domingo, 10 de dezembro de 2017



TEMPLÁRIOS (HERMETISMO)


Por Oliveira Pereira (Oriente de Portugal)

O MITO DA ORIGEM TEMPLÁRIA NA ARTE REAL

O contato que a Ordem do Templo teve com a cultura dos povos árabes, judeus e cristãos ortodoxos Orientais do Império Bizantino, veio a proporcionar-lhes uma visão do mundo mais alargada e mais moderna, até então limitada ao cristianismo católico romano, que durante a Idade Média, não admitia qualquer outro conhecimento que fosse divergente do que preconizavam os doutores da Igreja, e quem arguisse sobre este conhecimento, corria sérios riscos de sofrer os suplícios da Santa Inquisição. Todavia, mesmo o conhecimento do sagrado pode ter várias interpretações, pelo menos a do Iniciado que conhece os mistérios, e a do profano que observa os símbolos sem conhecer o seu significado. Pelo que com os alicerces submersos neste princípio pensa-se que o conhecimento Templário se dividia numa sabedoria exotérica e numa sabedoria esotérica. Estando este último saber, apenas reservado a alguns membros da Ordem do Templo, e muito provavelmente, a membros que integravam uma Ordem Interna, dentro da Ordem Externa, que sob o juramento de absoluto sigilo e de obediência cega às regras, em rituais secretos, obtinham a sua aceitação na Ordem Interna. Aliás, até é muito provável que alguns membros desta restrita Ordem Interna tivessem sido iniciados nas escolas de mistério do Oriente, onde por certo lhes foi revelada a sabedoria secreta do passado, que muito contribuiu para o saber Templário nas diversas áreas do conhecimento humano. 

Naturalmente, que os Cavaleiros Templários que foram iniciados nas escolas dos mistérios do Oriente, pertenceram à Ordem “Invisível” dos Cavaleiros do Templo. Pois, se tivermos em conta a reflexão que Fernando Pessoa faz desta “Ordem” nos seus textos de “Filosofia Hermética”, leva-nos a concluir que houve fortes probabilidades desta Ordem ter existido, ora vejamos a reflexão que fez este Poeta-Filósofo: «a Ordem de Cristo não tem graus, templo, rito, insígnia ou passe. Não precisa reunir os seus cavaleiros, para assim lhes chamar, conhecem-se sem saber uns dos outros, falam-se sem o que propriamente se chame linguagem…». Em boa verdade, este grande vulto da nossa literatura não se refere propriamente há “Ordem de Cristo” de natureza histórica, associativa, notarial e estatutária, conhecida por todos nós como a herdeira do espólio Templário, mas sim à dita “Ordem Invisível”. A escolha do nome “Ordem de Cristo”, destinou-se apenas a passar uma mensagem aos Iniciados e a confundir o leitor que não esteja familiarizado com Organizações Iniciáticas. Aliás, no mesmo sentido escreveu de forma muito semelhante Raymond Bernard, durante muitos anos Grão-mestre da Ordem Rosa-Cruz em França, ora vejamos o que este Iniciado escreveu: «Não somos regidos por juramento algum ou por regra alguma, pois estamos para além de qualquer juramento, de qualquer estatuto e de qualquer regra. A nossa única obrigação é a disciplina hermética, que observamos voluntariamente. Não temos qualquer marca exterior de reconhecimento. De que nos servia isso, visto que somos capazes de nos reconhecer imediatamente? ». Em face destas reflexões, estamos aptos a admitir que um Cavaleiro Templário que evoluiu nos diversos graus de perfeição, está dispensado da regra e liberto de qualquer juramento, uma vez que se transformou num Homem “Perfeito”, capaz de construir o “Templo da Verdade”. Assim, através das reflexões que foram feitas por estas destacadas personagens, concluímos que nas Organizações Iniciáticas existem três Ordens, a saber: a “Ordem Externa”, que é a estrutura da Organização visível ao “exterior”; a “Ordem Interna”, que é a estrutura mentora da “Ordem Externa” e desconhecida desta; e a “Ordem Invisível”, que é a estrutura que forma os membros da “Ordem Interna”. Pelo que se supõe que a Ordem do Templo seguiu os princípios de qualquer Organização Iniciática. 

Voltando à sabedoria que foi adquirida pelos Cavaleiros do Templo nos territórios de Além-Mar, e em particular o conhecimento da Antiguidade que se supunha há muito perdido, conduziu a que estes cavaleiros passassem também a olhar a Pedra com um olhar de reverência, tal como os povos antigos a tinham reverenciado, pois tanto pela sua solidez, como até pela sua durabilidade, e pela energia que emana conferem-lhe características que são atribuídas à própria Divindade, fossem elas preciosas ou não. Pelo que por consequência da obtenção deste saber milenar, os Cavaleiros do Templo redescobriram que a Arquitetura tinha sido desde sempre uma arte sagrada muito intimamente ligada aos sacerdotes e à religião, e como a Pedra pela sua durabilidade podia eternizar as suas mensagens, então também por essa razão passaram a usá-la para gravar profusamente os seus símbolos, pelo que ainda hoje são vulgarmente encontrados em todos os territórios por onde os Cavaleiros do Templo passaram. Assim, através da Ordem do Templo a Pedra passou a ter uma maior notoriedade no Ocidente, e particularmente na Europa, que por terem construído muito com a Pedra, os Cavaleiros Templários ficaram conhecidos nos territórios por onde passaram, tanto como guerreiros destemidos e disciplinados, como ficaram conhecidos também por serem grandes construtores, e muito justamente uma vez que nos seus Estados souberam dinamizar e providenciar a construção de muitos castelos fortificados, portos, pontes, estradas, celeiros, moinhos, alojamentos para as suas tropas, estábulos e oficinas e até fundaram muitas urbes que viriam a transformar-se séculos mais tarde em grandes cidades, como foi o caso das cidades de Tomar e de Castelo Branco. Aliás, diversas ruínas situadas no Sul da Europa e na Palestina demonstram ainda hoje porque razão os Cavaleiros Templários eram conhecidos como grandes engenheiros construtores e porque eram também conhecidos por “Fratres Salomonis”. 

Ora bem, por consequência dos Cavaleiros Templários terem dirigido os trabalhos de construção nas mais variadas obras públicas, ou simplesmente por terem exercido a função de Mestres com funções de supervisão destas obras, com a inerente competência de instrução dos “Aprendizes da Arte Real”. Muitos destes Cavaleiros receberam também a Iniciação de “Companheiros da Arte Real”, tornando-se por consequência desta sua dualidade, tanto Cavaleiros Guerreiros, como “Companheiros da Arte Real, e temos como prova concreta desta dualidade de qualidades, o facto de na cidade de Metz, ter havido uma fraternidade de “Obreiros da Arte Real” que se reunia na Comendadoria dos Cavaleiros Templários. 

Por outro lado, sabe-se que pelo facto dos “Obreiros da Arte Real” estarem ao serviço da Ordem do Templo, recebiam como contrapartida o reconhecimento de serem artesãos de mestres francos, ficando por isso isentos de muitos impostos, ao mesmo tempo que gozavam de imunidades, que lhes permitiam viajar e exercer livremente o seu ofício, o que naquela época acontecia com muita frequência, tanto por motivo de guerras, como por motivo de pestes, ou outros flagelos, o que fazia com que muitas construções fossem interrompidas e por isso os “Obreiros da Arte Real” procuravam servir os Grandes Senhores em outros territórios. Esta liberdade de circulação dos Obreiros que Talhavam a Pedra é tão mais importante quando é do conhecimento geral que na Idade Média a sociedade era principalmente rural, e que, por conseguinte a maior parte da sociedade dividia-se em senhores feudais e servos, sendo estes últimos pouco mais que escravos, uma vez que não eram livres para irem para outro lugar ou outro feudo. Assim, por consequência do livre trânsito entre os diversos Estados da Europa que foi atribuído aos “Obreiros da Arte Real”, permitiu que este Obreiros ganhassem o nome de “pedreiros livres”, cujas suas associações, confrarias, ou grémios acabaram por ser o alicerce das Ordens Iniciáticas Discretas que hoje conhecemos. Pois, a esses construtores do passado vieram a suceder-lhes os Maçons e os Cavaleiros de hoje, dito tradicionalmente assim, porque hoje estes Obreiros apenas trabalham a Pedra simbolicamente. 

Desde o início do período que marcou a construção das Catedrais góticas, formaram-se Lojas de “Obreiros da Arte Real” para garantir a necessária organização à construção dos edifícios. Assim, a Igreja, o Rei ou o nobre que desejassem construir uma catedral, um castelo ou um palácio, empregavam um Mestre da Arte Real que estabelecia a sua própria organização, e usualmente atuava como mestre-de-obras e arquiteto responsável pela obra. Este grupo para ser funcional construía uma estrutura temporária (estaleiro de obras), que funcionava como local de armazenamento dos materiais e como local de construção. Nos primeiros tempos, este local era também usado como refeitório e dormitório dos obreiros, sendo então chamado de Loja, porque não era mais que um toldo em pano chamado “loja” por equipa de trabalho, preso a quatro estacas para proteção da agressividade dos elementos. No período inicial, cada Loja ou equipa era composta por: Aprendizes, Companheiros e um Mestre. Os regulamentos e as normas de trabalho, indispensáveis à obra, norteavam a vida profissional e pessoal dos Obreiros que nela trabalhavam. Mas, para além destas leis de cumprimento geral, existiam os segredos operacionais que eram mantidos invioláveis em cada Grau da Instituição. Somente o Mestre conhecia e entendia todos os segredos, que eram principalmente o conhecimento das fórmulas da Geometria e a capacidade de aplicá-las nos projetos de arquitetura. Foi o trabalho destes Obreiros da Arte Real que desenvolveu e introduziu na Europa o estilo gótico, que não é mais do que a arquitetura sarracena, em substituição do estilo românico, o qual por mais de 400 anos foi o estilo predominante na maioria dos países da Europa. Hoje, são raros os Obreiros Operativos da Arte Real, pelo que os atuais Obreiros especulativos são devedores de gratidão e reconhecimento àqueles Irmãos que, pelo seu engenho e arte, deixaram construções que tanto maravilham ainda hoje os olhos dos milhões de pessoas que os visitam e que sabem apreciar a excelência do Estilo Gótico. 

Na verdade, as Confrarias de Pedreiros tiveram uma estreita ligação com a Ordem do Templo. Não só porque os seus membros acompanhavam os Cavaleiros Templários nas suas construções, como também, porque o seu corpo especializado em construções e fortificações as integrava. Pelo que por consequência da ação da “Santa Inquisição”, após a aparente dissolução da Ordem do Templo, as Confrarias de Pedreiros foram o abrigo seguro para muitos Cavaleiros Templários, uma vez que elas reuniam o trabalho que eles de melhor sabiam fazer e em caso de perigo podiam facilmente transpor as fronteiras dos Estados. Pelo que a ligação das atuais Ordens de Iniciação Discretas com a Ordem do Templo tem vindo a ser aceite por muitos investigadores, não apenas na qualidade de iniciadora, mas também como depositária das principais tradições. Naturalmente, com a evolução dos acontecimentos históricos, todos aqueles que tinham justos motivos para se ocultarem dos rigores da Igreja, e dada a facilidade que fora atribuída aos “Pedreiros-Livres” em transpor fronteiras, juntaram-se às Confrarias destes muitos outros perseguidos, como sejam os Rosa-Cruzes, Alquimistas, Pitagóricos, Astrólogos, Cabalistas… etc. o que conferiu aos seus rituais a miscelânea que hoje conhecemos. 

Outro marco que regista a influência Templária nas Confrarias de Pedreiros, é o facto das Catedrais góticas esconderem na sua arquitetura mistérios que estão muito para além do culto cristão, mais consentâneos com os cultos sagrados pagãos, o que nos leva a supor, que os construtores destes belos Templos de pedra talhada, eram Iniciados nos antigos cultos esotéricos, e deste modo parece que os “Pedreiros-Livres” tinham um evidente relacionamento com os Cavaleiros Templários. Aliás esta hipótese é reforçada, pelo facto da Pedra considerada como fundamental em toda a construção de uma Catedral gótica, ser um cubo perfeito, na qual segundo a lenda, os construtores faziam inscrições misteriosas, orações e desenhos cujo significado era somente do seu conhecimento. Ritual ainda hoje existente, nomeadamente com a cerimónia da “primeira pedra” de um edifício, que nos leva a associá-lo à pedra cúbica dos Templários e dos “Pedreiros Livres”. 

Assim, o Cavaleiro de ontem, tal como o Cavaleiro de hoje e o “Pedreiro-Livre”, retira as asperezas da Pedra Interior, até despertar no seu coração o sentimento da sua própria dignidade que o incentiva ao estudo da Verdade. Hoje, tal como ontem o Cavaleiro Templário e o “Pedreiro Livre” lutam contra os inimigos naturais e internos do próprio Homem que são a luta contra: as paixões mundanas, a hipocrisia, os perjuros e desleais, os fanáticos e os ambiciosos, e os que alimentam a ignorância e o obscurantismo. Esta é a antiga batalha entre a Luz e as trevas, travada desde sempre dentro e fora da Alma humana. Alguns antigos Templários afirmavam, também que a Pedra áspera era análoga à matéria-prima dos Alquimistas, devendo ser talhada com muito cuidado e muito Amor, uma vez que no seu interior está a Rosa Mística que é o tesouro do próprio Ser que transmuta todos os defeitos em virtudes, tornando o Homem comum num Homem Santo. 

Devido ao legado Templário nos “Grémios de Pedreiros”, ainda hoje podemos encontrar vestígios desse legado nas suas “Lojas”. Ora vejamos: facilmente podemos descortinar a cruz pátea em muitos estandartes, joias, condecorações e insígnias destas Lojas; como podemos encontrar muitos títulos honoríficos de cariz Templária; podemos também ver na decoração dos seus Templos os losangos pretos e brancos que derivam da bandeira Templária; como podemos ver a orla dentada; a bandeira marítima de guerra com a caveira e as duas tíbias cruzadas, bem como muitas outras tradições Templárias que impregnam muitos ritos destes Grémios, pelo que pelas suas lendas, símbolos, costumes e tradições retiramos que não esqueceram a sua origem Templária e honram esse passado lendário com deferência e muita honra. 


SIMBOLISMO DA CRUZ PÁTEA 

A Cruz Pátea tem o seu início num Ponto, o qual para além de representar a origem de tudo quanto existe, representa também a Força Criadora do Cosmos, a síntese de todos os possíveis tangíveis e intangíveis, o princípio de toda a Emanação Divina. 

Sem o poder do Ponto, que trouxe a desordem para o Universo, a Natureza não teria conhecido a desarmonia, e, por conseguinte, nunca se teria separado das leis prescritas pelo Eterno. Todavia, apesar da sua aparente desordem, quando a consideramos como sendo a câmara que gera e difunde universalmente a vida, percebemos quanto ela é maravilhosa em suas criações, e por isso estamos muito gratos a esse ponto divino que a gerou. 

Neste princípio, tal como o Universo conhecido nasceu a partir do ponto, também a partir deste, onde a dualidade não se manifesta, começa também a ser traçada a Cruz Pátea, e tal como a manifestação divina se expande em todas as direções do espaço, também os braços da Cruz Pátea o fazem, até encontrarem a limitação circular que lhe fora imposta pelo Compasso, símbolo do espírito e da precisão matemática, cujo testemunho simbólico é de que o Caos já se encontra ordenado e que o regresso da pluralidade à unidade é uma verdade latente e incontestável das leis universais. 

Por outro lado, os “Quatro Braços Externos” da Cruz Pátea, a “cheio” e de cor vermelha, representam o Mundo Material, a Obra Manifestada por excelência, que nas ciências herméticas é simbolizada pelos Quatro Elementos: Fogo, Ar, Terra e Água. 

Em verdade, os “Quatro Braços Externos” da Cruz Pátea também advertem o Iniciado para a importância que têm as Quatro Virtudes Cardeais: Força, Justiça, Temperança e Prudência, no contato que este estabelece com o mundo exterior, como também o adverte para a existência dos Quatro verbos Mágicos: Saber, Ousar, Querer e Calar. Pois será através destes princípios fundamentais que o Iniciado poderá transformar as suas ideias em manifestações materializadas. E tanto mais, que tendo os braços externos da Cruz Pátea origem no Centro, as Quatro Virtudes e os Quatro Verbos Mágicos representam também a forma que o Criador deu à Obra Manifestada. Pelo que o Iniciado ao desenvolver as Virtudes mencionadas a par com os Verbos Mágicos, poderá expressar na materialidade a Vontade Divina. 

Por sua vez, os Braços Externos da Cruz Pátea dão lugar à formação de “Quatro Braços Internos”, formados pelo espaço “invisível”, não material e de trajeto contrário aos Braços Externos. Pelo que estes simbolizam o Mundo invisível e as manifestações não visíveis. Relembrando assim ao Iniciado, que o que imprime movimento ao mundo Criado é a Força e a Vontade do mundo não manifestado, pois é através do espaço representado pelos Braços Internos que os Braços Externos da Cruz Pátea adquirem a capacidade de se movimentarem. Pois, tal como estes, será a Força Interior do Iniciado que terá de se manifestar no exterior e não o seu contrário. Em verdade, o desenvolvimento interno conduz posteriormente a uma manifestação externa. 

Os Quatro Braços Internos, ao contrário dos Quatro Braços Externos da Cruz Pátea, apontam, como setas, para o centro, representado pelo Ponto. Estas “setas” lembram ao Iniciado a efusão do Espírito Santo no Pentecostes e a caridade que reúne os graus do ser. Símbolo por excelência do homem novo. 

Por outro lado, a soma dos Quatro Braços Externos (Mundo Externo) com os Quatro Braços Internos (Mundo Interno) conduz-nos ao Número Oito. O número que personifica a Unidade indispensável ao início de um novo ciclo. O Iniciado ao compreender e aplicar no seu desenvolvimento pessoal os segredos revelados pela Cruz Pátea, sentirá a necessidade de procurar o seu Centro, a sua Matriz criadora. E, ao encontrar este Centro divino, ele dará início a uma nova vida, a um novo ciclo. 

O Oito simboliza a encarnação do Espírito na Matéria, a ideia de Morte e Transformação encontra-se sempre nele presente. Claro que se trata de uma Morte Mística, na qual o Iniciado morre para a sua velha natureza e renasce como um Novo Homem pronto a cumprir o seu Ministério, ou seja, de uma existência inconsciente e regida pela sua natureza inferior, o Iniciado passa a uma existência consciente regida pelo seu Eu Superior. Então, este Novo Homem perfeito passa a ser simbolizado pelo Ponto. Pois ele soube metamorfosear-se num Deus em potência e em ação. A partir desse momento o Iniciado poderá dar início à construção da sua própria Cruz Patela. Partindo do Ponto, com o esquadro e o compasso traça o seu eixo e o Círculo limitador. Em suma, o Número Oito, o número templário por excelência simboliza a síntese dos ensinamentos da Cruz Patela. 

Em verdade, a Cruz Patela expressa na sua formação simbólica uma definida Via Iniciática. A Iniciação é aqui entendida como um processo de Regeneração, ou seja, Iniciar-se significa Regenerar-se. Aliás, o objetivo final é esse: passar de um estado humano, instintivo, desordenado, unicamente material a um estado de supraconsciência ordenado e espiritual. A sua simbologia tem por propósito guiar todos aqueles que desejem seguir a Via da Regeneração, para que possam entregar-se ao serviço no mundo manifestado. A simbologia da Cruz Pátea tem uma forte ligação com o ideal de Cavalaria Espiritual. Não será por acaso que a Ordem do Templo, especialmente os Templários Portugueses a usaram como seu símbolo principal. Aliás, quando encontramos esta Cruz esculpida à entrada de alguns Templos medievais, sabemos que no interior daquele templo encontraremos as mensagens necessárias ao fortalecimento do nosso Eu Superior. Cada um destes Templos possui uma considerável carga energética. Tal se deve ao facto de terem sido erigidos no cruzamento de Linhas Telúricas com linhas estelares. “O Ponto” onde foram edificados estes monumentos, resulta do cruzamento de uma linha terrestre com uma linha estelar. Estas forças energéticas também estão simbolizadas pela Cruz – O Traço horizontal personifica a linha terrestre, a Força Telúrica; o traço vertical personifica a Linha Estelar, ou seja, a influência que os Astros exercem sobre o nosso planeta. Desta forma temos presente a fusão de duas forças opostas que se harmonizam e se complementam num único ponto. 

Depois do Iniciado ter alcançado a Iluminação, é chegada a altura deste atuar sobre o mundo manifestado, sem esquecer que toda a sua ação é conduzida pela Inspiração Divina e que o trabalho que realizou em si próprio deve ser projetado no mundo manifestado, ou seja, deve trazer a Ordem ao Caos. 

Texto inspirado no artigo com o mesmo nome, publicado na Internet pela Sociedade das Ciências Antigas. 


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