segunda-feira, 22 de junho de 2020



SANTO AGOSTINHO E SÃO TOMÁS DE AQUINO


por Sérgio Biagi Gregório

Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1227-1274) foram, respectivamente, os maiores pensadores da Patrística (1) e da Escolástica (2). Santo Agostinho valeu-se da filosofia de Platão, enquanto Santo Tomás de Aquino da de Aristóteles. Com isso, cada qual, em sua época, pode influenciar não só a religião católica como muitos pensadores cristãos que lhes sucederam.

Tanto Santo Agostinho como Santo Tomás de Aquino afirmam que Deus, sendo eterno, transcendente, todo bondade e todo sabedoria, criou a matéria do nada e, depois, tudo o que existe no universo. Para Santo Agostinho, as idéias ou formas estavam no Espírito de Deus. Santo Tomás de Aquino acrescenta a noção dos universais em seus raciocínios. Dizia que Deus é a causa da matéria e dos universais. Além disso, Deus está continuamente criando o mundo ao unir universais e matéria para produzir novos objetos.

Nenhum deles colocava em dúvida a imortalidade da alma. Santo Agostinho dizia que alma e corpo são distintos, mas não soube explicar como a alma se liga ao corpo. De acordo com Santo Tomás, a alma humana — princípio imaterial, espiritual e vital do corpo — foi criada por Deus. Acreditava que a alma espiritual é agregada ao corpo por ocasião do nascimento, e continua a existir depois da morte do corpo, formando, pois, por si mesma, um novo corpo, um corpo espiritual, por meio do qual atua por toda a eternidade.

Em suas teorias, reportam ao "desprezo do mundo". Contudo, Santo Agostinho mostra-se incapaz de decidir entre o mundo e desprezo por ele. A despeito dessa dúvida, apega-se firmemente à idéia de que a Igreja, como a encarnação mundana da cidade de Deus, deve ter supremacia sobre o Estado. Santo Tomás de Aquino, da mesma forma que Aristóteles, doutrinava que o homem é naturalmente um ser político e procura estar em sociedade. Este homem deve tributar lealdade à Igreja e a Deus, mas tem, também, que obedecer ao Estado porquanto este, por sua vez, recebeu o seu poder da Igreja.

Fé, Razão e Revelação são os pontos fundamentais de suas teorias. Santo Agostinho demonstra claramente sua vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente penetrar e compreender com a razão o conteúdo da mesma. Santo Tomás consegue, por seu turno, estabelecer o perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as mas não as separando necessariamente. Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus, por exemplo. Contudo, a filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes da razão divina manifestada na revelação.

Fiquemos com o lado bom de seus raciocínios, ou seja, a crença num Deus único, causa primária todas as coisas. Refutemos, porém, a supremacia que deram à Igreja, considerando-a como a monopolizadora da revelação de Deus. 


Fonte de Consulta

FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. São Paulo, Cultrix.

São Paulo, 09/03/2001

(1)Patrística é o nome dado à filosofia cristã dos três primeiros séculos, elaborada pelos Pais ou Padres da Igreja, os primeiros teóricos —- daí "Patrística" — e consiste na elaboração doutrinal das verdades de fé do cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos pagãos e contra todos que eram contra, os hereges.

(2)Escolástica, escolasticismo (do latim scholasticus, derivado do grego σχολαστικός, "pertence à escola", "instruído", "sábio") ou Filosofia Escolástica, é um método ocidental de pensamento crítico e de aprendizagem, com origem nas escolas monásticas cristãs, que concilia a fé cristã com um sistema de pensamento racional

Copyright © 2010 por Sérgio Biagi Gregório

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