domingo, 12 de junho de 2016



 A Música e a Maçonaria; músicos maçons.

Texto de José Manuel M. Anex.

São nomes confimados de maçons, os de Geminiani, de Rameau, dos Mozart, pai e filho, de Haydn, de Cherubini, de Liszt, de Sibelius, entre outros - isto, no que toca à denominada música “séria” ou “erudita”, já que noutros quadrantes musicais, é de assinalar a presença nas fileira da Maçonaria de nomes como John Philip de Souza, Irving Berlin, Louis Armstrong, Count Basie, Duke Elington, Nat King Cole, Phil Collins e até de Luís Gonzaga. Por outro lado, a filiação maçónica de nomes como Carl Philipp Emanuel Bach, Beethoven, Schubert, Mendelssohn, Verdi e Wagner, não está estabelecida (sendo duvidosa como a de Beethoven ou a do nosso Domingos Bontempo) ou é mesmo fantasista (como a de Wagner).

Quais as razões da presença de tão grande número de importantes músicos, nas fileiras da Maçonaria? A primeira, é filosófica e simbólica, já que celebrando os rituais maçónicos a Proporção (a Geometria e o Número), a Harmonia e a Beleza (e também a Sabedoria e a Força espiritual) das construções humanas à Gloria do Grande Arquitecto do Universo - o próprio Templo maçónico está estruturado entre o Sol e a Lua, entre a coluna do Rigor e da Justiça e a coluna do Amor e da Misericórdia -, é natural que a musical Harmonia da Esferas (cf. Joscelyn Godwin, Harmonies of Heaven and Earth, Thames ad Hudson, 198) e o Cosmos (que é o contrário do Caos), estabelecidos pelo Grande Arquitecto do Universo (ou Supremo Geómetra dos Mundos) – “ao princípio, Deus geometrizou”, diziam os pitagóricos -, estejam na raiz da sua mundivisão.

A segunda razão é de natureza histórica, visto que desde o começo do século XVIII as reuniões maçónicas concluíam-se com cânticos, numa dimensão convivial e ornamental de que dá testemunho o Cancionero incluído no Livro das Constituições de Anderson (1723), o qual compreendia quatro cânticos: o do Aprendiz (The Enter’d Prentice’s song), o do Companheiro (The Fellow-Crafts’ song), o dos Vigilantes (The Warden’s song) e o do Venerável Mestre (The Master’s song). 

Como refere Gérard Gefen (op. cit., p. 20), não só «a partir da primeira edição das Constituições, a inserção dum cancioneiro nos textos oficiais da maçonaria, se tornou, pelo menos em Inglaterra e no século XVIII, uma verdadeira obrigação», como também, é «na carta da obediência concorrente que se encontra a recolha mais abundante de cantos maçónicos oficiais». De facto «na obra Ahiman Rezon, redigida por Lawrence Dermott e publicada em 1756 como a carta os “Antigos”, encontra-se nada menos do que cerca de quarenta canções» (ibid.).

Em França, serão Naudot e Clérambault os «autores das primeiras obras musicais francesas destinadas ou consagradas à maçonaria. Desde 1737, aparecia uma recolha intitulada: Chansons notées de la trés vénérable Confrérie dês Maçons librés…»

Progressivamente foi-se verificando, nas lojas e nas Obediências, a inserção da música no ritual, ou seja, a utilização da chamada Coluna da Harmonia (denominação do século XVIII), quer nas entradas e saídas dos dignitários, quer durante a iluminação da Loja, quer na circulação do Tronco da Beneficência, quer ainda acentuando algumas passagens das iniciações, elevações, etc., etc.. Saliente-se várias obras musicais compostas para os funerais maçónicos dos Irmãos e simbolizando uma meditação sobre o mistério central da Maçonaria: a morte e a ressurreição.

Ao contrário dos que mantém as músicas clássicas de outrora na coluna da harmonia há que se dizer que tais entonações eram, na realidade, outrora, as nossas músicas populares. (1)

Nada há que obrigue o Mestre de Harmonia a utilizar essas músicas vez que a música é utilizada para dar HARMONIA à reunião e, portanto, fica à escolha do referido oficial as músicas que podem causar enlevo nos obreiros. (2)

Era costume dos hebreus circular em torno do Altar dos Juramentos cantando louvores a Deus pois isso fazia bem a alma. (3)

Os rituais não fazem referência a essa ou aquela música deixando o Mestre de Harmonia à vontade para discernir qual tipo de melodia irá usar e que se encaixará nos momentos apropriados ao cerimonial da Oficina (4).


(1) - Observação feita pelo Ir.´. JOSÉ ROBERTO CARDOSO MI - GLMDF.
(2) - Idem
(3) - Ibidem
(4) - Ibidem.

José Manuel M. Anes

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