segunda-feira, 8 de maio de 2017



ORDEM DOS CAVALEIROS HOSPITALÁRIOS DE SÃO JOÃO, DE JERUSALÉM, MALTA E RHODES

ORIGEM E OS OBJETIVOS DOS CAVALEIROS HOSPITALARES


A Ordem dos Cavaleiros Hospitalares foi fundada em Jerusalém por um grupo de comerciantes italianos, em um hospital dedicado a São João, aproximadamente em 1.070, isto é, 30 anos antes da Primeira Cruzada. Acabou transformando-se em uma Ordem, em 1.100, logo após a Primeira Cruzada, quando empossaram o seu primeiro Grão-Mestre, que definiu seu objetivo principal de dedicar-se ao conforto e repouso dos peregrinos bem como ao cuidado de seus corpos, curando-os ou praticando a medicina preventiva. Porém, devido aos contínuos ataques e invasões muçulmanas, os Hospitalários acabaram por adotar a mesma filosofia guerreira que os Templários, concorrendo com estes na defesa militar da cristandade, sem esquecer jamais seus objetivos originais, de tal forma que se esmeraram em construir e manter hospitais em lugares estratégicos para cuidar dos peregrinos doentes e feridos e para manter sua filosofia de cura, todos seus membros eram treinados em primeiros socorros e cuidados médicos. Desta forma foi a única Ordem a sobreviver incólume aos turbulentos séculos da Idade Média até os dias de hoje (ainda existe a Ordem Hospitalária, com sede na ilha de Malta, no mar Mediterrâneo).

Ao longo dos séculos, tiveram uma dupla atuação: de cura e de servir como uma espécie de órgão de espionagem do Vaticano, apresentando-se normalmente, muito bem vestidos em público, de forma que as pessoas os vêem como dedicados seres altruístas que correm o mundo inteiro em serviços de auxílio, em desastres e obras beneficentes. Os membros desta Ordem, na sua maioria, são médicos ou enfermeiros especializados, que aplicam conceitos de altos padrões de limpeza e higiene. Usam um uniforme cerimonial que consiste em uma reoupa negra com uma cruz branca (Cruz de Malta). Antigamente os monges guerreiros usavam batas vermelhas com a cruza de Malta estampada em sua roupa.

Cavaleiros Hospitalários


Nos anos 1700, foram expulsos por Napoleão de sua sede na Ilha de Malta, recolhendo-se a uma pequena propriedade em Roma, perto do Vaticano. No entanto, recentemente, ganharam na Justiça os seus direitos de propriedade do castelo de Valleta, em Malta, porém, os nativos da ilha não aceitam mais os membros como seus senhores.

A escolha dos membros da Ordem é feita geralmente entre médicos, homens de ciência ou que possuam tendências ao sacerdócio altruísta. É uma Ordem tradicional de elevado cunho religioso (submetida às ordens do Vaticano), dando uma ênfase toda especial às cerimônias religiosas.

Os Hospitalários adotaram com tanto rigor os princípios de justiça que são incapazes de prestar auxílio a pessoas que consideram possuir uma vida desregrada ou a uma criatura que julgam ter um mau comportamento. Por este motivo, frequentemente entraram em conflito com os Cavaleiros Templários e Teutônicos.

É uma Ordem de cunho militarista, portanto, somente aceitam o serviço das mulheres dentro da Ordem em tarefas não combativas. Apareceram por volta do ano 1126, assumindo publicamente um caráter de crescente cunho militar, mais marcante que o próprio serviço de hospital originário. Com o tempo, tornaram-se, com os Cavaleiros Templários e Teutônicos, a principal força militar e poder financeiro da Terra Santa, poder este que foi se expandindo ao longo do Mediterrâneo.

A Ordem ficou muito rica, possibilitando a organização de um poderoso exército, que controlava uma vasta área com os Templários; possuíam, ainda, uma organização eclesiástica, administrativa e de serviços secundários, atendendo a uma rede de fortalezas e propriedades (hospedarias e hospitais), que eram servidos por centenas de cavaleiros e pajés auxiliares, que compunham as guarnições sediadas em pontos estratégicos, cobrindo uma enorme área do mundo cristão.

A Ordem permaneceu fiel aos objetivos de sua fundação e origens, mantidos até os dias de hoje, como nos hospitais como suas hospedarias, atendidas por seus próprios membros.

Quando em 1307, os Templários foram acusados por Felipe, o Belo, de uma série de ofensas contra a ortodoxia católica, os Hospitalários conseguiram ficar isentos de qualquer acusação, pois eles sempre privaram dos favores e beneplácito do Papado, de tal forma que na Inglaterra e em outros países foram beneficiados após o processo dos Templários, com a entrega oficial de propriedades destes últimos à suas administração e posse, acabando por enriquecê-los ainda mais.

Em 1291, os Cavaleiros de São João retiraram-se para Chipre e, em 1309, estabeleceram um principado privado e sede de suas atividades na Ilha de Rhodes. Nesta ilha, permaneceram durante dois séculos, resistindo a dois ataques dos turcos, entretanto não resistiram ao terceiro ataque, em 1522, quando foram forçados a abandonar a ilha, estabelecendo-se, então, em Malta, no ano 1530.

Nessa ilha, suportaram heroicamente, em 1565, o sitio e os repetidos ataques de 30.000 turcos, enfrentados e vencidos por 541 Cavaleiros Hospitalários, seus sargentos e mais 1.500 soldados mercenários a pé. Com essa histórica derrota infligida, os turcos terminaram seus ambiciosos planos de invadir e conquistar todo o Mediterrâneo.

Seis anos depois, em 1571, a frota da Ordem, com navios de guerra da Áustria, Itália e Espanha, ganharam a batalha naval de Lepanto, acabando com o poder naval dos turcos e sendo decisiva para que estes desistissem definitivamente de invadir a Europa. Desta forma, a Ordem contava, no século XVI, com um poderoso exército, apoiado por uma poderosa frota naval considerada entre as melhores do mundo cristão, contando com forças e recursos financeiros comparáveis à maioria das nações europeias.

A reforma protestante (1798) diminuiu a força da Igreja Católica na Europa, atingindo a própria Ordem e seus Cavaleiros sediados em Malta, que se haviam transformado em uma pálida sombra do que eram anteriormente, em decorrência dos vários enfrentamentos e pressões das novas convicções que arremessaram a Europa para um período de tolerância religiosa e mercantilismo.

Por outro lado, a Franco-Maçonaria com seu lema “Liberdade, Fraternidade e Igualdade” conseguiu diminuir as submissões populares de fé cega à teologia pregada pela Igreja Católica, assim, quando Napoleão invadiu a ilha de Malta a caminho do Egito, os Cavaleiros Hospitalários não ofereceram nenhuma resistência e foram expulsos da ilha.

Em 1834, aparece uma base oficial destes em Roma, dedicando-se com afinco ao serviço dos hospitais e ao trabalho da saúde do povo. 

Quando Horatio Nelson reconquistou suas propriedades na ilha de Malta, os Cavaleiros Hospitalários restabeleceram sua presença não oficial na ilha, mantendo sua fortaleza, porém, sem requerer nenhum poder de governo. 

Curiosamente, após a Segunda Guerra Mundial, cogitou-se seriamente a possibilidade de entregar Israel aos Cavaleiros Hospitalários porque, do ponto de vista de direitos internacionais, os Cavaleiros de Malta são encarados como um principado soberano independente, com a opção de possuir um assento nas Nações Unidas (nunca ocupado por eles) podendo ser identificadas embaixadas em vários países da África e amperica, com plenos privilégios diplomáticos.

De todo o exposto, verificamos que os Cavaleiros Hospitalários são uma Ordem com todas as bases legais, tornando seus oficiais reconhecidos em todas as partes do mundo até os dias de hoje.

Desde a época das Cruzadas, seus rivais tradicionais eram os muçulmanos, porém, periodicamente defrontavam-se com os Cavaleiros Templários, aparentemente irmãos na cavalaria e no credo, mas com várias divergências em relação à sua estrutura básica. Os Templários possuíam um conhecimento oculto proveniente do contato com outras ordens da Ásia Menor e os Hospitalários devam prioridade e maior ênfase ao servido de atendimento médico e aos cuidados da saúde da população.


LUGARES SANTOS DOS HOSPITALÁRIOS (VALLETA E MALTA)

A Ordem dos Cavaleiros Hospitalários foi fundada com o escopo inicial de ser uma Ordem Hospitalária e como tal construíram uma série de albergues (pousadas), distribuídos por diversas regiões da Europa, tais como: Aragão, Alemanha, Castilha, França, Itália, Inglaterra, Provença, etc.

Na ilha de Malta, os Cavaleiros têm uma marcante presença por meio de várias estruturas e fortificações que se revestem de um profundo significado religioso para eles. Assim, na costa norte da ilha possuem a baía onde São Paulo naufragou em sua tentativa de chegar em Roma; em uma proeminência sobre o mar, possuem o castelo de Saint´Angelo, e forte de Santo Elmo e um subúrbio cercado por um muro em Vittoriosa, que abrange dois promontórios que guardam um porto natural de fácil defesa. Todos estes pontos fazem parte da cidade de Valleta, assim chamada em homenagem ao Grão-Mestre Jean de La Valette, veterano no ataque a Rhodes, sendo considerado o defensor mais proeminente de Malta contra os turcos otomanos.

No centro das fortificações construídas para defender o principal porto da cidade está a Catedral de São João, construída em 1578 pelos Cavaleiros Hospitalários como centro da adoração. A parte externa da Catedral é simples e austera, porém seu interior é luxuoso e extravagante. No chão de um dos quartos, conhecido como o mausoléu de cavalheirismo, existem 375 lajotas de mármore, cada uma ricamente decorada com desenhos que registram várias ações da Ordem.

Existe, também, um grande hospital, um dos maiores de toda a Europa, considerado como o expoente da construção médica hospitalária. No hospital, eram exigidos rígidos padrões de limpeza e higiene, de tal forma que os Hospitalários cuidavam de seus pacientes usando instrumentos de prata, para garantir a higiene. O corpo de médicos da Ordem contava com cirurgiões, cuja fama era de serem os melhores e mais bem treinados de toda a Europa.

A cidade de Valleta foi tomada, em 1798, por Napoleão Bonaparte, que não encontrou nenhuma resistência por parte dos Cavaleiros, que, desta forma, foram perdendo as suas propriedades, ficando restritas a algumas terras e um edifício em Roma. Com o tempo e após o reaparecimento de seu pode e prestígio, foram-lhes devolvidos todas as suas propriedades dentro de Valleta.


(Texto extraído do livro “Templários, sua Origem Mística, por Pier Campadello – Editora Madras)

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