagrada (2012), Livro da Gênesis, cap. 1 vers. 27 está escrito: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea ele os criou.” Note que é só no cap. 2, vers. 21, 22 e 23 que está escrito que Deus criou a mulher a partir da costela de Adão.

Qual seria então o significado da afirmativa que Deus criou o ser humano, à sua imagem, macho e fêmea? Parece ser uma referência ao princípio de Dualidade.

Na Bíblia Sagrada (2012), Livro I Reis , cap. 6 vers. 21 trata da construção do Templo de Salomão, onde aparece a figura do artífice Hiram Abiff que teria construído as colunas. Está escrito: “Em seguida ele ergueu as colunas na frente do vestíbulo do templo: levantou a coluna do lado direito dando o nome de Jaquin; em seguida levantou a coluna do lado esquerdo, chamando-a de Booz.” A seguir, vem a escada em forma de caracol.

Note que o caracol, por si só é uma referência a Pitágoras e o formato perfeito das conchas que tanto inspiraram esse Venerável Mestre. Os três primeiros degraus aludem ao princípio ternário, representado no altar pelas Três Grandes Luzes da Maçonaria. Representam também as virtudes Sabedoria, Força e Beleza. É cabível também uma relação com os pilares da Árvore da Vida, segundo Marques (2011). Chega-se ao quarto termo da sequência de Fibonacci, o número 3.

Os cinco degraus seguintes representam às cinco ordens clássicas da Arquitetura, ou seja, Dórica, Jônica, Coríntia, Toscana e Compósita. As informações acerca da Arquitetura Clássica foram preservadas através da obra de Vitrúvio, que viveu no século I A.C. , segundo Maciel (2009). Aludem também aos cinco sentidos humanos e aos cinco elementos alquímicos, a saber, Terra, Ar, Água, Fogo e Éter. Uma descrição sucinta dos cinco elementos alquímicos é feita por Cotnoir & Wsserman (2009), que relacionam o quito elemento com o campo, ou seja, a fonte de tudo o que existe. Nota-se que a referência às cinco colunas da Arquitetura Clássica passam uma ideia de ordem ou mesmo simetria, conceito fundamental da Razão Áurea. Surge o quinto termo da sequência de Fibonacci, o número 5.

Em seguida vem sete degraus que aludem a todo o simbolismo do número sete. Os sete dias da semana, as sete cores do arco-íris, os sete planetas, os sete orbitais atômicos, as sete notas musicais, entre outros, são aspectos naturais relacionados ao número sete segundo Marques (2011) e Queiroz (2010).

Os sete degraus simbolizam as sete artes ou ciências liberais: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. As três primeiras, ou seja, Gramática, Retórica e Lógica, eram as disciplinas da Universidade conhecidas como Trivium e que tinham como objetivo o provimento da mente para encontrar expressão na linguagem, segundo Joseph (2008). Ainda em Joseph (2008), as quatro últimas, ou seja, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia, eram conhecidas como Quadrivium e o seu objetivo era o provimento de meios para o estudo da matéria.

Mas eis que surge um problema, o sexto número da sequência de Fibonacci é 8 e não 7. Mas imagine, ao terminar de subir os sete degraus o Aprendiz chega à câmara do meio do Templo do Rei Salomão. O término da escada não é no sétimo degrau, e sim no próprio piso da câmara do meio. São oito passos, portanto. Mas haveria um simbolismo para o piso da câmara do meio? A câmara do meio é onde os obreiros recebem o pagamento. Nela observa-se a letra G. Poderia se pensar que a letra G representa a Geometria, mas esta ciência já foi verificada em um dos sete degraus.

Segundo Adoum (1972), desde os mais antigos rituais a letra G simboliza o Grande Arquiteto do Universo, merecendo, portanto, uma deferência especial. Assim, os sete degraus (sete ciências) somadas ao próprio Grande Arquiteto do Universo, simbolizam o número 8. Note que o número 8 simboliza o duas vezes quatro, a manifestação perfeita. O octanário é o número da realização da Divindade no Homem. Note que o oito é o símbolo do infinito voltado para cima. Chega-se ao sexto termo da sequência de Fibonacci, o número 8.

O que seriam das sete ciências sem a conexão com o Grande Arquiteto do Universo? Conclui-se com o sexto termo da sequência de Fibonacci. Segue com um quadro comparativo dos termos da sequência e seus aspectos relacionados ao Templo de Salomão, considerando o seu simbolismo.

Tabela 2: Termos da sequência de Fibonacci relacionados com o Templo de Salomão e o seu simbolismo


Fonte: Elaborada pelo autor.

Considerações Finais

Todo o simbolismo do qual o presente artigo investiga encontra-se em um esquema que pode ser relacionado com diversos aspectos do macrocosmo e do microcosmo. Arola (1986) descreve diversos aspectos do simbolismo relacionado ao templo. Ismail (2012) também trata do simbolismo contido na Maçonaria, mostrando que nada está ali por acaso. Um símbolo pode ter tantos significados quantos sejam aqueles que dedicam ao estudo e meditação acerca do seu significado. Arola (1986) considera que o Templo é a interseção entre o Céu e a Terra, entre o Homem e Deus, porque um templo exterior e tangível é simplesmente o reflexo de um templo interior e intangível.

O Templo de Salomão apresenta aspectos de seu simbolismo que foram relacionados com os seis primeiros termos da sequência de Fibonacci. O próximo termo seria número 13 que por si só carrega todo um simbolismo. Foi em um dia 13 de Outubro de 1307 que Jacques de Molay foi preso, de acordo com Read (2001). A carta que representa a morte no Tarô Mitológico é exatamente a carta 13. Seu simbolismo está associado à transformação e a transmutação. Na Bíblia Sagrada (2012), Livro I Reis, cap. 7 vers. 1, está escrito: “Quanto ao palácio, Salomão levou treze anos para construí-lo de todo.” Note que a referência é ao palácio. No versículo anterior (I Reis, cap. 6, vers. 38) está escrito que o Templo levou sete anos para ser construído.

O fato de não ter encontrado relações do Templo de Salomão com o número treze não significa que tais relações não possam existir. Mas lembre-se que foram seis dias da Criação, e foram os seis primeiros termos da sequência de Fibonacci que foram relacionados com o Templo de Salomão. Ele simboliza tanto o microcosmo, representado pelo corpo humano, quanto o Universo, ou seja, o macrocosmo. A sequência deve terminar em algum dos termos.

É possível traçar mais relações entre o Templo de Salomão e a Cabala. Segundo Marques (2011), a Cabala é um sistema que permite compreender a similitude oriunda da unidade em todas as partes da Criação. É evidente que o Templo pode ser também esquematizado pelo viés da Cabala. A princípio todo modelo é incompleto e revela um ponto de vista acerca de um fato. Fica difícil definir qual seja o melhor. Isso não diminui a importância da comparação que foi feita com a sequência de Fibonacci. Pelo contrário, a sequência de Fibonacci ganha mais relevância com seus aspectos cabalísticos.

A existência de diversos artigos recentes relacionados à sequência de Fibonacci e ao Templo de Salomão demonstra que ambas as temáticas são atuais e inseridas em um contexto científico ou acadêmico. Guimarães (2013), Janotta (2013), Kalman & Mena (2003), Mishra (2012), Morrison (2008), Tashtoush & Darwish (2012) e Tattersall (2013) são exemplos de artigos recentes e que foram citados no presente artigo.

Conclui-se que o simbolismo acerca da sequência de Fibonacci é muito mais rico do que aparentava. O Grande Arquiteto do Universo transcende a mente e a compreensão humanas, mas seria possível ousar supor que a linguagem que está mais próxima da Mente Cósmica é a Matemática. Na Matemática está contida tudo o que existe, mas também o que não existe. Um exemplo de algo que não é mensurável na Natureza, mas existe na Matemática são os números complexos.

Ao traçar estas relações nossa mente se expande a vai de encontro à Mente Cósmica. Foi a partir daí que, segundo Conte (2008), Pitágoras concluiu estupefato: “Tudo no Universo são números”.



*** Anderson Nunes é Doutorando em Engenharia Nuclear pela UFRJ, Mestre em Engenharia Nuclear pela UFRJ, Especialista em Educação Tecnológica pelo CEFET-RJ, Graduado em Física pela UFRJ e em Formação Docente para o Ensino Fundamental e Médio pela Universidade Cândido Mendes. É membro da Loja de Pesquisas “Rio de Janeiro” – GOIRJ. E-mail: professorlupo@gmail.com


Referências Bibliográficas

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CONTE, Carlos B.. Pitágoras, Ciência e Magia na Antiga Grécia. Editora Madras, São Paulo, 2008.
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DURÃO, João Ferreira. Pequeno Glossário de Filosofia, Esoterismo, História Antiga e Medieval. Editora Madras, São Paulo, NUNES, A. L. A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI NO TEMPLO DE SALOMÃO FinP | Rio de Janeiro, Vol. 1, n.2, p. 21-30, Set/Dez, 2013. 30 2003.
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JOSEPH, Miriam. O Trivium As Artes Liberais da Lógica, Gramática e Retórica. Tradução de Henrique Paul Dmyterko. Ed. Realizações. São Paulo, 2008 KALMAN, Dan & MENA, Robert. The Fibonacci NumbersExposed. Mathematics Magazine, VOL. 76, NO. 3, p. 167-181, JUNE 2003.
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TATTERSALL, Roger. A remarkable discovery: All Solar system periods fit the Fibonacci series and the Golden Ratio. Why Phi? February 13 2013. http://tallbloke.wordpress.com/ Acesso em 28/10/2013.
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UBALDI, Pietro. A Grande Síntese. Editora Fraternidade Francisco de Assis, Rio de Janeiro, 1999
[1] Anderson Nunes é Doutorando em Engenharia Nuclear pela UFRJ, Mestre em Engenharia Nuclear pela UFRJ, Especialista em Educação Tecnológica pelo CEFET-RJ, Graduado em Física pela UFRJ e em Formação Docente para o Ensino Fundamental e Médio pela Universidade Cândido Mendes. É membro da Loja de Pesquisas “Rio de Janeiro” GOIRJ. E-mail: professorlupo@gmail.com


Publicada na Excelente revista FRATERNITAS IN PRAXIS Vol.1, Número 2, Set/Dez 2013

O pensamento de Johan Gottlieb FICHTE para a reforma da maçonaria alemã de Friedrich Ulrich Ludwig Schröder

Extraído do Blog Bibliot3ca
Ir. Rui Badaró[1]



INTRODUÇÃO

A compreensão histórico-filosófica da maçonaria enseja sua divisão em três[2]:

a) a inglesa, de cunho tradicionalista, observadora rigorosa de rituais, imutável em suas formas consagradas pelo correr de três séculos (1717-2017), e que, transportada para os países de formação inglesa, manteve a mesma índole praxista em sua vida íntima e o mesmo comportamento perante o mundo não-maçônico;

b) a francesa, que embora de origem britânica, cedo sofreu profundas transformações, ditadas pelas condições do meio em que se desenvolveu, adquirindo uma feição intensamente latina, e que se espalhou pelo mundo, tornando-se conhecida principalmente pela sua ação política, social e religiosa, e à qual estão filiadas a maçonaria brasileira, a portuguesa, a italiana, a espanhola, a romena, e as de todos os países hispano-americanos; e por último,

c) a alemã, também de procedência inglesa, mas que sofreu a marca do espírito germânico, muito mais propenso às especulações metafísicas, tendo desde cedo adotado ritos e sistemas próprios, sendo sua história repleta de tentativas de ensaios de reformulações sistemáticas.[3]

Nesse contexto de uma maçonaria voltada às altas indagações filosóficas que permeava a reforma da fraternidade na Alemanha é que se inscreveu a construção do sistema de ensino Schroderiano[4], cujo principal objetivo foi o realinhamento com as práticas maçônicas inglesas[5], restaurando o que Schröder entendia como a verdadeira e antiga maçonaria, ou seja, sem os enxertos de misticismo, rosacrucianismo, iluminados, cavalheirismo e altos graus, vez que eles não integravam a maçonaria em seu início.

Assim, o principal substrato filosófico para a construção de um novo sistema de ensino maçônico por Schröder foi o pensamento idealista[6], uma das principais orientações filosóficas daquela época.[7]

2. FICHTE: ENTRE A FILOSOFIA E A MAÇONARIA.

É neste contexto que se insere a compreensão do pensamento de Johan Gottlieb FICHTE e sua importância para a reforma da maçonaria alemã de Schröder[8].

Note-se que FICHTE é pouco conhecido no seio da Maçonaria, não só por conta da raridade de sua obra nesta seara, mas também porque sofreu um “inexplicável” boicote dos escritores maçônicos, os quais silenciaram sobre sua atuação, preferindo, a maioria dos autores a dar maior ênfase a FESSLER, seu contemporâneo e contendor direto (bem como seu padrinho), mas sem dúvida alguma de menor magnitude no campo do pensamento filosófico.

Tendo nascido em 19 de maio de 1762 em Rammenau (Oberlausitz), Johann Gottlieb FICHTE estudou em Iena[9] e foi entusiasta de SPINOZA e seu racionalismo crítico, bem como de KANT, de quem foi um dos mais, senão o mais destacado discípulo. Em 1791, em Königsberg, com auxílio de KANT, publicou sua primeira pesquisa, a qual o guindou, da noite para o dia, a condição de um dos pontos altos do pensamento alemão[10].

Em 1793 foi iniciado, em Zurique, após longas hesitações, das quais se encontram traços em sua correspondência de outubro de 1792[11], com Theodor von Schön, ministro e burgrave de Marienburgo. Fichte chegou a afirmar:

“Estou convicto, com toda a segurança possível a um leigo, de que os maçons não têm finalidade universal alguma, e de que todo seu esforço se resume em procurar tal finalidade, que esperam obter de símbolos e antiqualhas”

Interessante observar que FICHTE repetiria esta afirmação por diversas vezes em debates com FESSLER, GOETHE e HERDER. Em 1794, à míngua da existência de Lojas maçônicas em Iena, FICHTE filiou-se à Loja “GÜNTHER DO LEÃO RAMPANTE” em Rudostadt, que tinha como grão-protetor o príncipe daquela cidade. Em sua filiação, FICHTE afirmou que tinha planos múltiplos, ideias e esperanças[12], para o que lhe seriam necessários homens de ânimo bastante elevado. Por seu discurso, FICHTE recebeu elogios de GOETHE e, meses depois, foi apoiado diretamente por ele em sua nomeação como professor da Universidade de Iena.

Em 1794, FICHTE foi nomeado professor na Universidade de Iena, com apoio direto de GOETHE. Sua eloquência trouxe muitos ouvintes e uma grande influência sobre os estudantes. Acusado de ateísmo, por identificar Deus com a ordem moral do mundo, entrou em conflito com as autoridades de Iena, sendo demitido da cátedra que ocupava em 1799[13] e mudado para Berlim no mesmo ano, onde conviveu com TIECK, SCHLEIERMCHER, SCHLEGEL e outros românticos.

Uma vez em Berlim, FICHTE foi apresentado por FESSLER à loja “ROYAL YORK DA AMIZADE”, facilitando-lhe rápida ascensão, bem como sendo responsável direto por seu destino na maçonaria. O filósofo alemão sentia que, naquela oficina, mais que em qualquer outro lugar, poderia encontrar terreno favorável aos seus planos de renovação maçônica, notadamente porque FICHTE sabia que FESSLER havia incrustrado o pensamento filosófico de KANT anos antes e tinha a esperança que ali se poderia talvez realizar seu sonho “de fazer desta coligação, ativa em todas as partes do mundo, um órgão da filosofia. Determinando os graus de iniciação à luz da ciência.[14]

Assim, em 14 de outubro de 1799, FICHTE pronunciou seu discurso intitulado “Sobre a verdadeira e reta finalidade da maçonaria e sobre seus hieróglifos” suscitando o entusiasmo de todos, dado a profundeza de seus conhecimentos. Porém, ainda não estava FICHTE filiado à Loja ROYAL YORK DA AMIZADE”, o que ocorreu após seu retorno de Iena e Hamburgo[15], onde tomou conhecimento, ainda que de forma tarda, sobre os esforços de SCHRÖDER para reformar o sistema de ensino vigente na Grande Loja Provincial de Hamburgo (Estrita Observância).[16]

A ascensão de FICHTE foi tão rápida que em 23 de maio de 1800 já havia sido alçado à condição de Oberredner (primeiro orador) de sua novel oficina. Entre as incumbências de seu cargo, constava-se a de fazer, a cada quinze dias, uma conferência (Vorlesung) sobre a maçonaria. Entre 13 a 27 de abril de 1800, FICHTE passou a ministrar verdadeiras aulas diante de numerosos irmãos, não só da Grande Loja Royal York, como também de irmãos da Grande Loja Mãe Nacional dos Três Globos, da Grande Loja Nacional da Alemanha, potências que junto com a primeira formavam o tríplice sistema berlinense.

Essas conferências ministradas por FICHTE representaram uma grande afirmação pessoal, o que ensejou o surgimento de diversas rusgas entre os irmãos.[17] Nesse momento, pareceu ao idealista o momento oportuno de chamar para si a direção da Grande Loja Royal York, como era sua intenção desde o início.[18] Assim, no dia seguinte à sua nomeação como Grande Orador da Grande Loja Royal York, FICHTE pediu a FESSLER um colóquio para discorrer amplamente sobre novas reformas, que deveriam sobretudo extirpar as antiqualhas e toda influência francesa do sistema de ensino maçônico então praticado. Imediatamente, FESSLER recusou-se a aderir à ideia vez que entendia que as dificuldades eram demasiadas e a própria experiência fazia-o considerá-las insuperáveis. Essa recusa agravou o estado de latente dissídio entre FICHTE e FESSLER, nomeadamente porque o segundo temia que o poder lhe fosse tirado pela genialidade e ardor de FICHTE[19].

Em 28 de maio de 1800, em nova tentativa de assalto ao poder, o filósofo escreveu ao Grão Mestre Adjunto uma carta, acompanhada de um esquema de suas ideias, quais sejam, o realinhamento com as práticas maçônicas inglesas, extirpando-se toda e qualquer influência maçônica francesa, bem como os enxertos que prostituíam as práticas maçônicas berlinesas. Em que pese tenha escrito a carta com afeto, algumas frases não deixaram de soar um tanto cruas. O sumário das observações que a acompanhava, continha uma crítica radical ao método e à posição doutrinária de FESSLER. A resposta adveio imediatamente, com grande dignidade, criticando as páginas de FICHTE com mal velada ironia, sem ceder-lhe num único ponto, e afastando integralmente suas propostas[20].

Em 6 de junho de 1800, no comitê que discutia os projetos de constituição, FICHTE e FESSLER altercaram-se violentamente, em plena assembleia. A discussão versava ainda sobre o argumento das reformas que deveriam enaltecer a autoridade e a força da Grande Loja Royal York. Já no dia 10 de junho, FICHTE replica às respostas epistolares de FESSLER, com uma carta, mostrando-se ainda mais mordaz e decepcionado com a maçonaria berlinesa. Em 15 de junho de 1800, FESSLER pronunciou em loja um discurso que acabou por ser considerado por FICHTE um verdadeiro ato de hostilidade às suas ideias. Tratava-se, em verdade, de uma condenação, por parte de FESSLER, aos Evergetas da Silésia, movimento que outrora fora fundador, mas, por conta do momento político vivido ensejou o dissimulado e agudo discurso de FESSLER[21].

O crítico discurso proferido por FESSLER era dirigido claramente à FICHTE, ainda que fosse por ele negado[22]. O resultado foi que o filósofo idealista perdeu as estribeiras e, no dia de São João, durante a festa da loja, investiu violentamente contra FESSLER, suscitando os clamores de seus próprios partidários. Ainda que tenham se reconciliado após a nova altercação, os irmãos da Grande Loja Royal York cansaram-se de FICHTE, perigoso demais para a sua tranquilidade. No dia 27 de junho de 1800, em pleno Colégio de Veneráveis, um deles dirigiu um libelo acusatório ao filósofo, tendo sido repetido por escrito dias mais tarde.[23]

Em 07 de julho de 1800, FICHTE, cansado e aborrecido com a maçonaria berlinesa, pediu seu quite placet, restando sua atividade maçônica truncada, exatamente quando pensava colher frutos. Nos meses que se seguiram, FICHTE encaminhou seus discursos/conferências à HERDER, MEYER E GOETHE, dentre outros pensadores e irmãos que tivera contato nos anos anteriores[24]. Em 1802, suas conferências foram publicadas em 2 volumes sob o título PHILOSOHIE DER MAUREREI, BRIEFE AN KONSTANT na revista ELEUSINAS. Interessante apontar que FESSLER teve o mesmo destino de FICHTE dois anos depois[25], sendo inclusive, obrigado a deixar Berlim.

3. A FILOSOFIA DA MAÇONARIA – CARTAS À CONSTANT


PRIMEIRA LIÇÃO
CARTA I – Partimos da existência de homens sábios e virtuosos dentro da Ordem Maçônica.
CARTA II – A finalidade dos sábios é a finalidade última da humanidade.
CARTA III – A evolução humana é posta em perigo pela divisão do trabalho.
Em meio à divisão do trabalho uma sociedade particular não pode ter função alguma.
CARTA IV – A finalidade de uma sociedade particular pode ser apenas a de elevar a um plano de cultura humana universal a unilateralidade das classes sociais.
Limites desta determinação da finalidade: educação para a liberdade ética ou para a sensibilidade moral?
CARTA V – Pode valer a maçonaria como fim a si mesma?
CARTA VI – O que realiza a cultura maçônica no maçom: a imagem do homem maduro. 9. CARTA VII – Que ação exerce a cultura maçônica sobre o mundo: a influência recíproca sobre as classes sociais.

SEGUNDA LIÇÃO

PARTE I

Dedução do conteúdo do ensinamento maçônico
CARTA VIII – A finalidade última da existência humana: os problemas dessa vida à luz da eternidade. Os três pontos principais deste problema: Igreja, Estado, domínio sobre a natureza.
Qual é o objeto da cultura maçônica? Procedendo da educação do intelecto, ela é “instrução”. CARTA IX – A instrução é na Maçonaria, como em toda instituição de cultura, a coisa mais essencial.
CARTA X – A finalidade eclesiástica como objeto de instrução: o conceito universalmente humano de religião.

CARTA XI – Aquele que ainda tem de ser disciplinado com o prêmio e o castigo para conservar-se homem honrado não pode pertencer a maçonaria, pois que, longe como está de aspirar a um melhoramento da educação por ele recebida através da sociedade, carece desta mesma cultura.
CARTA XII – A finalidade política na instrução maçônica: o amor à pátria e o sentimento cosmopolita.
O trabalho na concepção maçônica

PARTE II

Dedução histórica e da forma da instrução maçônica
CARTA XIII – As instituições secretas de cultura certamente tão antigas quanto a divisão das classes
CARTA XIV – As instituições secretas constituem seguramente uma tradição contínua através de toda a História
CARTA XV – A forma didática destas instituições deve ser metafórica e, portanto, secreta; e somente pode servir-se da comunicação oral.
CARTA XVI – O conteúdo desta instrução não pode ser outro senão a sabedoria da cultura universalmente humana, que toda época deve buscar nos mistérios.


NOTAS

[1] Ir. Rui Aurélio de Lacerda Badaró, Mestre Maçom da Justa e Perfeita Loja de São João, 680, Or. de Sorocaba, GLESP. Membro da ASMACLE – Academia Sorocabana Maçônica de Artes, Ciências e Letras.

[2] OSLO, A. Die Freimaurer. Dusseldorf: Patmos Albatross, 2002. passim

[3] FREIMAURER WIKI. Friedrich Ludwig Schroder. Disponível em http://freimaurerwiki.de/index.php/Friedrich_Ludwig_Schr%C3%B6der#Re.C2.ADformation_der_Freimaurerei . Acesso em 05 de novembro de 2017..

[4] Em 1789, dado a inquietude que dominou a maçonaria alemã, quando as Lojas de Hamburgo alteraram as cerimônias, símbolos e insígnias, Schröder entendeu a gravidade do que ocorria, bem como percebeu que tais mudanças poderiam representar a derrocada da instituição. Assim, convencido da necessidade de reformular o sistema de ensino vigente por meio do restabelecimento das práticas inglesas, Schröder iniciou, a partir de 1790, a elaborar um novo ritual para a Grande Loja Provincial da Baixa-Saxônia, subordinada à Grande Loja de Londres (Grande Loja dos Modernos) como assim diziam os que se intitulavam “antigos”, que não possuíam um Ritual escrito em inglês com um texto autêntico. Para lograr êxito, Schroder contou com o apoio direto de Johann Gottfried von HERDER na elaboração do novo sistema de ensino. Tal iniciativa fez com que uma Comissão de Estudos fosse criada no sentido de identificar os enxertos, vícios e excentricidades então vigentes. Todo este trabalho, sob a presidência de Schroder teve por base o texto apócrifo de “Three distinct knocks: (or The door of the most ancient free-masonry)”. Sobre este assunto cf. SOLF,H.H. Origem e fontes do ritual de Schröder. Traduzido por Kurt Max Hauser e Samuel Herbert Jones. Revisão de Antonio Gouveia de Medeiros e Rui Jung Neto. Edição comemorativa aos 209 anos do rito – 29 junho de 1801/2010.

[5] Three distinct knocks: or The door of the most ancient free-masonry

[6] Tomando a obra “The Three distinct Knocks” (or: The door of the most ancient free-masonry), considerado por Schroder o mais antigo e genuíno ritual inglês, levando em consideração os debates/cartas trocadas com BODE, MEYER, HERDER e GOETHE, somando a influência do pensamento de SCHILLER, LESSING, KANT, FICHTE e SCHELLING (estes dois últimos que despontaram para a maçonaria sobremaneira a partir de 1794 e início do século XIX), escreveu seus rituais com forte carga idealista e enfrentando represália e desconfiança por parte da maçonaria de Hamburgo, que estava entregue ao cavalheirismo e misticismo do sistema de ensino da Estrita Observância, mas que ao final, rendeu-se às propostas de Schroder. A elaboração de novos rituais e sua respectiva aprovação representaram o ápice da reforma da maçonaria alemã, promovendo não somente o realinhamento com as práticas da fraternidade inglesa, como também apresentando, enfim, as características do pensamento filosófico da época. BADARÓ, R. O Idealismo alemão como substrato para a construção do sistema de ensino de Schröder. Peça de Arquitetura. Porto Alegre: VII Seminário Nacional do Rito Schroder, 2016..

[7] FREIMAURER WIKI. Idealismus. Disponível em http://freimaurerwiki.de/index.php/Idealismus. Acesso em 05 de novembro de 2017.

[8] O Preâmbulo do Compact da Grande Associação Maçônica de 1801, o qual tem atribuída a sua redação à FESSLER, quando, em verdade, estes estratagemas foram propostos por FICHTE em seu debate com FESSLER sobre o “conceito de uma história para a fraternidade maçônica” no período de 28 de maio de 1800 a 10 de junho de 1800, onde resta claro que foi FICHTE e não FESSLER quem apontou os princípios basilares da Grande Associação Maçônica que visava a reforma da maçonaria alemã (berlinesa), a saber:”1º) Franco-Maçonaria e fraternidade maçônica, são dois conceitos bem diferentes, como as palavras “ciência e escola”, “religião e igreja”. Isto nos leva para; 2º) Franco-Maçonaria, independente de tempo e condições locais, sempre una e a mesma, é sempre aquilo que envolve e coloca firmemente o homem interno entre o esquadro e o compasso, seu modo de pensar e agir e que fixa a posição moral do homem na Sociedade, embora a Franco-Maçonaria possa ocasionalmente ter-se desenvolvido em direções diferentes. 3º) As Grandes Lojas Provinciais Unidas não reconhecem na Fraternidade Maçônica o tal chamado propósito ou desígnio secreto que se diz possuir e além dos três Graus de São João. Para elas o objetivo da Fraternidade Maçônica é o mesmo: prática, manutenção e crescimento comum da Arte; tudo isto visto pela luz de sua pura tendência moral. Isto os mais esclarecidos Irmãos têm em todos os tempos reconhecido. 4º) Como não mais se pode deixar aos caprichos de Maçons isolados ou Lojas em particular, a decisão e definição da natureza e tendência da Maçonaria, as Grandes Lojas Provinciais Unidas estão convencidas de que o mais antigo Ritual Inglês dos três Graus é o único em que podemos confiar como fonte histórica e para compreensão da natureza e evolução da Franco Maçonaria.” In: SOBRE O CONCEITO DE UMA HISTÓRIA DA ORDEM/FRATERNIDADE MAÇÔNICA – Correspondências entre FICHTE e FESSLER no período de 28 de maio de 1800 a 10 de junho de 1800. FICHTE, J.G. Filosofia da maçonaria. São Paulo: Fraternidade, 1984. Pags 133-160

[9] Em sua juventude, é sabido e, hoje comprovado, que FICHTE integrou a ordem secreta estudantil dos “Irmãos Negros” de Iena. Sobre estas ordens, FICHTE escreveu, em 1795, umas memórias que permaneceram inéditas até 1955..

[10] Fichte decidiu devotar sua vida à filosofia, depois de ler as três Críticas de Immanuel Kant, publicadas em 1781, 1788 1790. Em 1790, ele volta para Leipzig, onde um pupilo seu pede para ter lições sobre a filosofia kantiana. Apesar de mal conhecer as obras de Kant, Fichte aceita o pedido e passa a estudar com afinco as obras de Kant, dando conta das três Críticas em poucas semanas. A leitura das Críticas foi muito importante para que Fichte superasse o determinismo, fazendo com que se evidenciasse que o “novo mundo” é o mundo da liberdade, que se evidenciava como a chave para entender toda a estrutura da razão. Segundo diz o próprio Fichte em carta a Johana “a vontade humana é livre, e a felicidade não é o fim do nosso ser, mas a dignidade de ser feliz”. São, portanto, essas convicções que tornam Fichte um filósofo, aos 28 anos. Sua investigação de uma crítica de toda a revelação obteve a aprovação de Kant, que pediu a seu próprio editor para publicar o manuscrito. O livro surgiu em 1792, sem o nome nem o prefácio do autor, e foi saudado amplamente como uma nova obra de Kant. Quando Kant esclareceu o equívoco, Fichte tornou-se famoso da noite para o dia e foi convidado a lecionar na Universidade de Jena. Fichte foi um conferencista popular, mas suas obras teóricas são difíceis. Acusado de ateísmo, perdeu o emprego e mudou-se para Berlim, onde proferiu diversas palestras e se tornou o primeiro reitor eleito da Universidade de Berlim. Faleceu em 27 de janeiro de 1814. Encontra-se sepultado no Dorotheenstädtischer and Friedrichswerder Cemetery, Berlim na Alemanha.

[11] X. LÉON. FICHTE et son temps. Tome I. Paris: Alcan, 1917. Pág. 22

[12] MEDICUS, Fritz. FICHTE Leben. Leipzig: Auswahl, 1922. Ed. 1991. Pág. 105:

[13] A famosa luta devida à acusação de ateísmo, que em 1799 obrigou o filósofo a retirar-se de Iena, após diversas perseguições e amarguras, representava o ato de fé do novo conceito religioso por ele desenvolvido nas primeiras obras do período de Berlim. Esta atividade de escritor político e de polemista estava, em seu íntimo, atrelada àqueles “planos múltiplos” que ambicionava Fichte pôr em prática no âmbito maçônico. De qualquer sorte, foi obrigado a guardar segredo, vez que ao sinal das primeiras dificuldades enfrentadas faltou-lhe apoio na Loja GÜNTHER e o príncipe de Rudolstad recusou-se a proteger e a hospedar em sua residência o irmão atormentado, perseguido e carente de apoio. MEDICUS, F. Idem. Passim

[14] FESSLERS SS. WW. II Bd, erste Abth, cap. IV (pags 94-101), cap. V e VII; zweite Abth, “Beylage”, pags. 316-319 – Cfr o excerto da “Fundamental constitution” da loja fessleriana in Jahrb. für Fraymaurerei auf das Jahre 1800..

[15] Nota do autor: FICHTE ingressou formalmente na Grande Loja Royal York apenas em 11 de abril de 1800.

[16] Existem menções e extratos de trocas de cartas entre GOETHE, HERDER, MEYER e FICHTE a partir de agosto de 1800, sendo certo que GOETHE teve acesso integral às conferências fichtianas que viriam a ser publicadas entre os anos de 1802 e 1803 e intituladas “Philosophie der Maurerei, Briefe en Konstant”. O fato é que o pedido de demissão de FICHTE em 07 de julho de 1800 confirmou a aversão da maçonaria berlinesa à filosofia romântica e idealista da época. VARNHAGEN VON ENSE, K.A. Denkwürdigkeiten und vermischte Schriften. Leipzig/Berlin:1803. Ed. 1999. Passim

[17] Cf FLOHR, A. Geschichte der Grossen Loge von Preussen, gennant Royal York u.s.w. nach den Akten zusammengestellt. Berlin: 1898. 1ª ed. 1965, 10ª. Ed., vols. I-II, págs 133-136

[18] Na cit. carta à esposa, de 28 de outubro de 1799, tem-se: “Não simpatizo com FESSLER. Ele me trata com atenções porque pensa servir-se de mim. Age, porém, com um espírito de usurpação que eu devo de quando em quando refrear. Faço como se estivesse disposto a deixar-me usar como seu instrumento, até eu conseguir tirar-lhe da boca todos os seus segredos. E em grande parte já o consegui. Pelo menos, sei já o que ele fez e quero ainda ver o que pretende fazer ulteriormente. No fim, o resultado será que eu conseguirei impor meus planos servindo-me dele”. VARNHAGEN VON ENSE. Op. Cit. Passim

[19] FESSLER, I. Meine maurerische Verbindung, .cit., págs. 330-331

[20] Cf FICHTES LEBEN UND LITER. BRIEFWECHSEL, II, 509; e a coleção AUS DEN PAPIEREN DES THEODOR VON SCHÖN (Halle, 1875, pags.32-33 e38).

[21] FESSLER fez uma comparação entre o sábio do mundo ideal, que sabe como tudo absolutamente deve ser e o sábio do mundo real que, à luz da própria idealidade, considera como tudo pode vir a ser pouco a pouco, segundo os elementos de que dispõe: o primeiro dissolve as sociedades ao querer elevá-las ao próprio nível; o segundo as constitui e consolida, se possui bastante resignação para se dispor a sustenta-las unicamente com as próprias forças . Todavia, o primeiro dos dois era também, para FESSLER, o mau maçom, germe de toda ruína dentro da loja, o qual começaria com a pretensão de fazer reconhecer a sua superioridade, prosseguirá atirando reprovações de inconsistência e de erro e terminará com uma admoestação cheia de desprezo. FLITNER. Enleitung. Eleusinas. Pág. 16-17

[22] O discurso de FESSLER intitulava-se “Sabedoria e Justiça – os fundamentos de uma loja” e foi publicado na revista maçônica Eleusinas nas páginas 207 e segs. Cf ELEUSINIEN des Neunzehnten Jahrhunderts, Berlin: 1802, disponível em https://books.google.com.br/books?id=GV9lAAAAcAAJ&pg=PA207&lpg=PA207&dq=%22Klugheit+und+Gerechtigkeit,+die+Grundfesten+einer+Loge%22+Fessler&source=bl&ots=HzwsNk6rrN&sig=6NhDpq27ZqBpSMqCNU9FPPGIfHk&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwjmkqqC1rHXAhVEE5AKHUoaCfsQ6AEIMzAC#v=onepage&q=%22Klugheit%20und%20Gerechtigkeit%2C%20die%20Grundfesten%20einer%20Loge%22%20Fessler&f=false

[23] FESSLER caiu em desgraça perante grande parte dos irmãos da Grande Loja Royal York, quer por sua malograda reforma nos rituais dos graus joaninos (que duraram apenas 3 anos), quer pelo fato de ter se tornado alvo de hostilidade por parte dos ortodoxos, tendo sido combatido com opúsculos e panfletos, e acusado de amor desmedido à novidade pela novidade. No entanto, FESSLER quisera apenas substituir o AUFKLÄRUNG pelo KANTISMO puro, na concepção de realidade. Para além, FESSLER foi acusado também de jacobinismo e ameaçado com denúncia de alta traição, tal qual já ocorrera anos antes, na Silésia. X. LÉON. FICHTE et son temps. Tome I. Paris: Alcan, 1917. pags 30-36

[24] FREIMAURER– WIKI. JOHANN GOTTLIEB FICHTE. Disponível em http://freimaurerwiki.de/index.php/Johann_Gottlieb_Fichte. Acesso em 10/11/2017

[25] FICHTES LEBEN UND LITER. BRIEFWECHSEL, I, 201-206.


REFERÊNCIAS

AUS DEN PAPIEREN DES THEODOR VON SCHÖN (Halle, 1875, pags.32-33 e38).

BADARÓ, R. O Idealismo alemão como substrato para a construção do sistema de ensino de Schröder. Peça de Arquitetura. Porto Alegre: VII Seminário Nacional do Rito Schroder, 2016.

FLOHR, A. Geschichte der Grossen Loge von Preussen, gennant Royal York u.s.w. nach den Akten zusammengestellt. Berlin: 1898. 1ª ed. 1965, 10ª. Ed., vols. I-II, págs 133-136

ELEUSINIEN des Neunzehnten Jahrhunderts, Berlin: 1802, disponível em https://books.google.com.br/books?id=GV9lAAAAcAAJ&pg=PA207&lpg=PA207&dq=%22Klugheit+und+Gerechtigkeit,+die+Grundfesten+einer+Loge%22+Fessler&source=bl&ots=HzwsNk6rrN&sig=6NhDpq27ZqBpSMqCNU9FPPGIfHk&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwjmkqqC1rHXAhVEE5AKHUoaCfsQ6AEIMzAC#v=onepage&q=%22Klugheit%20und%20Gerechtigkeit%2C%20die%20Grundfesten%20einer%20Loge%22%20Fessler&f=false

ENZYKLOPÄDIE DER FREIMAUREREI VON HESSE UND MOSSDORF, Bd. 3, Brockhaus, 1828;

FESSLER, I. Meine maurerische Verbindung, .cit., págs. 330-331

FESSLERS SS. WW. II Bd, erste Abth, cap. IV (pags 94-101), cap. V e VII; zweite Abth, “Beylage”, pags. 316-319 – Cfr o excerto da “Fundamental constitution” da loja fessleriana in Jahrb. für Fraymaurerei auf das Jahre 1800.

FICHTES LEBEN UND LITER. BRIEFWECHSEL, II, 509;

FLITNER. Enleitung. Eleusinas. Pág. 16-17

FREIMAURER WIKI. Friedrich Ludwig Schroder. Disponível em http://freimaurerwiki.de/index.php/Friedrich_Ludwig_Schr%C3%B6der#Re.C2.ADformation_der_Freimaurerei Acesso em 05 de novembro de 2017.

FREIMAURER WIKI. Idealismus. Disponível em http://freimaurerwiki.de/index.php/Idealismus. Acesso em 05 de novembro de 2017.

FREIMAURER–WIKI. JOHANN GOTTLIEB FICHTE. Disponível em http://freimaurer-wiki.de/index.php/Johann_Gottlieb_Fichte. Acesso em 10/11/2017.

MEDICUS, Fritz. FICHTE Leben. Leipzig: Auswahl, 1922. Ed. 1991. Pág. 105:

OSLO, A. Die Freimaurer.Dusseldorf: Patmos Albatross, 2002. passim SOLF,H.H. Origem e fontes do ritual de Schröder. Traduzido por Kurt Max Hauser e Samuel Herbert Jones. Revisão de Antonio Gouveia de Medeiros e Rui Jung Neto. Edição comemorativa aos 209 anos do rito – 29 junho de 1801/2010.

THREE DISTINCT KNOCKS: OR THE DOOR OF THE MOST ANCIENT FREEMASONRY

VARNHAGEN VON ENSE, K.A. Denkwürdigkeiten und vermischte Schriften. Leipzig/Berlin:1803. Ed. 1999. Passim
LÉON. FICHTE et son temps. Tome I. Paris: Alcan, 1917. Pág. 22



Título original O pensamento de Johan Gottlieb FICHTE para a reforma da maçonaria alemã de Friedrich Ulrich Ludwig Schröder

JAMES VI DA ESCÓCIA

19 de junho de 1566 – 27 de março de 1625



O Rei James era um Rei da Grã Bretanha, França e Irlanda. Ele era negro e a bíblia do Rei James recebeu seu nome em sua homenagem. O Rei James aprovou 54 eruditos para trabalhar na tradução; 47 trabalharam em 6 grupos em 3 locais diferentes por 7 anos, comparando traduções anteriores em Inglês (Bíblia de Genebra) e textos no idioma original (Hebraico e Grego).

A tradução King James teve uma influência significativa sobre o idioma inglês e era amplamente aceita como a Bíblia em inglês padrão. Devido a que o projeto foi supervisionado pelo Rei James e o cuidado e atenção precisa com detalhes durante a tradução por sete anos, a bíblia do Rei James era considerada uma mas mais precisas traduções existentes.

Rei da Escócia (1567-1625) e o primeiro Rei Stuart da Inglaterra (1603-25), os historiadores ingleses tendem a retratá-lo como um covarde e um pedante exigente e tolo: ‘O tolo mais sábio da cristandade’. Na realidade, ele foi razoavelmente bem-sucedido em seus principais objetivos, aumentando a prosperidade nacional, mantendo a paz com a Europa e estabelecendo a igreja. Hoje, ele é lembrado por encomendar a chamada Bíblia do Rei James, ou Versão Autorizada.

Na parede oeste do salão de loja usado pela Loja Scoon and Perth No. 3 em Perth, na Escócia, pode ser encontrado um mural representando James VI ajoelhado em seu altar em sua iniciação. O registro mais antigo da Loja, chamado “O Acordo Mútuo” de 24 de dezembro de 1658, registra que James “foi iniciado Maçom e Companheiro da Loja de Scoon” em 15 de abril de 1601.

James também nomeou William Schaw como Mestre da Obra e Diretor Geral em 1583, com a missão de reorganizar o ofício da construção. Em 1598, Schaw emitiu o primeiro de seus estatutos, estabelecendo os deveres dos pedreiros com sua loja e com o público, impondo penalidades por trabalho insatisfatório e práticas inadequadas de segurança. Schaw elaborou um segundo estatuto em 1599, no qual a primeira referência velada à existência de conhecimento esotérico dentro do ofício de pedreiro pode ser encontrada.

Iniciado: 15 de abril de 1601
Loja Scoon and Perth No. 3, Perth, Escócia.
GENEALOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO

1300-165 a.C. – Primeiros textos hebraicos escritos em papiros e rolos de couro
250-50 a.C. – Septuaginta – Primeiras traduções do hebraico para o grego
Séculos IX a IX – Textos editados na forma atual por Masoretes
400 d.C. – Vulgata de São Jerônimo – tradução para o latim. Padrão católico.
1382 d.C. – A Bíblia de Wycliffe. Primeira tradução para o inglês
1455 d.C. – Bíblia de Guttenberg. Primeira Bíblia impressa, usando texto da Vulgata.
1525-1530 d.C. – Bíblia Tyndale. Primeira tradução impressa em inglês a partir de textos em hebraico.
1539 d.C. – Grande Bíblia. Primeira tradução para o inglês autorizada pela Igreja.
1560 d.C. – Bíblia de Genebra. Publicado por exilados ingleses. Trazida para a América por Peregrinos.
1582-1610 d.C. – Bíblia Douay. Tradução em inglês para católicos trazida para a América.
1611 d.C. – Bíblia do Rei James. Traduzido por 47 estudiosos. A mais famosa Bíblia inglesa.
1663 d.C. – Bíblia Algonquin. Traduzida para os Índios. Primeira Bíblia impressa na América.
1952 – Bíblia da Confraternidade. Primeiras versões católicas dos EUA inteiramente a partir de fontes hebraicas básicas, incluindo os Manuscritos do Mar Morto, descobertos em 1947. Estes são os textos mais antigos disponíveis, alguns datam de 200 a.C.
1952 – Versão Padrão Revisada. Bíblia protestante

Fontes:
Crawford Smith e William James Hughan, História da Antiga Loja Maçônica de Scoon e Perth (Número 3, A Loja do Scone) Perth: Cowan and Company, Limited, 1898.


Veja também:
Livro do Ano da Grande Loja de Antigos Maçons Livres e Aceitos da Escócia 1990, p. 50. Observe que o Contrato ou Acordo Mútuo é o único registro dessa iniciação, que esse histórico foi encomendado pela loja para estabelecer suas reivindicações de precedência e que não há documentação de fonte primária. Imagem: artista desconhecido ‘detalhe’. Scottish National Portrait Gallery