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O ESPÍRITO DO REAA - ENTRE A RAZÃO E A IMAGINAÇÃO CRIATIVA
Para quem acabou de ver a Luz, numa Loja Maçónica, todo este novo Universo, no qual tudo é Símbolo, apresenta-se, em geral, como complexo e misterioso.
A todos nós, quando somos iniciados, dizem-nos que a Loja pratica um dado Rito, mas o que é que, na realidade, isso significa ?
Entende-se um Rito como um conjunto de práticas, no seio da mesma instituição, destinadas a agregar os seus membros numa Tradição, orientando-os para um objectivo comum. Na nossa Ordem coexistem vários Ritos, pois subsistem diversas formas de fazer Maçonaria. A História da Nossa Antiga Confraria determinou, no final do século XVIII, o aparecimento de vários sistemas, que são coerentes em si próprios, e que determinam percursos iniciáticos distintos. Todavia, na sua essência, todos convergem para o mesmo fim. Este, em concreto, consiste no acesso à noção de sagrado (separado), e no aperfeiçoamento do ser humano, obtidos de uma forma progressiva, pela passagem por sucessivos graus.
O pressuposto primordial de um Rito, é o de ser Tradicional. O mesmo assenta em regras, bases filosóficas, textos fundadores, sistemas de Graus, Rituais, Corpus Simbólico, e em toda uma História, que o caracterizam, e que ligam os seus adeptos a uma Cadeia Iniciática de prática Maçónica ininterrupta, desde a sua fixação. Sem Rito e, consequentemente, sem Tradição Maçónica, não pode haver Maçonaria. Qualquer Loja desprovida de Rito, e de Rituais, reduzir-se-ia a uma associação de carácter profano, sem qualquer veículo de Transmissão, pois, como nunca é demais repetir-se, em Maçonaria tudo está contido na prática dos Rituais.
Hoje, em concreto, falaremos sobre o Rito Escocês Antigo e Aceite. Não vos irei desvendar, neste meu trabalho, a longa História deste Rito. Trata-se de uma aventura apaixonante, com mais de 200 anos, que teve origem em França, e se desenvolveu entre dois Continentes (Europa e América), que vos convido, a seu tempo, a descobrir. Também não irei falar, pormenorizadamente, dos seus documentos fundacionais, recomendando, contudo, uma leitura futura da “Circular aos dois Hemisférios”, de 1802, das “Grandes Constituições do Rito”, pretensamente de 1786, e dos documentos do “Convent” de Lausanne, de 1875. Estes são os documentos-chave para a compreensão dos pressupostos de base da organização iniciática, e administrativa do REAA, sem todavia esquecer o “Guide des Maçons Écossais”, supostamente de 1804, no qual se encontram plasmados os Rituais originais dos seus três primeiros Graus. É daí que os Maçons Escoceses, do aqui e agora, vêm !
Mais importante, nesta minha pequena reflexão sobre o REAA, é discutirmos o seu sentido geral, objectivos, fontes, e meios de acesso ao Conhecimento, vendo como é que os mesmos se reflectem no seu Ritual de Iniciação.
Como primeira característica essencial, devemos ter presente que o REAA é um Rito espiritualista, no qual se promove a primazia do espírito sobre a matéria, e em que se adopta como premissa base a perfectibilidade da pessoa humana.
O Rito Escocês Antigo e Aceite está, pois, centrado no individuo. O percurso iniciático do Escocismo propõe, assim, uma progressão, lenta e estruturada, para o Conhecimento. Esta desenvolve-se em 33 graus, que constituem etapas de aprofundamento, com o intuito de criar no Ser uma realização de plenitude.
Esta demanda é feita à Glória do Grande Arquitecto do Universo, símbolo este cuja interpretação pessoal, em Maçonaria Adogmática, é resultado da plena liberdade de consciência de cada um.
O método Escocês baseia-se numa concepção tradicional do Homem: corpo, intelecto, espírito, e sobre vias de realização espiritual correspondentes. Estas integram o Conhecimento, o Amor, e a Acção, devidamente hierarquizados, mas na realidade intimamente ligados.
A primeira etapa do Escocismo, correspondente aos três primeiros Graus, de Aprendiz, Companheiro, e Mestre, decorre numa Loja Simbólica. Em Ateliers Superiores, os mesmos têm continuidade pela prática de Altos Graus, que permitem o aprofundamento do esoterismo destas três primeiras etapas, que se constituem como passos iniciais para o infinito. É uma longa escada em caracol, que supostamente conduz quem se disponibiliza a subi-la, ao encontro da Luz, e do Conhecimento.
Ao novo Iniciado, o Rito oferecerá um universo de reflexão, e de acção, particularmente organizado no espaço e no tempo, no qual os Símbolos lhe serão, progressivamente, apresentados para serem descodificados.
Na Loja de Aprendiz, cuja decoração constitui uma representação simbólica do Cosmos, estabelece- se um sistema de comunicação particular, que constitui a base da elaboração individual de outros imaginários, nos quais cada Maçon pode, na sua liberdade interior, construir-se a si próprio, no autoconhecimento do seu Eu profundo, e na compreensão da natureza fraternal da sua relação com o Outro, seu Irmão.
Apenas percorrendo as vias da prática do Ritual, da hermenêutica dos Símbolos e dos Mitos, e da exégese da ritualística Maçónica, nas suas dimensões verbal, visual, gestual, sonora, e espacial, poderá o Iniciado enfrentar as suas Trevas, abrindo as janelas de Luz, que lhe permitam procurar a Verdade, no seu caminho para o Conhecimento e, assim, converter o seu olhar, sobre si próprio e sobre o Mundo.
Para que toda esta transmutação se processe, torna-se necessária a vivência repetida do Ritual, o qual não só se assume como transmissor dos Símbolos e dos Mitos, como assegura a espiritualização dos Trabalhos Maçónicos, materializando as roturas espácio-temporais necessárias à criação do universo mítico, e do “tempo fora do tempo”, nos quais os mesmos decorrem.
O que é que têm os Rituais do REAA de especifico, relativamente aos dos outros Ritos Maçónicos ?
Acima de tudo, a multiplicidade das suas fontes, culturalmente muito diversificadas. Numerosas foram as correntes iniciáticas que os inspiraram, destacando-se a Egípcia, com a sua filosofia Hermética, a Grega (Órfica e Pitagórica), a Hebraica através do seu ramo Cabalístico, a Cristã por via da Alquimia, e a Cavaleiresca, sobretudo através de influências Teutónicas, e Templárias. Todos estes sincretismos estão na base de uma enorme riqueza simbólica, que converte o REAA num Conservatório de uma plêiade de Tradições.
De todas estas correntes o Escocismo assegura uma unidade total, que procura facultar ao Iniciado uma demanda espiritual, que o levará a transcender a sua individualidade, elevando-o ao nível do Absoluto, e reconciliando matéria e espírito, em busca dessa inteligência que se designa como o Princípio. É esta “unidade do Um”, definida como o estado do Santo Império, que se pode considerar como o mito mais importante do REAA, no qual se procura o acesso a patamares mais elevados de consciência, e à revelação da imanência do Princípio.
Este Império deve ser construído, individualmente, por cada um, pela possessão das funções real e sacerdotal, numa tensão permanente para o Absoluto. Contudo, esta realização pessoal deve culminar através de uma acção colectiva, destinada a criar uma Fraternidade, através da conversão do olhar para uma visão sagrada do mundo, em prol da unidade dos povos, e da Sociedade. Tanto no plano temporal, como no espiritual, o Império é um mundo organizado em torno de um Centro.
Disto tudo resulta, que o fim último do REAA, como se encontra claramente definido nas Grandes Constituições de 1786, é “a união, a felicidade, o progresso, e o bem estar da família humana, em geral, e de cada homem individualmente”.
Se este é o Código Genético desta ferramenta, em que medida é que ele se encontra presente na sua Cerimónia de Iniciação ?
No REAA, o Profano é confrontado, desde a sua entrada na Câmara de Reflexões, com os principais símbolos alquímicos. Muito explicitamente, e em primeiríssimo lugar, com o célebre VITRIOL. Máxima alquímica tirada da expressão latina “Visita Interiorem Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidae”, designa a procura da Pedra Filosofal, cuja obtenção, por purificações sucessivas, é o objectivo da Grande Obra, também designada, tal como a Maçonaria, de “Arte Real”.
O Profano descobre, igualmente, um Galo, e dois pequenos recipientes contendo Enxofre e Sal. Estes três símbolos, tendo em conta que o Galo é o mensageiro do Deus Hermes (Mercúrio na mitologia latina), introduzem os elementos que compõem a primeira tríade alquímica (Enxofre-Mercúrio-Sal). Somos assim mergulhados, desde o princípio da nossa demanda, num universo análogo ao do adepto, que se prepara para a Grande Obra, pela transmutação do mais vil Chumbo, no mais puro Ouro.
Isto não nos permite, obviamente, concluir que a Maçonaria teve origem na Alquimia, mas sim que estas duas correntes de pensamento beberam de uma mesma Tradição, pois reflectem uma concepção vizinha, das relações entre o Homem e o Universo. Também resulta evidente que esta transformação da matéria-prima, numa forma de organização interna superior, simboliza a elevação que se pretende que o Maçon Escocês venha a alcançar, pela alquimia do Rito, no Athanor que é a Loja.
Imediatamente após ter recebido a Luz, e o tema da recepção da Luz tem já, à partida, uma conotação retirada da Cabala Hebraica, o Neófito é confrontado com a decoração do Templo Maçónico, cuja disposição, no REAA, é claramente inspirada na Árvore da Vida, reflectindo a localização das suas Sefirótes. Ao centro, em pleno Oriente, o Delta Radiante representa Keter, a Coroa, através da qual brota a Luz, proveniente do Infinito (Ein Sof). O Sol, ao alto da Coluna do Meio-Dia, simboliza Hokhmah, a Sabedoria. Todavia, é com Binah, a Inteligência, que começa a Criação, e esta Sefirá, no Templo Maçónico, é representada pela Lua. A não Sefirá Daath, o Saber, síntese de Hokhmah e de Binah, dispõe-se sobre o Altar dos Juramentos, enquanto Centro do Conhecimento da Loja.
Hessed, a Misericórdia, principio de expansão, é simbolizada pela Pedra Cúbica, enquanto que Guevourath, o Rigor, se encontra situada sobre a Pedra Bruta. Netsah, a Vitória, e Hod, a Glória, estão representadas pelas Colunas direita e esquerda, que se situam no limiar do Templo. Finalmente, como a entrada no Sagrado é a base de todo o Trabalho Maçónico, Yessod, o Fundamento, é representada pela Porta do Ocidente. E como Malkouth é a Terra, onde vivemos, esta Sefirá considera-se presente na Câmara de Reflexões.
Daqui se conclui aquilo que vos tenho, insistentemente, reiterado. Aqui tudo é Símbolo, e nada existe, num Templo Maçónico, que não tenha subjacente uma interpretação simbólica. E esta característica de base, não se resume apenas à decoração, é igualmente extensível aos procedimentos ritualísticos.
A titulo de exemplo, recordemo-nos como se processa a Recepção de um Maçon. A consagração de um novo Aprendiz, na posição do Esquadro, na qual o Venerável Mestre, com a sua Espada, o Cria (porque a consagração, no REAA, é feita à Glória do Grande Arquitecto do Universo), Constitui, e Recebe, tocando-lhe na cabeça, e nos dois ombros, é claramente inspirada na Cavalaria. O novo Aprendiz é, pois, armado Cavaleiro, através deste ternário Criação-Constituição-Recepção. O mesmo apela ao triplo estatuto social, humano, e organizacional da Cavalaria. Ser Cavaleiro, é socialmente pertencer a um grupo separado, humanamente ser portador de valores éticos e, organizacionalmente, pertencer a uma Ordem. E, a Espada Flamejante com a qual é investido, símbolo do Poder Espiritual do Venerável Mestre, arma-o Cavaleiro do Espírito, numa demanda universalista, pela Paz, e pelo Amor.
E, que dizer da importância, que o numero 3 tem neste grau ? E do valor simbólico que a Maçonaria dá aos números ? Tudo isto também não é por acaso, é uma reminiscência dos ensinamentos Pitagóricos, nos quais tudo era número. E foi, também, dos ensinamentos de Pitágoras, que o REAA retirou a ideia de que existe uma realidade objectiva (palpável), e uma realidade subjectiva, que poderemos entender como a imaginação criativa. Recordemo-nos, do que é dito ao Profano quando, na sua primeira entrada no Templo, o recebem na ponta da Espada, relativamente ao que esta arma simboliza: “mas adverte-o, também, que se deve mostrar acessível às verdades que se sentem, mas não se exprimem”.
Por fim, na Abertura dos Trabalhos em Primeiro Grau, assiste-se à exposição do Painel de Loja, realizada pelo Experto. Este Símbolo, que assinala o Centro da Loja, também reflecte influências de várias Tradições. Enquanto unidade, que integra a totalidade da decoração do Templo, materializa o velho Princípio Hermético de que “O que está em cima é igual ao que está em baixo”. E os 12 Nós em Laços de Amor, que estão incluídos na Corda, que o circunda, trazem a Astrologia para os nossos Trabalhos, por simbolizarem os Signos do Zodíaco, nos quais se subdivide o Cosmos.
Não nos assustemos com toda esta complexidade. Explorá-la é trabalho de uma vida, e um desafio intelectual apaixonante, o qual desejo que vos traga tanta satisfação como a que eu tenho tido, no meu percurso Maçónico. Tudo isto são ferramentas, que cada um usa, em função das idiossincrasias da sua Pedra Bruta, e em plena Liberdade. Existem, todavia, em cada Grau, símbolos aos quais nos ligamos mais afectivamente, e descobrirmos porque assim o é, também é uma forma de nos autoconhecermos.
Se me pedirem para eu escolher três Símbolos do Primeiro Grau, o meu cérebro, formatado pelo estudo da Análise Matemática, e profissionalmente treinado para encontrar, rapidamente, soluções simplificativas para questões complexas, leva-me a optar pelo Fio-de-Prumo (Jóia Móvel do 2° Vigilante), e pelo Malhete e o Cinzel (ferramentas do Aprendiz). Claro que não é por acaso que os escolho – todos provêm da Arte da Construção e, como tal, apelam às minhas referências culturais, associadas à minha profissão.
Como sempre, os Símbolos são um reflexo de nós próprios, e trabalhar o Símbolo é penetrar no nosso subconsciente !
O Fio-de-Prumo convida-nos, através de um movimento descendente, a mergulharmos no nosso intimo, à descoberta do nosso “Eu” profundo, concretizando assim o “Conhece-te a ti mesmo” Socrático. A linha recta que descreve, traça-nos a referência que devemos, sempre, adoptar nas nossas atitudes. O Malhete e o Cinzel são o meio de nos autoconstruirmos, apontando, racionalmente, a ponta do Cinzel, para as asperezas que identificámos na nossa Pedra, e usando a potência do Malhete, que simboliza a vontade, para vencer a sua resistência.
Fazendo um exercício de Arte da Memória, estes três Símbolos, que integram o ternário Observação- Reflexão-Acção, apelam-me para a imagem do pequeno Aprendiz, que se encontra no livro do Ir.’. Oswald Wirth. Este, pacientemente, com o joelho assente em terra, na posição do Esquadro, trabalha a Pedra Bruta. Nada há de mais humilde, em Maçonaria, do que este jovem Aprendiz que, em Silêncio, executa o seu Oficio. Porem, a minha imaginação faz-me ver, para além deste desenho, e visualizar a majestosa Catedral, que este simples Obreiro, pedra a pedra, ajudará a construir.
É esta a forma como eu vejo o Primeiro Grau. Se, para o Profano, plantar uma árvore, escrever um livro, e fazer um filho são objectivos de vida, para o Maçon isto não chega, pois deverá, ainda, construir uma Catedral. Tornar a sua vida numa Obra-Prima, este é o Dever do Maçon. Este Templo Interior será resultado de um longo, e persistente, trabalho sobre si próprio, realizado, acima de tudo, com Humildade, pois sem a mesma não há a mínima possibilidade de Construção.
Convido-vos, assim, a pegarem nas Ferramentas Simbólicas, que a Arte Real está a colocar à vossa disposição e, pelo uso da Razão, e da vossa Imaginação Criativa, começarem o vosso percurso no Rito, na direcção do Belo, do Justo, e do Verdadeiro. Em Maçonaria, se a Obra é colectiva, os percursos são sempre individuais, e mais ninguém o poderá fazer por vós.
Em conclusão desta pequena reflexão sobre o Espírito do REAA, recordemo-nos da Lenda Bíblica dos filhos de Lamekh (sexta descendência de Caim), que se encontra plasmada num dos mais antigos “Old Charges” da Maçonaria Operativa, o Manuscrito Cooke (1400). No mesmo é referido que estes haviam inventado
“A Geometria e a Maçonaria… e todas as ciências … encarregaram o seu irmão mais velho Jabel de fazer dois pilares … e de inscrever nestes dois pilares as ciências que eles tinham todos inventado … e muitos anos após este dilúvio … um grande sacerdote, de nome Pitágoras, encontrou um, e Hermes, o filósofo, encontrou o outro”.
Estes dois pilares, que continham todo o saber do universo pré-diluviano, ilustram bem as duas correntes de pensamento que sustentam o nosso Rito, e os seus meios de acesso ao Conhecimento. Hermes, figura emblemática da Gnose, demanda milenar do Espírito e da Palavra, na unidade do Universo, e Pitágoras, geómetra, que tentou compreender o mesmo através da Ciência, são referências que ilustram bem a Espiritualidade específica do REAA, enquanto demanda esotérica, que permanece coerente com as exigências da Razão.
Usem, pois, a vossa Razão, com a acutilância do Cinzel, e divirtam-se com este desafio intelectual, que é proposto à vossa imaginação criativa, pois a Construção deve ser feita com Alegria, à Glória do Supremo Arquitecto do Universo (de cada um), e em busca desse Amor Fraternal, sem o qual, seguramente, não haverá uma Humanidade melhor.
Joaquim G. Santos
Referências Bibliográficas
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Trebuchet Louis ”Le message spirituel de notre Rite ”, 2009;
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