domingo, 28 de maio de 2017



O TRÍPLICE E FRATERNAL ABRAÇO


Pesquisa realizada pelo Ir.´. José Roberto Cardoso, MI, GLMDF (Pedreiro de Cantaria)

- Segundo NICOLA ASLAN, escritor maçônico, falecido em 02 de maio de 1980, que pertencia ao Grande Oriente do Brasil, o Abraço Fraternal ou Tríplice e Fraternal Abraço dos maçons, consiste em passar o braço direito por cima do ombro esquerdo do Irmão e o braço esquerdo por baixo do braço direito do mesmo. Estando os dois nessa posição, batem brandamente com a mão direita as pancadas que constituem a bateria do Aprendiz. Feito isso, invertem-se novamente, voltando a primeira posição, repetindo-se sempre, a formalidade da bateria. Dá-se o abraço toda vez que um Oficial titular de um cargo retornar ao seu lugar, provisoriamente ocupado por um substituto.

Obs. Diz que nada tem a ver com os cinco passos de perfeição.

- Segundo o Informativo JB News –. 1.540 Florianópolis (SC) – terça-feira, 2 de dezembro de 2014.

Para os sistemas maçônicos que usam o Tríplice Fraternal Abraço (isso não é unânime na Maçonaria) pelo qual eu me reporto ao Rito Escocês Antigo e Aceito, a origem dessa alegoria está na cerimônia de Exaltação quando o Venerável simbolicamente faz reviver o protagonista para a Luz pelos C.´.PP.´.PP.´.D.´.M.´., antigos C.´.PP.´.PP.´.D.´.C.´. na encenação teatral. Depois de revivido o protagonista, em pé o Venerável dá e recebe dele o Tríplice Abraço.

De fato, houve tempo em que esse cumprimento era dado somente entre Mestres, todavia essa prática caiu em desuso por não proceder que o dito ficasse restrito apenas ao Terceiro Grau, já que em melhor análise, percebeu-se que o Venerável ao dar o Tríplice Abraço na cerimônia comentada, o protagonista revivido ainda não havia sido consagrado Mestre Maçom, até porque nem mesmo naquela oportunidade ele vestia o avental do Mestre – trocando em miúdos, o Venerável ao dar ali o Tríplice Abraço no renascido este, ainda como Companheiro, não fora constituído Mestre Maçom. Desse modo a origem do abraço emblemático está na Exaltação, todavia pelas circunstâncias não procede como um segredo privativo do Terceiro Grau, senão de domínio dos três Graus.

Historicamente a Lenda do Terceiro Grau se origina na lenda Noaquita - Noé e os três filhos – Sem, Can e Jafé (três abraços relativos aos três filhos).

A questão das pancadas no dorso do oponente – a cada abraço na forma de costume os protagonistas dão três pancadas, independente do grau simbólico. Isso significa que três abraços perfazem nove pancadas de cada um e é só. É mera invenção essa de se apregoar que as pancadas devem corresponder às baterias do Grau conforme a situação. Nunca é demais lembrar que conforme o Rito praticado o compasso das baterias do Grau podem se diferenciar. Agora, imagine a confusão que seria transferi-las ao dorso do protagonista.

Ratifico. Para os três Graus simbólicos o Tríplice Abraço é um só, sendo igualmente seguido por três pancadas a cada abraço em qualquer Grau.

O que existe conforme expressam alguns rituais é a orientação de se bater com as duas mãos ao mesmo tempo, ou só com a mão direita, ou só com a esquerda.

Vejo - não acho - que isso é mera filigrana, já que essa estória de mão do lado do coração, lado ativo e passivo é concepção individual de crença que nada tem a ver com a racionalidade maçônica. O que um bom e autêntico ritual deve exarar ao escolher o modo de se bater (sempre três a cada abraço), é a uniformização do procedimento e não uma concepção anacrônica e prosaica de ocultismo.

Acho oportuno salientar que a prática do Tríplice e Fraternal Abraço não deve assumir as raias do exagero e nem cair no campo da vulgaridade quando Irmãos durante a sessão por qualquer motivo ficam trocando o Fraterno Abraço. O gesto é para ocasiões que realmente mereçam a sua prática e, ainda sem essa “estória” de traduzir o gesto em pancadas que correspondam a um grau simbólico específico.

- Segundo RAYMNDO DELLA JÚNIOR, do Grande Oriente do Brasil, em seu livro 30 instruções do Mestre, Editora Madras, pag. 258, o abraço dos cinco pontos de perfeição se inicia com o braço esquerdo sobre o ombro direito, ou seja, como está em nossos rituais.

- Segundo RIZARDO DA CAMINO – o Tríplice e Fraternal Abraço é a imagem do afeto que une todos os maçons.

- Segundo JOÃO ANATALINO RODRIGUES - Quanto ao TFA se trata de um sinal criado pelos maçons do Arco Real que simboliza a chamada "tríplice argamassa" com que se ligam as obras maçônicas. Essa explicação, adotada por Albert Pike e também pela enciclopédia Mackenzye, me parece a mais coerente. Mas como sabemos, a Maçonaria é uma grande "gestalt", ou seja, um conjunto de visões interpretativas que cada um desenvolve segundo o seu próprio sentimento. Assim, pode ser que Jorge Adoun tenha razão, tal como os demais autores que discorrem sobre o assunto.

- RITUAL DE 1804 -Rite Écossais Ancien & Accepté - Guide des Maçons Écossais – Primeiro Vigilante – mão contra mão, significa que empregarei sempre minhas mãos para servir meus Irmãos nas suas necessidades; 2º - pé contra pé, significa que não temerei desviar-me do meu caminho para ir ajudar meus Irmãos; 3º - joelho contra joelho, que eu me ajoelharei diante do Ser Supremo para interceder por meu Irmão como se fosse por mim; 4º - peito contra peito, para simbolizar os segredos que me sejam confiados; 5º - a mão esquerda nas costas designa que apoiarei sempre meus Irmãos tanto quanto me seja possível.

- RITUAL DE MÁRIO BEHRING, 1928 – Mão esquerda sobre o ombro direito, significando o amparo que todos os Mestres se devem mutuamente.

- RITUAL DA GRANDE LOJA DE 2008 – Se faz os cinco pontos de perfeição de forma contrária ao que se faz no Grande Oriente do Brasil: “mão esquerda sobre o ombro direito”, ou seja, prevalecendo a tese da origem, o início é pelo lado esquerdo.

- RITUAL DA GRANDE LOJA DE 2010 – Idem.

- RITUAL de 2017, idem.

OBSERVAÇÃO

Não há uma regra geral que vale para todos os maçons e nem nada que diga que o abraço fraternal decorre dos cinco passos de perfeição, mas que é, ao mesmo tempo a fonte do abraço fraterno. 

Como as palavras são dadas no ouvido esquerdo; como no abraço dos cinco pontos de perfeição tem início, da mesma forma pelo lado esquerdo, seria de bom alvitre seguirmos nossos rituais e, portanto, sugiro começar o abraço fraterno pelo lado esquerdo.

Apesar de divergências na forma como é usado no Grande Oriente do Brasil, pelos motivos já expostos as Grandes Lojas usam a fórmula do braço esquerdo sobre o ombro direito, no mesmo sentido de quando se dá a palavra.

Assim sendo, mesmo não havendo uma regulamentação, acredito que fica mais bonito “coração com coração”, que dá a entender a fraternidade.

O assunto em tela pode ser dado como um enxerto feito no decorrer dos anos, até porque após a iniciação do profano ele é recebido com um abraço fraterno.

TFA
Pedreiro de Cantaria

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