sábado, 23 de fevereiro de 2013

A PALAVRA E O SÍMBOLO



A PALAVRA E O SÍMBOLO

O homem, no início de sua caminhada, tinha dificuldades e limitação para se comunicar e se expressar até mesmo por conta de sua reduzida capacidade cerebral.

Levando-se em conta a Teoria Evolucionista e voltando ao passado remoto encontraremos o homem primitivo semelhante a um símio, emitindo grunhidos e com um vocabulário – se considerarmos grunhidos, como fala – muito pequeno, muito restrito, necessário apenas para sua sobrevivência.

Na medida em que foi evoluindo, formando as idéias e o entrelaçamento entre elas, começou a memorizar coisas, a distinguir sentimentos, a observar o tempo e a definir o espaço.

Nesses primeiros momentos o registro daquelas expressões era feito através de desenhos contendo imagens de pessoas ou animais, armas e instrumentos, conforme podemos ver nas pinturas rupestres. 

Escrita rupestre (pintura)

O homem aprendeu com os acontecimentos, os lugares, o clima, por onde passou e sua memória começou a captar e a registrar situações, a idealizar. Muitas delas se tornaram rotineiras e foram recebendo identificações ou nomes, formando ideogramas.

A palavra passou a representar alguma coisa e tornou-se símbolo tanto pelo som quanto pela escrita, mesmo sendo  primitiva, mesmo sem ter ainda se tornado um alfabeto.

Quando as famílias foram crescendo, formando tribos, clãs, cidades e estados, a necessidade de se comunicar foi aumentando proporcionalmente e, então, a palavra começou a fazer parte de um idioma.

O homem deixou de ser nômade, tornou-se sedentário e passou ao cultivo das terras e a criação dos animais que faziam parte de sua cadeia alimentar. 

Os primeiros registros dessa situação surgem na região da Mesopotâmia, entre os rios Tigres e Eufrates. Ali aparece a civilização sumeriana, que nos deixou como legado as primeiras escritas, vieram também os babilônios e outros povos. A partir de então a humanidade começou a registrar com mais fidelidade os fatos históricos.

Pouco mais adiante encontramos a escrita egípcia e seus hieróglifos e assim por diante.

É bom ressaltar que o conhecimento dessas escritas – que começam a ter forma de alfabeto – era de uns poucos e aqui estamos nos referindo a “palavra escrita”.

Para que tenhamos uma idéia, na Idade Média tínhamos aproximadamente 95% de analfabetos. Imagine isso na Antiguidade.


Ocorre que a palavra nua, pronunciada de um para o outro, era uma herança forte e a tradição do conhecimento era repassada de pessoa a pessoa, de família a família, de povo para povo, mas encerrava também seus segredos e seus mistérios. Daí se falar muito na Arte da Memória.


Entre os judeus, as palavras se aliaram aos números e a Cabala resume todo esse conhecimento.

Entre os Hindus palavras se tornaram Mantras, emitindo em uma constância e tonalidade o seu som. Dizia-se e ainda se diz, com base nos relatos do passado, que há uma “palavra desaparecida” ou uma “letra” faltante na entoação dos Mantras e que se descoberta dará a pessoa o domínio do mundo.

Entre os Obreiros da Arte Real se fala na “Palavra Perdida”, na “Palavra Sagrada”, etc.

Inigo Jones, arquiteto inglês, dizia que tudo o que existia no mundo e fora criado pelo homem, vinha da mente, ou seja, do pensamento, de algo imaterial e que na concepção da idéia se transformava em realidade, ou seja, tudo que existe é criação nossa, mas aquilo que já existia e faz parte da natureza é criação da mente de alguém a que chamamos de Deus ou Grande Arquiteto do Universo.

Analisando resumidamente o texto que estamos escrevendo, podemos notar que as palavras são a expressão de ideias, num primeiro momento, ou seja, a expressão daquilo que está sendo criado, mas é também o plasmar dessa criação, ou um processo de incalculável poder. Talvez, por isso, tenhamos o seguinte ditado popular: “a boca fala o que o coração sente”.

Além de ser uma forma de comunicação, a palavra é também forma de expressão, de criação e de destruição. Com uma palavra se faz a guerra e com uma palavra se faz a paz.

A palavra expressa sentimento, transforma um ambiente, e pode fazer o bem ou o mal. Pode, inclusive, materializar esses sentimentos.

A palavra é, na realidade, a mãe de todos os Símbolos até por que pode conter todos eles.

As palavras ditas produzem vibrações e conduzem sentimentos decorrentes de uma ideia. Assim, a palavra “amor” transmite uma sensação boa, uma vibração positiva, enquanto que a palavra “ódio” significa o contrário e assim por diante.

Muitas vezes falamos na formação de uma Egrégora como se ela contivesse apenas bons sentimentos, mas não é assim. Ela contém sentimentos, energias, vibrações, que podem ser boas ou ruins.


Exemplificação de uma Egrégora

Há uma outra expressão popular que diz que são três as coisas que não voltam atrás: “a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.

Na história da Maçonaria a “palavra” carrega toda a força das antigas tradições nos seus aspectos místicos, esotéricos e filosóficos e tem uma importância de imensa relevância em nossa ritualística.

Por tudo isso, podemos notar que a palavra é um bem precioso e que deve ser usada sempre no sentido de se construir um mundo melhor, de transformar o homem velho, no homem novo, de nos conduzir em nossa jornada espiritual.

A palavra pode ser uma chama que alimenta nossa alma, mas pode ser também o fogo que destrói. Pode ser motivo de união e de afeto, mas pode, também, ser a razão de guerras e de ódios. Ela pode ser o frio que faz bem, mas também o frio que mata. É preciso ter sabedoria para se usar as palavras. O seu domínio é a essência de um sábio.

A filosofia maçônica nos induz a fazer o bem, a sermos homens justos e de bons costumes, a vencermos os vícios e a construirmos um mundo melhor e, sendo assim, devemos primar pelo bom uso das palavras e pelo cuidado na geração das idéias.

A palavra entre nós, Obreiros da Arte Real, deve simbolizar sempre Sabedoria, Força e Beleza.

Finalizando, a você que terminou de ler esse texto, gostaria de lhe dirigir algumas boas palavras: “Que o Grande Arquiteto do Universo o abençoe, ilumine e cubra de bênçãos”!

Que assim seja!


Ir. José Roberto Cardoso
ARLS Estrela D´Alva nº 16