segunda-feira, 3 de julho de 2017



O SIGNIFICADO DO TERMO JUBELOS


Por João Anatalino Rodrigues 

O termo Jubelos, nome dado aos assassinos de Hiram, é uma designação que provavelmente foi inspirada nos descendentes de Cain, citados na Bíblia, Jubal e Jabel, como já se disse anteriormente. Não conhecemos nenhuma outra tradição ligada a esses nomes, razão pela qual só podemos deduzir que tal designação só pode ser proveniente de associações com os personagens acima citados, que aparecem na variante gnóstica da Lenda de Hiram, desenvolvidas, naturalmente pelos cultores da tradição cabalística. Esses nomes também podem ser originários do latim Jubeo, que significa “em mando” “eu quero”.

O significado iniciático desse crime pode ter sido inspirado no Sepher-A-Zhor, a Bíblia cabalista. Os Jubelos são os anjos rebeldes (demiurgos) que se julgam os verdadeiros construtores do mundo, e querem, a todo custo ser ombreados aos seus superiores. Representam, simbolicamente, a Rebelião de Lúcifer. Esses anjos rebeldes, que deram origem à estirpe de Cain, só poderão ser redimidos através do processo regenerativo que representa o Drama de Hiram.

Historicamente, também se poderia evocar o simbolismo dos cortadores de pedra para o Templo do Rei Salomão, os giblios, para explicar o crime dos Jubelos. Já dissemos que tais operários que representam os companheiros, eram estrangeiros para a tradição israelita. Somente através do sacrifício ritualístico do Mestre Hiram é que eles puderam romper a barreira da tradição e ser admitidos na m3estria maçônica, que em princípio, só podia acolher israelitas de origem. Esse simbolismo teria sido adaptado às tradições maçônicas para justificar a admissão dos chamados “maçons aceitos”.

Mais importante que tudo isso, porém, é o significado moral dessa alegoria. O assassinato do Mestre Hiram simboliza a morte do homem justo pela violência e a ignorância dos tiranos. Com efeito, implantada a tirania, a primeira violência que se prática contra o amante da liberdade é calar a sua voz, impedindo que ele se expresse. Depois, violenta-se lhe o coração, pelo ataque aos seus sentimentos, procurando destruir sua honra, seu nome, sua família, sua autoestima ao mesmo tempo em que se lhe retira todo tipo de liberdade; por fim silenciam-no totalmente, ou pela ameaça da eliminação física, ou pelo próprio cumprimento da ameaça. Esse é o golpe fatal, na cabeça que tira a vida, embora, como o Hiram da lenda, o homem assim violentado sempre ressurja, muito mais forte na razão que defendeu e no exemplo que deixou.

Esse simbolismo foi muito apropriado para a época em que essa alegoria foi incorporada aos rituais maçônicos, pois se tratava de um tempo em que as perseguições por razões políticas, ideológicas e religiosas estavam em pleno auge. E continua muito atual, pois nos dias de hoje a ignorância que gera a violência ainda é a principal arma dos tiranos.


(Conhecedo a Arte Real – Editora ISBN-2ª Edição)

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