quinta-feira, 2 de julho de 2015





A barba de Aarão


Autor: João Anatalino

Quando Aarão foi instalado como Grão-Mestre do Oriente dos Filhos de Israel, Moisés  mandou  que  para  ele se fizesse umas alfaias, que se penduravam  em  seus  ombros  e  desciam  até  a altura dos seus rins com os dizeres “‘DOUTRINA E VERDADE”, pois aquela era a divisa que aquela Fraternidade iria propagar pelo mundo.(1) 

As  alfaias  foram  instituídas  como  substitutas  dos  ídolos, que eram proibidos   pela   tradição   hebraica.  Segundo  a  tradição,  Jeová  não queria  intermediários  entre  Ele  e  o  seu povo.  Por isso Ele baniu os ídolos (terafins), mas  permitiu  o uso dos tumins e os urins, que eram joias e adereços contendo proposições escritas que demonstravam os
propósitos buscados pela Irmandade de Israel.(2) 


E Moisés consagrou o Tabernáculo na forma como o Grande Arquiteto do  Universo  havia  ordenado, santificando depois a Aarão, espargindo sobre a  sua  cabeça o óleo precioso que escorreu para suas barbas e molhou as orlas do seu vestido.

Segundo o salmo 133, o óleo desce do alto da cabeça de Aarão e para a orla dos seus vestidos. Esse simbolismo tem uma correspondência muito significativa nos ensinamentos da Cabala. De acordo com essa tradição, a  barba  é  o influxo que nasce na primeira Séfora e percorre toda  a Árvore da Vida unificando a totalidade das realidades existentes
no universo.

(Árvore  Sefirótica  significa  o  Cosmo  como  realidade  macro  e o seu reflexo no homem como realidade micro). (2)

A   palavra   barba,   em   hebraico,   (Hachad)   significa   unidade, e por aplicação da técnica da gematria essa palavra é igual a 13. A=1, CH=8, d=4. Esses valores correspondem às partes da barba do Macroprosopo (O  Arquétipo  Celeste,  imagem  do  Grande Arquiteto do Universo), cuja proporção  numérica  e geométrica (o homem vitruviano) deu origem ao modelo do homem da terra. 

Assim, o Salmo 133,  na verdade,  é um simbolismo que tem origem no esoterismo da tradição hebraica, e a Maçonaria, ao adotá-lo na abertura de suas Lojas  simbólicas  não  está  apenas  contemplando  a idéia da Fraternidade  pura  e  simples,  mas  realizando  o  objetivo  cósmico  de integração total de todas as emanações de Deus. (3) Esse ato tornou-se parte dos rituais desde então e sobre ele se cantaram salmos e se compuseram hinos que até os dias de hoje se repetem na abertura dos trabalhos das Lojas maçônicas. 

(1) Razão pela qual muitas Lojas maçônicas mantém a tradição de adotar nomes que lembram divisas, tais como “Trabalho e Justiça”, “União e Caridade”,
“Sabedoria e Arte”,“ Perseverança e Virtude”, etc.. 

(2) Urins e Tumins são representações de ídolos, ou amuletos que segundo a
tradição esotérica possuem poderes mágicos. A tradição israelita proibia a consulta ídolos e a posse de urins e tumins, mas mesmo com essa proibição sempre havia, em Israel, quem os consultasse. Famosos personagens bíblicos como Rebeca, esposa de Jacó, e o próprio Rei Davi não foram infensos a essas práticas.

(3) Porque essa, além da interpretação esotérica dada pelos cabalistas à barba – que é a manifestação da primeira séfora (Kether, a Coroa) que se derrama pelo resto do corpo, (Árvore Sefirótica), o salmo 132 também consagra a União fraternal dos Irmãos em Loja.

(DO LIVRO cONSTRUTORES DO UNIVERSO, NO PRELO PARA PUBLICAÇÃO).
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 28/03/2010
Reeditado em 28/03/2010
Código do texto: T2164551
Classificação de conteúdo: seguro

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