sexta-feira, 27 de outubro de 2017



CRONOS E KAIROS: OS MATIZES DO TEMPO
ARTIGO 1

Extraído do blog O ponto dentro do círculo.


APRESENTAÇÃO 

O tema dessa série é “Cronos e Kairos: os matizes do tempo”. Duas das mais conhecidas palavras para se referir ao tempo na Grécia Antiga.

Esse trabalho foi realizado pela turma da disciplina Filosofia da Religião do Programa de Pós-graduação, stricto sensu, da Universidade Mackenzie, do 2º semestre de 2015. Como professor desta disciplina propus e incentivei aos alunos esse desafio e eles aceitaram e se motivaram imediatamente. E toparam começar a escrever. O resultado pode ser constatado nos 12 artigos que publicaremos nas próximas semanas.

Para o filósofo grego Evanghélos Moutsopoulos Kairos, o tempo, designa, um modo de ser. Sua apreensão supõe as categorias estéticas de homotemporalidade (simultaneidade) e a de heterotemporalidade (antes, depois), mas também as categorias dinâmicas do ainda-não e do nunca-mais. Por isso para Moutsopoulos, fazer projetos implica na intencionalidade, na existência de um instante privilegiado, do tempo axiológíco e surracionalmente considerado: Kairós.

Moutsopoulos afirma que Substantivado, Kairós é o tempo oportuno, o instante propício. Mas em Moutsopoulos aparece também o adjetivo kairícidade, que ele aplica à criação artística, à obra de arte e à própria consciência humana. Kairicidade significa, então, ter Kairós, isto é, expressar, no tempo, o caráter qualitativo: da criação artística, do nível de realização atingida pela obra e da própria consciência que, no confronto com o mundo, traduz valores, humaniza o mundo.

Para Moutsopoulos, Kairós refere-se não ao ser, mas ao sendo no tempo, à mudança, à ruptura ou evolução quanto ao passado.

Sendo que Crónos é o tempo que transcorre, o tempo que passa, o tempo cronológico…

Boa leitura a todos!

Prof. Dr. Jorge Luis Gutiérrez

UM ENSAIO SOBRE O QUE É O TEMPO

Ele disse: “Amada, nunca poderemos viver nem um instante do passado, nem um instante do futuro. Quando o passado estava transcorrendo não era passado mas presente; E quando o futuro chegue não será futuro mas presente. Vivemos sempre no encantador e eterno hoje…” Ela disse: “Amado, vivemos a todo momento no embriagador presente. Que sempre corre para longe. Fuje para a memoria, para os amores alegres, para as fotografias, para esconder-se nas palavras que um dia voltarão transformadas em poemas…” Por isso ela não falava do passado e ele não falava do futuro. Dançavam e se amavam em dias sem tempo. E conjugavam, em tempos atuais, todas as formas do verbo existir… aqui e agora. (Jorge Luis Gutiérrez)

É sabido que a palavra “tempo”[1] serviu de inspiração poética no passado e continua inspirando. O tempo traz uma reflexão sobre limitação e finitude, uma vez que é representado por uma contagem cronológica, contagem regressiva, apontando-nos para o fim. O tempo pode gerar na existência humana um estresse, uma certa ansiedade, quando se é apenas Kronos se esquecendo do Kairós.

Eclesiastes 3:

Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz.[2]

Segundo Bulfinch, (1999), Kronos traz uma conotação negativa. Seu lado celestial é herdado de Urano e seu lado terrestre vem de Gaia ou Géia. É um tempo que não tem muita preocupação com as pessoas, apenas consome os instantes. Em contra partida temos o Kairos[3], tempo de graça, de favor de Deus e de oportunidade de salvação. Também pode ter o significado de ocasião (CABALLERO, 1990).

Na diversidade da mitologia grega, encontramos duas possibilidades de compreensão do tempo que podem ser convocadas para as representações do tempo de trabalho. Essa apropriação é válida pela possibilidade de aproximação que se apresenta contemporaneamente: o tempo de Kronos (em grego, κρόνος, isto é, a duração controlada) e o tempo de Kairós (em grego, καιρός, o momento certo ou oportuno)[4], (MARTINS et al., 2012).

Quando olhamos para o primeiro livro da Bíblia, Gênesis, Capítulo 1, versículo 1: “No princípio Deus criou os céus e a terra”, Krauss e Heinrich (2007), dizem que “no princípio” (em hebraico be-reschit) indica que a criação, em contraposição ao seu criador, que é pensado para além do tempo, deve ser vista como acontecimento temporal. Com base nesse texto podemos ousar dizer que o sentido de tempo só existe em consequência da existência humana. Para Heidegger (2002) “o ente é e está no tempo”; faz-se necessário esclarecer o comportamento elementar desse contar com o tempo.

Tempo, espaço e mundo são realidades históricas, que devem ser mutuamente conversíveis, se a nossa preocupação epistemológica é totalizadora. Em qualquer momento, o ponto de partida é a sociedade humana em processo, isto é, realizando-se. Assim empiricizamos o tempo, tornando-o material, e desse modo o assimilamos ao espaço, que não existe sem a materialidade (SANTOS, 2006).

Com base nas linhas de pensamentos citadas acima em Heidegger (2002), e Santos (2006), o tempo existe a partir do momento em que o “ser humano” passa a existir, pois o “divino é eterno”[5], Deus é eterno, atemporal[6]. Falando de tempo a partir de conceitos de Santo Agostinho, Cardoso (2010), nos apresenta um conceito de que o tempo existe no espírito do homem, porque é neste mesmo espírito que se conservam presentes o passado, o presente e o futuro. Seguindo nesta mesma linha de pensamento é que Castro (2008) diz que podemos afirmar que aonde há sujeito, há alguma forma de referência ao tempo ou, em outros termos, que o tempo é inerente ao sujeito, que ele só existe em relação ao sujeito, a uma maneira de ser que lhe é intrínseca.

Nas três divisões do tempo: presente, passado e futuro, Agostinho (1981), afirma que podemos denominar tempo longo ou breve, somente para o futuro e o passado[7]. Assim podemos arriscar em dizer que o momento presente tem um “que” de eterno, pois é sempre presente.

O tempo presente não tem extensão, logo não se pode medi-lo enquanto existe, porque não se localiza no espaço. Enfim, o tempo não é uma sucessão de espaços separados, mas sim contínuo e indivisível, ele é uma continuidade, não admite sua divisão em antes e depois. (…) No conceito de tempo há dois elementos: um transitório (sucessão) e um permanente (duração). O tempo psicológico não passa de uma percepção da sucessão contínua no campo da consciência com aspecto de localização e de anterioridade (SANTOS, 2010).

São vários os ditados populares que encontramos falando sobre o tempo, e fazem sentido[8]: “Com o tempo, tudo se cura”; “É preciso dar tempo ao tempo”; “Quem tem pressa como cru”. Esses são ditos populares que podem nos ajudar a pensar o tempo como tempo Kairós, tempo da graça, quando não devemos apressar o tempo, mas permitir que ele siga seu curto. Barry Stevens11 escreveu o livro com o título “Não apresse o rio, ele corre sozinho“. A reflexão desse livro nos ajuda a pensar o tempo ainda como tempo da Kairós, onde é preciso deixar que a vida siga seu curso sem estresse, sem fazer pressão, fazendo o que se deve fazer, esperando na graça de Deus. Segue um trecho do livro:

“A vida é como o rio. Por que apressar? Por que correr se não há necessidade? Por que empurrar a vida? Por que chegar antes de se partir? Toda natureza não tem pressa. Vai seguindo seu caminho. Assim também é a árvore, assim são os animais. Tudo o que é apressado perde o gosto e o sentido. A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto. Tudo tem seu ritmo. Tudo tem seu tempo. E então, por que apressar a vida da gente? Desejo ser um rio. Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios. Livre da poluição alheias e das minhas. Rio original, limpo e livre. Rio que escolheu seu próprio caminho. Rio que sabe que tem um ponto de chegada. Sabe que o tempo não interessa. Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar. Importante é chegar ao mar. Importante é dizer “cheguei”. E porque cheguei, estou realizado. A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho. Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha. Deixe-a seguir seu caminho normal. Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá (STEVENS, 1978).

Seguindo esse conceito de tempo como Kairós, tempo oportuno, tempo da graça, que a vida humano precisa saber dar tempo ao tempo às coisas, pois elas têm sua razão de ser. Tudo tem sua hora e seu motivo de ser. Nada acontece por acaso. Esse sentido também é encontrado na espiritualidade indiana. Na Índia, são ensinadas “As quatro leis da espiritualidade”[10]:

• A primeira lei diz: “A pessoa que vem é a pessoa certa”.

Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo conosco, têm algo para nos fazer aprender e evoluir em cada situação.

• A segunda lei diz: “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido”.

Nada, nada absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” Ou “aconteceu que um outro …”. Não. O que aconteceu foi tudo o que deveria ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem nas nossas vidas são perfeitas.

• A terceira lei diz: “Toda vez que algo se inicia é o momento certo”.

Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos preparados para iniciar algo novo nas nossas vidas, é que as coisas acontecem.

• E a quarta e última lei afirma: “Quando algo termina, termina”.

Simplesmente assim. Se algo acabou nas nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor seguir em frente e enriquecer-se com a experiência.

Para compor o que hoje conhecemos de Gestalt-terapia[11], Perls[12], cunhou um termo que também pode nos ajudar a viver o tempo da graça, tempo Kairós. Em uma de suas palestras o próprio Perls assim disse:

Nas minhas palestras sobre Gestalt-terapia, tenho apenas um objetivo: transmitir uma fração do significado da palavra agora[13]. Para mim, nada existe senão o agora. O passado já não é, e o futuro ainda não é. Somente o agora existe. (…) Eu sustento que toda a terapia tem que ser feita no agora. Tudo o mais é interferência. E a técnica que nos permite compreender é permanecer com o agora é a sequência de conscientização, isto é, a descoberta e a tomada plena de consciência de cada experiência real e concreta (FAGAN, J. e SHEPHERD, I. L., 1970).

Essa é a única possibilidade de existência, posto que o ontem já foi e o amanhã não chegou. Mesmo que o indivíduo teça fantasias sobre o futuro, ou rememore o passado, isso está sendo feito aqui e agora e tudo que há para saber está disponível neste momento. Tal ideia define por si mesmo grande parte dos pressupostos gestálticos; pensar assim equivale a ficar com o aspecto fenomenológico de cada momento, e quando isso não é possível instala-se a ansiedade. Para Perls, a ansiedade é um distúrbio relativo à impossibilidade de permanecer no presente, por isso projetamos fantasias a respeito do que ainda não foi. Ansiedade é a tensão entre o agora e o depois (KIYAN, 2006). 

Segundo Kiyan (2006), para Perls, o indivíduo precisa tomar consciência[14] de sua existência no aqui agora. Essa consciência possibilita ao indivíduo responsabilidade diante de sua existência, aumentando sua potencialidade e isso resulta uma auto-realização.

Para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos com um dia (2 Pedro: 3,8). Qual seria a diferença do tempo para um enamorado quando está junto de sua amada e um paciente que aguarda na sala de espera pelo resultado de uma biopsia médica? Para os enamorados, o tempo juntos parece ter passado rápido, quase que imperceptível, parece ter sido encolhido e para o paciente que espera o laudo, o tempo de espera parece ter sido longo demais, infindável[15].

Chamamos “longo” ao tempo passado, se é anterior ao presente, por exemplo, cem anos. Do mesmo modo dizemos que o tempo futuro é “longo”, se é posterior ao presente, também cem anos. Chamamos “breve” ao passado, se dizemos, por exemplo “há dez dias”; e ao futuro, se dizemos “daqui a dez dias”. Mas como pode ser breve ou longo o que não existe? Com efeito, o passado já não existe e o futuro ainda não existe. Não digamos: “é longo”, mas digamos do passado: “foi longo”; e do futuro: “será longo” (AGOSTINHO, 1981).

O tempo, cronologicamente falando é o mesmo, mas o tempo psicológico de cada um é diferente[16]. O que dizer ainda de um monge em estado de contemplação, onde pode passar horas meditando sem que essas horas lhe sejam percebidas? A sensação da graça parece anestesiar sua consciência de temporalidade.

A ideia de tempo guarda em si faces contraditórias, tanto de um “tempo intemporal” – abstrato, heterogêneo e infinito − quanto de um “tempo temporal” – concreto, homogêneo, contínuo e regular. O tempo pode ser definido também como único e singular ou múltiplo e plural. Há os tempos individuais e coletivos, como também os “tempos cíclicos”, por exemplo, da infância, do trabalho, da velhice, do lazer (CASTRO, 2008). 

Martins et al., (2012) diz que computadores, celulares, aviões, carros, todo esse arsenal tecnológico, liberam o sujeito contemporâneo de atribuições simples e otimizam o tempo. Antigamente saber notícias de familiares distantes levavam meses, pois dependia de muitos fatores limitantes de espaço e tempo. Hoje nos comunicamos em tempo real com os avanços da Internet. Visto dessa forma então o tempo pode ser uma debilidade humana, uma vez que pode ser superado com a tecnologia[17]. Poderíamos então dizer que é a matéria quem nos debilita?

O tempo é um ilusão. É uma impressão criada, em parte, por nossos cinco sentidos. Na realidade “ontem” e “amanhã” estão englobados em um único todo unificado. Apesar disso, não conseguimos revisitar os momentos memoráveis de ontem, e tampouco temos condições de prever os eventos de amanhã. Muitos de nós mal conseguem lidar com as dificuldades do presente. Isso dá margem a uma impressionante ilusão, não é? (BERG, 2011). 

Ainda segundo Berg (2011), no sistema da cabalística[18] o tempo pode ser assim classificado:
a) – É a distância entre causa e efeito;
b) – Separação entre ação e reação;
c) – É o espaço entre uma atividade e sua repercussão.

De acordo com Berg (2011), o passado e o futuro nunca se separaram e são os limites de nossa consciência que nos impedem de perceber o ontem, o hoje e o aqui, agora.[19]

Falando de tempo e eternidade, Bonaccini (2004), apresenta uma visão de Santo Agostinho, onde pode nos ajudar numa compreensão melhor do tempo enquanto temporalidade e do tempo enquanto eternidade:

As coisas belas “nascem e morrem, e nascendo começam a existir, e crescem para alcançar a perfeição, e uma vez perfeitas, começam a envelhecer, e morrem”. E “embora nem tudo chegue à velhice, tudo perece. Logo, quando nascem e esforçam-se por existir, quanto mais depressa crescem para existir, tanto mais se apressam para não existir. Essa é sua condição…”

Dizer que as coisas mudam sucessivamente é dizer que elas passam do futuro ao presente e afundam no passado. O fato de o presente virar passado é aquilo que o distingue do presente sempre eterno. Pois justamente porque muda não pode o presente ser todo presente. Somente a eternidade é sempre toda presente. A “sucessão dos tempos é feita de uma multidão de instantes que não podem correr simultaneamente (…) todo passado e futuro tiram sua existência e curso do eterno presente (…) a eternidade, que não é futura, nem passada, determina o futuro e o passado…”

Autor: Benedito Carlos Alves dos Santos

Benedito é aluno do curso de Mestrado em Ciências da Religião na Universidade Presbiteriana Meckenzie


Notas

[01] – As marcas temporais, entretanto, nem sempre foram as mesmas. Observa-se que o padrão de tempo, após longa caminhada humana, foi sendo modificado, até que o dia solar passou a ser uma medida universal. Adotou-se, a partir da Assembleia Nacional da França (1789), métodos de medida que, ao tomarem como base as dimensões da Terra, acabaram com as ambiguidades e regionalismos dos sistemas de medidas anteriormente utilizados. Enfim, uniformizou-se o tempo do mundo, padronizou-se o tempo social e os homens foram enquadrados neste mundo temporal (FERREIRA e ARCO_VERDE, 2001).

[02] – Eclesiastes 3

[03] – Mateus, 1,15: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.

[04] – O primeiro tempo, Chronos, de natureza quantitativa, era usado pelos gregos no contexto cronológico, sequencial, linear. O segundo tempo, Kairós, existencial, tempo oportuno, de natureza qualitativa, era usado para enfrentar o cruel e tirano Chronos. Latim, Aevum, igual a eternidade. Disponível clicando AQUI.

[05] – Deus existe desde toda a eternidade e o homem é finitude enquanto matéria. Passou a existir em dado momento. Ler em Is. 54,8: “O amor de Deus é eterno”. Is. 54,10: “Os montes podem mudar de lugar e as colinas podem abalar-se, mas o meu amor não mudará”. E ainda: Jr. 31,3: “Eu te amei com um amor eterno, por isso conservei por ti o amor”.

[06] – Que é, pois, o tempo? […]Vós sois, antes de todos os tempos, o eterno Criador de todos os tempos. Estes não podem ser coeternos convosco, nem nenhumas outras criaturas, ainda que haja algumas que preexistem aos tempos”. (Santo Agostinho, Confissões, Livro XI, §14 e 30).

[07] – Chamamos “longo” ao tempo passado, se é anterior ao presente, por exemplo, cem anos. Do mesmo modo dizemos que o tempo futuro é “longo”, se é posterior ao presente, também cem anos. Chamamos “breve” ao passado, se dizemos, por exemplo “há dez dias”; e ao futuro, se dizemos “daqui a dez dias”. Mas como pode ser breve ou longo o que não existe? Com efeito, o passado já não existe e o futuro ainda não existe. Não digamos: “é longo”, mas digamos do passado: “foi longo”; e do futuro: “será longo” (AGOSTINHO, 1981, p. 304).

[08] – Disponível clicando AQUI.

[09] – Escrito em 1978, o livro é um relato a respeito do uso que a autora faz da Gestalt-terapia e dos caminhos do Zen, Krishnamurti e índios americanos para aprofundar e expandir a experiência pessoal e o trabalho através das dificuldades.

[10] – Disponível clicando AQUI.

[11] – 3 A Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterapêutica nascida da inter-relação de várias escolas filosóficas e teorias a partir da organização específica que seu criador, Frederick Perls, contruiu (KIUAN, A. M. M., 2006).

[12] – Friedrich Salomon Perls, nasceu no ano de 1893 em Berlim num gueto judeu, terceiro e último filho (único homem0 de um casal judeu, “emocionalmente desajustado” (KIUAN, A. M. M., 2006).

[13] – Grifo do autor.

[14] – A palavra “conscientização” vem da tradução de awareness, e “cônscio de” (FAGAN, J. e SHEPHERD, I. L., 1970).

[15] – A noção em senso comum de tempo é inerente ao ser humano, visto que todos somos, em princípio, capazes de reconhecer e ordenar a ocorrência dos eventos percebidos pelos nossos sentidos. Contudo a ciência evidenciou várias vezes que nossos sentidos e percepções são mestres em nos enganar. A percepção de tempo inferida a partir de nossos sentidos é estabelecida via processos psicossomáticos, onde variadas variáveis, muitas com origem puramente psicológica, tomam parte, e assim como certamente todas as pessoas presenciaram em algum momento uma ilusão de ótica, da mesma forma de que em algum momento houve a sensação de que, em certos dias, determinados eventos transcorreram de forma muito rápida, e de que em outros os mesmos eventos transcorreram de forma bem lenta, mesmo que o relógio – aparelho especificamente construído para medida de tempo – diga o contrário. Disponível clicando AQUI.

[16] – O ser e sua relação com o tempo é uma questão que perpassa toda a obra de Freud. Existe um denominador comum ao pensamento de Freud e de Lacan: além de se relacionar ao sujeito, o tempo sofre influência direta do contexto, principalmente naquilo que esse contexto traz de contingencial ao sujeito – seja no âmbito pulsional ou social. E uma das contingências inevitáveis que o tempo real nos impõe diz respeito a seu caráter de transitoriedade, de passagem, de escoamento. Como diria o poeta, ‘o tempo passa, se esvai por entre os dedos da memória, que tenta retê-lo (CASTRO, 2008).

[17] – Segundo Geroge Bushell (2012), a luz viaja no vácuo a uma velocidade fixa de cerca de 300.000 km/s. Segundo a Teoria Geral da Relatividade de Einstein, a matéria não pode alcançar ou ultrapassar essa velocidade, pois se converteria em energia antes disso. Segundo Dr. Pandian, do Instituto Max Planck de Radioastronomia: “Nada impede que objetos, separados por distâncias imensas, movam-se, um em relação ao outro, a velocidades maiores que a da luz”. Disponível clicando AQUI.

[18] – Cabala (também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala) é uma sabedoria que investiga a natureza divina. Kabbalah (קבלה QBLH) é uma palavra de origem hebraica que significa recepção. Disponível clicando AQUI.

[19] – Imagine um edifício de trinta andares. Estamos agora o décimo quinto andar, o qual representa o momento presente. Os andares do primeiro ao décimo quarto representam os incrementos do tempo que nos elevam a este momento atual. Os andares do décimo sexto ao trigésimo representam o futuro. O que percebemos com nossos cinco sentidos no momento atual? Apenas o décimo quinto andar. Não conseguimos ver os andares abaixo ou acima do décimo quinto. Entretanto, todos os andares – ou seja, o passado, o presente e o futuro – existem como um todo unificado: o edifício de trinta andares inteiro. Se pudéssemos ficar pairando no ar do lado de fora do décimo quinto andar e olhar para o edifício a certa distância, poderíamos ver todos os trinta andares de uma só vez! (BERG, 2011).

BIBLIOGRAFIA

AGOSTINHO, S. O Homem e o Tempo. In: Confissões. 10. ed. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1981. BERG, Y. O poder da Kabbalah. 13 Princípios par superar desafios e alcançar a plenitude. São Paulo: Kabbalah Centre do Brasil, 2011. BONACINNI, J. A. Tempo e eternidade Excurso sobre a concepção agostiniana de tempo. 2004. Disponível AQUI. BULFINCH, T. O livro de ouro da mitologia: História dos Deuses e Heróis. Trad. David Jardim Júnior. 8ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999. CABALLERO, B. Nas fontes da Palavra: Leitura, meditação e anúncio, ano B. Aparecida-SP: Santuário. 1990. CARDOSO, G. F. Tempo e Eternidade em Santo Agostinho. 5º Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da Unesp. Vol. 3, nº 1, 2010. http://www.marilia.unesp.br/filogenese CASTRO, J. E. A psicanálise e o tempo. Psicanálise & Barroco em Revista v.6, n.3: 60-74, jul.2008. “Crónos e Kairos” Revista Pandora Brasil – Nº 69 – Dezembro de 2015 – ISSN 2175-3318 FAGAN, J. e SHEPHERD, I. L. (Org.). Gestalt-terapia: Teorias, técnicas e aplicações. Trad. Álvaro Cabral. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. FERREIRA, V. M. R. e ARCO-VERDE, Y. F. S. Chrónos & Kairós: o tempo nos tempos da escola. Educar, Curitiba, n. 17, p. 63-78. 2001. Editora da UFPR. FREUD, Sigmund. Obras Completas, Rio de Janeiro: Imago, 1980. HEIDEGGER, M. (2002). Ser e Tempo, (Td. Marcia Sá Cavalcante Schuback), 10ª Ed, Parte II. Petrópolis: Vozes. KIYAN, A. M. M. E a Gestalt emerge: vida e obra de Frederick Persl. 2ª ed. São Paulo: Altana, 2006. KRAUSS, Heinrich e KUCHLER, Max. As origens. Um estudo de Gênesis 1-11. São Paulo, Ed. Paulinas, 2007. MARTINS, J.C. et al. De Kairós a Kronos: metamorfoses do trabalho na linha do tempo. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2012, vol. 15, n. 2, p. 219-228. MITOLOGIA GREGA (2011). Cronos. Disponível AQUI Acesso em: 18 nov. 2011. Monteiro SANTOS N. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006. STEVENS, B. Não apresse o curso do rio (ele corre sozinho). Trad. George Schlesinger. São Paulo: Summus, 1978.

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