quinta-feira, 11 de junho de 2020



O SIMBOLO DO INFINITO E O SÍMBOLO LEMNISCATA

A representação do Infinito é a forma do que não terá fim. Tempo e Espaço misturam-se na indefinição do que foi, é e sempre será. A forma expande-se, afunila-se, cruza-se, as posições invertem-se, o que já foi, é, e o que será, já terá sido. Usar o símbolo do Infinito significa a aceitação daquilo que não podemos compreender mas de que fazemos parte, pois se como mortais somos finitos, o nosso espírito permanece na linha do Infinito evoluindo até a Eternidade.

O que é a lemniscata?

A imagem é conhecida desde a Antiguidade; o nome Lemniscata é dado ao famoso “oito deitado”, tido como o símbolo do infinito. A razão dessa curva geométrica especial assumir tal significado é seu traço, contínuo, uma forma sem começo nem fim.

O ponto central é considerado o portal entre os dois mundos. Esta figura aparece em antigos desenhos celtas e no caduceu (ceptro) de Hermes, o deus grego da comunicação que leva as mensagens dos mortais para os deuses.

Era o símbolo usado pelos essénios na sua prática ancestral. Dizem que o período do qual não se tem registo da vida de Jesus, que ele tenha vivido com o povo essénio. Este povo foram os primeiros terapeutas e deles vieram as práticas como a cura com as mãos e pelo som, e outros rituais adoptados por religiões como o baptismo, a páscoa, etc..

Da mesma forma, a lemniscata foi largamente usada nos desenhos celtas e insistentemente reproduzida nos seus intrincados desenhos de formas. A lemniscata, principalmente nas suas representações celtas, remete-nos directamente para o “Ouroborus”, símbolo antiquíssimo, resgatado pela tradição alquímica, onde se vê uma serpente que morde o a própria cauda e se devora a si mesma. O Ouroborus é também a representação simbólica do Infinito e do equilíbrio dinâmico universal.

Carl Gustav Jung, refere-se a este símbolo como o “Mysterium Conjuctionis” (Mistério da Conjunção), resultado do “Hieroghamos” (Casamento Sagrado), equilíbrio do Masculino e do Feminino Universais, essência fundamental da mente humana e, numa visão mais ampla, da existência humana em si.

Ainda podemos observar a lemniscata nas curvas do Caduceus (o ceptro da dupla serpente), símbolo da Medicina e manifestação de Hermes; nos meridianos do fluir da Energia Vital descritos pelas medicinas tradicionais hindu e chinesa e pela Acupunctura. A lemniscata repete-se no próprio movimento das galáxias, das estrelas e dos planetas, na Astronomia e na Astrofísica.

A lemniscata está presente na dupla hélice do DNA presente em todos os seres vivos deste planeta. Ainda verificamos a formação de lemniscatas nos movimentos pendulares observados na Física; na báscula do andar humano; no crescimento dos vegetais e na disposição de suas flores e folhas; nos movimentos de regência da musical; no movimento do Tao; em emblemas e símbolos de famílias tradicionais japonesas, em mandalas de diversas origens e épocas e, de forma abstracta, nos ciclos da Natureza e no equilíbrio psíquico entre o Pensar e o Querer, dando origem ao Sentir.

Em Antroposofia, a lemniscata mantém seu significado milenar, representando o equilíbrio dinâmico, prefeito e rítmico entre os polos opostos constitucionais do corpo humano: o polo metabólico e o polo neuro-sensorial. Como vimos, o polo metabólico (abdome) é quente, húmido, expansivo e inconsciente. O polo neuro-sensorial (cabeça, sistema nervoso central e órgãos do sentido) é frio, seco, contraído e consciente. Do equilíbrio deste dipolo, surge a vida humana na sua manifestação mais primordial: o ritmo.

A lemniscata representa então o sistema rítmico (coração, pulmões e musculatura do tórax) que proporciona os sinais vitais mais básicos, equilíbrio físico e psíquico e harmoniza as essências opostas que nos compõem. Fazem parte ainda deste equilíbrio dinâmico rítmico, além do ritmo cardíaco e do ritmo respiratório, ciclos como o dormir e acordar (ritmo circadiano), a tendência à vitalidade (anabolismo) na infância e a tendência à esclerose (catabolismo) na velhice (ciclo biográfico) e, em última análise, o ciclo da vida e da morte (ciclo encarnatório).

Assim, toda vez que inspiramos, que o nosso coração entra em diástole, que acordamos pela manhã ou que usamos a nossa função orgânica anabólica, confirmamos o nosso nascimento. Analogamente, toda vez que expiramos, que o nosso coração entra em sístole, que vamos dormir à noite ou que usamos a nossa função catabólica, antecipamos a nossa morte.

Lemniscata desenhada pelo Sol

A forma geométrica da lemniscata é usada como base para todos os processos antroposóficos, desde a dinamização de medicamentos, até à criação de estruturas arquitectónicas; passando por movimentos da Euritmia, desenhos da Terapia Artística e fluxos da Engenharia Antroposófica. As técnicas da Massagem Rítmica são totalmente baseadas na repetição de movimentos helicoidais diversos que reproduzem a lemniscata. Desta forma, consideramos a lemniscata o símbolo máximo da Antroposofia, resumindo em si todos os conceitos fundamentais aplicados em todas as práticas antroposóficas.

Adoptada por diversas linhas espirituais, ela simboliza, para os Rosa-Cruzes, a evolução quando observada de dois lados: o físico e o espiritual. Um dos anéis de lemniscata é a jornada do nascimento à morte, o outro da morte ao novo nascimento.

Na antroposofia (filosofia espiritual sistematizada pelo austríaco Rudolf Steiner no século 19), a lemniscata ocupa um papel central porque representa o equilíbrio dinâmico, perfeito e rítmico do corpo. A forma geométrica da lemniscata é a base de muitos processos antroposóficos: desde a dinamização de medicamentos até à criação de estruturas arquitectónicas, movimentos da euritmia, desenhos da terapia artística, etc.

Traçar a lemniscata no ar com varetas de incenso é indicado para harmonizar a energia de pessoas e ambientes. Já agora, se se fizerem fotos regulares ao Sol, tiradas sempre no mesmo local e à mesma hora do dia e se sobrepuserem, obtemos que o Sol desenha uma forma: adivinharam – a lemniscata.

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