quinta-feira, 26 de outubro de 2017


Extraído do blog "O ponto fora do Círculo"

A ALMA COLETIVA PITAGÓRICA


Cada fato e cada relato da história pitagórica foram colocados em xeque pelos críticos, exceto, como bem observa Burkert, a existência de comunidades pitagóricas, não somente no século V como à época de Platão e, ainda, no século I a.C.[20]. O discipulado pitagórico continuou por alguns séculos após a extinção das comunidades, mesmo que de forma clandestina. As fontes são praticamente unânimes em apresentar uma confraria dedicada a um estilo de vida que se diferenciava daquele de seus contemporâneos, organizada segundo regras bem precisas de convivência. Nesse sentido, convém destacar, conforme colocação de Gabriele Cornelli, que tal advento introduziu, pela primeira vez na história da filosofia ocidental, um grupo de pensadores identificados entre si não pela proximidade geográfica, como foi o caso dos eleatas e jônicos, mas, sim, pela relação com seu fundador: daí o termo pythagoreíoi[21].

A escola que Pitágoras fundou na Itália tinha por escopo a realização de determinado tipo de vida, o que permite que se fale de um “bíos pythagorikós”. Um dos critérios essenciais para a identificação de um pitagórico, como aponta a tradição, revelava-se na adesão incondicional a essa forma de vida própria, cujo caráter ímpar pode ser evidenciado na maioria dos testemunhos. Exemplo disso é dado por Jâmblico, que, numa tentativa de explicar a revolta anti-pitagórica, diz:

[…]E os líderes da revolta foram exatamente aqueles que detinham relações de parentesco mais próximas com os pitagóricos. E a razão era que estes – exatamente como a população em geral – ficavam irritados com a conduta dos pitagóricos em praticamente qualquer aspecto dela, na medida em que esta era diferente da dos outros. (Jâmblico, VP 255, grifo nosso)

Outro testemunho é trazido por Platão, na República, quando ao comparar os pitagóricos aos seguidores de Homero, confirma o caráter distintivo de suas vidas:

[…] se diz que Homero, durante sua vida, tenha dirigido a educação dos discípulos que estimassem sua companhia, e que tenha transmitido à posteridade certo estilo de vida homérico, da mesma maneira que Pitágoras que, por esse motivo, foi sobremaneira amado; e seus discípulos até hoje chamam pitagórico este estilo de vida, e por este parecem distinguir-se dos outros. (República, X, 600 a-b, tr. P. Nassetti, grifo nosso)

A escola pitagórica não era apenas uma sucessão de mestres e alunos, como se verifica na tradição jônica, mas uma irmandade à qual se era admitido por mérito e não pelo pertencimento a certa família ou clã. Havia, para tanto, um rígido critério de admissão: após cuidadoso exame para verificar as relações, condutas e caráter do pretendente – onde se utilizavam, inclusive, técnicas fisiognomônicas para desvelar o pendor da alma do ingressante–, sucedia-se um período probatório, dokimasía, aparentemente um grau externo. No que concerne aos graus internos do discipulado, informa Ferreira dos Santos que o grau de preparação, paraskeiê, durava cinco anos, seguindo-se-lhe o grau de cathartisis, onde ocorria a purificação; finalmente, no último grau, o teleiôtes, correspondente ao fim, telos, eram reveladas as primeiras e últimas causas das coisas[22]. Ou, ainda, como relata Jâmblico[23]:

[…] Aqueles que superavam este exame eram relegados à observação externa por três anos, para examinar-se sua firmeza e real desejo por conhecimento […]. Após esse período, impunha-se aos postulantes um silêncio de cinco anos, para testar sua continência. Pois de todas as provas de autocontrole, aquela de frear a língua é certamente a mais dura, como bem demonstram aqueles que instituíram os Mistérios. (Jâmblico, VP 71-72)

A organização pitagórica se perpetuava por meio da transmissão de preceitos ouvidos, akoúsmata, e de sinais de reconhecimento, symbola, também conhecidos como contra-senha. Várias das doutrinas relatadas por autores tardios foram transmitidas verbalmente, geração após geração, de acordo com os akoúsmata[24]. Os iniciados pitagóricos as apreendiam – entrando em contato com o conteúdo de seu catecismo[25] doutrinal e prático – e as memorizavam. Já as contra-senhas lhes asseguravam um reconhecimento de sua nova condição de iniciados, por parte tanto de seus companheiros quanto dos deuses, deste mundo e do próximo[26]. As doutrinas da escola eram consideradas um segredo e sua propagação estritamente reservada aos adeptos; através do silêncio, as experiências iniciáticas se mantinham como prerrogativas exclusivas de seus iniciados, atitude que impediu a divulgação e o conhecimento das mesmas. O segredo levado adiante no Pitagorismo seria, antes, um silêncio acerca de suas experiências, mais que sobre suas palavras[27].

Não obstante a importância de tal forma de perpetuação, a estrutura do conhecimento pitagórico não se fundamentou, exclusivamente, sobre os preceitos transmitidos. Antes de prosseguir, se faz necessário elucidar que existiram dois movimentos diferenciados dentro da cronologia da escola pitagórica, considerados divergentes ou complementares, conforme a leitura. Após o esfacelamento da liga pitagórica e suas ramificações ao princípio do século V a.C.[28], os membros dispersos entraram em contato com círculos que apresentavam tendências mais cientificistas, de forma que o antigo ideal de vida pitagórico, que podia efetivar-se apenas no seio da comunidade, foi se restringindo e se readaptando a outra forma de continuidade que contemplava o estudo científico. Assim, os mais antigos continuavam a fazer dos akoúsmata seu guia, enquanto membros mais novos orientaram-se em direção a elaborações intelectuais provenientes do estudo e da contemplação[29]. Em alusão aos dois “gêneros” de pitagóricos, lemos em Jâmblico:

Dois são os tipos de filosofia itálica, chamada pitagórica. Pois duas foram também as categorias de seus praticantes, os acusmatici e os mathematici. (Jâmblico, Comm. Mat, KRS fr.280)

O fato é que as duas formas tomadas pelo Pitagorismo não representaram segmentos estanques, e se consolidaram, uma e outra, como categorias pitagóricas. Enquanto alguns estudiosos destacam a característica místico-doutrinária da escola, outros elegem precipuamente sua qualidade ligada ao estudo. Rohde, por exemplo, entende que a parte mais antiga do Pitagorismo alinha-se com as crenças e a disciplina dos órficos, fundamentando-se no elemento religioso e formando o que seria o “ascetismo-pitagórico”. Sem prejuízo dessa apreciação, Rocha Pereira registra que a maior novidade da escola foi a utilização da forma racional como caminho para a elevação[30]. Em defesa da convergência de todas as faces do Pitagorismo, Guthrie, em sua obra The Earlier Presocratics and the Pythagoreans, apresenta elaborado estudo para demonstrar que o lado religioso e o filosófico do Pitagorismo são, complementarmente, dois lados de um mesmo e unitário sistema[31].

Houve no corpus pitagórico uma orientação em direção a uma finalidade única, que amalgamava o conjunto dos vários pitagóricos de tendências e períodos distintos: a aquisição do conhecimento que permitiria a ascese anímica. Para alcançar tal escopo, o prosélito esforçava-se por cumprir as regras da vida pitagórica, utilizando práticas específicas para a purificação que incluíam determinados exercícios físicos e mentais, a preocupação com a dietética[32] e a utilização da música com fins terapêuticos[33]. De forma especial, a tradição destaca o exercício da memória, um dos elementos fundamentais para o propósito almejado. Neste sentido, o membro da koinonía pitagórica era instruído a dedicar um período específico do dia para a prática da anámnesis:

Acreditavam que se deveria reter e conservar na memória tudo aquilo que era ensinado e escutado. […]O filósofo pitagórico não se levantava da cama antes de ter chamado à memória aquilo que havia acontecido no dia anterior. […]Estimavam, pois, em especial modo a memória e dela se ocupavam, e no aprendizado não abandonavam aquilo que era ensinado antes de terem consolidado o que concernia à doutrina dos princípios[34]. (Aristóxeno, 58 D1 D.K., Jâmblico, VP 164-166)

Retomemos a questão da estrutura do conhecimento pitagórico. Vimos que, em parte, tal conhecimento era apreendido através dos preceitos transmitidos; por outro lado, havia a forma de obtenção de conhecimento advinda da contemplação e do estudo, sobre a qual se fundamentavam os mathematici. Esta categoria de pitagóricos científicos realizou profundas investigações nas áreas da aritmética, música, geometria e astronomia, “as quatro ciências matemáticas”[35] que teriam sido estabelecidas por Pitágoras em seu tratado Sobre os deuses, obra mencionada e examinada por Jâmblico em Teologia da Aritmética[36]. Os conhecimentos assim adquiridos foram empregados em questões bem mais práticas do que se pode supor, posto que suas ideias e princípios eram aplicáveis a cada nível de existência, do universal ao cotidiano. Em tal âmbito, foram inúmeras as inovações e contribuições dos pitagóricos para o mundo ocidental. Verifiquemos alguns exemplos.

Alcméon de Crotona fez importantes avanços em astronomia, constatando, entre outras coisas, que os planetas efetuam um movimento contrário ao das estrelas fixas, do oeste para o leste[37]. Essa observação encerrava o germe da concepção de movimento da Terra que viria com Filolau. Ecfanto de Siracusa também afirmou o movimento de rotação da Terra, de oeste a leste; além disso, teria professado um atomismo de inspiração pitagórica, tornando as mônadas corporais, embora governadas por uma espécie de “Providência”. Ainda no campo astronômico, o pitagórico Enópides de Quíos teria sido o primeiro a descobrir a obliquidade do círculo de constelações e o período de revolução completa dos planetas; em decorrência disto, auferiu a duração do ano trópico terrestre, com grande exatidão[38]. Ademais, solucionou, na área matemática, dois problemas do primeiro livro de Euclides.

Arquitas de Tarento, por sua vez, além de matemático de primeira linha, foi um filósofo brilhante em geometria, mecânica, música e biologia. Atribui-se a ele grande número de invenções, a tal ponto que o especialista Mattéi o intitula “o Leonardo da Antiguidade”[39]. Além de escrever numerosas obras acerca de assuntos distintos, aplicou suas reflexões, principalmente, à ciência da harmonia. Com ele, surge a primeira hipótese de um universo infinito, acepção bastante distante do pensamento grego da época. Afirmava a preeminência da “arte do cálculo”, logismós, sobre todas as outras artes, inclusive sobre a geometria, pois a arte do cálculo é aquela capaz de alçar-se ao nível das “formas” (tá eídea), como se revelaria, posteriormente, na reflexão platônica. Também meditou acerca da dialética entre o finito e o infinito, ponto que será visto no próximo item[40].

O pitagórico Filolau postulou, cerca de dois mil anos antes de tais teorias serem expressamente aceitas, tanto a forma esférica da Terra e dos astros quanto o fato de a Terra não estar em repouso e nem ocupar o centro do mundo, fazendo parte, hierarquicamente, de uma ordenação em torno de um fogo central único[41]. Preparava, assim, o caminho para os filósofos posteriores até chegar ao heliocentrismo de Nicolau de Cusa e Copérnico. Outras descobertas científicas realizadas por pitagóricos se encontram especialmente recolhidas nos testemunhos de Censorino, Sexto Empírico, Aécio e Proclo. Cabe lembrar que ao próprio Pitágoras é atribuída a invenção – ou, ao menos, a sistematização – da aritmética grega, decimal e nominativa, diversa da caldaica, sexagesimal e de posição[42].

O Pitagorismo ultrapassa, portanto, o conhecimento advindo das aparências sensíveis. A substituição das cosmologias em vigor na época – que faziam da Terra o centro do cosmos – por uma cosmologia matemática permite algumas ponderações. Descobertas de tais ordens, levando devidamente em conta a época em que foram feitas, só se explicam se tiverem sido precedidas por alguma espécie de “lampejo” ou “intuição” que teria conduzido à hipótese propriamente científica. Dentro do âmbito cientificista, o caráter intuitivo do conhecimento deve ser entendido à luz da questão da “revelação”. As revelações recebidas pelos pitagóricos fazem parte, ainda hoje, de uma questão comentada por estudiosos. Vejamos.

Burkert sustenta que o modo de apreender pitagórico fundamentava-se na forma intuitiva, diferentemente da forma empirista e observacional consolidada pelos modernos. Zeller, reconhecidamente um cético em relação a questões que fujam à observação científica, admite tais influxos e ainda confirma o alto valor que os pitagóricos emprestavam à predição[43]. Cornford, por sua vez, observa que não é fato desconhecido que alguns filósofos recebessem a verdade por meio de uma “revelação inspirada”. Essa forma de adquirir conhecimento verifica-se em certos momentos da filosofia e foi aceita e respeitada por muitos. Kinsley constata que a revelação não nega o caráter observatório ou empírico da experiência: “a observação do mundo natural se combina ao sentimento de ser guiado pela revelação divina”. O autor esclarece que o que realmente importava era o sentido interior de uma revelação capaz de indicar a verdadeira natureza e o significado das coisas observadas no exterior. Nesse sentido, a dicotomia revelação-observação seria falsa[44].

Ingressa-se, assim, na questão que nos interessa. A recepção dos conhecimentos matemáticos, harmonizados entre si entre os vários membros da linhagem pitagórica, só era possível graças à presença de uma alma coletiva, formada e sustentada pelos membros e ligada ao coração da escola. A alma-grupo não apenas apreendia e vivenciava a verdade recebida, como propiciava a alguns discípulos que contemplassem as revelações e as transmitissem aos demais, por intermédio de axiomas matemáticos.

As palavras de Cornford podem lançar luz sobre a forma como ocorreriam tais revelações na “alma-coletiva” pitagórica:

A passagem do plano divino ao plano humano, e do humano ao divino, permanece permeável e é perpetuamente atravessada. O Unitário pode sair para o coletivo; o coletivo pode se perder no reencontro com o Unitário. Este conceito essencial é a chave para o entendimento da doutrina do número, na qual se sustenta a reivindicação de Pitágoras de ser filósofo, assim como fundador da matemática. (Cornford, 2009, p. 204)

É bastante plausível que a tarefa de reflexão ou raciocínio exercida pelos pensadores pitagóricos – na tentativa dialética de ascender ao conhecimento – fosse impulsionada por revelações trazidas em intuições. Como melhor explica Cornford, as descobertas concebidas pelos pitagóricos no campo da matemática demonstram que os teoremas isolados teriam sido elaborados por atos de intuição; contudo, a tarefa de demonstrá-los teria obrigado os pitagóricos a inverter o processo de raciocínio, passando por proposições mais ‘elementares’ até que se atingissem as definições e os axiomas originais[45]. Nesse sentido, partindo do despertar de uma única convicção correta ou de um único ato de intuição, a tarefa da reflexão ou raciocínio poderia continuar indefinidamente até que se recuperasse, se tal fosse possível, toda a estrutura lógica da verdade.

Deve-se acrescentar que tais especulações abarcavam toda a ordem universal, sendo, portanto, esperado que as concepções delas resultantes se aplicassem ao discurso do kósmos pitagórico. Destarte, partindo de princípios matemáticos, a cosmologia pitagórica explicaria a origem do todo, do maior ao menor. É o que expõe Aristóteles ao afirmar que “eles constituem todo o universo a partir dos números” (Met., M6 1080 b18), ou, numa inversão da ordem entre causa e efeito, “construir o edifício matemático, para um pitagórico, não é senão imitar a construção da casa cósmica”[46]. É com este olhar – guiado pela ideia de revelação que permite ao filósofo entrar em contato com as realidades da ordenação cósmica e, a partir delas, construir enunciados matemáticos – que o próximo tópico, de cunho metafísico, deverá ser percorrido.

Continua…

Autora: Anna Maria Casoretti

Anna é Graduada em Filosofia pela Universidade Mackenzie e Mestre em Filosofia Antiga pela Pontifícia Universidade Católica, PUC-SP. Autora do trabalho A Origem da Alma, também publicado no blog e que você pode conferir clicando AQUI.


Notas

[20] – Cf. Burkert, 1972, p.2

[21] – Cornelli esclarece que em Platão encontram-se os termos anaxagóreioi (Crátilo, 409b) e herakleiteíoi (Teeteto, 179-e), mas estes não passaram para a história como ocorreu com os Πυθαγορείοι (2011, n.p.102).

[22] – Cf. Mário Ferreira dos Santos, Pitágoras e o Tema do Número, 2000, p. 68. Cf., também, Delatte, 1922, p.169.

[23] – Esse testemunho é também confirmado em Diógenes Laércio, VIII 10, que o atribui a Timeu. Mais detalhes em Jâmblico VP 71; Mattéi, 2007, pp.34-37; Cornford, 1975, p.178.

[24] – Aristóteles, em sua obra Sobre os Pitagóricos, fr.195, relatada por Diógenes Laércio VIII, 34-5, expõe e analisa vários akoúsmata. Outros akoúsmata, muitos dos quais apresentados em linguagem velada ou simbólica, foram recolhidos numa longa lista conservada por Porfírio em sua Vida de Pitágoras, onde são apresentados mais fragmentos de Aristóteles referentes ao assunto. Outros detalhes em Jâmblico, VP 82.

[25] – 5 Convém lembrar que a palavra “catecismo” origina-se do termo grego “katecheo” que significa informar, instruir e ensinar

[26] – 6 Cf. Kirk; Raven; Schofield, p.239. Mais detalhes em Jâmblico, VP, 96-100.

[27] – Cornelli (2011, p.124), citando Gemelli (Die Vorsokratiker), apresenta uma relevante interpretação das relações entre linguagem e experiência iniciática, perfeitamente pertinente à transmissão pitagórica: “é característica do texto esotérico uma estreita ligação entre linguagem e experiência, que nada diz a quem não tiver a capacidade de ‘tornar concreta’ a palavra. [Nesse sentido], umas sem as outras permanecem um cofre trancafiado”.

[28] – A escola durou nove ou dez gerações. Os últimos pitagóricos viveram em cerca de 364-360 a.C. (Diógenes Laércio VIII 45 e Timpanaro Cardini, p.49). De acordo com Diógenes Laércio VIII 46, citando Aristóxeno, “os últimos Pitagóricos que Aristóxeno viu, foram Xenófilo da Calcídia trácia, e Fânton, Equécrates, Díocles e Polimnasto, todos de Fliunte. Eram eles discípulos dos tarentinos Filolau e Êurito.” Acresce Burkert (1993, p.574) que os Pythagóreioi desempenharam um papel de relevo até o século IV, especialmente em Tarento. Há um longo catálogo de nomes de pitagóricos organizado por Jâmblico e, provavelmente originário de Aristóxeno, que se divide em grupos relacionados às mesmas cidades. São, ao todo, 218 nomes, alguns de pitagóricos anônimos, outros conhecidos (Jâmblico, VP 267)

[29] – Cf. Kirk; Raven; Schofield, p.244

[30] – Cf. Rohde, 2006, p. 400; Rocha Pereira, 1964, p.175

[31] – Para adicionais detalhes, ver também a obra de John Burnet, A Aurora da Filosofia Grega, 2007, onde é delineada a inter-relação existente entre filosofia, ciência e religião no interior do Pitagorismo.

[32] – O vegetarianismo era praticado pelos pitagóricos numa época em que o sacrifício animal era um dos pilares da cultura grega. Foram, talvez, os primeiros a estabelecer regras para o preparo e proporções dos alimentos. Ver mais detalhes em Jâmblico, VP 85, 163.

[33] – Cf. Jâmblico, Vida de Pitágoras, 164.

[34] – A doutrina dos princípios é abordada no tópico que trata da cosmologia pitagórica.

[35] – “Τϖν τεσσάρων μαθημάτων”, literalmente, “as quatro ciências”. O termo mathémata (μαθήματα), no dicionário grego-português de Isidro Pereira, significa “ciências”. Na enciclopédia Treccani, setor Scienza greco-romana, mathémata é “um termo que significa as coisas que são apreendidas através de um ensinamento.” As traduções, em linha geral, adotam “ciências matemáticas” para o termo mathémata, ao invés de apenas “ciências”, que confundiria o leitor.

[36] – Cf. Jâmblico, Theologumena arithmeticae 20-21, in Summa Pitagorica. Há uma discussão acerca da autenticidade dessa obra, sendo que muitos a atribuem a pseudo-Jâmblico. Na Introdução de Summa Pitagorica, Francesco Romano apresenta os detalhes de tal polêmica e sugere que, como sustenta Dillon, a obra poderia fazer parte do compêndio do Livro VII da Summa, já que o próprio Jâmblico teria expressado, em sua Introdução à aritmética de Nicômaco, a intenção de completar a obra, tratando, entre outros assuntos, da ordem teológica dos números.

[37] – Cf. Aécio, Opiniões, II, 16.

[38] – Trezentos e sessenta e cinco dias e vinte e dois cinquenta nonos de dia (cf. Mattéi, 2010, p. 63).

[39] – Cf. Mattéi, 2007, p.72.

[40] – Algumas das obras de Arquitas foram Da Harmonia, Da Música, Das Ciências, Das Discussões, Da Natureza, Da Década e Da Agricultura. Foi, também, homem de estado eleito sete vezes para o comando supremo de sua cidade. Cf. Timpanaro Cardini, 2010, pp.474ss; Mattéi, 2007, pp.71-72; Cornelli, p.107.

[41] – Cf. Mattéi, 2010, p.113. Com efeito, Filolau teria sido o primeiro pensador a afirmar que a Terra não está no centro do universo, afirmando o sistema pirocêntrico; essas teorias puseram em questão o sistema geocêntrico tradicional (ibid., p.67). Por outro lado, a célebre hipótese da Anti-Terra, geralmente atribuída a Filolau, caberia, na verdade, ao pitagórico Iceta de Siracusa (cf. detalhes sobre a Anti-Terra em Kingsley, 2010, pp.224 ss.).

[42] – 2 Para maiores detalhes, ver recolhimento realizado por Jean-François Mattéi no capítulo IV de Pitágoras e os pitagóricos, 2010.

[43] – Cf. Zeller, 1881, p.488.

[44] – Cf.Kingsley, 2010, p.431. Embora Kingsley, em tal passagem, esteja se referindo a Empédocles, a colocação é totalmente pertinente para o Pitagorismo. Cf., ainda, Mattéi, 2010, p.67; Guthrie, 2003, p.149

[45] – Cf. Cornford, 1975, p.95.

[46] – Colocação de Jean-François Mattéi, 2010, p.95.

Nenhum comentário:

Postar um comentário