sexta-feira, 12 de junho de 2020


CADEIA DE UNIÃO - EFEITOS FÍSICOS


Na década de 1960, um facto inusitado terá ocorrido numa Loja, localizada numa cidade da região central do Paraná, durante uma Sessão. Conta-se que, ao se realizar uma Cadeia de União, um triângulo de fogo pairou no ar, indo do Altar do Venerável aos Altares dos Vigilantes, sendo por todos os presentes testemunhado este estranho fenómeno.

Os Irmãos procuraram o Grão-Mestre, o qual, também, um tanto quanto incrédulo e sem saber como agir e opinar a respeito, solicitou que anotassem tudo numa acta, muito bem circunstanciada, com todos os pormenores, e que ela fosse bem lacrada, para que, na posteridade, pudesse ser, finalmente, aberta e lida à luz de novos conhecimentos científicos, quando se teria uma explicação aceitável para um fenómenos, que, agora, parecia fantástico e sobrenatural.

O Grão-Mestre, nas suas visitas às Lojas da sua Obediência, mencionava esta ocorrência. Existe na acta da Loja Regeneração n° 3, de Londrina, na Sessão de Aprendiz, de 23 de Novembro de 1967, registo do suposto facto acontecido.

E, agora, o que pensar e opinar um Irmão que pensa e age na Ordem mais em função de provas, de documentos, de axiomas, não aceitando sofismas, nem dogmas, nem crendices? Seria este facto uma mistificação? Brincadeira de mau gosto? Hipnose ou alucinação colectiva? Mentira? Será que relataram o facto ao Grão-Mestre tal qual ele aconteceu? Como seria o tal triângulo de fogo?

Entretanto, se uma comissão de Irmãos procura um Grão-Mestre e relata uma situação como esta, alguma coisa deve ter acontecido. Uma mentira pura e simples é pouco provável, porque os Maçons, por uma questão de disciplina, respeitam o seu chefe, cujo cargo, por pior que seja a sua gestão, tem e sempre terá o respeito devido a um Sereníssimo. Entretanto, os Irmãos podem ter exagerado nos detalhes. Vamos admitir, jogando para a área do fantástico, que tal facto tenham, realmente, acontecido. Qual seria a sua explicação?

Em primeiro lugar, teríamos de pensar se houve uma alucinação colectiva ou um facto inexplicável. Não esqueçamos que, em Fátima (Portugal), quando das aparições da Nossa Senhora, numa delas, mais precisamente, em 13 de Outubro de 1917, conforme a Santa tinha prometido, três meses antes, à pequena vidente Lúcia de dez anos que aconteceria um milagre, os cristãos lá presentes, em número, mais ou menos, de cinquenta mil, viram o Sol mudar de cor e girar sobre si mesmo. Este episódio está relatado em inúmeros livros religiosos e científicos. Apesar de fantástico, não há como negá-lo. Se houve alteração da mente dos presentes naquele momento, se houve alucinação colectiva, se a Igreja afirma ter sido um milagre, mais conhecido como o Milagre do Sol, não nos importa. O facto é que aconteceu um fenómenos inexplicável e foi testemunhado por milhares de pessoas.

Da parapsicologia, pensa-se que o G∴ A∴ D∴ U∴, segundo uns, ou a própria Natureza, segundo outros, teria dotado certas pessoas de talentos do inconsciente, os quais são independentes de religiões, de crenças, de dogmas, de ser agnóstico materialista ou não. Certas pessoas, simplesmente, nascem assim com esses poderes mentais. Estes “poderes” nada têm de sobrenatural, pois estão sendo explicados como sendo qualidades próprias do homem; certos indivíduos têm a capacidade de fazê-los vir à tona ou de torná-los “visíveis” aos olhos das pessoas, com as quais se inter-relacionam. Como são tidos como fantásticos, a impressão que causam nos presentes, será sempre considerado um fenómeno sobrenatural. O tempo dirá que estes fenómenos são mais naturais do que imaginamos. Eles existem somente onde está presente o homem; apesar de serem espontâneos, são, na realidade, uma criação da sua mente.

Dentro deste raciocínio, devidamente, comprovado em laboratórios de estudos parapsicológicos e afins, veremos que alguns desses dotados têm a capacidade de exteriorizar uma energia, que chamaremos de telergia. Existem outras definições para este tipo de manifestação paranormal, mas ficaremos com o termo telergia. Poderíamos defini-la como uma força psicofísica, cuja manifestação é evidenciada fora do corpo; depende do inconsciente, é condensada, podendo tomar as mais variadas formas, que a mente poderá moldar. Ela inicia-se como uma nebulosidade disforme, que se vai condensando, para, finalmente, tomar formas. É o que se chama em parapsicologia, de ectoplasmia. Não nos estaremos a focar no ectoplasma da biologia, que, como todos sabem, é a parte externa do citoplasma, que envolve a célula, mas do ectoplasma, estudado na parapsicologia, onde existe, para ele, uma série de sinónimos.

A exteriorização desta energia e a formação de imagens externas modeláveis foram descritas pela primeira vez, por Schrenck-Notzing, que as chamou de teleplastia. Este fenómeno foi muito usado por certos dotados, sequiosos de provar o impossível de maneira fraudulenta, isto é, fraudavam o fenómeno utilizando-se de uma série de truques. Mas, apesar destas fraudes, o fenómeno existe. Centenas de experiências científicas sérias o comprovaram. O ectoplasma, quando se está a formar, numa primeira fase, aparece a condensação da telergia, que se assemelha a um fluido, ou, então, uma ténue radiação humana. Neste estado inicial, só será perceptível essa condensação mediante técnicas especiais, contando-se com aparelhos bastante sensíveis para aferir o fenómeno. O ectoplasma poderá manifestar uma força muito intensa. Segundo o Dr. Crawford, cientista e grande estudioso desses fenómenos, nas suas experiências, notou que, nos fenómenos de ectoplasmia, a psicocinésia, ou seja, a capacidade de a mente de mover objectos estava muito aumentada, e essa força se manifestava como se agisse através de uma alavanca.

O ectoplasma será, sempre, reabsorvido pelo organismo do dotado. Quando se pretende agarrá-lo entre as mãos, ele desvanece-se. É uma energia transformada, e não um composto químico. Como já foi frisado, é maleável e tomará a forma de figuras, mas, jamais, estas figuras serão perfeitas. São, até certo ponto, rudimentares. A energia, que está sendo exteriorizada, não perde o vínculo com a pessoa que a está produzindo. Cessado o fenómeno, ela voltará ao dotado.

Se o fenómeno, ocorrido na Loja citada no início deste trabalho, cujo nome declinamos, bem como o nome da cidade, realmente, aconteceu, conforme o Grão-Mestre de então relatou em inúmeras lojas da sua Potência, há condições de uma provável explicação. Entretanto, se não aconteceu, poderia até ter acontecido, pois não seria a primeira vez que fenómenos equivalentes, não necessariamente triângulos de fogo, ocorreram em lojas, igrejas, templos, residências, locais fechados ou abertos, etc. Quando ocorrem situações inusitadas, diferentes e intrigantes, é mais fácil calar-se do que ter a coragem de se discutir o fenómeno à luz da razão.

Por esta razão, quando, nas Lojas, ocorre algo diferente, pratica-se, com muita eficiência, a lei do silêncio. É mais fácil esconder factos, apesar de estranhos, naturais e colocá-los sob a égide do ocultismo ou de religiões afins do que procurar a sua explicação científica.

Bem, vamos considerar que o fenómeno tenha, realmente acontecido. Não seria a primeira vez que a parapsicologia trataria desse tipo de ocorrência. No caso, foi um triângulo de fogo, mas poderia ser qualquer outro objecto, animal ou até pessoa.

Consideremos que, no Templo, em que a Loja se reuniu, naquele determinado dia e hora, estava tudo muito tranquilo, todos os Irmãos bem-relaxados não estavam levando os seus problemas particulares para a Sessão e não havia animosidade entre eles. Neste ambiente descontraído, com a iluminação não muito intensa, todos estavam vibrando no mesmo comprimento de onda de energia. No momento em que foi realizada a Cadeia de União, os Irmãos, ao darem as mãos, conforme preceitua o Ritual, armazenaram uma grande quantidade de energia psíquica, formando uma verdadeira bateria ou central de energia. Um dos Irmãos presentes seria um dotado ou sensitivo, que, naquele momento, mentalizou um triângulo radiante ou dourado, de que tanto se fala na Ordem, e, pela sua telergia, fez que uma figura ectoplasmática triangular se projectasse no ar. Possivelmente, pela sua cor, deu a impressão de ser um triângulo de fogo, logicamente pela semelhança. É claro que cada espectador terá uma versão que poderá não ser exactamente a mesma do Irmão ao seu lado. Mas, todos viram tratar-se de um triângulo que ia do Altar do Venerável aos Altares dos Vigilantes. Foi assim que aconteceu? Não podemos afirmar. Apenas, estamos tentando analisar os factos que chegaram ao nosso conhecimento e tentando dar uma explicação plausível dentro dos estudos actuais.

Dentro das várias modelagens da ectoplasmia, poderíamos enquadrar o tal triângulo de fogo no fenómeno da fantasmogénese, pois o objecto formado, no caso teve a sua forma completa, ou seja, a de um triângulo. Quanto ao fogo, esse, em realidade, não pode ter existido, pois, na fantasmogénese, o que se vê não é real. Logo, seria uma aparição semelhante ao fogo, tal qual o conhecemos, sem queimar ou produzir aquecimento.

Ressalte-se que tal fenómeno jamais se repetiu naquela Loja. Também, não sabemos se a tal acta, sugerida pelo Grão-Mestre, tenha sido elaborada. Parece que, naquela cidade, dado o fantástico acontecimento, instituiu-se um pacto de silêncio entre os Irmãos.

Mais uma vez, gostaríamos de frisar que, se de facto aconteceu o que nos foi relatado, nada tem a ver com os nossos princípios e leis. Tudo terá sido obra do psiquismo humano, da quase insondável e misteriosa mente, tão estudada nas últimas décadas, de que pouco se descobriu. Contudo, as consequências das suas manifestações inexplicáveis, que chamamos de paranormalidade, às vezes, pouco compreensíveis para nós no momento actual, serão, um dia, explicadas com muita transparência e catalogadas como fenómenos naturais.

Hercule Spoladore

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