sábado, 26 de janeiro de 2013

O Simbolismo e as Alegorias





O SIMBOLISMO E AS ALEGORIAS

Ir.´. José Roberto Cardoso
Mestre Maçom

A necessidade de cultivar e cultuar mistérios é inerente à raça humana e segue com ele, na mesma trilha e diapasão, desde os tempos mais primitivos.

Símbolos gravados há mais de 60 mil anos na casca de ovos de avestruz podem evidenciar o mais antigo sistema de representação simbólica usado por humanos modernos. Os sinais repetitivos e padronizados foram encontrados em Howiesons Poort, na África do Sul, e foram destacados em artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).[1]

Os símbolos são na verdade signos ou sinais e possuem o poder de transformar o concreto no abstrato. Sua criação vem de uma idéia e da possibilidade desta idéia ser materializada em um sinal, em algo que possa esconder ou sintetizar aquele pensamento.

Hoje, os símbolos estão inseridos nos meios de comunicação e são elementos essenciais, fazendo parte das mais diversas culturas. Estão nas religiões, na ciência, nos meios midiáticos e no dia-a-dia do cidadão. Muitas vezes podem ser confundidos com um emblema ou se misturar a eles.

Os ideogramas das civilizações orientais são símbolos que expressam o seu idioma...


[1] Wilkipédia...
Nas religiões podemos vê-los de forma destacada, muito aproximadas dos emblemas.


A Cruz
O Símbolo da Cruz antecede a era Cristã e já existia entre as civilizações pagãs anteriores a esta época. Os cristãos só a adotaram após o Imperador Constantino tê-la abolido como forma de condenação. Ela simboliza a morte do Cristo e o seu significado.

 Estrela de Davi

As duas pirâmides, uma com a ponta para cima e a outra com a ponta para baixo significa o equilíbrio entre o céu e a terra e por isso Davi mandou gravar este símbolo nos escudos de seus guerreiros como amuleto de proteção e a partir de então passou a ser o símbolo do judaísmo.

A Lua Crescente com Estrela

Também este símbolo antecede a criação da religião Islâmica, pois se acredita que nômades árabes cultuavam a Lua por viajarem à noite. Só passou a ser conhecido como símbolo do Islamismo, depois que os Turcos Otomanos o adotaram em sua bandeira, assim mesmo, muitos fiéis negam a utilização de qualquer símbolo com objetivo de representar sua fé.


OM (hinduísmo)

É a forma escrita, em sânscrito, do principal mantra hindu. Os mantras são palavras, poemas ou textos entoados durante a meditação para auxiliar na concentração e invocar divindades. Vários textos dos Vedas - as escrituras sagradas hinduístas - começam com Om - pronuncia-se Aum - e significa "aquilo que protege"

E assim, em muitas outras religiões, encontraremos símbolos.

As palavras são símbolos formados por sinais com a finalidade de dar tonalidade à expressão. Quando escrevemos palavras, não importa o seu tamanho, mas a idéia que ela expressa. Por exemplo:


- Expressa uma convicção pessoal que embora possa ser manifestada de formas diferentes tem a mesma essência;

Ódio

- Uma palavra pequena que transmite uma reação temporária ou até mesmo permanente, de um sentimento de total aversão a outrém.

Amor
- Também uma pequena palavra, mas com sentimento oposto a anterior e que significa um sentimento de paz, de uma amizade além da conta.

Enfim, palavras são símbolos. É possível que algumas idéias, sentimentos, expressões, possam ser difíceis de serem manifestados em idiomas diferentes.

Os números também são símbolos que expressam quantidade, relatividade, conteúdo, síntese.

O número 1 contém uma unidade, mas o número 9 contem muitas unidades.

Letras e números estão nas fórmulas da física, química, matemática, etc.

Com base no exposto podemos ver que os signos ou sinais, os símbolos, estão entranhados em nossa existência e são extremamente necessários.

Os símbolos foram inseridos na maçonaria como forma de expressão didática e como maneira de esconder, resumir ou sintetizar conhecimentos e fazer com que o maçom, de um modo geral, seja um livre pensador.

"A Maçonaria é um sistema de moralidade desenvolvido e inculcado pela ciência do simbolismo. Este caráter peculiar de instituição simbólica e também a adoção deste método genuíno de instrução pelo simbolismo, emprestam à Maçonaria a incolumidade de sua identidade e é também a causa dela diferir de qualquer outra associação inventada pelo engenho humano. É o que lhe confere a forma atrativa que lhe tem assegurado sempre a fidelidade de seus discípulos e a sua própria perpetuidade.”

                                                       Albert Mackey

Numa Loja Maçônica tudo tem um significado, nada surgiu por acaso e o Templo Maçônico passou a ter o esplendor que tem, depois da criação da Maçonaria Especulativa. Os símbolos e alegorias foram inseridos aos poucos no Templo e da mesma forma foi pensada sua estrutura.

É pena que na Maçonaria Simbólica nos restringimos a atividades puramente mecânicas, repetitivas, rotineiras, sem entendermos os motivos de toda aquela decoração e do por que dos instrumentos de trabalho, da ritualística.

Quando falamos em buscar a palavra perdida e que somos livres pensadores, isto quer dizer que a Arte Real transcende a tudo aquilo que possamos imaginar e que sua base doutrinária e filosófica nos permite ser livres pensadores.

Goethe, dizia que o "O Simbolismo transforma os fenômenos visíveis em uma idéia, e a idéia em imagem, mas de tal forma que a idéia continua a agir na imagem, e permanece, contudo, inacessível; e mesmo se for expressa em todas as línguas, ela permanece inexprimível. Já a Alegoria, transforma os fenômenos visíveis em conceito, o conceito em imagem, mas de tal maneira, que esse conceito continua sempre limitado pela imagem, capaz de ser inteiramente apreendido e possuído por ela, e inteiramente exprimido por essa imagem.”

Num primeiro momento parece difícil entender o que são símbolos e o que são alegorias, principalmente para os neófitos, e quiçá, para muitos Mestres.

O Simbolismo contrai, sintetiza.

A Alegoria expande.

O Simbolismo está presente em tudo que é visível dentro de um Templo Maçônico. Exemplo:

- Instrumentos de Trabalho; colunas; Livro da Lei; velas; formas de arquitetura; desenhos; painéis; zodiaco; estrelas, planetas, etc.

As Alegorias estão presentes nas Lendas e sempre atreladas ao Simbolismo. Exemplo:

- Lenda sobre a escada de Jacó, da Fênix, do Pelicano, de Hiran e muitas outras.

A Semiótica é a disciplina que se ocupa do estudo dos símbolos, do seu processo e sistema em geral. Outras disciplinas especificam metodologias de estudo consoantes à área, como a semântica, que se ocupa do simbolismo na linguagem, ou seja, das palavras, ou a psicanálise, que, entre outros, se debruça sobre a interpretação do simbolismo nos sonhos.

Este pequeno estudo é destinado a um Quarto de Hora com o objetivo de transmitir aos neófitos um pouco mais de clareza sobre o processo didático a que serão submetidos e também de incentivá-los na busca da cultura maçônica.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos abençoe infinitamente.

                                                                                               José Roberto Cardoso - MM
                                                                                                 Cadastro 3037 - GLMDF
                                                                              Loja Estrela D´Alva nº 16 – Oriente de Taguatinga























O RITO DA CIRCUNVOLUÇÃO


O SIMBOLISMO FRANCOMAÇÔNICO


"Temos dentro de nós uma energia, um princípio vital, que é o dinamo permanente da vida. Nos dá os movimentos, o raciocínio, os sentidos e os sentimentos.

O Templo tem também essa energia. Tudo possui energia....

Tudo é vibração, tudo é sintonia. Podemos produzir boas e más energias."




O RITO DA CIRCUNVOLUÇÃO


                                                                                                               “ALBERT MACKEY” e outros

O rito da circunvolução é um símbolo ritualístico que vem em apoio da identidade da Francomassonaria com as cerimônias religiosas e místicas dos antigos.

“Circunvolução” é o nome que os antigos estudandes da arqueologia sagrada davam ao rito religioso praticado nas antigas iniciações, o qual consistia em fazer uma procissão em redor do altar ou de outro objeto consagrado e santo.

Este rito parece ter sido praticado universalmente pelos antigos, e a princípio fazia alusão ao curso aparente do sol no firmamento, que vai do oriente para o ocidente, pelo sul.

Na antiga Grécia os sacerdotes e o povo giravam ao redor do altar cantanto hinos e odes sagradas enquanto realizavam os ritos de sacrifício. Somente os sacerdotes podiam dar três voltas em torno do mesmo, circulando pela direita e pulverizando-o com água e colocando alimentos.

Ao fazer a circunvolução era necessário que se iniciasse pelo lado direito do altar, e por consequinte que a procissão se movesse do Oriente para o Sul e do Sul para o Ocidente e para o Norte até chegar novamente ao Este. Dessa maneira se representava aparentemente o curso do Sol.

Os gregos diziam que essa cerimônia se dirigia da direita para a esquerda, pois esta era a direção do movimento do sol, e os romanos chamavam esse movimento de dextrovorsum ou dextrorsum, que significam a mesma coisa,[1] Por exemplo: “Plauto teria dito a Palinuro, personagem de sua comédia Curculio: “se queres reverenciar aos deuses, dêem voltas a seu altar, a fim de que possam proteger suas mãos da pedra e da argamassa.”[2]...