Livres Pensadores

terça-feira, 22 de maio de 2018

YAKIN E BOAZ - LUZES NA ÁRVORE DA VIDA


TRADUÇÃO J. FILARDO

Por Solange Sudarskis




O texto conta que havia uma árvore de vida onde os nossos primeiros antepassados ​​se tornaram humanos. Tornando-se demasiado humanos e muito gananciosos, eles tiveram que deixar o que parecia ser um paraíso; e devia ser o final de março, quando eles foram expulsos. Guardas sem carne foram contratados para negar-lhes acesso; vamos chamá-los Gabriel e Rafael. Depois de uma investigação, descobrimos essas duas personagens, escondidas sob o nome de Yakin e Boaz [i] as duas colunas na entrada de um edifício, o Templo de Salomão, um outro tipo de paraíso, mais conhecido sob o nome de “pardes”, ou jardim. Ali, os sábios em misticismo consideraram por meio de elaborações espirituais que se poderia conceituar que havia ali uma outra árvore da vida, a árvore das Sephiroth.

Posando como uma constante fundamental, tanto em rituais quanto em lojas, embora muitas vezes tratados em papelão, Yakin e Boaz nos interrogam sobre a sua relação com essa metáfora de árvore. Justificadamente, temos o direito de buscar sua conivência especulativa, porque a famosa árvore da Cabala, a árvore das Sephiroth, se apresenta, de fato, também sob a forma de pilares de onde a comparação com nossas duas colunas, aliás nossos dois pilares, pode parecer evidente para muitos. Por contágio semântico que representa cada um desses dois lados?

Em sua separação: a dualidade e dualismo

Sua separação aparente: a dualidade

– A dualidade se estabelece com base na lateralização, a direita e esquerda [ii]tão precisamente explícita tanto para as colunas do templo maçônico quanto para os dois pilares da árvore das Sephiroth. Yakin está à direita ao sair do templo, Boaz à esquerda. As colunas fazem do termo “dois”, o binário, o princípio fundamental essencial da existência do mundo sensível e da vida do gênero humano.

O Zohar chama Kether “o crânio” Chokmah e Binah, “o cérebro”; o hemisfério cerebral direito é atribuído a Chokmah (a Sabedoria) e o esquerdo a Binah (a inteligência). As colunas do templo, semelhantes a estas duas Sephirotes correspondem a todas as dualidades: Sujeito-objeto, agente-paciente, ativo-passivo, positivo-negativo, pai-mãe, esquerda-direita, dar-receber agir-sentir, espírito-matéria, sol-lua, abstrato-concreto…

– Assim que se introduz qualquer oposição, tanto espacial quanto qualitativa, podemos também considerar a dualidade assim aparente, como uma demonstração de Relações dos princípios arquetípicos do masculino e feminino.

Em J.’. a via ativa da manifestação, o princípio masculino, em B.’., a via passiva, o princípio feminino. Estas colunas pertencem ao mundo da formação (Yetzirah). Os pilares exteriores Yakin e Boaz, são os reflexos claramente diferenciados em macho e fêmea do homem andrógino, aparecido no mundo da Criação (Beriá) e separados em Adão e Eva em Yethsirah.

Os textos não dizem que eles são simétricos nem semelhantes. Uma das colunas é descrita pela sua altura, a outra pelo seu diâmetro [iii].Seria um erro de interpretação que as tornam iguais. Estabelece-se assim uma correspondência, uma alteridade sem identificação, daquela que é alta daquela que é larga. Isso é afirmar a diferença, manter e deixar livre a dimensão da estranheza e do outro lugar.

Isto significa que o outro não é sempre o mesmo. O outro só é então oposto a seu outro; Boaz e Yakin se contemplam. J.’. e B.’., 10 e 2, em valor gemátrico, onde temos germe e matriz [iv]escolhidos e nomeados obviamente, com uma intenção hermenêutica.

Em todas as tradições antigas, o cilindro delgado é uma representação fálica; assim como a romã está associada ao ovário gerador. A associação desses dois símbolos não poderia ser mais explícita para as Colunas que evocariam, evidentemente, um simbolismo sexual de geração e fecundação.

Da luz original que encheria uniformemente e sem diferença de grau antes do tsimtsum (o recuo divino que permite preencher o Aïn sof), surge uma luz que emana no vazio deixado pelo tsimtsum. Esta luz que emana contém todas as Sefiroth e se divide em dois raios, um interior, a alma, e outro o mundo da separação. Todas as Sephiroth emitem e recebem luz, mas esta luz pode ser mais ou menos intensa. Diz-se que a emissão de luz é de natureza masculina, enquanto a recepção é de natureza feminina. Cada uma das 10 Sephirotes recebe o influxo que lhe chega a partir do Ain Sof e se derrama, por sua vez. Podemos então nos perguntar: como é que algumas Sephiroths são chamadas machos e outras fêmeas, embora todas sejam andróginas? Geralmente, as Sefiroths machos são energias expansivas e criativas, e as Sefiroths fêmeas são restrições e estabilizações dessas forças.

A energia e a matéria são formas andrógenas da unidade que no pleroma hebraico também são consideradas princípios masculinos e femininos. Estes princípios só podem ter uma coexistência dramática onde o princípio feminino é a fonte da vida, mas também de morte para o princípio masculino, é a forma limitando a energia; daí a opor a mulher ao homem não é perigoso? Sim, mas o andrógino original não é a dualidade do hermafrodita, nem a dos híbridos mencionados na introdução. É dizer e repetir que somos macho e fêmea, como imagem da criação. É uma consubstancialidade da unidade vista em seus aspectos diferenciados, mas é a unidade que ainda é uma questão. Assim, na Doutrina Secreta de Blavatsky “em um estado absoluto, o único princípio sob seus dois aspectos de ideação pré-cósmica (energia) e substância pré-cósmica (matéria) é unissexual, incondicional e eterno. Sua emanação é andrógina. Quando esta radiação se irradia por sua vez, a toda a sua radiação é andrógina, mas tornam-se os princípios masculino e feminino em seus aspectos inferiores (criação, formação). Isto é o que diz também Einstein: “Eu prefiro olhar para a matéria e energia não como fatores produzindo os mesmos graus de curvatura do universo, mas como elementos de percepção desse universo.”

– Encontramos esta separação da androginia nas iniciais do nome das colunas.
A letra Yod inicial de Yakin décima Letra-Força alfabeto hebraico sagrado representa um retorno à Unidade; é uma espécie de Alephאinternalizada. A fonte de Vida representado pela letra Aleph, que é a semente de todas as coisas, torna-se Yod uma Força Motriz que estimula a partir de dentro, e que dá a possibilidade de criar. O Yod estabelece a base racional para compreender a mecânica da obra. Yod é um elemento Air criativo e transformador. No mundo material ele representa a fase em que as sementes de Pensamento, transportadas pelo Ar, são aspiradas e incorporadas ao organismo.

De acordo com a Cabala, a letra Yod é um sinal que tem duas determinações: uma é formada e revelada, o signo Yod desenhado (o desenho original do signo é um braço estendido, transformado em um ponto, a direção é uma mão fechada em um punho); o outro não é formado nem revelado, o ponto conceitual propriamente dito. Estes dois aspectos da letra Yod são também chamados “desbloqueado ou implantado” ou real e “bloqueado ou não implantado, conteúdo”, ou irreal.

O ponto importante é o resultado do recuo divino chamado “tsimtsum” a partir do qual é criado o universo. Na árvore da vida, este ponto Yod, colocado no nível da Sabedoria (Chokhmah) emite duas luzes das quais uma, infinita, se desvanece em direção ao alto. A luz acaba por descer e revela o sinal Yod explícito, graças ao qual o universo e seu conteúdo existem e são tornados tangíveis. É coluna Yakin, que também é traduzida como: o estabelecido.

Segundo a tradição, o ponto inicial é implantado como uma linha para baixo, num signo Vav, em seguida, em uma segunda linha para formar um plano, o sinal Daleth. E de fio em agulha, o ponto inicial é a origem de todas as letras e da escrita.

Mas, por outro lado, o Yod se revela em sua escrita explícita “yod-vav-daleth” para nos confirmar sua implantação progressiva.

O significado da letra Yod é o braço e, por extensão, a mão. As duas mãos entrelaçadas formam um local de encontro; ambas as mãos cerradas, um vínculo de fraternidade; as mãos abertas, a imagem de um apoio, de uma compreensão; a mão é um sinal da ação e da reação. A mão indica, materializa e faz existir um conceito ou ideia.

O valor da letra Yod é dez, volta à unidade através da dualidade e multiplicidade. Há dez palavras criativas do mundo e dez mandamentos para mantê-lo.

A letra Beth, inicial de Boaz representa uma condensação da aquisição, internalização da luz. Para que a energia possa se manifestar em qualquer nível, ele deve passar por uma fase de interiorização e de condensação. Esta condensação da Força Primordial produz o Amor. Em nível humano é um amor não revelado, mas que, agindo a partir do interior faz avançar no caminho da obra. A letra Beth simboliza a casa, o receptáculo da força criativa do Yod. De acordo com o simbolismo das letras, o iniciado deveria primeiro passar por Yod, entidade masculina, força produtiva, racionalidade no conhecimento e, então, quando ele souber ler e escrever, ele poderá se aproximar de Beth elemento feminino, despertando o amor não mais passional e construir sua Casa, seu templo interior no qual o trabalho da força criadora se desenvolverá facilmente.

O sentido principal de Beth é a casa, um edifício, uma construção. “É através da Sabedoria que se edifica uma casa, e é pelo discernimento que ela se consolida” (Provérbios 23: 3). Beth está no caminho de discernimento na Árvore da Vida. Esta letra tem a forma de um abrigo fechado por três lados e aberta para a esquerda. Beth é igualmente o Templo, o palácio divino, a manifestação do absoluto. De acordo com a mesma Tradição, os três lados de sinal Beth representam o que é revelado, o quarto lado não traçado é o segredo ou o selo divino. De acordo com a tradição da Cabala, a abertura de Beth para o Norte, de onde sopra o vento fresco, a riqueza, mas também as más intenções. Colocado à esquerda ao sair do templo, ao norte, Boaz é consistente com sua inicial.

Vindo do exterior, o rigor pode encontrar no interior de “Beth” o calor da misericórdia. A abertura de Beth é a liberdade de escolha, seja a tentação da inclinação para o mal, seja a compaixão e o amor. Cabe ao homem de escolher o caminho certo.

Outro significado desta letra é a mulher, o feminino. Beth é uma preposição que denota tanto a interioridade quanto o acompanhamento. Mulher e casa sugerem a suavidade de um lar ao abrigo das vicissitudes, mas para passar de uma ao outro, de “bat”, a mulher para “beyt”, a casa, é preciso adicionar a letra Yod, imagem da lei moral, através dos dez mandamentos (veja Yod, acima). A construção de um interior não pode se identificar com o feminino cujo fundamento é a lei moral; então, o espírito que prevalece é uma alma superior.

O valor de Beth é dois. Beth é o batente de uma porta. Em aramaico, “bab” com um duplo Beth é uma porta dupla: a primeira letra das Escrituras, esta letra foi escolhida para criar o universo. As duas primeiras palavras da Bíblia começam com um Beth: a primeira palavra é um recipiente, interior oferecido, o de um Começo (bereshit). A segunda palavra “criada” (bara), onde Beth é a filha da unidade, a diferenciação e o discernimento sendo o prelúdio de toda a criação. Dupla, a letra Beth é a primeira manifestação do múltiplo.

No plano divino, Beth é o paradoxo de paradoxos: o universo tem uma realidade fora do divino? Se o divino é a singularidade e a totalidade, existe um lugar para o homem? Daí a impressão íntima de ser e não ser ao mesmo tempo, o sentimento que vai vem da onda existencial. A realidade é dual: na tradição bíblica, cada coisa é (ou tem) seu oposto, Beth é tanto interior quanto exterior.

Em hebraico, pai e mãe começam com aleph, filho e filha começam por Beth: Beth é assim a segunda geração, aquela que já recebeu o ensinamento de seu mais velho, Aleph. No entanto Beth é também a casa do estudo, o abrigo da Torah, a nova geração também aprende por ela mesma. O ensino deve ser sempre repetido duas vezes: aprender em aramaico é repetir duas vezes.

Beth é, portanto, um abrigo precário da dualidade existencial, a porta aberta para o exercício da responsabilidade do homem e seu livre arbítrio, abrigo consolidado pelo julgamento e o estudo da lei.

– As cores de Yakin e Boaz, o vermelho e o branco, participam de sua dualidade. As duas colunas de bronze, em nossos templos, coloridas, e Yakin, macho em branco e Boaz fêmea em vermelho[v]. O Zoharatribui uma cor específica a cada uma das Sefiroth: branco a Chokhmah; vermelho a Binah [vi]; verde a Tiphereth e negro a Malkhuth. Este sistema de cores é paralelo ao dos 4 mundos, a que também são atribuídas cores; em particular, o mundo de Atziluth está associado ao branco, o mundo da Briah ao vermelho; no entanto, estas atribuições variam segundo os cabalistas e os sistemas.

As cores que são visíveis ao olho, ou que são representados em espírito, podem ter um efeito sobre o espiritual, embora as próprias cores sejam físicas “(Moses Cordovero, Pardes Rimonim “porta de cores”). Yakin está, portanto, associado à sephira da sabedoria Chokma[vii]e Boaz, com a da inteligência, Binah [viii].

Quando se diz, I Reis 7, 14, que Hiram estava “cheio de sabedoria, de inteligência e de saber [ix]“(tomando também essas mesmas qualidades que tinha recebido Bezalel [x] o mestre de obras do primeiro templo nômade sob Moisés), é, também, tornado muito claramente uma junção semântica das duas colunas com os dois Sephiroths, o a sabedoria, Chokma, e o da inteligência, Binah (também chamado Tébouna).

Sabemos que, para os hebreus, a Lei (aquela das tábuas de mesmo nome) e a justiça, a equidade em sua aplicação (que pode ser encontrado sob os nomes de mishpat e tsedeq) foram fundadoras da governança desse povo e das relações entre eles. “Ai daquele que constrói sua casa pela injustiça, e seus aposentos pela iniquidade [xi]!”.

Neste sentido, Lei e justiça poderiam naturalmente ser entendidos como rigor e misericórdia. O julgamento vermelho e a misericórdia branca, porque o branco e o prata são as cores tradicionalmente associadas à gentileza; o vermelho e o ouro associados ao julgamento; Yakin. tsedeq e Boaz mishpat!

Entretanto, note-se: em alquimia, as cores não são as mesmas. Yakin, porque é a energia criativa masculina, a força expansiva que parte do centro de todo o ser, o enxofre que representa o coagula, o Fixo, isto é, o estado condensado e corpuscular da matéria, sua cor é o vermelho.

Quanto a Boaz, é a receptividade feminina, é a energia proveniente do exterior que penetra tudo: o é o mercúrio, a “mãe cura”, o Solve, o Volátil, ou seja, o aspecto vibratório e ondulatório da matéria; sua cor é o azul.

O templo maçônico escolheu para suas colunas a cor de sua correspondência com os pilares da árvore da vida, o vermelho e o branco.

O entrelaçamento de sua natureza: o dualismo

O dualismo da aparente oposição nos leva à coincidência dos opostos. Inseparáveis, indivisíveis, as colunas formam uma espécie de diálogo; o equilíbrio de suas forças de luz é uma estrutura da criação.

Boaz traduz a força, mas não a força física, ela evoca uma força superior, a força espiritual da consciência da indestrutibilidade do ser real, o Espírito.

Yakin expressa a solidez, a estabilidade; ela significa que o iniciado passou a fase de flutuações humanas e alcançou o estado de Ser parado no eterno presente.

Diz-se que a união das duas colunas gera uma terceira, no meio, que representa de um ponto de vista esotérico, homem e a humanidade. A combinação das duas forças opostas produz o pilar central: o homem perfeito. Diz-se também que o Templo, localizado entre as duas colunas seria então Kether, a coroa, o Pai-Mãe.

O trabalho de iniciação consistirá em equilibrar essas duas polaridades, para dar nascimento à Beleza, que não será estética, mas a sublime Harmonia criada pela Força e guiada pela Sabedoria.

Em sua inter-relação: a Luz

As duas colunas trazem em seus significados toda árvore sefirótica. A sabedoria é uma árvore da vida para aqueles que a abraçam aqueles que se apoiam nela estão em marcha [xii].

Chokhmah e Binah, Yakin e Boaz, como acabamos de ver são associados à Sabedoria e Inteligência; necessário é agora compreender o alcance da associação Sabedoria-Inteligência.

Embora seja útil considerar as sephiroths separadamente, é preciso ter em mente que eles estão constantemente interagindo. Suas influências se derramam continuamente na realidade.

Este fluxo constante garante a estabilidade da Árvore. Por sua vez, as Sephiroths desempenham um papel de emissor e de receptor. Assim Chokhmah é passiva em relação a Kether e ativa em relação a Binah. Além disso, uma sephira é influenciada pelas Sephiroths que estão diretamente ligadas a ela, mas também de todas aquelas que a precedem.

A primeira sephira, esfera de manifestação, é colocada mais alto do que as outras no pilar do meio. Ela se une com a segunda sephira do pilar à direita e ela própria se une sobre o mesmo plano à terceira Sephirah no pilar esquerdo formando assim um triângulo, dito triângulo supremo. Esta triangulação surgida do nada, da origem, é muito especial. É o começo. É como uma frase ou ideia em germe, mas que só encontrará a realização, em uma fase posterior: uma ideação do universo.

Kether, se traduz por coroa, a primeira Sephirah é colocada, assim, no cume, no início da manifestação primordial. Ela representa um tipo de cristalização primitiva daquilo que até agora não foi manifestado e permanece incognoscível por nós.

Não existe em Kether nenhuma forma mais exclusivamente da intenção pura, que ela pudesse ser: é uma existência latente separada por um grau da origem, do não-ser; do Aïn-sof. Esta sephira contém tudo o que foi, é, e será, ao mesmo tempo. Ela é o que está se tornando. É com a existência manifestada nos pares de opostos que esta unidade terá um sentido acessível, mas em Kether ainda não há diferenciação alguma. Ela permanece ela mesma nela mesma. Essas diferenciações no-la fazem parecer inteligível somente quando Chochmah e Binah, nomes da 2ª e 3ª Sephiroth, terão sido emanados.

Kether é a mônada existente sem atributos perceptíveis, mas apesar de tudo contendo-os todos. Por isso, ela contém as potencialidades de todas as coisas. Não podemos definir Kether, só podemos nos referir a ela. A experiência espiritual atribuída a Kether é chamado União com Deus: objetivo e fim de toda a experiência mística ou alquímica. Não é surpreendente localizar aqui como virtude, aquela da realização, da conclusão da grande obra alquímica, o retorno final. O ponto porque ele não tem dimensão é naturalmente associado a ela como um símbolo referente. Mas encontraremos outros títulos para ela, tais como Existência das existências, o ponto primordial, o ponto no círculo, o macroprosopo inicial, a luz interna, Ele, a cabeça branca e seu arcanjo é Metatron.

A energia de Kether se desdobra e este dinamismo primeiro, este ponto em movimento traça uma linha que vai em direção à segunda sephira chochmah: a Sabedoria. Esta expansão da força não-organizada e não compensada seria, antes, uma energia incontrolável: o grande estímulo do Universo. Mas é impossível compreende-la sem associa-la a Binah terceira sephira da árvore e primeira sephira organizadora e estabilizante, Binah: a compreensão. Se os títulos dados a Chochmahsão Ab, o Pai Supremo, Tetragrammaton, IHVH, Yod do Tetragrama (muitas vezes representada em francês ela letra J) e se os símbolos ligados a ela são o falo, o lingam, a pedra que mantém de pé, a torre, a vara do poder que se veste, não ficaremos surpreso ao ver e entender em Binah (a compreensão), ima, a mãe sombria Elhoim, a brilhante mãe fértil, o Grande Mar, Mara, raiz de Maria e reconhece-las na taça, o cálice, o Yoni, a roupagem exterior de dissimulação (termo Hindu e gnóstico que designa os órgãos sexuais da mulher).

Assim, Kether é o ser puro, todo-poderoso, mas não ativo. Quando uma atividade dela emana, o que chamamos Chochmah é um fluxo descendente de atividade pura, que é a força dinâmica do universo e que se estabiliza em Binah. Ele então toma forma em Binah. A Unidade de Kether é uma mônada dando a si mesmo a ver em duas Sephiroths. Elas formam assim a tríade Suprema. A unidade do início, em seus dois aspectos diferenciados pode ser representada por um triângulo: Kether, Chokmah, Binah. Os cabalistas chamam a primeira tríade KaHaB כחב, sigla composta pelos nomes originais dessas Sephiroths.

O Delta de nossos templos é um triângulo deste tipo? Sim, nós ainda diríamos que fixamos aqui a tríade suprema, mas é também a mônada pitagórica. Nosso Delta é a consubstancialidade do Espírito manifestado (a energia), a matéria (a forma) e do universo seu filho. Ele é colocado no lado dos mundos superiores, quer dizer para nós no oriente. No outro extremo, no mundo da formação, considerado inferior porque mais distante da origem, temos o mesmo simbolismo. Sob uma outra forma, J\ e B\ representam, na fase do mundo da dualidade, os dois aspectos diferenciados, mas separados da unidade ideal do Delta que os contém em ideação onde eles se ainda se encontram reunidos na perfeição andrógina. Pode-se dizer que a partir do topo do Delta passando pelos seus pontos baixos, ligado às colunas do Templo são traçados os pilares da árvore da vida, ao mesmo tempo as esferas de luz e os caminhos pelos quais se atualiza a transcendência.

Porque existe “e” na androginia inaugural, a gênese nos propõe, a partir deste “e”, uma categoria de pensamento. O que se propõe, não é que Deus existe ou não; é que é preciso que ali exista “e” para que exista relacionamento de natureza, caso contrário é o caos, o magma. Este “e” nos diz para tornar o masculino e o feminino, o Eu e o Você, o individual e o coletivo harmonizados em uma unidade. É preciso rigor e misericórdia. Para que haja o filho ou a filha é preciso haver realmente pai e mãe, ab e ima, caso contrário é o magma psíquico, social, sem o “e” é a desintegração da sociedade. É a barbárie do politeísmo que oferece seus monstros que tem por nome estupro, crime, incesto, eliminação do outro. Quando não há mais conjunção, mesmo quando há indiferença, não há realidade, existem apenas humanidades sem relacionamento de natureza Humana. Não há mais a presença da transcendência humana que é a humanidade na justiça ou a benevolência.

Apresentação das Sephiroths




Kether: a Coroa

o ponto primordial, a grande face, a cabeça branca, a existência de existências, o Ancião dos Dias

A primeira Sephira começa a Árvore e não tem começo. Ela encarna a própria centelha divina. Esta “encarnação” é desprovida de forma, mesmo mental e só pode ser entendida, de acordo com a Cabala, tornando-se um com ela, tornando-se deus. A máxima “Ninguém pode contemplar o rosto de Deus e continuar a viver” parece aplicar-se particularmente a Kether.

Nas tradições e religiões, ela representa o Deus Supremo, o Pai hermafrodita, o Criador. Em um sistema de pensamento, ela pode ser comparada à premissa, o conceito-chave que não tem antecedente e que permite ao sistema se implantar.

A imagem do ponto, objeto sem dimensão é frequentemente associada a Kether. Ela é Coroa, pois confere todo o poder ao homem enquanto ser distinto do seu ser, colocado “acima” dele.

o ponto, o ponto no círculo, o crânio, a centelha divina, o lótus de mil pétalas

Chochmah: a Sabedoria

o pai supremo, o Yod, o Tetragrama, o transbordamento

A segunda Sephira é expansão, um caldo no qual tudo existe de forma indiferenciada. Ela é movimento: o ponto se anima e se torna linha e adquire a primeira dimensão. Chochmah representa o primeiro impulso, o fluxo inexorável, o conceito pai que contém potencialmente todos os outros, o princípio masculino. Ela é sabedoria na medida em que incorpora o estado final antes da fusão total com Deus (consciência cósmica).

a linha reta, o lado esquerdo do rosto, o falo, a pedra de pé, a torre, o bastão de poder, um rosto barbado

Binah: a Compreensão

a mãe sombria, a mãe estéril, a mãe luminosa, a mãe fértil, trono, o grande mar, o reservatório

A terceira Sephirâh se adensa e concentra o fluxo de Chochmah. Binah é associada ao princípio feminino. Ela é a Mãe em toda a sua ambiguidade: aquela que dá a vida, isto é, que molda o ímpeto primeiro para lhe dar forma, mas também aquela que causa a morte, toda limitação do divino sendo condenada à destruição. Esta restrição de Chochmá em Binah marca o nascimento dos Tempos. A linha, canalizada, é moldada e se torna um triangulo. A segunda dimensão aparece e com ela, as premissas da finitude.

Binah é Compreensão, o que já induz uma certa dualidade: entendemos algo (que nos era estranho), desde que se seja sábio (síntese, união).

o corte, o lado direito do rosto, a Vesica Pisces, a vulva, o cálice, uma mulher madura

Chesed: a Misericórdia

Gedulah, bondade, amor, majestade

A quarta Sephira é inteligência coesa e receptáculo de todos os poderes. As formas possibilitadas por Binah são mantidas e alimentadas com Chesed. Ele assegura sua perenidade. Chesed é coesão e multiplicidade. Ela está associada aos princípios da ordem, da síntese e da assimilação. No corpo humano, podemos associa-la ao anabolismo. Em termos de atitude, ela é compaixão e magnanimidade.

a figura geométrica, o braço esquerdo, o tetraedro, a pirâmide, o orbe, a cruz de braços iguais, o cetro, um rei coroado sentado em seu trono

Geburah: a Severidade

Din [justiça], Pa’had [medo], rigor, força

A quinta Sephira é a inteligência radical. Ela é discriminatória: ela vai ao encontro do processo de coesão de Chesed. Ela é força porque dispersa, guerra porque se opõe, caos porque destrói. Ela é coragem, porque vai testar as criações de Chesed. Ela é frequentemente associada ao princípio do Mal e Satanás, o Adversário, “aquele que semeia a discórdia”. Isso não significa que Geburah seja “maléfica” (ver qualidades das Sephiroths). Ordem e Caos são dois princípios essenciais ao equilíbrio do mundo. Deste ponto de vista, não é de se estranhar que a matemática e a física moderna também lhe façam eco.

No corpo humano, Geburah é semelhante ao catabolismo (parte destrutiva do metabolismo levando à transformação da matéria viva em dejetos). Geburah é às vezes chamada Din, a Justiça, por isso a qualificamos de “severa”. Justiça seria mais a ação conjugada do par Chesed, Geburah. Esta última Sephira pode ser então percebida como o equilíbrio que permitirá emitir o julgamento final (decidir).

o pentágono, a espada, a lança, o chicote, um guerreiro sobre seu carro

Tiphereth: a Beleza

o equilíbrio, o rosto pequeno, o filho do rei, o homem

A sexta Sephira é inteligência mediadora e união das influências. Ela é beleza, harmonia de formas e de ideias. É um ponto de equilíbrio, mas também uma encruzilhada: o lugar onde a transmutação das energias é possível. Nesse sentido, ela é associada ao sacrifício (desistir a um bem para alcançar um estado de consciência maior).

O sol que se consome permanentemente para brilhar é o símbolo usado para designar Tiphereth.

o cubo, o peito, o coração, a cruz do calvário, a rosa-cruz, a pirâmide truncada, o sol, uma criança, um deus sacrificado

Netza’h: a Vitória

firmeza, poder, síntese

A sétima Sephira é inteligência oculta, união do intelecto e da fé. Netza’h está associada à beleza em todas as suas formas. Netza’h é ímpeto místico, confiança e entusiasmo.

Ela é a esfera das emoções, dos sentimentos e, mais geralmente dos ímpetos, das tentativas de compreensão imediata. As andanças de Netza’h então se tornam relâmpagos ou projeções (no sentido de Jung: nós atribuímos cegamente ao ser amado as qualidades que esperamos nele encontrar).

Netza’h é vitória porque ela é meta alcançada, adequação. Ela nutre as tentativas de entendimento em que tentamos entrar em ressonância com o objeto que buscamos entender.

os rins, as ancas, as pernas (em movimento), a lâmpada, a cintura, a rosa, uma mulher nua

Hod: a Glória

A oitava Sephira é a inteligência absoluta. Hod está associada ao formalismo, à lógica, aos sistemas formais, ao racionalismo. Ela é Glória porque exprime o reconhecimento do saber dominado, codificado e entregue a todos. Hod disseca os impulsos de Netza’h, analisa e contrasta, desmonta e argumenta. O fluxo de Netza’h, canalizado por Hod, engendra uma bulimia de saber, uma versatilidade, uma inventividade extrema. Aquele que procura saber tudo, que “devora” as informações se encontra frequentemente na esfera de Hod. Sob a influência dessa Sephirah, o homem tenta compreender um objeto analisando-o.

Hod é o receptáculo dos conhecimentos fixado (os livros), na medida em que ela é a guardiã dos segredos, do conhecimento e da memória do mundo.

os rins, as pernas, as nomas, o avental, um hermafrodita, a linguagem

Yessod: o fundamento

fundação, tesouro de imagens

A nona Sephira é inteligência purificadora. Ela projeta o molde das formas, as esculpe, e garante a sua integridade. Ela molda o rio da vida resultante de Netza’h em estruturas complexas desenvolvidas por Hod. Ele seleciona as imagens resultantes da união desses dois princípios para manter apenas os esboços puros e equilibrados. Estas imagens, esses planos, essas arquiteturas se tornarão matéria em Malkuth.

Assim Yesod é a base de toda coisa encarnada. Enquanto união de dois princípios, ela é prazer e gozo. A lua, que regula os ciclos menstruais nas mulheres, está intimamente ligada à Yesod.

os órgãos genitais, os perfumes, as sandálias, a lua, um homem nu

Malkuth: o Reino

Kallah [a noiva], o limiar, o limiar da morte, o limiar de lágrimas, o limiar do Jardim do Éden, a Shekinah, a mãe inferior, a rainha, a virgem

A décima Sephira é inteligência resplandecente. Ela é o receptáculo de todas as influências. Malkuth representa o último estágio da forma, denso e palpável, incapaz de existir mais concretamente. Ela é nosso universo, nosso planeta, nossos corpos e todas as coisas animadas e inanimadas ao nosso redor.

Malkuth é o Reino das formas imaginadas finalmente realizadas. Malkuth é também o lugar onde os vínculos entre força e forma se degradam e se rompem, o limiar em que “entregamos a alma”, quando o não pode ser assimilado se torna excremento. O desafio humano é, sem dúvida poder ser capaz de controlar um dia a miríade de ​​energias e influências que se agitam em seu reino.

o círculo, os pés, o ânus, o altar do cubo duplo, o diadema, a cruz de braços iguais, uma jovem coroada sentada em seu trono.



NOTAS

[i] Yakin (com substantivo final) + Boaz = 816, em valor reduzido = 9

Gabriel גבריאל Rapha +el ראפאאל: em valor total depois reduzido (aparição, dissimulação) = 73+412+510+20+11+74 = 1180 e 510+111+81+111+111+ 74 = 998, ou seja 1180 + 998 = 3178, em valor reduzido = 9

Yakin e Boaz são semelhantes a Gabriel e Rafael. Eles marcam a entrada do paraíso espiritual, o pardes. Diz-se que somente no templo se poderia realizar a elevação espiritual através dos 4 níveis de estudo do Pardes, domínio reservado do Conhecimento esotérico da Torá.

1 – Pshat: sentido literal do texto que trata o mundo sensível.

2- Remez: Alusão, “Insinuação”. Este é o mais alto nível do estudo, de onde a raiz ram que significa ‘elevado’.

3 – Derash: Interpretação figurativa. É a parábola, a lenda, o provérbio, etc.

4 – Sod: Segredo. Este é o nível esotérico relativo à teosofia, a metafísica e a revelação das coisas sobrenaturais, secretas e misteriosas.

O Pardes é uma referência aos quatro níveis de compreensão da Torá e os quatro ramos de ensino da Torah: Mikrah (versículos) (ensinamentos jurídicos) Talmud (ensinamentos desenvolvidos da Mishná) e Cabala (explicação esotérica da Torá).

[ii] No rito Escocês Antigo e Aceito

Ven.´.: Qual é o seu lugar em loja Primeiro [depois o Segundo] vigilante?

1o. Vig.’. à esquerda da entrada do templo …

2º Vig.’. ..à direita da entrada do templo…

[iii] I Reis 7, 15. Ele moldou os dois pilares de cobre, um dos quais tinha dezoito cúbitos de altura, e uma linha de doze cúbitos media em torno do outro.

[iv] O “Iod” inicial de Yakin representa a masculinidade por excelência. Beth, inicial de Boaz, é considerada essencialmente feminina porque o nome desta letra significa lar, daí a ideia de recipiente, de caverna, de útero.

[v] Glossário teosófico Por Helena Blavatsky. Obra teosófica publicada por Edições Adyar;

[vi] Sobre o simbolismo da cor, nós mantemos esta passagem de Gikatila: o Branco é a substância da Chochmá, que é Misericórdia ao lado da Brancura, e uma parte de Din e de aniquilação do lado de Binah vermelha. Ao contrário, sobre Binah, o segredo da volta, sua substância é vermelha, e o branco é auxiliar para ela. Esta é a razão pela qual, a partir de Chochmá, o atributo Rah’amim (Misericórdia) se derrama do lado direito, que é Abraão“. (Segredo da cor de Gikatila).

[vii] Chochmah.חכמה

Chochmah é um termo hebraico que significa “sabedoria”; e a Kabbalah é a maneira de realizar a “Hockmah nitsarah” a “sabedoria oculta”. Para o cabalista, a Chochmá não é um puro conceito filosófico abstrato, mas uma realidade primordial cuja experimentação leva à reintegração divina, através da união do mundo do Alto e o mundo de Baixo.

A Chochmá é assim a Sabedoria, a Sapientia, a onisciência e onipotência divina.

Tradicionalmente, o lugar de Chochmah na Árvore da Vida é no topo do Pilar da Misericórdia, Misericórdia que se torna evidente considerando este jorro vindo de Kether como um presente tão forte e tão cheio da própria Energia que seu efeito se faz sentir até os planos mais escuros e mais densos dos mundos inferiores.

Esta emanação é chamado de Sabedoria, porque “ela é escondida e misteriosa, uma realidade que não tem limites nem fim, ela é o segredo da Sabedoria, porque ela é uma coisa inatingível que reside no Pensamento” (Moisés de Leon, Fragmento sem título). A partir dela, o Bahir nos diz: “A segunda palavra é Chochmá pois está escrito “יהוה me foi adquirida no início do seu caminho, antes de suas obras mais antigas” (Prov. 8, 22.); e não há ponto de “começo” fora de Chochmah, pois está escrito: “O início da Chockmah é o medo de יהוה” (PS 111, 10). O medo é Yrah – יראה – um dos nomes da Chochmá de acordo com o Shaarei Orah de Gikatilla.

A tradição qualifica assim Chochmá no texto dos Trinta e Dois Caminhos da Sabedoria: “O segundo caminho é o da inteligência Iluminadora: é a Coroa da Criação, o Esplendor da Unidade, igualando este aqui, e ela é exaltada acima de cada cabeça, e os cabalistas a chamam de Segunda Glória“.

Este texto nos mostra claramente que o poder jorrando de Kether (Coroa Suprema) em ação positiva é recebido por Chochmá que o transmite em Ação Positiva dinâmica à Criação. Eis porque Chochmah é chamada a Segunda Glória. Porque dela mesma nada se faz, ele somente agem com Kether onde ela redistribui a Luz às outras Sephiroths. Enquanto Kether é a Vontade Divina, o “eu”, Ani אני da Criação, este deve ainda ser realizado o “Eu” deve se tornar um “Eu sou”, Ehyeh אהוה e isso é realizado em Chochmah.

A Sabedoria de Chochmá revela um conhecimento subjetivo e íntimo que é conhecido como interno e sem recurso a um ensino externo. Chochmah é o reino do Espiritual absoluto que manifesta a Essência. É Chochmá que dá forma ao poder latente e dormente de Kether e é por isso que é nela que o “eu” se torna “Eu sou”. A Luz original emanada de Kether desce ao nível de Chokhmah e a penetra. Em seguida, a Luz de Kether junta-se à Luz da Chokmah, e juntas eles descem sobre as outras Sephiroths.

Em nível de Gematria, podemos deduzir o seguinte:

Heth ח – 8, Kaph כ – 20, Mem מ – 30, He ה – 5; ou seja = 63.

Na análise da grafia das letras, podemos discernir imediatamente que a inicial de Chochmá é Heth, a Barreira, o que deve impedi-la de ir mais longe. Trata-se também do papel desta Sephira, ser uma barreira para o acesso de Kether que é inacessível ao mortal. A este respeito, o Tomer Dévorah (Palmeira de Debora) nos diz “A sabedoria tem duas faces: uma face superior virada para a Coroa (Kether), que não olha para baixo, mas recebe de cima; uma segunda face, inferior, é virada para baixo para vigiar as Sefiroth” (Moses Cordovero, Tomer Devorah, p.83, edições Verdiers).

Ali se diz que não se lê “Chochmá”, Sabedoria, mas “Rosh Mah”, “Cabeça de quem”, este Quem, este Mah מה é o mundo Inferior. Assim, a Sabedoria é o princípio do nosso mundo, a linha que deve ser diretora “. O que responde um pouco ao: ” Que significa ” sabedoria ” (חכמה)? Esperar (‘hakeh – חכ) alguma coisa (mah – מה) ” (O Shekel do Santuário Moisés de Leon).

Chokmah, Sabedoria, é igualmente “o palácio” (hekh, חך) do “qual” (Mah, מה), os segredos do mundo (representados por Mah) estão na Sabedoria divina como se diz: “יהוה me concedeu o princípio do seu caminho, antes de suas obras para sempre“(Prov. 8, 22).

Para entender bem o lugar da Chochmah no ciclo de Emanações divinas, é útil citar aqui o versículo 54 do Sefer ha-Bahir: “Isso se compara a um rei que tinha uma filha boa, agradável, bonita, perfeita. Ele a casou com um príncipe, a vestiu ricamente com ornamentos e coroa. Deu-lhe um grande dote. Pode o rei agora viver fora de sua casa? Você disse: Não. Pode ele ficar o dia todo com ela? Você disse: Não. O que ele fez? Ele colocou uma janela entre ele e ela, e cada vez que a garota precisa de seu pai ou o pai de sua filha, eles se comunicam através desta janela …“.

O Rei representa neste texto a Chokmah (Sabedoria), e a filha, a Malkuth (Reino), o arquétipo do feminino, o lugar da Presença Divina, a Shekhinah. Ela é a garota que deu à luz a todas as coisas. O rei se retira e se restringe a deixar uma “janela” através da qual ele pode se comunicar com sua filha; esta janela limita o espaço, mas pode ser aberta à vontade. É a letra He ה do Tetragrama יהוה, da qual se diz que ela representa os cinco níveis da Alma; elas são veladas, mas servem de ” janela” para Deus.

Estas personificações: pai, mãe, filha são representativas da doutrina do Zohar, porque, tradicionalmente, cada Sephira designa assim uma “pessoa” divina: Chochmah é Abba אב, o Pai. O nível da alma correspondente situa-se no mundo de Atsilouth e se chama Hayah, a vitalidade. Chochmah enquanto imagem do “Pai” divino é o Pai de todos, o Pai Supremo, a força viril e masculina. E Chochmah é o Pai de todos os existentes como se diz: “Que tuas obras são grandes, ó יהוהtu as fizestes todas com sabedoria“(Salmos 104, 24).

Os nomes de Chochmah.

Chochmah também é chamada “A Raiz do Fogo”.

Nomes divinos de duas letras Yah (יה), El (אל); Nome de quatro letras YHWH (יהוה).

Aqui é instrutivo refletir sobre esta transformação do Nome divino em Kether, que é Ehyeh (אהוה) em nome Divino יהוהo Tetragrama em Chochmah. A passagem de Aleph א, 1, Yod י10. A passagem do mundo arquetípico para o mundo da Formação.

Chochmah ainda é chamado de “A Roupa Interior da Glória”, que se pode entender como a luz interior.

Esta Sephira também é chamada Mah’shavah, Pensamento, מחשבהquer dizer o ponto do pensamento secreto do começo da expansão de Kether. A raiz ‘Hashab, חשב significa ” pensamento”. Podemos então ler essa palavra como Mah ‘hashab, מה חשב, ” Que pensamento” o sujeito do Pensamento incognoscível de Kether. Uma outra leitura seria Mach Shahbah, מח שבה, Shahbah significa ” capturar ” e Mach “cérebro”. O que poderia significar que a Sabedoria é a captura de ou pelo cérebro.

A Kabbalah também chama assim a Chochmá: “Moh’a” מח, o cérebro, porque o cérebro é um reflexo da Sabedoria. Com efeito, o cérebro é um receptáculo que se preenche, como a Chokhmah, de Luz do intelecto superior, enquanto beneficia o mundo inferior. O cérebro é uma potencialidade que pode ou não ser usada. Este desenvolvimento deve, naturalmente, ter lugar no trabalho e esforço, a fim de realizar o potencial. E Virya nos diz sobre isso: O desenvolvimento da esfera espiritual que é a Chochmah é conseguido através de esforço; na mística essa vontade é chamada de “Hishtadlouth”. Este termo vem da raiz “shidél” cujo significado é “exortar”, “encorajar”. Permutando-os, a palavra se torna “Lishé”, “revigorar”, “subir a seiva.” A permutação em um outro sentido dá “shéléd”, o “esqueleto”, a estrutura sobre a qual repousa a existência. O Hishtadlouth é o esforço que serve de estrutura para nossa força vital e espiritual.

Segundo o Shaarei Orah de Joseph Gikatila, os seguintes nomes estão associados à Chochmá:

Yesh – יש; Ratson – חצון; Yod rishonah shel Shem (Premier point du Nom) -יוד ראשונה של שם; Aba – אבא; Eden – עדן.

[viii] Binah. בינה

“O que Binah? Binah é produzido pela união de Yod י e de He ה, como seu nome ‘indica (Ben Yah בן יהFilho de Deus); é a perfeição de tudo” (Zohar: Idra Zouta Kadischa). Seu outro nome é Tébouna(תבונה) que se traduz como “Prudência”. A qualidade atribuída a Binah é o Silêncio. O silêncio segue a Sabedoria e se nutre dela! Silêncio – חשה, Hassah em hebraico- onde tudo é elaborado. O Silêncio e a Sabedoria que são mãe da inteligência, a inteligência que é o nome de Binah. A raiz “Bene” בין em hebraico significa “compreender”, “discernir” e בינה significa “compreensão”, “discernimento”. Esta Sephira é assim chamada porque ela é uma expansão do Pensamento. “Agora, graças à continuação da implantação, o praticante chega a discernir uma determinada coisa ou ter alguma compreensão do oculto e dissimulado, o que ele não tinha nem suspeitado, nem discernido antes, porque ele não se ocupava do que está oculto“(Haguiga 13a).

Binah é o poder feminino arquetípico: “No princípio feminino estão ligados todas as criaturas aqui abaixo. É dele que eles derivam sua alimentação e seu saber“(Zohar). Enquanto poder feminino, Binah é a matriz da vida e nela a Kabbalah e a teoria dos Parzufim, distinguem dois aspectos: ama (אמא), A mãe sombria estéril; aima (אימא), a mãe fértil radiante. – Binah é Imma, A mãe. aima dá vida; sua ação faz com que a força originária de Chochmah (que está nos Parzufim, Aba אבא o Pai) não se perde, mas pode cumprir seu caminho harmoniosamente na Manifestação, a inteligência sendo a manifestação da sabedoria, como se diz sobre ele: “O princípio da Sabedoria é adquirir a sabedoria (Chokmah) e com todos esses bens adquirir o a inteligência (Binah)” (Provérbios 4: 7).

Se Chochmah, raiz do Fogo é o princípio masculino, ativo, o Pai Supremo, Binah, quanto a ela, raiz da Água é o princípio feminino, passivo, a Mãe Suprema. Da união do Pai e da Mãe nascem as Sephiroths inferiores.

Como diz Moises de Leon no Livro da Granada: “A Chochmah é a dimensão da santidade chamada Santa, e quando a Chochmá se instala em sua Binah, de acordo com o segredo dos caminhos juntando a ela a Binah leva o nome de Santo dos Santos“.

A posição de Binah na Árvore da vida: no topo do pilar do Rigor, se explica considerando seus aspectos de gestão e limitação. Binah limita o poder penetrante da Chokhmah, e suaviza os efeitos a fim de transmitir às Sefiroths subsequentes e Binah transmite em nível emocional a Sabedoria da Chokhmah.

Em nível de Gematria, temos: 67 (beth, 2 + Jod, 10 + noun, 50+ he, 5): 13 por redução. Ora, 13 é a numeração de Échad, Un, אחד. Por ali vemos assim que, embora começando por Beth que é a letra da Criação e, portanto, da divisão, Binah contém, em seu nome, a Unidade divina intrínseca.

Binah também é chamada Marah, מרה, o grande Mar (Note-se que מרה = Amargura). Aqui encontramos as grandes Águas matriciais pelo Mem מ, inicial de Mayim, as águas.

Binah é ainda Khorsia, o Trono, a sede do poder divino. É o trono onde Malkuth, a Noiva do Microprosopo, é chamada a se sentar. Esta Sephira é intitulada “A roupagem exterior da dissimulação.” É ela que recobre Chochmah, a roupagem Interior da glória, como a substância contém a energia, então formulada. Esta imagem nos inspira a ir ao coração das coisas, a ignorar a aparência exterior.

A Palmeira de Débora diz de Binah: “Como o homem pode se acostumar com à medida do Discernimento (Binah)? Trata-se de retornar pelo arrependimento (teshuvá), nada é mais importante porque este repara todo dano ” (p. 88). Segundo Cordovero (ou Yaqar), aquele que medita sobre o arrependimento leva e recebe o Discernimento.

O Shekhel ha-Qodesh de Moisés de Leon dá os seguintes nomes para Binah: Palácio do Santo, Interioridade, Quinquagésimo Ano (uma pista para as 50 portas da Inteligência), Shofar, o Devir (Olam ha-Ba – עלם הבא). Tradicionalmente, o nome divino associado à Binah é יהוה Elohim. No entanto, no Shekhel ha-Qodesh, a Binah está associada a Eloha, אלה. O Shaarei Orah de Gikatilla nos dá os nomes seguintes que estão associados à Binah: Yovel – יובל; Teshouvah (retorno, arrependimento) – תשובה; Lashon (língua) – לשון; Nadir – נדר; Kipourim (perdão) – כפירים; Anoki (eu) – אנכי; Hayyim (vivo) – חיים.

[ix] תעַהַדַּ–וְאֶת הַתְּבוּנָה–וְאֶת הַחָכְמָה–אֶת וַיִּמָּלֵא

Ele a encheu de sabedoria, de inteligência e de conhecimento, Chochmah, Tabouna (outro nome de Binah) e Daat.

[x] Êxodo 31.3: Sobre Bezalel, “Eu [Deus] o enchi com o espírito de Elohim em sabedoria, em inteligência e em saber”וּבְדַעַת וּבִתְבוּנָה בְּחָכְמָה,

[xi] Jeremias 22, 13.

[xii] Provérbios 3, 13 e 18. Feliz o homem que atingiu a sabedoria, o mortal que implementa a razão … Ela é uma árvore de vida para aqueles que se tornam mestres dela: ligar-se a ela é garantir a felicidade.



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O PRIMEIRO ESTATUTO DE SCHAW (1598)


Tradução José Filardo

Rei James VI da Escócia



Edimburgo, aos 28 dias de dezembro de AD1598.

Os Estatutos e Ordenações a serem observados por todos os Mestres Construtores dentro deste reino. Estabelecidos por William Schaw, Mestre de Obra ao Serviço de Sua Majestade e Venerável Geral do referido Ofício, com o consentimento dos Mestres especificado a seguir.

(1) Em primeiro lugar, eles devem observar e manter todos os bons preceitos estabelecidos antes, relativos aos privilégios do seu ofício, por seus antecessores de boa memória; e especialmente, devem ser sinceros uns com os outros e viver juntos caridosamente como convém a irmãos e companheiros jurados do Ofício.

(2) Devem ser obedientes aos seus Veneráveis, diáconos e mestres em todas as coisas relativas ao seu ofício.

(3) Devem ser honestos, fieis e diligente na sua vocação, e lidar com retidão com seus mestres, ou empregadores, sobre o trabalho que eles assumirem, seja por empreita com as refeições e pagamento ou por salários semanais.

(4) Ninguém realizará qualquer trabalho grande ou pequeno, o que ele não seja capaz de desempenhar adequadamente, sob pena de pagar quarenta libras em dinheiro de curso legal, ou então a quarta parte do valor da obra, além de indenizar satisfatoriamente os empregadores, de acordo como o que o Venerável Geral determinar ou, na ausência deste último, conforme possa ser ordenado pelos veneráveis, diáconos e mestres do local em que o trabalho é empreendido e executado.

(5) Nenhum mestre tirará a obra de outro mestre depois de este ter entrado em um acordo com o empregador por contrato ou de outra forma, sob pena de multa de quarenta libras.

(6) Nenhum mestre assumirá qualquer trabalho em que outros mestres foram contratados anteriormente, até que este tenha sido pago na íntegra pelo trabalho realizado, sob pena de multa de quarenta libras.

(7) Um venerável será eleito anualmente para se encarregar de cada loja no distrito para o qual ele é escolhido pelos votos dos mestres das lojas de tal distrito e com a concordância do Venerável Geral, se ele estiver presente; caso contrário, o Venerável Geral será notificado sobre a eleição para que possa enviar aos veneráveis eleitos as instruções necessárias.

(8) Nenhum mestre tomará mais que três aprendizes em sua vida inteira, sem o consentimento especial de todos os veneráveis, diáconos e mestres do local em que o aprendiz a ser aceito reside.

(9) Nenhum mestre tomará qualquer aprendiz, exceto se vinculá-lo ao seu serviço como tal, por pelo menos sete anos, e não será lícito fazer de tal aprendiz um irmão ou companheiro de ofício até que ele tenha servido outros sete anos após a conclusão do sua aprendizagem, sem uma licença especial concedida pelos veneráveis, diáconos e mestres, reunidos para essa finalidade, após verificação suficiente ter sido feita por eles do mérito, qualificações e habilidade da pessoa que deseja ser feito companheiro. Uma multa de quarenta libras deve ser recolhida como penalidade pecuniária da pessoa que é feita companheiro do ofício em violação dessa ordem, além das penalidades a serem cobradas contra a sua pessoa, por ordem da loja do local onde ele reside.

(10) Não será lícito para qualquer mestre vender seu aprendiz a outro mestre, nem reduzir os anos de sua aprendizagem cancelando-os mediante pagamento pelo próprio aprendiz, sob pena de multa de quarenta libras.


(11) Nenhum mester assumirá um Aprendiz sem notificar o venerável da loja onde ele reside, de modo que o Aprendiz e o dia da sua recepção possam ser devidamente registrados.

(12) Nenhum Aprendiz será aceito, exceto de acordo com as referidas normas, a fim de que o dia de entrada possa ser devidamente registrado.

(13) Nenhum mestre ou companheiro de Oficio será recebido ou admitido sem que estejam presentes seis mestres e dois aprendizes aceitos, o venerável da loja sendo um dos seis, quando o dia do recebimento do novo companheiro de ofício ou mestre será devidamente registrado e sua marca inserida no mesmo livro, com os nomes dos seis mestres e aprendizes aceitos presentes, assim como os nomes dos instrutores que serão escolhidos para cada pessoa entrar dessa forma no livro da loja, desde que sempre nenhum homem será admitidos sem um teste e experimentação suficiente de sua habilidade e dignidade na sua vocação e ofício.

(14) Nenhum mestre contratará qualquer outro construtor para o trabalho sob a responsabilidade ou comando de qualquer outro artesão que tenha empreendido obra de qualquer trabalho de construção.

(15) Nenhum mestre ou companheiro de Ofício aceitará qualquer Cowan (profano) para trabalhar em sua sociedade ou empresa, nem enviará nenhum dos seus servos para trabalhar com profanos, sob pena de multa de vinte libras, tantas vezes quantas qualquer pessoa ofender essa disposição.

(16) Não será lícito a qualquer aprendiz realizar qualquer tarefa maior ou trabalhar para um empregador até um limite de dez libras, sob a pena que acabamos de mencionar, a saber, vinte libras, e a tarefa sendo realizada, ele não executará qualquer outra obra sem licença dos mestres ou venerável onde ele mora.

(17) Se qualquer dúvida, contenda, ou divergência surgir entre qualquer um dos mestres, funcionários, ou aprendizes aceitos, as partes envolvidas em tais questões ou debates darão a conhecer as causas de sua briga com o venerável e diácono particular de sua loja, dentro de 24 horas, sob pena de multa de dez libras, a fim de que eles possam ser reconciliados e acordar, e suas divergências removidos pelo referido venerável, diácono e mestres; e se qualquer das referidas partes permanecer determinada ou obstinado, ela será privada do privilégio de sua loja e não será autorizada a trabalhar ali até que se submetam à razão de acordo com o ponto de vista dos referidos veneráveis, diáconos e mestres.

(18) Todos os mestres, empresários de obras, serão muito cuidadosos em verificar que os andaimes e passarelas estejam definidos e colocados de forma segura, a fim de que em razão de sua negligência e preguiça nenhum ferimento ou dano possa ocorrer a quaisquer pessoas empregadas no referido trabalho, sob pena de serem excluídos depois do trabalho como mestres encarregados de qualquer trabalho, e sempre estará sujeito pelo resto de seus dias a trabalhar em ou com um outro mestre principal no comando do trabalho.

(19) Nenhum mestre receberá ou abrigará um aprendiz ou empregado de qualquer outro mestre, que tenha fugido do serviço de seu mestre, nem o manterá em sua empresa, após ter tomado conhecimento da mesma, sob pena de multa de quarente libras.

(20) Todas as pessoas do ofício de construção se reunião na época e lugar legalmente informados a eles , sob pena de multa de dez libras.

(21) Todos os mestres que forem enviados a qualquer assembleia ou reunião, jurarão pelo seu grande juramento que até onde tiverem conhecimento não esconderão nem ocultarão eventuais falhas ou erros cometidos dos empregadores sobre o trabalho que estão realizando, e isso sob pena de multa de dez libras a serem coletadas dos ocultadores das referidas falhas.

(22) Fica ordenado que todas os referidas sanções serão levantadas e cobradas dos infratores e violadores de suas ordenações pelos veneráveis, diáconos e mestres das lojas onde trabalham os violadores, e as verbas gastas ad pios usus (Para fins de caridade) de acordo com a boa consciência, e a critério de tais veneráveis, diáconos e mestres.

Para o cumprimento e observância desses preceitos, conforme estabelecido acima, o mestre convocou no dia supracitado obrigam-se e vinculam-se de boa fé. Por isso, eles pediram ao seu Venerável Geral para assinar essas ordenanças de próprio punho, a fim de que uma cópia autêntica deste documento possa ser enviada a cada loja em particular dentro deste reino.

(Assinado) WILLIAM SCHAW,

Mestre de Obras


Nota * A palavra Cowan (profano), provavelmente de origem escocesa, anteriormente designava os pedreiros que não foram iniciados na arte maçônica e nem conheciam os segredos do ofício. De acordo com os textos, eram aqueles que não estavam qualificados para receber a palavra do Maçom, que “construíam muros com pedras não polidas e sem cal.”
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SEIS SÉCULOS DE RITUAL MAÇÔNICO


Por Henry Carr [i]

Tradução José Filardo

Irmãos, muitos de vocês sabem que eu viajo grandes distâncias no decurso das minhas funções de conferencista e quanto mais eu viajo, mais atônito eu fico ao ver quantos Irmãos acreditam, muito sinceramente, que o nosso ritual maçônico veio direto do céu, diretamente nas mãos do rei Salomão. Todos eles estão bastante certos de que era em inglês, é claro, porque essa é a única língua que eles falam lá em cima. Eles estão igualmente certos de que tudo foi gravado em duas tábuas de pedra, de modo que, Deus perdoe, nenhuma única palavra seja jamais alterada; e a maioria deles acredita que o rei Salomão, em sua própria loja, praticava o mesmo ritual que eles praticam nas deles.

Mas, não foi nada disso, e esta noite tentarei esboçar para vocês a história do nosso ritual desde seus primórdios até o ponto em que foi praticamente padronizado em 1813; mas vocês devem se lembrar, enquanto eu estou falando sobre ritual inglês também estou lhes dando a história de seu próprio ritual. Uma coisa será incomum sobre a palestra dessa noite. Hoje vocês não vão receber nenhum conto de fadas. Cada palavra que eu proferir será baseada em documentos que podem ser provados: e nas raras ocasiões em que, apesar de ter os documentos, ainda não conseguimos a prova completa e perfeita, direi alto e em bom som “Nós achamos…” ou “Nós acreditamos…”. Então vocês saberão que estamos, por assim dizer, em terreno incerto, mas eu lhes darei o melhor que sabemos. E uma vez que uma conversa desse tipo deve ter um ponto de partida adequado, deixe-me começar por dizer que a Maçonaria não começou no Egito, ou na Palestina, ou na Grécia ou em Roma.

INÍCIO DA ORGANIZAÇÃO MERCANTIL DOS PEDREIROS

Tudo começou em Londres, Inglaterra, no ano de 1356, uma data muito importante, e ela começou como o resultado de uma boa e antiga grande briga acontecendo em Londres entre os canteiros, os homens que cortavam a pedra, e os pedreiros assentadores e alinhadores, os homens que realmente construíam as paredes. Os detalhes exatos da briga não são conhecidos, mas, como resultado desta briga, 12 mestres pedreiros qualificados, com alguns homens famosos entre eles, foram diante do prefeito e vereadores em Guildhall, em Londres, e, com a permissão oficial, elaboraram um simples código de regras da atividade.

As palavras de abertura desse documento, que ainda sobrevive, dizem que esses homens tinham se reunido, porque sua atividade nunca havia sido regulamentada na forma como outras atividades tinham sido. Então, aqui, neste documento, temos uma garantia oficial de que esta foi a primeira tentativa de algum tipo de organização da atividade para os pedreiros e, à medida que continuamos a ler




















































 o documento, a primeira regra que eles elaboraram dá uma pista sobre a disputa de demarcação de que eu falava. Eles estabeleceram “Que cada homem do comércio pode trabalhar em qualquer trabalho relacionado com a atividade se ele estiver perfeitamente qualificado e formado na mesma”. Irmãos, esta era a sabedoria de Salomão! Se você soubesse o trabalho, você poderia fazer o trabalho, e ninguém poderia impedi-lo! Se nós pelo menos tivéssemos aquele senso muito comum hoje em dia na Inglaterra, quanto melhor nós seríamos.

A organização que foi criada na época tornou-se, no prazo de 20 anos, a London Masons Company, a primeira guilda de pedreiros e um dos ancestrais diretos de nossa Maçonaria de hoje. Este foi o verdadeiro começo. Agora, a London Masons Companhia não era uma loja; era uma guilda profissional e eu deveria gastar muito tempo tentando explicar como as lojas começaram, um problema difícil porque não temos registros da fundação efetiva das lojas operativas iniciais.

Resumidamente, as guildas eram organizações urbanas muito favorecidas pelas cidades porque elas ajudavam na gestão dos assuntos municipais. Em Londres, por exemplo, a partir de 1376 em diante, cada uma das atividades profissionais elegeu dois representantes, que se tornaram membros do Conselho Comum, todos juntos formando o governo da cidade. Mas a atividade de pedreiros não se prestava à organização da cidade. A maior parte do seu trabalho principal era fora das cidades – os castelos, as abadias, mosteiros, as obras de defesa, os trabalhos realmente grandes de construção eram sempre muito longe das cidades. E acreditamos que era nesses lugares, onde não havia nenhum outro tipo de organização profissional, que os pedreiros, que estavam envolvidos nesses trabalhos por anos a fio, organizaram-se em lojas, imitando as guildas, de modo que eles tinham alguma forma de autogoverno no trabalho, enquanto estavam longe de todas as outras formas de controle da atividade.

A primeira informação efetiva sobre lojas nos chegam de uma coleção de documentos que conhecemos como do ‘Antigas Obrigações’ ou as Constituições Manuscritas de maçonaria, uma coleção maravilhosa. Elas começam com Manuscrito Regius c1390; o próximo, o Manuscrito Cooke é datado de c1410 e temos 130 versões destes documentos direto até o século XVIII.

A versão mais antiga, o Manuscrito Regius, está em verso rimado e difere, em vários aspectos dos outros textos, mas, em sua forma geral e conteúdo eles são todos muito parecidos. Eles começam com uma oração de abertura, Cristã e trinitária, e, em seguida, eles prosseguem com uma história do ofício, começando nos tempos bíblicos e em terras bíblicas, e traçam a origem do ofício e sua disseminação por toda a Europa, até que chegou à França e foi então levado através do canal e, finalmente, estabeleceu-se na Inglaterra. História incrivelmente ruim; qualquer professor de história cairia morto se fosse desafiado a prová-la; mas os pedreiros acreditaram. Esta foi a sua garantia de respeitabilidade como um antigo ofício.

Em seguida, após a história, encontramos os regulamentos, as Obrigações efetivas, para mestres, companheiros e aprendizes, incluindo várias regras de caráter puramente moral, e isso é tudo. Ocasionalmente, o nome de um dos personagens muda, ou a formulação de um regulamento será um pouco alterada, mas todos seguem o mesmo padrão geral.

Além dessas três seções principais, a oração, a história e as Obrigações, na maioria deles encontramos algumas palavras que indicam o início da cerimônia maçônica. Devo acrescentar que não podemos encontrar todas as informações em um único documento; mas quando os estudamos como uma coleção, é possível reconstruir o esboço da cerimônia de admissão daqueles dias, a primeira cerimônia de admissão no ofício.

Sabemos que a cerimônia, tal como era, começava com uma oração de abertura e, em seguida, havia uma “leitura” da história. (Muitos documentos posteriores se referem a esta “leitura”.) Naqueles dias, 99 pedreiros em 100 não sabiam ler, e acreditamos, portanto, que eles selecionavam seções específicas da história que eles memorizavam e recitavam de memória. Ler todo o texto, mesmo que soubessem ler, teria levado tempo demais. Assim, a segunda parte da cerimônia era a “leitura”.

Então, encontramos uma instrução, que aparece regularmente em praticamente todos os documentos, geralmente em latim, e ela diz: “Então um dos anciãos segura um livro (às vezes “o livro”, por vezes, a “Bíblia”, e às vezes a “Bíblia Sagrada”) e ele ou eles que devem ser admitidos colocarão sua mão sobre ele, e as seguintes Obrigações serão lidas.” Nessa posição os regulamentos eram lidos para o candidato e ele fazia o juramento, um simples juramento de fidelidade ao rei, ao mestre e ao ofício (maçonaria), de que ele obedeceria aos regulamentos e nunca levaria vergonha à maçonaria. Este foi uma derivação direta do juramento da guilda, que era, provavelmente, a única forma que eles conheciam; sem frescuras, sem penalidades, um simples juramento de fidelidade ao rei, ao empregador (o mestre) e à atividade.

Deste ponto em diante, o juramento torna-se o coração e medula, o centro crucial de toda cerimônia maçônica. O manuscrito Regius, que é a primeira das versões a sobreviver, enfatiza isso e vale a pena citá-lo. Após a leitura das Obrigações no Manuscrito Regius, temos estas palavras:

“E todos os pontos a partir daqui A todos eles, ele deve ser jurado, E todos jurarão o mesmo juramento Dos maçons, estejam eles dispostos, estejam eles relutantes.”

Quer eles gostassem ou não, só havia uma chave que abriria a porta para a maçonaria e esta era o juramento do maçom. A importância que o Regius atribui a ele, encontramos repetida repetidamente, não com as mesmas palavras, mas a ênfase ainda está lá. O juramento ou obrigação é a chave para a cerimônia de admissão.

Assim, descrevi a vocês a cerimônia mais primitiva e agora eu posso justificar o título do meu trabalho, Seis Séculos de Ritual Maçônico. Temos 1356 como a data do início da organização de atividade de maçonaria, e cerca de 1390 as primeiras evidências que indicam uma cerimônia de admissão. Dividam a diferença. Em algum lugar entre essas duas datas foi quando tudo começou. Isso é quase exatamente 600 anos de história provável e podemos provar cada estágio de nosso desenvolvimento a partir de então.

A maçonaria, a arte da construção começou há muitos milhares de anos antes disso, mas, para os fins dos antecedentes da nossa própria Maçonaria, só podemos voltar à linha direta de história que pode ser provada, e que é 1356, quando ela realmente começou na Grã-Bretanha.

E agora há outro ponto que precisa ser mencionado antes de eu ir mais longe. Tenho vindo falando de uma época em que havia apenas um grau. Os documentos não dizem que há apenas um grau, eles simplesmente indicar apenas uma cerimônia, nunca mais do que uma. Mas eu acredito que ela não pode ter sido para o aprendiz; ela deve ter sido para o companheiro, o homem que estava totalmente treinado. As Antigas Obrigações não dizem isso, mas há ampla evidência externa da qual tiramos essa conclusão. Temos muitas ações e decisões judiciais que mostram que nos anos 1400 um aprendiz era uma propriedade, um ativo, de seu mestre. Um aprendiz era uma peça de equipamento, que pertencia a seu mestre. Ele podia ser comprado e vendido quase da mesma maneira que o mestre compraria e venderia um cavalo ou uma vaca e, sob tais condições, é impossível que um aprendiz tivesse qualquer status na loja. Isso veio muito mais tarde. Então, se é que podemos voltar no tempo ao momento em que havia apenas um grau, ele deve ter sido para o pedreiro totalmente treinado, o companheiro.

Quase 150 anos se passariam antes que as autoridades e o parlamento começassem a perceber que talvez um aprendiz fosse realmente um ser humano também. No início dos anos 1500, temos na Inglaterra uma coleção inteira de estatutos de trabalho, leis trabalhistas começam a reconhecer o status dos aprendizes, e por volta dessa época começamos a encontrar evidências de mais um grau.

De 1598 em diante, temos atas de duas Lojas escocesas que estavam praticando dois graus. Eu voltarei a isso mais tarde. Antes daquela data, não há nenhuma evidência sobre graus, exceto, talvez, em um documento inglês, o manuscrito Harleian nº 2054, datado de cerca de 1650, mas acredita-se ser uma cópia de um texto do final dos anos 1500, agora perdido.

PRIMEIRO SINAL DE DOIS GRAUS

O Manuscrito Harleian é uma versão perfeitamente normal das Antigas Obrigações, mas encadernado a uma nota com a mesma caligrafia contendo uma nova versão do juramento do maçom, de particular importância, pois mostra uma grande mudança em relação a todas as formas anteriores do juramento. Aqui está:

Há palavras e sinais de um pedreiro livre a serem reveladas a você que você responderá: diante de Deus, no Grande & Terrível dia de Julgamento você mantém segredo e não revela o mesmo aos ouvidos de qualquer pessoa, a não ser aos Mestres e companheiros da referida Sociedade dos Maçons livres, assim Deus me ajude.

Irmãos, eu sei que recitei rápido demais, mas agora eu vou ler novamente a primeira linha:

Há várias palavras e sinais de um pedreiro livre a serem reveladas a você.

. . . ” Várias palavras e sinais. . .” plural, mais de um grau. E aqui em um documento que deveria ter sido datado de 1550, temos o primeiro indício da expansão das cerimônias em mais de um grau. Poucos anos depois, temos atas efetivas que provam dois graus em prática. Mas notem, Irmãos, que as cerimônias também devem também ter assumido algo de sua forma moderna.

Elas provavelmente começavam com uma oração, um recitativo de parte da “história”, a postura de mão-sobre-o-livro para a leitura das Obrigações, seguido de um compromisso e, em seguida, a incumbência com palavras e sinais secretos, o que quer que fossem. Nós não sabemos o que eles eram, mas sabemos que em ambos os graus, as cerimônias estavam começando a tomar a forma de nossas cerimônias modernas. Temos que esperar um bom tempo antes de encontrar os conteúdos, os detalhes reais dessas cerimônias, mas nós os encontramos no final dos anos 1600, e este é o meu próximo tema. Lembrem-se, Irmãos, ainda estamos com apenas dois graus e eu vou lidar agora com os documentos que realmente descrevem essas duas cerimônias, como elas apareceram pela primeira vez em papel.

PRIMEIRO RITUAL PARA DOIS GRAUS

O primeiro indício que temos é um documento datado de 1696, lindamente escrito à mão, e conhecido como o Manuscrito Edinburgh Register House, porque foi encontrado no Cartório de Registro Público de Edinburgh. Eu lido primeiro com a parte do texto que descreve as cerimônias efetivas. Ele é intitulado ‘THE FORME OF GIVING THE MASON WORD’ (A forma de dar a palavra do maçom), que é uma maneira de dizer que é a forma de iniciar um maçom. Ela começa com a cerimônia que transforma um aprendiz em um “Aprendiz Maçom (geralmente cerca de três anos após o início de seu emprego), seguido da cerimônia para a admissão do mestre maçom ou companheiro”, o título do segundo grau. Os detalhes são fascinantes, mas eu só posso descrevê-los muito rapidamente, e onde sempre que puder, usarei as palavras originais, de modo que vocês possam ter a sensação da coisa.

Somos informados de que o candidato ‘era colocado de joelhos’ e “depois de um grande número de cerimônias para assustá-lo” (coisa áspera, judiação; aparentemente eles tentavam apavorá-lo) ‘depois de um grande número de cerimônias para assustá-lo’, ele tomava o livro e naquela posição ele fazia o juramento, e aqui está a versão mais antiga do juramento do maçom descrita como parte de uma cerimônia completa.

Pelo próprio deus e você responderá a deus quando você estiver nu diante dele, no grande dia, que você não revelará qualquer parte do que você ouvir ou ver, neste momento, seja por palavra, escrita, nem colocará por escrito em momento algum nem desenhará com a ponta de uma espada, ou qualquer outro instrumento sobre a neve ou a areia, nem você falará sobre isso, a não ser com um maçom iniciado; assim deus lhe ajude.

Irmãos, se vocês estiverem ouvindo muito cuidadosamente, acabaram de ouvir a versão mais antiga das palavras ‘compor, esculpir, marca, gravar ou de outra forma delineá-los’. A primeira versão é a que acabo de ler, “não o escreverá nem o colocará por escrito, nem o desenhará com a ponta de uma espada ou qualquer outro instrumento sobre a neve ou a areia.” Observem, Irmãos, não havia nenhuma penalidade no compromisso, apenas uma obrigação clara de segredo.

Depois de ter terminado a obrigação, o jovem era levado para fora da loja pelo último candidato anterior, a última pessoa que foi iniciada antes dele. Fora da porta da loja, ele era ensinado o sinal, posturas e palavras de entrada (não sabemos quais eram elas, até que ele voltasse). Ele voltava, tirava o chapéu e fazia ‘uma mesura ridícula’ e, em seguida, ele dava as palavras de entrada, que incluíam uma saudação ao mestre e aos irmãos. Ele terminava com as palavras “sob não menos dor do que cortar minha garganta” e há uma espécie de nota de rodapé que diz “pois que você deve fazer esse sinal quando diz isso”. Esta é a primeira aparição em qualquer documento do sinal de um aprendiz maçom.

Agora, Irmãos, esqueçam tudo sobre suas lojas lindamente decoradas; eu estou falando de maçonaria operativa, quando a loja era ou uma pequena sala na parte de trás de uma taverna, ou em cima de uma taverna, ou então um galpão ligado a um grande trabalho de construção; e se houvesse uma dúzia de pedreiros lá, teria sido um bom quórum. Então, depois que o garoto tinha feito o sinal, ele era levado até o Mestre para a “incumbência”. Aqui está o Mestre; aqui, ao lado, está o candidato; aqui está o ‘instrutor’, e ele, o instrutor, sussurra a palavra no ouvido de seu vizinho, que sussurra a palavra para o homem seguinte e assim por diante, por toda a volta da loja, até que chegue ao Mestre; e o Mestre dá a palavra ao candidato. Neste caso, existe um tipo de nota de rodapé bíblica, que mostra, sem sombra de dúvida, que a palavra não era uma palavra, mas duas. B e J, dois nomes de pilar, para o aprendiz maçom. Isto é muito importante mais tarde, quando começamos a estudar a evolução de três graus. No sistema de dois graus havia dois pilares para o aprendiz maçom.

Isso era realmente a totalidade do trabalho em loja, mas era seguido por um conjunto de perguntas e respostas simples intitulado “ALGUMAS PERGUNTAS QUE MAÇONS COSTUMAM FAZER ÀQUELES QUE TÊM A PALAVRA, ANTES QUE ELES O RECONHEÇAM”. Ele incluía algumas perguntas para testar um estranho do lado de fora da loja, e este texto nos dá a primeira e mais antiga versão do catecismo maçônico. Aqui estão algumas das quinze perguntas. “Você é um pedreiro? Como posso saber? Onde você ingressou? O que faz uma loja verdadeira e perfeita? Onde era a primeira loja? Existem luzes em sua loja? Existem joias em sua loja?” Os primeiros começos fracos do simbolismo maçônico. É incrível o quão pouco havia no início. Lá, Irmãos, 15 perguntas e respostas, que deviam ser respondidas pelo candidato; ele não tinha tido tempo para aprender as respostas. E essa era toda a cerimônia de aprendiz maçom.

Agora lembrem-se, Irmãos, estamos falando de maçonaria operativa, na época em que os maçons ganhavam a vida com martelo e cinzel. Nestas condições o segundo grau era tomado cerca de sete anos após a data da iniciação quando o candidato voltava a ser feito ‘mestre ou companheiro de ofício’. Dentro da loja esses dois graus eram iguais, ambos pedreiros totalmente treinados. Fora da loja, um era um empregador, o outro um empregado. Se ele era o filho de um Burguês livre da cidade, ele poderia levar sua liberdade para a loja e ser feito mestre imediatamente. Caso contrário, ele tinha que pagar pelo privilégio, e, até então, o companheiro permanecia como empregado. Mas dentro da loja ambos tinham o mesmo segundo grau.

Assim, após o fim de seu contrato de aprendizagem, e servindo mais um ano ou dois por “carne e honorário”, (ou seja, comida mais um salário), ele vinha em seguida, para o segundo grau. Ele era “colocar de joelhos e fazia o juramento de novo”. Era o mesmo juramento que ele tinha feito como aprendiz, omitindo apenas três palavras. Em seguida, ele era levado para fora da loja pelo mestre mais jovem, e lá lhe eram ensinados os sinais, postura e palavras de entrada (ainda não sabemos quais eram elas). Ele voltava e dava o que era chamado de “sinal de mestre”, mas este não é descrito, por isso não posso falar a vocês sobre ele. Em seguida, ele era levado para a incumbência. E agora, o mestre mais novo, o sujeito que o havia levado para fora, sussurrava a palavra ao seu vizinho, cada um, por sua vez a passava adiante a toda a loja, até chegar ao Mestre, e o Mestre, sobre os cinco pontos de companheirismo – segundo grau, Irmãos dava a palavra ao candidato. Os cinco pontos naqueles dias – pé com pé, joelho com joelho, coração contra coração, mão na mão, orelha contra orelha, que é como era em sua primeira aparição. Nenhuma legenda de Hiram e nenhuma frescura; apenas os cinco pontos e uma palavra. Mas neste documento, a palavra não é mencionada. Ela aparece pouco tempo depois e eu abordarei isso mais tarde.

Havia apenas duas perguntas de teste para um grau de companheiro, e isso era tudo. Dois graus, muito bem descritos, não só neste documento, mas em dois outros textos irmãos, o Manuscrito Chetwode Crawley, datado de cerca de 1700 e o Manuscrito Kevan, muito recentemente descoberto, datado de cerca de 1714. Três maravilhosos documentos, todos do sul da Escócia, todos contando exatamente a mesma história – materiais maravilhosos, se vocês se atreverem a confiar neles. Mas, lamento dizer-lhes, Irmãos, que nós, enquanto cientistas em maçonaria, não ousamos confiar neles, porque eles foram escritos em violação a um juramento. Para colocar de forma mais simples, quanto mais eles nos contam, menos eles são confiáveis, a menos que, por algum acaso ou por algum milagre, possamos provar, como precisamos fazer, que esses documentos foram efetivamente usados em uma loja; caso contrário eles são inúteis. Neste caso, por um acaso muito feliz, temos a prova e ela é uma bela história. Isso é o que vocês terão agora.

Lembrem-se, Irmãos, os nossos três documentos são de 1696 até 1714. Bem no meio desse período, no ano de 1702, um pequeno grupo de cavalheiros escoceses decidiu que queriam ter uma loja em seu próprio quintal, por assim dizer. Estes eram cavalheiros que viveram no sul da Escócia, próximo a Galashiels, cerca de 50 km a sudoeste de Edimburgo. Eles eram todos proprietários notáveis nessa área – Sir John Pringle de Hoppringle, Sir James Pringle, seu irmão, Sir James Scott de Gala (Galashiels), seu cunhado, mais cinco vizinhos se reuniram e decidiram formar sua própria Loja, na aldeia de Haughfoot perto de Galashiels. Eles escolheram um homem que tinha uma caligrafia maravilhosa para ser o seu escrivão, e pediram-lhe que comprasse um livro de atas. Ele o fez. Um livrinho lindo com capa de couro (tamanho octavo), e ele pagou “catorze xelins” escoceses por ele. Eu não vou entrar em detalhes de moedas, mas hoje seria o equivalente a cerca de vinte e cinco centavos. Sendo um escocês, ele tomou nota muito cuidadosamente da quantidade e lançou em seu livro de atas, para ser reembolsado a partir do primeiro dinheiro devido à sociedade. Então, em preparação para a primeira reunião da loja, ele começou com o que teria sido a página um com algumas notas, de que não sabemos os detalhes. Mas ele continuou e copiou um desses rituais escoceses inteiro, completo do começo ao fim.

Quando ele terminou, ele tinha enchido dez páginas, e suas últimas vinte e nove palavras de ritual foram as primeiras cinco linhas na parte superior da página onze. Agora, este era um escocês, e eu disse a vocês que ele tinha pagado “catorze xelins” por esse livro e a ideia de deixar três quartos de uma página vazia ofendia sua parcimônia escocesa nativa. Então, para evitar desperdiçá-la, abaixo das vinte e nove palavras, ele colocou um título ‘O Mesmo Dia’ e foi direto em frente com a ata da primeira reunião da Loja. Eu espero que vocês possam imaginar tudo isso, Irmãos, porque eu escrevi a história da ‘Loja de Haughfoot’, o a primeira Loja totalmente não operativa na Escócia, trinta e quatro anos mais antiga que a Grande Loja da Escócia. As atas foram lindamente mantidas por sessenta e um anos e, eventualmente, em 1763, a Loja foi engolida por alguma das lojas vizinhas maiores. O livro de atas foi para a grande Loja de Selkirk e desceu de Selkirk a Londres para eu escrever a história.

Nós não sabemos quando isso aconteceu, mas, em algum momento durante esses sessenta e um anos, alguém, talvez um dos secretários posteriores da loja, deve ter aberto esse livro de atas e avistado as páginas de abertura e ele deve ter tido um ataque! Ritual em um livro de atas! Fora! E as primeiras dez páginas desapareceram; elas estão completamente perdidas. Aquele açougueiro teria tomado a página onze também, mas nem mesmo ele teve coragem de destruir a ata da primeira reunião desta maravilhosa loja. Assim, foi a ata da primeira reunião que salvou essas vinte e nove palavras do ouro na parte superior da página onze, e as vinte e nove palavras são praticamente idênticas às partes correspondentes do manuscrito Edinburgh Register House e seus dois textos irmãos. Essas palavras preciosas são uma garantia de que os outros documentos podem ser confiáveis, e isso nos dá um ponto de partida maravilhoso para o estudo do ritual. Não só temos os documentos que descrevem as cerimônias; temos também uma espécie de critério, pelo qual podemos julgar a qualidade de cada novo documento à medida que ele chega, e neste momento eles começam a chegar.

Agora Irmãos, deixe-me avisá-lo que até agora estamos falando de documentos escoceses. O céu abençoe os escoceses! Eles cuidaram de cada pedaço de papel, e se não fosse por eles, não teríamos praticamente nenhuma história. O nosso material mais antigo e mais fino é quase todo escocês. Mas, quando os documentos ingleses começam a aparecer, eles parecem se encaixar. Eles não só se harmonizam, muitas vezes eles preenchem lacunas nos textos escoceses. De agora em diante, citarei o país de origem daqueles documentos que não são ingleses.

Nos próximos anos, encontraremos uma série de valiosos documentos de rituais, incluindo algumas da maior importância. O primeiro deles é o Manuscrito Sloane, datado de cerca de 1700, um texto inglês, hoje na Biblioteca Britânica. Ele dá vários “toques” que não tinham aparecido em qualquer documento antes. Ele dá uma nova forma de juramento do Maçom, que contém as palavras “sem equívoco ou reserva mental”. Aquilo aparece pela primeira vez no Manuscrito Sloane, e Irmãos, a partir deste ponto em diante, cada detalhe ritual eu dou a vocês, será uma novidade. Não repetirei os detalhes individuais conforme eles reaparecem nos textos posteriores, nem posso dizer com precisão quando uma determinada prática, na verdade, começou. Vou simplesmente dizer que este ou aquele item aparece, pela primeira vez, dando-lhe o nome e data do documento pelo qual ele pode ser provado.

Se estiver me acompanhando, você perceberá – e lhes peço que pensem nisso desta maneira – que vocês estão assistindo uma plantinha, uma muda de Maçonaria, e cada palavra que eu proferir será um novo rebento, uma nova folha, uma nova flor, um novo ramo. Vocês estarão assistindo o ritual crescer; e se vocês o virem dessa forma, Irmãos, eu sei que eu não estou perdendo meu tempo, porque essa é a única maneira de vê-lo.

Agora, de volta ao Manuscrito Sloane que não tenta descrever a cerimônia inteira. Ele tem uma fantástica coleção de ‘toques (apertos de mão)’ e outros modos estranhos de reconhecimento. Tem um catecismo de cerca de vinte e duas perguntas e respostas, muitas delas semelhantes às dos textos escoceses, e há uma nota que parece confirmar dois pilares para o Aprendiz.

Um parágrafo posterior fala de uma saudação (?) ao Mestre, uma curiosa postura de ‘abraço’, com ‘a garra de mestres por suas mãos direitas e parte superior dos dedos da mão esquerda batendo fechados na omoplata um dos outro. . . ‘. Aqui, a palavra é dada como Moha – Bon ‘, metade em uma orelha e metade na outra, para ser utilizada como uma palavra de telhamento.

Essa foi sua primeira aparição em qualquer um dos nossos documentos, e se você estivesse telhando alguém, você diria ‘Moha’ e o outro teria que dizer ‘Bon’; e se ele não disse “Bon” você não teria nenhum negócio com ele.

Falarei sobre várias outras versões à medida que elas surgirem mais tarde, mas devo salientar que aqui é um documento inglês preenchendo lacunas nos três textos escoceses, e esse tipo de coisa acontece continuamente.

Agora temos outro documento escocês, o Manuscrito Dumfries No. 4 datado de cerca de 1710. Ele contém uma massa de material novo, mas eu só posso mencionar alguns dos itens. Uma de suas perguntas é: “Como você foi trazido? Vergonhosamente, com uma corda em volta do pescoço”. Este é o primeiro cabo de reboque; e uma resposta mais tardia diz que a corda “é para me enforcar se eu trair a minha confiança”. Dumfries também menciona que o candidato recebe o ‘Real Segredo’ ajoelhado no “em meu joelho esquerdo”.

Entre muitas Perguntas e Respostas interessantes, ele lista algumas das penalidades incomuns daqueles dias. “Meu coração retirado vivo, minha cabeça cortada, meu corpo enterrado dentro da enchente da maré”. “Dentro da enchente da maré” é a versão mais antiga do “comprimento do cabo desde a praia”. Irmãos, há muito mais, ainda, mesmo nesta fase inicial, mas eu tenho que ser breve e lhes dar todos os itens importantes à medida que avançamos para a próxima fase.

Enquanto isso, esta era a situação na época em que a primeira Grande Loja foi fundada em 1717. Temos apenas dois graus na Inglaterra, um para o Aprendiz e o segundo para o “mestre ou companheiro de ofício”. O Dr. Anderson, que compilou o primeiro Livro Inglês das Constituições em 1723, na verdade, descreveu o segundo grau inglês como “Mestres e Companheiros”. O termo escocês já tinha invadido a Inglaterra.

A próxima grande etapa na história do ritual é a evolução do terceiro grau. Na verdade, sabemos muito sobre o terceiro grau, mas existem algumas lacunas terríveis. Não sabemos quando ele começou ou por que ele começou, e não podemos ter certeza de quem o começou! À luz de uma vida de estudo, eu vou dizer a vocês o que sabemos, e tentaremos preencher as lacunas.

Teria sido fácil, é claro, se se pudesse estender a mão em uma biblioteca muito boa e puxar um grande livro de atas e dizer: “Bem, aqui está o mais antigo terceiro grau que já aconteceu”; mas isso não funciona dessa maneira. Os livros de atas vieram muito mais tarde.

INDÍCIOS DE TRÊS GRAUS

Os primeiros indícios de terceiro grau aparecem em documentos como os que eu tenho falado – principalmente documentos que foram escritos como memorandos para os homens a quem pertenciam. Mas nós temos que utilizar exposições também, exposições impressas para o lucro, ou ofensa, e nós temos algumas indicações úteis do terceiro grau muito antes de ele realmente aparecesse na prática. E assim, começamos com um dos melhores, um adorável pequeno texto, uma única folha de papel conhecida como o Manuscrito Trinity College, Dublin, datado de 1711, encontrado entre os papéis de um médico irlandês famoso e cientista, Sir Thomas Molyneux. Este documento tem como cabeçalho uma espécie de Triplo Tau, e debaixo dele as palavras “Sob nada menos que uma penalidade”. Isto é seguido por um conjunto de onze P&R e sabemos imediatamente que algo está errado! Já temos três conjuntos perfeitos de quinze perguntas, então onze perguntas deve ser ou má memória ou cópia ruim – algo está errado! As perguntas são perfeitamente normais, apenas não há o suficiente delas. Em seguida, após as onze perguntas seria de se esperar que o escritor desse uma descrição de toda ou parte da cerimônia, mas, em vez disso, ele dá uma espécie de catálogo de palavras e sinais da Maçonaria.

Ele dá este sinal (AM demonstrado) para o AM com a palavra B.

Ele dá “toques & sinais” como o sinal para o “companheiro”, com a palavra ‘J ………’. O “sinal de Mestre é a espinha” e para ele (ou seja, o MM) o escritor dá pior descrição do mundo dos cinco pontos de perfeição. (Parece claro que nem o autor desta peça nem o escritor do Manuscrito Sloane, jamais ouvira falar dos Pontos de Companheirismo, ou sabia como descrevê-los.) Aqui, como eu demonstro, estão as palavras exatas, nem mais nem menos:

“Aperte o Mestre pela espinha, coloque o seu joelho entre os dele, e diga Matchpin.”

Isso, Irmãos, é a nossa segunda versão da palavra do terceiro grau. Começamos com ‘Mahabyn’, e agora ‘Matchpin’, horrivelmente degradada. Deixe-me dizer agora, alto e claro, ninguém sabe qual era a palavra correta. Era provavelmente hebraico originalmente, mas todas as primeiras versões estão degradadas. Deveríamos trabalhar para trás, traduzindo do Inglês, mas não podemos ter certeza de que nossas palavras inglesas estão corretas. Então, aqui no Manuscrito Trinity College, Dublin, temos, pela primeira vez, um documento que tem segredos separados para três graus distintos; o aprendiz, o companheiro e o mestre. Não é prova de três graus na prática, mas mostra que alguém estava brincando com essa ideia em 1711.

A próxima peça de prova sobre esse tema vem da primeira exposição impressa, impressa e publicada para entretenimento ou por despeito em um jornal de Londres, The Flying Post. O texto é conhecido como um “Telhamento de Maçom”. Por esta época, 1723, o catecismo era muito mais longo e o texto continha várias peças de rima, todas interessantes, mas apenas uma de particular importância para o meu propósito presente e aqui está ela:

“Um Maçom iniciado eu fui, Boaz e Jaquim eu vi; Um companheiro que eu fui jurado mais raro, e conheço a Pedra Bruta, Polida e o Esquadro: Eu sei a parte do Mestre muito bem, tão honesta Mohabin você dirá”.

Observem, Irmãos, ainda existem dois pilares para a AM, e mais uma vez alguém está dividindo os segredos maçônicos em três partes para três categorias diferentes de Maçons. A ideia de três graus está no ar. Nós ainda estamos procurando atas, mas elas não chegaram ainda. Em seguida, temos outro documento de valor inestimável, datado de 1726, o Manuscrito Graham, um texto fascinante que começa com um catecismo de cerca de trinta perguntas e respostas, seguido por uma coleção de lendas, principalmente sobre personagens bíblicos, cada história com uma espécie de distorção Maçônica no seu relato. Uma lenda conta como três filhos foram ao túmulo do pai deles. Tentar, se pudessem, encontrar alguma coisa sobre ele para levá-los até o segredo de virtude que este famoso pregador tinha. Eles abriram a sepultura nada encontrando, exceto o corpo morto quase totalmente consumido. Agarrando um dele, ele se soltou de junta a junta até o pulso até o cotovelo, assim eles ergueram o corpo morto e o sustentaram colocando pé com pé, joelho com joelho, peito com peito, rosto com rosto e a mão nas costas e pediram socorro, ó pai… então alguém disse aqui há ainda medula nesse osso, e o segundo disse, apenas osso seco e o terceiro disse que cheirava mal, assim eles concordaram em dar-lhe um nome que é conhecido da Maçonaria até hoje…

Esta é a primeira história de uma elevação em um contexto maçônico, aparentemente, um fragmento da lenda de Hiram, mas o velho cavalheiro na sepultura era o Pai Noé, e não Hiram Abif.

Outra lenda se refere a “Bazalliel”, o artesão maravilhoso que construiu o Templo móvel e a Arca da Aliança para os israelitas durante a sua peregrinação pelo deserto. A história diz que perto da morte, Bazalliel pediu que uma lápide fosse erguida sobre seu túmulo, com uma inscrição “de acordo com seu desserviço” e que foi feito da seguinte forma:

“Aqui jaz a flor de maçonaria superior de muitos outros companheiros a um rei e dois príncipes um irmão. Aqui jaz o coração que todos os segredos conseguia esconder. Aqui jaz a língua que jamais revelou.”

As duas últimas linhas não poderiam ter sido mais aptas se elas tivessem sido escritas especialmente para Hiram Abif; elas são praticamente um resumo da lenda de Hiram.

No catecismo, uma resposta fala daqueles que. . . obtiveram uma Voz tripla através de iniciação, elevação e exaltação e conformado por 3 lojas diferentes…

“Iniciado, elevado e exaltado” é bastante claro. “Três lojas diferentes” significa os três graus separados, três cerimônias separadas. Não há dúvida de que tudo isso é uma referência a três graus em prática. Mas ainda queremos atas e nós não as temos. E eu sinto muito dizer-lhes, que as primeiras atas em que temos registro de um terceiro grau, por mais fascinantes e interessantes que elas sejam, referem-se a uma cerimônia que nunca aconteceu em uma loja; ela ocorreu no interior de uma Sociedade Musical de Londres. É uma linda história e é isso que você vai receber agora.

Em dezembro de 1724, houve uma pequena reunião agradável de loja na Taverna Queen’s Head, em Hollis Street, no Strand, cerca de trezentos metros do nosso atual Freemason’s Hall, a sede da Maçonaria na Inglaterra. Pessoas agradáveis; o melhor da sociedade musical, arquitetônica e cultural de Londres eram membros desta loja. Na noite especial em que eu estou interessado, Sua Graça, o duque de Richmond era o Mestre da Loja. Devo acrescentar que a Sua Graça, o Duque de Richmond também era o Grão-Mestre da época, e você pode chamá-lo de ‘pessoa agradável’. É verdade que ele era descendente de um bastardo real, mas hoje em dia até mesmo os bastardos reais são contados como pessoas agradáveis. Um par de meses depois, sete dos membros dessa loja e um irmão que eles tinham tomado emprestado de outra loja decidiram que queriam fundar uma sociedade musical e arquitetural.

Eles deram a ela um título Latino de um quilômetro de comprimento – Philo Musicae ET Architecturae Societas Apollini – que traduzindo, “A Sociedade Apolínea Para os Amantes da Música e Arquitetura” e elaboraram um livro de regras incrivelmente bonito. Cada palavra dele escrita à mão. Parece que o impressor mais magnífico o tinha impresso e decorado.

Agora, essas pessoas estavam muito interessadas ​​em sua Maçonaria e para sua sociedade musical, eles elaboraram um código incomum de regras. Por exemplo, uma regra era que cada um dos fundadores deveria ter seu próprio brasão de armas estampados em cores nas páginas de abertura do livro de atas. Quantas lojas vocês conhecem, em que cada fundador tem o seu próprio brasão de armas? Isso lhes dá uma ideia do tipo de garotos que eles eram. Eles amavam a sua Maçonaria e eles fizeram outra regra, de que qualquer um poderia vir às suas palestras arquiteturais ou às suas noites musicais – os melhores condutores eram membros da sociedade – qualquer pessoa poderia vir, mas se ele não era um Maçom, ele tinha que ser iniciado Maçom antes que eles o deixassem entrar; e porque eles estavam tão interessados ​​sobre o status Maçônico de seus membros, eles mantiveram notas biográficas maçônicas de cada membro quando ele ingressou. É a partir dessas notas que podemos ver o que realmente aconteceu. Eu poderia falar sobre eles a noite toda, mas para os nossos propósitos atuais, precisamos somente seguir a carreira de um dos seus membros, Charles Cotton.

Nos registros da Sociedade Musical lemos que em 22 de dezembro de 1724 “Charles Cotton Esq.”. foi iniciado um Maçom pelo dito Grão-Mestre [isto é, a Sua Graça, o Duque de Richmond] na Loja na Queen’s Head. Não poderia ser mais regular do que isso. Em seguida, em 18 de fevereiro de 1725 “… antes que fundássemos Esta Sociedade uma Loja foi realizada… a fim de iniciar Charles Cotton Esq.”. . . e porque foi no dia em que a sociedade foi fundada, não podemos ter certeza se Cotton foi elevado na Loja ou na Sociedade Musical. Três meses depois, em 12 de maio de 1725 o “Irmão Charles Cotton Esq. e o Ir .’. Papillion Ball foram regularmente exaltados a Mestres”.

Agora temos a data da iniciação de Cotton, sua elevação e sua exaltação; não há dúvida de que ele recebeu três graus. Mas, Mestres regularmente exaltados – Não! Não poderia ter sido mais irregular! Esta era uma Sociedade Musical – não uma loja! Mas eu lhes disse que eles eram pessoas agradáveis, e eles tinham alguns visitantes ilustres. Em primeiro lugar, o Grande Primeiro Vigilante veio vê-los. Em seguida, o Grande Segundo Vigilante. E então, eles receberam uma carta desagradável do Grande Secretário e, em 1727, a sociedade desapareceu. Nada resta agora, exceto o seu livro de atas na Biblioteca Britânica. Se você alguma vez for a Londres e visitar o Freemason’s Hall, você verá um fac-símile maravilhoso daquele livro. Vale a pena uma viagem a Londres apenas para vê-lo. E este é o registro dos primeiros terceiros graus. Eu gostaria que pudéssemos produzir uma novidade mais respeitável, mas esta foi a primeira.

Devo dizer-lhes, Irmãos, que Gould, o grande historiador maçônico acreditou, toda a sua vida, que este era o mais antigo terceiro grau de que havia qualquer registro. Mas, pouco antes de morrer, ele escreveu um artigo brilhante nas Transações da Quatuor Coronati Lodge, e ele mudou de ideia. Ele disse: “Não, as atas estão abertas à interpretação ampla, e não devemos aceitar isso como um registro de terceiro grau.” Francamente, eu não acredito que ele provou seu caso, e sobre este ponto me atrevo a discutir com Gould. Observem-me cuidadosamente, Irmãos, porque eu posso ser atingido por um raio neste momento. Ninguém discute com Gould! Mas eu discuto isso porque no prazo de dez meses a partir desta data, temos provas irrefutáveis ​​de terceiro grau na prática. Como vocês poderiam esperar, benditos sejam, elas vêm da Escócia.

A Loja Dumbarton Kilwinning, agora no. 18 no registo da Grande Loja da Escócia foi fundada em janeiro de 1726. Na reunião de fundação havia o Mestre, com sete mestres maçons, seis companheiros e três aprendizes; alguns deles eram maçons operativos, alguns não operativos. Dois meses depois, em março de 1726, nós temos esta ata:

Gabriel Porterfield que apareceu na reunião de janeiro como um Companheiro foi admitido por unanimidade e exaltado como Mestre da Fraternidade e renovou seu juramento e pagou suas taxas de admissão.

Agora, observem Irmãos, aqui estava um escocês, que começou em janeiro como Companheiro, um companheiro fundador de uma nova Loja. Então, ele veio em março, e renovou seu juramento, o que significa que ele passou por outra cerimônia; e ele deu sua taxa de admissão, o que significa que ele pagou por ela. Irmãos, se um escocês pagou por isso você apostar sua vida que ele conseguiu! Não há dúvida sobre isso. E há o mais antigo registro 100 por cento dourado de um terceiro grau. Dois anos depois, em dezembro de 1728, outra nova Loja, Greenock Kilwinning, em sua primeira reunião, prescrevia taxas separadas para a iniciação, elevação e exaltação.

A MAÇONARIA DISSECADA DE PRICHARD

A partir de então, temos ampla evidência dos três graus em prática e, em seguida, em 1730, temos a mais antiga exposição impressa que alegava descrever todos os três graus, a Maçonaria Dissecada, publicada por Samuel Prichard em outubro de 1730. Foi o trabalho ritual mais valioso que tinha aparecido até aquele momento, todo sob a forma de perguntas e respostas (exceto por uma breve introdução) e teve enorme influência na estabilização do nosso ritual inglês.

Seu ‘Grau de Aprendiz Maçom’ – a esta altura com noventa e duas perguntas – dava duas palavras pilar para o AM, e o primeiro deles era ‘soletrada’. Prichard conseguiu espremer muito trabalho prático em suas perguntas e respostas do AM. Aqui está uma pergunta para o candidato: “Como ele fez de você um Maçom?” Ouçamos a sua resposta:

“Com o meu joelho nu dobrado e o corpo dentro do esquadro, o compasso estendido contra meu seio esquerdo nu, minha mão direita nua sobre a Santa Bíblia: ali eu tomei a Obrigação (ou Juramento) de um Maçom.”

Todas essas informações em uma resposta! E a pergunta seguinte era: ‘Você pode repetir essa obrigação? Com a resposta: “Farei meu esforço.”, e Prichard seguia isso com uma obrigação magnífica que continha três conjuntos de sanções (corte na garganta, coração arrancado, o corpo cortado e cinzas queimadas e espalhadas). Isto é como elas apareceram em 1730. Documentos de 1760 as mostram separadas, e os desenvolvimentos posteriores não nos interessam aqui.

O “Grau de Companheiro” de Prichard era muito curto, apenas 33 perguntas e respostas. Eu dei J sozinho ao Companheiro (não soletrei), mas agora o segundo grau tinha um monte de novo material relativo aos pilares, à câmara do meio, à escada em espiral, e um longo recitativo sobre a letra G, que começava com o significado “Geometria” e acabava denotando “O Grande Arquiteto e Inventor do Universo”.

O “Grau de Mestre ou Parte do Mestre” de Prichard era composto de trinta perguntas com algumas respostas muito longas, que continham a versão mais antiga da lenda de Hiram, literalmente, toda a história, como ela era contada naquela época. Ela incluía o assassinato por “três Rufiões”, os investigadores, “Quinze Amantes Irmãos” que concordaram entre si “que se não encontrassem a Palavra nele ou sobre ele, a primeira palavra deveria ser a Palavra do Mestre”. Mais tarde, a descoberta “o Deslizamento”, a elevação com os cinco pontos de perfeição, e outra nova versão da palavra* de MM, o que se diz significar “O Construtor está morto”.

Não há nenhuma razão para acreditar que Prichard inventasse a lenda de Hiram. Ao lermos sua história em conjunto com aquelas coletadas por Thomas Graham em 1726 (citado acima), não pode haver dúvida de que a versão de Prichard surgiu de vários fluxos de lenda, provavelmente um resultado inicial da influência especulativa naqueles dias.

Mas o terceiro grau não era uma nova invenção. Ele surgira de uma divisão do primeiro grau original em duas partes, de modo que o segundo grau original com seus Pontos de Perfeição e uma palavra moveu-se para cima, para o terceiro lugar, ambos os segundo e terceiro adquirindo materiais adicionais durante o período de mudança. Isso ocorreu em algum momento entre 1711 e 1725, mas se ele começou na Inglaterra, Escócia, ou Irlanda é um mistério; nós simplesmente não sabemos.

De volta agora a Samuel Prichard e sua Maçonaria Dissecada. O livro criou uma sensação; ele vendeu três edições e uma edição pirata em 11 dias. Ele varreu todas as outras exposições fora do mercado. Pelos próximos 30 anos, Prichard estava sendo reimpresso continuamente e nada mais poderia ter uma chance; não havia nada apto a chegar perto dele. Perdemos alguma coisa com isso, porque não temos registros de quaisquer desenvolvimentos de rituais na Inglaterra durante os próximos 30 anos – uma grande lacuna de 30 anos. Apenas um novo item apareceu em todo esse tempo, o “Obrigação para o Iniciado”, uma miniatura da nossa versão moderna, em belo inglês do século XVIII. Ele foi publicado em 1735, mas não sabemos quem o escreveu. Para novas informações sobre o crescimento do ritual, temos que atravessar o Canal, para a França.

MAIS PROVAS DA FRANÇA

Os ingleses plantaram a Maçonaria na França em 1725, e ela tornou-se um passatempo elegante para a nobreza e a aristocracia. O Duque Fulano de Tal realizaria uma loja em sua casa, onde ele era o Mestre para sempre, e a qualquer momento, ele convidava alguns amigos de sua roda, eles abririam uma loja e ele iniciaria mais alguns Maçons. Foi assim que começou, e levou cerca de dez ou doze anos antes que a Maçonaria começasse a se infiltrar para baixo, através dos níveis mais baixos. A essa altura, as lojas estavam começando a se reunir em restaurantes e tavernas, mas por volta de 1736, as coisas foram se tornando difíceis na França e temia-se que as lojas estivessem sendo usadas ​​para tramas e conspirações contra o governo.

Em Paris, em particular, precauções foram tomadas. Um edital foi emitido por René Herault, Chefe geral da Polícia, que os taberneiros e restauradores não deviam a dar guarida a lojas maçônicas, sob pena de ser fechado por seis meses e uma multa de 3.000 libras. Temos dois registros, ambos em 1736-1737, de restaurantes bem conhecidos que foram fechados pela Polícia por esse motivo. Não deu certo, e a razão era muito simples. A Maçonaria tinha começado em casas particulares. No momento em que os funcionários começaram a pressionar as reuniões em tavernas e restaurantes, ela voltou para casas particulares; ela passou à clandestinidade por assim dizer, e a Polícia ficou inerme.

Eventualmente, Herault decidiu que ele poderia fazer muito mais danos à Maçonaria se pudesse torná-la alvo de chacota. Se ele pudesse fazê-la parecer ridícula, ele tinha certeza de que poderia colocá-la fora de ação para sempre, e ele decidiu tentar. Ele entrou em contato com uma de suas amigas, uma certa Madame Carton. Agora, Irmãos, eu sei que o que eu vou dizer a vocês soa como o nosso English News of the World (Noticias Populares), mas o que eu estou lhes dando está gravado história, e é história muito importante para isso. Então, ele entrou em contato com Madame Carton, que é sempre descrita como uma dançarina na Ópera de Paris. O fato simples é que ela seguia uma profissão muito antiga. A melhor descrição que dá uma ideia de seu status e suas qualidades, é que ela dormia nas melhores camas da Europa. Ela tinha uma clientela muito especial. Agora ela não era jovem; ela tinha 55 anos de idade na época e tinha uma filha que também estava na mesma linha interessante de negócio. E eu tenho que ser muito cuidadoso com o que eu digo, pois se acreditava que um de nossos próprios Grãos Mestres estava enredado com uma delas ou com ambas. Tudo isso estava nos jornais da época.

De qualquer forma, Herault entrou em contato com Madame Carton e pediu-lhe para obter uma cópia do ritual maçônico de um de seus clientes. Ele tinha a intenção de publicá-lo, e expondo os maçons ao ridículo, ele ia colocá-los fora do negócio. Bem! Ela o fez, e ele o fez. Em outras palavras, ela conseguiu sua cópia do ritual e passou-a a ele. Ela foi publicada pela primeira vez na França em 1737, sob o título “Reption d’un Frey-Maçon”. Dentro de um mês, ela foi traduzida em três jornais de Londres, mas não conseguiu diminuir o zelo francês pela Maçonaria e não teve qualquer efeito na Inglaterra. Eu resumo brevemente.

O texto, em forma de narrativa, descrevia apenas uma única cerimônia de dois pilares, lidando principalmente com o trabalho em loja e apenas fragmentos do ritual. O Candidato era privado de metais, joelho direito nu, sapato esquerdo usado “como um chinelo” e trancado em um quarto sozinho na escuridão total, para colocá-lo no estado de espírito certo para a cerimônia. Seus olhos estavam vendados e seu padrinho batia três vezes na porta da Loja. Depois de várias perguntas, ele era apresentado e admitido sob os cuidados de um Guarda (Vigilante). Ainda com os olhos vendados, ele era levado três vezes em volta do desenho do pavimento no centro da Loja, e havia “brilhos de resina”. Era costume nas lojas francesas naqueles dias ter uma panela de brasas vivas dentro da porta da loja e no momento em que o candidato era trazido, eles polvilhavam resina em pó sobre as brasas, para fazer um enorme clarão, que assustaria o candidato, mesmo que ele estivesse com os olhos vendados. (Em muitos casos eles não os vendavam até que chegasse à Obrigação.) Então, no meio de um círculo de espadas, temos a postura para a Obrigação dos três lotes de penalidades, e detalhes dos Aventais e Luvas. Isto é seguido pelos sinais, toques e palavras relativas a dois pilares. A cerimônia continha várias características desconhecidas na prática inglesa, e algumas partes da história parecem ter sido contadas na sequência errada, de modo que, ao lê-lo, de repente percebemos que o cavalheiro que estava ditando teve sua mente mais ligada a assuntos muito mais mundanos. Então, Irmãos, esta foi a primeira exposição da França, não muito boa, mas foi o primeiro de um fluxo realmente maravilhoso de documentos. Como antes, discutirei apenas os mais importantes.

Meu próximo é Le Secret des Francs-Maçons (O Segredo dos Maçons), 1742, publicado pelo Abbè Perau, que era Prior na Sorbonne, a Universidade de Paris. Um belo primeiro grau, tudo em forma de narrativa, e cada palavra a favor da Maçonaria. Suas palavras para o AM e CM estavam na ordem inversa (e isso se tornou uma prática comum na Europa), mas ele disse praticamente nada sobre o segundo grau. Ele descreveu o beber e brindar maçônico em grande extensão, com uma descrição maravilhosa do ‘Fogo Maçônico’. Ele mencionou que o grau de Mestre era “um grande lamento cerimonial sobre a morte de Hiram”, mas ele nada sabia sobre o terceiro grau, e disse que os Mestres Maçons apenas têm um novo sinal e isso foi tudo.

Nosso próximo trabalho é Le Catéchisme des Francs-Maçons (O Catecismo da Maçonaria), publicado em 1744 por Louis Travenol, um jornalista francês famoso. Ele dedica seu livro “Ao Belo Sexo”, que ele adora, dizendo que ele está deliberadamente publicando essa exposição em benefício delas, porque os Maçons as excluíram, e seu tom é ligeiramente antimaçônico. Ele continua com uma nota “Ao Leitor”, criticando vários itens na obra de Perau, mas concordando que Le Secret está, de maneira geral, correto. Por essa razão (e Perau era irremediavelmente ignorante do terceiro grau), ele limita sua exposição ao nível de MM. Mas isso é seguido por um catecismo que é um composto para todos os três graus, sem divisões, embora seja fácil ver quais perguntas pertencem ao Mestre Maçom.

Le Catéchisme também contém duas excelentes gravuras dos Painéis de Loja ou Desenho do Pavimento, um chamado “Plano da Lodge para o Aprendiz-Companheiro” combinado, e outro para “A Loja de Mestre”.

Travenol começa seu terceiro grau com ‘A História de Adoniram, Arquiteto do Templo de Salomão’. Os textos em francês costumam dizer Adoniram em vez de Hiram, e a história é uma versão esplêndida da Lenda de Hiram. Na melhor das versões em francês, a palavra do Mestre (Jeová) não foi perdida; os nove Mestres que foram enviados por Salomão para procurá-lo, decidiram adotar uma palavra substituta por medo de que os três assassinos tivessem obrigado Adoniran a divulgá-la.

Isto é seguido por um capítulo à parte que descreve o leiaute de uma Loja de Mestre, incluindo o “Desenho do Pavimento”, e a mais antiga cerimônia de abertura de uma Loja de Mestres. Aquele contém um curioso “sinal de Mestre” que começa com uma mão ao lado da fronte e termina com o polegar na boca do estômago. E agora, Irmãos, temos uma descrição magnífica do desenho do pavimento do terceiro grau, toda a cerimônia, tão bem descrita e em tais detalhes, que qualquer Preceptor poderia reconstruí-la do começo ao fim – e cada palavra de todo este capítulo é material novo que nunca tinha aparecido antes.

É claro que há muitos itens que diferem das práticas que conhecemos, mas agora você pode ver porque eu estou animado com esses documentos franceses. Eles dão detalhes maravilhosos, numa época em que não temos o material correspondente na Inglaterra. Mas antes que eu saia de Le Catechisme, devo dizer algumas palavras sobre a sua figura do Painel de Loja ou Desenho do Pavimento do terceiro grau que ele contém, como seu tema central, um desenho de um esquife, cercado por gotas de lágrimas, as lágrimas que nossos irmãos antigos derramam com a morte de nosso Mestre Adoniram.

Sobre o esquife está um ramo de acácia e a palavra “JEHOVA”, “ancien mot du Maitre”, (antiga palavra de um Mestre), mas no grau francês ela não foi perdida. Ela era o Nome Inefável, que nunca devia ser pronunciado, e aqui, pela primeira vez, a palavra Jeová está no caixão. O diagrama, em pontos, mostra como três passos em zig-zag sobre o caixão devem ser dados pelo candidato ao avançar do Ocidente para o Oriente, e muitos outros detalhes interessantes, numerosos demais para mencionar.

O catecismo, que é o último item principal do livro, está baseado (como todos os primeiros catecismos franceses) diretamente sobre a Maçonaria Dissecada, de Prichard, mas ele contém uma série de expansões e explicações simbólicas, resultado da influência especulativa.

E assim chegamos à última das exposições francesas que eu quero abordar hoje, L’Ordre des Francs-Maçons Trahi (A Ordem dos Maçons Traída) publicada em 1745 por um escritor anônimo, um ladrão! Não havia nenhuma lei de direitos autorais naqueles dias e este homem conhecia uma coisa boa quando ele a via. Ele levou o melhor material que pode encontrar, colecionado em um livro, e acrescentou algumas notas de sua autoria. Então, ele roubou o livro de Perau, 102 páginas, inteirinho, e o imprimiu como seu próprio primeiro grau. Ele disse muito pouco sobre o segundo grau (o segundo grau sempre foi um pouco órfão). Ele roubou o adorável terceiro grau de Travenol, e acrescentou algumas notas, incluindo algumas linhas dizendo que antes da admissão do candidato, o MM mais recente na Loja deita-se no caixão, com o rosto coberto com um pano manchado de sangue, de modo que o candidato o verá levantado pelo Mestre, antes que ele avance para a sua própria parte na cerimônia.

De seu próprio material, não há muito; capítulos sobre a Cifra Maçônica, sobre os Sinais, Toques e Palavras, e sobre costumes maçônicos. Ele também incluía dois desenhos melhorados do Pavimento e duas gravuras excelentes ilustrando os primeiro e o terceiro graus em progresso. Seu catecismo seguia a versão de Travenol de muito perto, mas ele acrescentou quatro perguntas e respostas (aparentemente uma contribuição menor), mas elas são de grande importância em nosso estudo do ritual:

P. – Quando um Maçom encontra-se em perigo, o que ele deve dizer e fazer para chamar os irmãos em seu auxílio?

R. – Ele deve colocar suas mãos postas sobre a testa, os dedos entrelaçados, e dizer: “A mim os filhos da viúva”.

Irmãos, eu não sei se “dedos entrelaçados” eram utilizados nos EUA ou no Canadá; só vou dizer que eles eram bem conhecidos em várias jurisdições europeias, e “Filhos da Viúva” aparece na maioria das versões da lenda de Hiram.

Mais três novas perguntas são:
Qual é a Palavra de um Aprendiz? Resp: T
A de um companheiro? Resp: S
E a de um Mestre? Resp: G

Esta foi a primeira aparição de senhas impressas, mas o autor acrescentou uma nota explicativa:

Estas três senhas são pouco utilizadas, exceto na França e em Frankfurt am Main. Elas têm a natureza de palavras de passe, introduzido como uma salvaguarda mais segura (quando se lida) com irmãos que não as conhecem.

As senhas nunca tinham sido ouvidas antes desta data, 1745, e elas aparecem pela primeira vez, na França. Vocês devem ter notado, Irmãos, que algumas delas parecem estar na ordem errada, e, por causa da lacuna de 30 anos, não sabemos se elas estavam sendo usadas ​​na Inglaterra naquele momento ou se eram uma invenção francesa . Neste enigma temos uma curiosa peça de evidência indireta, e devo divagar por um momento.

No ano de 1730, a Grande Loja da Inglaterra foi grandemente perturbada pelas exposições que estavam sendo publicadas, especialmente a Maçonaria Dissecada de Prichard, que foi oficialmente condenada na Grande Loja. Mais tarde, como medida de precaução, certas palavras nos dois primeiros graus foram trocadas, um movimento que deu motivo, no devido tempo ao surgimento de uma Grande Loja rival. Le Secret, 1742, Le Catéchisme, 1744 e o Trahi, 1745, todos dão essas palavras na nova ordem, e em 1745, quando as Senhas fizeram sua primeira aparição na França, elas também aparecem em ordem inversa. Sabendo quão regularmente a França adoptou – e melhorou – práticas rituais inglesas, parece haver uma forte probabilidade de que as Senhas já estivessem em uso na Inglaterra (talvez na ordem inversa), mas não há um único documento inglês para apoiar essa teoria.

Então, Irmãos, até 1745 a maior parte dos principais elementos nos graus da Maçonaria já existiam, e quando o novo fluxo de rituais ingleses começou a aparecer na década de 1760, o melhor daquele material tinha sido incorporado em nossa prática inglesa. Mas ainda estava muito crua e uma grande quantidade de polimento precisava ser feita.

O polimento começou em 1769 por três escritores – Wellins Calcutt e William Hutchinson, em 1769, e William Preston, em 1772, mas Preston superou os outros. Ele foi o grande expositor da Maçonaria e seu simbolismo, um professor nato, constantemente escrevendo e melhorando seu trabalho. Por volta de 1800, o ritual e as Palestras (que eram os catecismos originais, agora se expandiram e explicavam em belos detalhes) estavam todos em seu melhor resplendor. E então, com um descuido típico inglês, nós estragamos tudo.

Vocês sabem, Irmãos, que a partir de 1751 até 1813, tivemos duas Grandes Lojas rivais na Inglaterra (a original, fundada em 1717, e a Grande Loja rival, conhecida como os “Antients”, fundada em 1751) e eles se odiavam com zelo verdadeiramente maçônico. Suas diferenças eram principalmente em questões menores de ritual e em seus pontos de vista sobre a Instalação e o Arco Real. A amargura continuou até 1809, quando os primeiros passos foram dados no sentido de uma reconciliação e uma união muito desejada das rivais.

Em 1809, a Grande Loja original, os ‘Modernos’, ordenou as revisões necessárias, e a Loja de Promulgação foi formada para aprovar o ritual e trazê-lo a uma forma que pudesse ser considerada satisfatória para ambos os lados. Isso tinha que ser feito, ou ainda teríamos duas Grandes Lojas até nossos dias! Eles fizeram um excelente trabalho, e muitas mudanças foram feitas em assuntos de rituais e procedimentos; mas uma grande quantidade de material foi descartada, e que poderia ser justo dizer que eles jogaram fora o bebê com a água do banho. A Colmeia, a Ampulheta, o Alfanje, o Pote de Incenso, etc. que estavam em nossos Painéis de Loja no início do século XIX desapareceram. Nós temos que ser gratos de fato pelo material esplêndido que eles deixaram para trás.

UMA NOTA PARA IRMÃOS NO EUA

Devo acrescentar aqui uma nota para Irmãos nos EUA. Vocês perceberão que até as alterações que acabo de descrever, eu venho falando sobre o seu ritual, bem como o nosso na Inglaterra. Depois da Guerra da Independência, os Estados rapidamente começaram a criar as suas próprias Grandes Lojas, mas o seu ritual, principalmente de origem inglesa – seja Antients ou Modernos – ainda era basicamente inglês. Suas grandes mudanças começaram em e por volta de 1796, quando Thomas Smith Webb, de Albany, NY, uniu-se a um maçom inglês, John Hanmer, que era bem versado no sistema de palestras de Preston.

Em 1797, Webb publicou seu Monitor do Maçom ou Ilustrações da Maçonaria, em grande parte baseados nas Ilustrações de Preston. O Monitor de Webb, adaptado do nosso ritual quando, como eu disse, ele estava em seu melhor brilho, tornou-se tão popular que as Grandes Lojas americanas, principalmente nos estados do leste naquela época, fizeram tudo que puderam para preservá-lo em sua forma original; eventualmente, com a nomeação de Grand Conferencistas, cujo dever era (e é) garantir que as formas adotadas oficialmente permaneçam inalteradas.

Eu não posso entrar em detalhes agora, mas a partir dos Rituais e Monitores que estudei e as Cerimônias e Demonstrações que vi, não há dúvida de que o seu ritual é muito mais completo que o nosso, dando ao candidato muito mais explicação, interpretação e simbolismo, do que normalmente é dado na Inglaterra.

Com efeito, devido às mudanças que fizemos no nosso trabalho entre 1809 e 1813, é justo dizer que em muitos aspectos, o seu ritual é mais antigo que o nosso e melhor do que o nosso.

Finis


——————————

[i] Henry Carr foi Past Master e Secretário por muito tempo da Quatuor Coronati Lodge No. 2076, CE, que é conhecida como a “Primeira Loja de Pesquisas Maçônicas.”.


Postado por jose roberto cardoso às 21:01 Nenhum comentário:
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