terça-feira, 9 de maio de 2017



A ORDEM DOS CAVALEIROS TEUTÔNICOS


(Texto extraído do Livro Templários, Sua Origem Mística, por Pier Campadello)

A Sagrada Ordem dos Cavaleiros Teutônicos foi fundada na Palestina durante o cerco de São João do Acre (1189-1190), por comerciantes alemães como uma Ordem Hospitalária com intuito de formar postos de auxílio para socorrer seus companheiros sediados na Palestina e sujeitos às doenças desses lugares quentes, tornando-se uma Ordem Militar.

Recebeu a aprovação do papa Innocêncio III, em 1198, e uma Regra (Agostina) inspirada naquela dos Cavaleiros Templários, tomados como modelo para sua fundação e organização, porém se inspiraram também nos Cavaleiros Hospitalários. Os primeiros membros do grupo estabeleceram entre os integrantes do exército cristão acampado fora de São João do Acre. Pouco tempo depois, foram doadas umas terras para que construíssem um hospital e um estado monástico.

Alguns anos depois, em1199, foram surpreendidos com uma instrução do papa Innocêncio III, para que se tornassem uma Ordem Militar, limitando a admissão de membros aos componentes da nobreza alemão. Tornou-se, assim, a mais nova das três Ordens militares de Cavalaria do Oriente. Porém, a Ordem dos Teutônicos sediada na Palestina não restringiu aos seus membros a exigência Papal de pertencer à nobreza alemã. A única exigência imposta aos novos membros era a de que deveriam ser livres e, principalmente solteiros. 

A Ordem foi organizada no modelo templário, no qual o Grão-Mestre detinha o poder absoluto sobre os Cavaleiros, que seguiam o lema “isque ad mortem”, isto é, não podiam recuar jamais diante dos inimigos. Ele comandava os 12 Capítulos em que era dividida a Ordem e cada um destes era comandado por um líder conhecido como Komtur, significando Oficial de Diligências. Quando um Grão-Mestre morria, todos os Komturs se reuniam para eleger 13 membros, dos quais era escolhido o novo Grão-Mestre. Os outros oficiais do comando (Grosskomtur) eram: o Ordensmarshall, o Tressler (o tesoureiro), o Spitler (Hospitaleiro) e o Trapier (chefe do quartel).

Os Cavaleiros Teutônicos usavam pelote e mantos brancos e neles era estampada uma cruz “de sable”, quer dizer, uma cruz negra, dobrada em prata. Todos os membros, ao entrarem na Ordem, faziam os três votos monásticos de Obediência, de Castidade e de Pobreza.

Uma das principais condições para ingressar na Ordem Teutônica era que o candidato tivesse um vigor físico acima do normal, ampliado com um duro treinamento militar, em uma de suas sedes, que depois passou a ser o Castelo de Marienburg. Seus uniformes de batalha eram similares a todos os outros Cavaleiros, em alguns casos, um Teutônico podia portar alguns suplementos opcionais inseridos em seu vestuário normal, que consistia no escudo, nas costas de malha, cobertas por uma capa branca, adornadas com uma cruz preta simples e as armas de praxe.

Por um longo período, um pequeno destacamento de teutônicos serviu em Viena como se fosse uma pequena chama que mantinha vida a Ordem, sendo vistos pela população em geral como pessoas normais pertencentes a uma Ordem semiclerical.

A Ordem nunca se destacou na Terra Santa nem participou de nenhuma batalha famosa, como também não usufruiu do apoio, das benesses e riquezas que eram dados às outras Ordens. Na sua única participação, em 1216, a Ordem Teutônica perdeu a maioria de seus membros, inclusive seu Grão-Mestre, em uma ação em defesa da Terra Santa.

A Ordem ficou em Acre até a queda do reino, no fim do século XIII, quando direcionou seus interesses para seu país de origem, a Alemanha, deslocando sua sede para Veneza e dessa cidade foi aumentando gradativamente sua força e seu prestigio nos Balcãs.

Assim, a Ordem ajudou, em 1210, o Rei Andrew da Hungria a desalojar os Kumans que estavam invadindo a Transilvânia. O Duque polaco Conrad de Masovia também pediu sua ajuda contra os pagãos que invadiam suas terras.

Em 1229, foram chamados para converter e pacificar os eslavos pagãos da Prússia em uma dupla ação de conquista e Cruzada (Drangnach Osten), e foram tão eficientes nessa campanha, que praticamente esmagaram os eslavos de uma forma tão impiedosa, que lhes rendeu a reputação de guerreiros do mal, pois esses Cavaleiros, devido à sua superioridade militar adquirida com rigorosos treinamentos, tornaram-se vaidosos de sua força e perícia com as armas, endeusando-se, tornando-se cínicos e, ainda mais, adotando o critério de que para atingir rapidamente seus objetivos era necessária a eliminação total do inimigo, único meio de erradicar rapidamente o problema. Portanto, a Ordem era desumana em suas lutas contra as tribos pagãs, até mesmo com pequenos contingentes de cavalarias; eram praticamente invencíveis enfrentando qualquer inimigo. Os Cavaleiros Teutônicos não tinham misericórdia; qualquer homem, mulher ou criança conquistados tinham que se converter ou seriam executados. Desta forma, os nativos das regiões conquistada tornaram-se naturalmente servos da Ordem, que os controlava desde a mais próxima da série de poderosas fortalezas que foram sendo instaladas pelos Balcãs, na Polônia, Lituânia e Suécia.

Em 1226, o seu Grão-Mestre, Hermann Von Salza, conquistou a soberania do País de Kuln, assim como os direitos sobre as futuras conquistas. Em 1237, deu-se a fusão com a Ordem dos Porta Espada (Porte-Glaive ou Schwerttager), fundada em 1202 por Albert de Bruxhovden, que adotou a Regra de Citeaux escrita por Saint Bernard de Fontaine (São Bernardo), inspirado em Santo Agostinho de antioquia. O objetivo da Ordem era reduzir os pagãos da Livórnia, conquistando também a Coulândia e os territórios de Semigalle. Na sua fusão com os Cavaleiros Teutônicos, conservou seu Grão-Mestre Montgommery d´Eisenhower. Seu último Grão-Mestre foi Ghottard Kettler que, em 1559, foi derrotado por Ivan IV, cedendo a Livórnia à Polônia, secularizou a Ordem e erigiu por sua conta a Couriandia e a Zemgale (Semigalle) e ducados, sob a soberania polonesa (1561). Com o enfraquecimento dos Teutônicos, a Ordem conseguiu recuperar parte de sua independência.

Algumas rebeliões ocorridas em 1260 forçaram a Ordem a emprenhar-se acima dos seus limites.

Os Cavaleiros Teutônicos governaram as terras conquistadas com eficácia, mesmo que a maioria dos colonos estranhasse o fato de responder sobre impostos e assuntos financeiros a monges que não eram autorizados a possuir qualquer coisa, mas isto limitou a corrupção e permitiu que os negócios fossem operados com eficácia.

No início do ano 1300, a Inquisição atacou os Templários e os Teutônicos com as acusações de crueldade bruxaria, entretanto, o teatro de operações dos Teutônicos (Prússia e a Costa do Báltico) colocou-os de uma certa forma, em segurança, fora do alcance de qualquer autoridade que poderia agir contra eles.

As regras impostas pelos Cavaleiros Teutônicos não eram fáceis seguir, assim, quando notavam que suas normas não eram seguidas à risca, enviava expedições punitivas, de tal forma que, somente no século XIV, promoveram uma série de campanhas punitivas contra os lituanos (80 expedições ao todo, com uma média de sete expedições por ano).

Assim, governando com extremo rigor, os teutônicos alcançaram o cume de seu poder e reputação, durante o século XIV, no qual apareceram algumas das melhores mentes militares da época. Porém a extensão das terras dominadas não lhes permitia manter grandes guarnições de homens em todos os seus domínios, por esse motivo foram derrotados, em 1410, pelos polacos e lituanos na Batalha de Tannenberg, e os Cavaleiros Teutônicos foram obrigados a ceder a Prússia Ocidental e Pomerelia à Polônia, em 1466, e mudar sua sede para Konigsberg, na Prússia Oriental. O golpe de misericórdia foi dado mais tarde, em 1525, pelo Grão-Mestre Alberto de Brandenvurg, que acabou convertendo-se ao Luteranismo, enfraquecendo a Ordem.

Sua fama era a de possuírem um temperamento agressivo, como puro instinto animal e sempre prontos para entrar em ação. Esse tipo de atitude era condenada pelos Hospitalários e Templários que não apreciavam o ódio e a despreocupação com que os Teutônicos agiram contra os inimigos.

Os Teutônicos, normalmente, gastavam a maior parte de seu tempo preparando-se e treinando para entrarem em ação ou lutarem, pondo rapidamente em prática tudo o que aprenderam. Portanto, ficavam frustrados com planos e estratégias a longo prazo. Por este motivo, em geral, apresentavam uma forte tendência antissocial de difícil relacionamento com as outras pessoas; esta atitude motivou vários desentendimentos, tanto com os Hospitalários como com os Templários, porque, muitas vezes, fora da Ordem, ignoravam as instruções de seus próprios oficiais, por julgá-las impróprias ou incorretas.

Em menos de 100 anos, eles estenderam seus domínios ao longo do Báltico, do Golfo da Finlândia, e suas margens do Pomeranian. Colonizaram as terras conquistadas instalando colonos alemães, estabelecendo um forte governo central com sede em Marienburg, na Prússia Ocidental (agora Polônia). Essa sede foi construída, em 1276, pelo Grão-Mestre von Winrich Kniprode; era uma poderosa fortaleza situada em um local estratégico para o comando e controle dos territórios conquistados pelos Cavaleiros Teutônicos. Por volta de 1308-1309, esforçaram-se para submeter-se à Lituânia, a fim de religar suas terras à Prússia, alargando os territórios de Dantzig e Pomérélle até a Polônia. Conseguiram, assim, a expansão de seu território, trazendo uma grande estabilidade e paz para toda a região, de forma que o castelo se tornou um magnífico hotel para os nobres visitantes e Cavaleiros que quisessem tomar parte nas campanhas da Ordem.

O castelo de Marienburg foi completamente reformado no século XIX, porém foi bombardeado pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial, sendo reduzido a ruínas. O governo polonês reconstruiu o castelo e o devolveu aos Teutônicos como um meio de restabelecer a tradição histórica.

Oficialmente, a Ordem está sediada na Áustria como uma simples hospitaleira, contudo, existem muitas ligações e filiações com diversas sociedades secretas alemãs mantendo o ideal germânico, cujo fim era elevar a Alemanha a um império pan-germânico que, no século passado, identificou-se com o III Reich, no qual o ideal foi distorcido em xenofobia e nacionalismo pueril, fora do contexto da marcha evolucional do gênero humano, que defende os excelsos princípios de Igualdade, Liberdade e Fraternidade Universais.

A imagem da Ordem Teutônica era tão forte para os alemães que foi adotada como modelo pelos nazistas, na Segunda Guerra Mundial, ao criarem as forças da SS, que chamaram de Ordem Teutônica ou Ordem Negra, adotando ainda como emblema a Cruz Sovástica (que representa as forças involutivas). De acordo com o livro Hitler m á dit (edição Portuguesa, pp, 225-6), no capitulo “A Criação do Super-homem” encontramos a frase: “O homem novo vive a nosso lado. Está ali! – exclamou Hitler triunfalmente – Não lhe basta isso? Vou dizer-lhe um segredo. Vi o Homem novo. É intrépido e cruel. Senti medo diante dele”.

Hitler é, pois, a síntese perfeita do fim de um ciclo racial, como foi Gênghis Khan, e, com suas visões de distorcida grandeza, provocou milhões de vítimas para comprovar suas tentadoras doutrinas de superioridade que nem todos sabem recusar, mesmo que depois chorem copiosas lágrimas de sangue.

O Verdadeiro progresso do gênero humano, o verdadeiro caminho da Iniciação e da Sabedoria Divina jamais promete coisas enganosas e mirabolantes que provocam o caos espiritual, mas coisas reais ou régias, baseadas no esforço, perseverança e sacrifícios diários, que poucos querem seguir, de acordo com a frase: “faze por ti que eu te ajudarei”, que é a síntese do Trabalho Magno, Opus Magnum de cada um.

Assim, a Cruzada Eslava da Ordem Teutônica foi adotada e sustentada pelos nazistas como um exemplo de superioridade alemã e usada como uma desculpa para atacar, entre outros países, a Polônia e a Rússia.

Agora, após o restabelecimento da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, readquiriram sua antiga sede e funções, dedicando-se ao trabalho de caridade e, ainda nos dias de hoje, existe, na Áustria uma espécie de organização semiclerical que se dedica ao trabalho de caridade.

Atualmente, os Cavaleiros Teutônicos escolhem cuidadosamente seus membros, especialmente entre as polícias especiais ou nas forças armadas de vários países ao redor do mundo. De qualquer forma, seu comportamento e suas atitudes devem ser discretos e reservados. Em geral, são proibidos de revelar sua identidade em público, esta é a única Ordem que obriga os seus membros, de acordo com antigas regras, a não manterem correspondência ou contatos com seus familiares.

Os fundos financeiros que sustentam a Ordem são quase impossíveis de serem localizados, assim como seus detalhes pessoais são protegidos até mesmo dos próprios irmãos Teutônicos no mesmo nível hierárquico, e suas habilidades específicas de luta são desenvolvidas cuidadosamente.

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