terça-feira, 18 de julho de 2017



TEMPLÁRIOS E MAÇONS - UMA CONEXÃO ESCOCESA


Fonte Loja Hiran Abif
Eugenio Tschelakow 
Núcleo de Estudos e Pesquisas Maçônicas Udo Schleusner.

PARTE I: A ORIGEM DA MAÇONARIA 

Para todos os historiadores, maçons ou não, trata-se da questão mais enigmática, apaixonante e controversa a ser desvendada, fora a origem mesma da humanidade.

Assim, alguns autores afirmam que a maçonaria nasceu no Antigo Egito, e que as Pirâmides foram construídas por pedreiros livres que tinham um ritual esotérico secreto e conheciam a Geometria sagrada. Outras tradições maçônicas estabelecem estas origens nos Artífices Dionísios que teriam aparecido na construção do Templo de Jerusalém. 

O Manuscrito Cooke, o segundo documento maçônico mais antigo que se conserva, datado em (cerca) 1410, diz que: Abraão ensinou Geometria a Euclides e assim se construiu o Templo de Salomão. Outros historiadores consideram que as corporações bizantinas (o Império Romano de Oriente com sede em Constantinopla) absorveram os ensinos das fraternidades judaicas e muçulmanas de construtores. O próprio Imperador Justiniano, depois de construir a majestosa Catedral Basílica de Santa Sofia, teria exclamado: Eu superei você, OH Salomão! Esta influência passou ás confrarias de construtores da Alemanha (os grêmios de Steinmetzer), da França (os Compagnonnage), da Itália e das Ilhas Britânicas. 

Também se atribui a origem ao deus grego Hermes, nascido no Egito como Toht e pai das sete artes liberais, a Pitágoras e sua Geometria Sagrada ou as Academias Platônicas. Platão escreveu que Deus, o arche-tekton, desenhou o cosmos por meio da geometria. Os gnósticos dos primeiros anos do cristianismo também estão entre os candidatos a fundadores da maçonaria, como os alquimistas, os Atlantes, os Lemurianos, a Antiga Índia, e outros.

Nas Constituições de Anderson, 1723, que são a base de todas as Constituições maçônicas do mundo e que atualmente vigoram na Inglaterra, se estabelece na parte da Lenda Maçônica - que o primeiro Maçom foi Adão, quem recebeu os ensinos sagrados diretamente do G.: A.: D.: U.:. Todavia, a Grande Loja Unida da Inglaterra estabelece que a Maçonaria é a mais antiga instituição cujas origens se perdem nos inícios dos tempos, sendo que o seu antecedente mais imediato são as corporações de maçons operativos, que gradualmente admitiram o ingresso de maçons aceitos (não operativos) em suas lojas. 

Porém, há quem pense que a verdadeira origem está estreitamente vinculada à Ordem dos Pobres Companheiros de Armas de Cristo do Templo de Jerusalém. Em latim é: Pauperes Commilitones Christi et Templis Salomonis, e em inglês: Poor Felow-Soldiers of Christ and the Temple of Salomon. O símbolo era dois templários sentados em um cavalo só. 

Este pensamento está plasmado em diversos Ritos maçônicos vigentes: 

1) O Rito Sueco. A Grande Loja da Suécia, e toda a maçonaria nórdica que segue este ritual, afirma categoricamente a filiação templária da Maçonaria. 

2)O Rito de Menfis-Misraim do qual o General italiano Giuseppe Garibaldi foi seu Grão Mestre de Honra, também reconhece a descendência templária. 

3) O Rito de York Americano. Em seus Altos Corpos, culmina com o Grau de Grão Cavaleiro Templário.

4) O nosso Rito Escocês Antigo e Aceito, elaborado na França e nos Estado Unidos, com pretensão de ser da autoria do Imperador Frederico II O Grande de Prússia, contém vários dos 33 graus dedicados aos Templários. 

5) O Rito Inglês, que não tem nome específico porque é o Rito que alguns chamam de Emulation, e outros por engano, de Rito de York, é refratário a Lenda Templária, embora exista uma Ordem do Templo atual associada a Grande Loja inglesa. Capítulo aparte mereceria um estudo do Grau do Real Arco. 

6) O ritual praticado na Escócia, embora se chame de Escocês Antigo e Aceito, não tem relação com o REAA francês, e nada fala dos Templários a pesar de existir várias ordens neo-templárias nesse pais. Inclusive, todo 24 de junho se celebra na Capela de Rosslyn o aniversário da batalha de Bannockburn do ano de 1314, onde Robert de Bruce derrotou o rei da Inglaterra Eduardo II, genro do rei francês Felipe IV O Belo libertando o país do domínio inglês. A tradição conta que recebeu a ajuda de 432 cavaleiros templários refugiados na Escócia, entre eles Henry St. Clair barão de Rosslyn. 

PARTE II: OS TEMPLÁRIOS 

 

Divisa templária "Non nobis Domine, non nobis, sed Nomini Tuo da Gloriam", são palavras do Salmo 115:1, "Não por nós Senhor, não por nós, senão para maior glória do Teu Nome". 

A Ordem dos Templários foi criada em 1189 por São Bernardo e Hugues, conde de Champagne, depois da Primeira Cruzada, com o propósito declarado de proteger os peregrinos a Terra Santa. Mas na realidade o seu objetivo geopolítico era muito mais ambicioso e grandioso. Há quem diga que foi a de criar uma nova ordem mundial, onde cristãos, muçulmanos e judeus poderiam viver reconciliados e em paz e onde não exista outra religião que a religião da natureza, que se conservava nos Templos Iniciáticos do Egito e da Grécia. 

Sobre estas considerações, foi armada a base das acusações de heresia que Felipe IV o Belo elaborou quando os Templários foram presos e levados a julgamento perante a Inquisição. 

O primeiro Grão Mestre foi Hugues de Payens, casado com Catherine St. Clair, que no mundo profano era vassalo do Conde da Champagne, mas na Ordem era o seu superior. Poucas instituições na história aceitavam esta aparente inversão de valores. Depois do Concílio de Troyes, os Templários receberam do Papa a regra monástica (tipo uma constituição) e, pela primeira vez na história do cristianismo os soldados viveriam como monges. 

A existência de uma Ordem dissidente, Priuré de Sion, que teria guardado o segredo da união entre Jesus Cristo e Maria Madalena e que fora popularizada no livro O Código Da Vinci, é totalmente falsa, conforme o confessou o próprio inventor de tal fraude, Pierre Plantard, perante o juiz Thierry-Jean Pierre em Paris, 1993.
A partir de 1228 a Ordem se expande rapidamente, recebendo novos membros recrutados da nobreza e sobre tudo doações de terras e dinheiro. 

A mediados do século XII o Templo era a organização mais importante e poderosa da Europa Ocidental, chegando a ser uma lenda viva no seu tempo. Ademais de excelentes guerreiros, eram os maiores proprietários de terras (três quartas partes da cidade de Paris lhes pertencia), comerciantes, armadores, navegantes e intelectuais.

Foram os pioneiros em traduzir para o idioma vernáculo trechos da Bíblia, como Josué e os bravos Cavaleiros, baseado no livro Juízes da Bíblia, na forma de romance de cavalaria. Resulta interessante observar que neste livro o grande herói é Sansão, quem diz em Jz.16:17: Nunca subiu a navalha à minha cabeça, porque sou nazireu de Deus... Outra coincidência é que este livro contem o relato da lenda de um importante grau maçônico. Os templários ajudaram a difundir as obras sobre o Santo Graal e o Rei Arthur, como Parzifal de Wolfram von Eschenbach, que viveu entre 1170 e 1220 e Le conte du Graal escrito entre 1184 e 1190 por Chretien de Troyes, onde Percival é denominado Filho da Viúva. Aos templários é atribuída a criação do Tarot, que seria um manual de ensino esotérico, longe de ser um baralho de sortilégios como é desvirtuado hoje em dia.

Politicamente também eram muito poderosos pois mediavam entre os paises em conflito e tinham cadeira no Parlamento inglês. Administravam todo o dinheiro de Europa ocidental e criaram a carta de crédito com código secreto. Prestavam a interes de 60% anual, 17% mais do permitido aos prestamistas judeus. Os reis freqüentemente recorriam a esses empréstimos e sempre estavam muito endividados com a Ordem. Com o tempo, os agentes templários ficaram arrogantes e muita gente não gostava deles; mais podia confiar-se neles. A corrupção interna era fortemente punida: uma vez o prior da Irlanda foi acusado de malversação de fundos e foi preso numa cela onde não podia nem se deitar. Morreu de fome oito semanas depois. 

Mas os Templários eram sobre tudo construtores. Como tais, eram chamados de Fratres Salomonis, e dirigiam as construções de castelos, pontes e catedrais góticas que proliferaram durante o reinado da Ordem. Quase todas as catedrais góticas foram construídas ou iniciadas durante a época templária. O último Grão Mestre da Maçonaria Operativa da Inglaterra, o arquiteto Christophen Wren disse (cerca 1700) que o que hoje chamamos de gótico, deveria chamar-se de arquitetura sarracena refinada pelos cristãos, que surgiu primeiro no Oriente... Devemos lembrar que os contatos dos templários com outras culturas, tanto exotéricas como esotéricas, dos povos árabes, judeus e cristãos ortodoxos orientais do Império Bizantino, enriqueceram a visão do mundo até então limitada ao cristianismo católico romano. Houve, então, uma troca de informações mútuas, onde os construtores maçons também influenciaram os Fratres Salomonis com as lendas das antigas origens das fraternidades de pedreiros e construtores. A corrente de transmissão da Tradição Primordial teria sido transversal, e não apenas vertical. 

Muitos templários receberam a iniciação de companheiros maçons quando dirigiam os trabalhos de construção ou exerciam a função de mestres instruindo os aprendizes. Assim, se tornaram Cavaleiros Guerreiros e Companheiros da Arte Real. Como prova concreta temos que na cidade de Metz uma fraternidade de maçons se reunia na Comandaria dos Templários. Em 1285 se encontra o nome de Jennas Clovanges, li maires de la frairie dês massons dou Temple (Jennas Clovange, prefeito da fraternidade de maçons do Templo). Uma lápida funerária descoberta em 1861 frente a capela, diz Freires Chapelens ki fut Maistres dês Mazons dou Temple de Lorene? (Freire Capelão ? Cavalheiro Templário - que foi Mestre dos Maçons do Templo de Lorena). 

Alguns autores querem ver uma doutrina e um ritual secreto templário, que seriam regras iniciáticas e que se estendiam por sete graus - três elementares, três filosóficos e um cabalístico, denominados: Adepto, Companheiro, Mestre Perfeito, Cavaleiro da Cruz, Intendente da Caverna Sagrada, Cavaleiro do Oriente e Grande Pontífice da Montanha Sagrada. Acreditavam que após a morte a alma, que era imortal, liberta do invólucro físico, ascendia a um plano superior, se sublimava e voltava ao mundo para rever aqueles que lhes eram simpáticos, segundo as leis das afinidades. Contudo, não temos documentos confiáveis que provem estas informações. Por outro lado, é evidente que legaram os losangos negros e brancos da sua bandeira, a orla dentada, a bandeira de guerra marítima com a caveira e duas tíbias cruzadas, a palavra vale, entre outros. 

Em 1291 cai Acre, última cidade dos cruzados em Terra Santa, e assim o reino latino de Jerusalém se perdeu para sempre. Os Templários ficaram e sem lar. O plano secreto seria criar um novo reino no Languedoc, sul da França que, para pior, tinha uma população ainda simpatizante da heresia cátara. Os Cavaleiros Teutónicos (alemães) já tinham criado um território independente na Prússia e no Báltico. 

O Papa havia proposto a fusão das Ordens de São João com os Templários, e já ameaçava com punir a Ordem Teutónica, quando o rei Felipe o Belo, que ambicionava as riquezas templárias e que os odiava porque fora rejeitado como Templário Aceito ou de Honra como tinha sido o rei inglês Ricardo Coração de Leão, resolveu agir rapidamente: numa sexta-feira 13 de outubro de 1307 todos os templários em território francês foram presos de surpresa e colocados a disposição da Inquisição sobre acusações de heresia, cujo delito se castigava com a morte. Todos foram torturados, inclusive o Grão Mestre Jacques de Molay. Alguns morreram, outros conseguiram fugir.

O papa Clemente V, que era um virtual prisioneiro do rei francês e que nem morava em Roma e sim em Avignon (França), concordou com os arrestos. Ele sempre tratou de salvar a Ordem, contra a posição de Felipe o Belo. Esta teoria foi confirmada quando a historiadora italiana Bárbara Frale descobriu em 2002 um pergaminho chamado de Chinon que inocenta a Ordem, assinado, entre outros, pelo cardeal Berenguer, legado do Papa. O Prefeito do Arquivo Secreto do Vaticano, Monsenhor Pagano, exibiu a Ata original do Processo aos Templários, firmada de punho e letra pelo Papa Clemente V°, que absolve de toda heresia e apostasia á Ordem do Templo, a Jacques de Molay e aos altos dignitários prisioneiros nesse momento (verão de 1308) no castelo de Chinon, França. Prossegue o documento dizendo que os líderes templários são reintegrados à comunhão e podem receber os sacramentos.

Todavia o principal objetivo do rei francês não foi atingido: o fabuloso tesouro dos templários não foi encontrado por ele... nem por ninguém. 

Em 22 de março de 1312 a Ordem do Templo foi suspensa não eliminada - pelo papa, sem veredicto sobre as acusações de heresia, como já vimos. Dois anos depois, no dia 11 de março, vésperas de São Gregório, Jacques de Molay e o preceptor de Normandia Geoffroi de Charnay foram queimados vivos na Ilha de la Cite em frente à Catedral de Notre Dame por ordem direta do Felipe o Belo. Nesse mesmo ano, o rei e o papa também morreram, em circunstancias duvidosas, sobre tudo o primeiro. 

Os templários que sobreviveram, tiveram acolhida na Ordem Teutónica, nos Hospitalários e nas ordens ad-hoc criadas pelos rei de Portugal D. Diniz chamada Ordem de Cristo e pelo rei de Aragão, chamada Ordem de Montesa. Demais está lembrar que estes dois reinos foram, um século depois, as principais potencias marítimas do mundo, com cartas de navegação de uma precisão surpreendente para a época, e que constituíam o maior segredo político-militar e comercial da alta idade média. Um Grão Mestre da Ordem do Cristo descobriu o Brasil, e o genro de outro descobriu América. 

Outro grupo de templários chegou a Escócia, onde o rei excomungado Robert I de Bruce os recebeu e criou também uma ordem para abrigá-los: a Real Ordem de Escócia, como recompensa pela ajuda na batalha de Bannockburn. O rei seria o Grão Mestre Soberano e os St. Clair os Grandes Mestres hereditários. Também, elevou de categoria a Ordem de Kilwinning do Heredom, palavra que significa do refugio ou do asilo, conforme o escritor Andrew Sinclair. 

Depois desta breve introdução, vamos apenas enumerar alguns fatos históricos comprovados que possam levar a estabelecer uma relação entre Templários e Maçons e também deduzir se houve ou não uma conexão escocesa. 

Esta tarefa não é fácil para o historiador, se considerarmos que a maçonaria é um enorme quebra-cabeça vivo, em constante movimento. Todavia, o desafio de estabelecer uma relação entre a Trolha e a Espada, vale a pena como recompensa para as nossas pesquisas, bem como estimular outros escritores visando obter melhores resultados com novas descobertas. 

PARTE III: INFLUENCIA DO TEMPLARISMO NOS RITUAIS MAÇÔNICOS 


Os heróis do Graal, esses guardiões da Terra Santa por excelência são os Cavaleiros das duas espadas, que representam o duplo poder, temporal e espiritual.

1) Nos arquivos da Loja de Edimburgo Marys Chapel N. 1 aparece o registro da primeira admissão documentada de um maçom gentil homem, ou seja não operativo: John Boswell de Auchnlech, cuja firma era uma cruz num círculo, símbolo usado também pelos rosa-cruzes. Na Escócia é onde aparecem os primeiros maçons aceitos - não pedreiros seguindo uma tradição templária. 

2) Existem atas que demonstram a filiação do rei Jacob VI de Escócia (e Jacob I da Inglaterra) à Loja de Peth e Scoon em 1601. Este rei funda a Ordem de Santo André do Cardo com estrutura Templária. Em 1687 é restabelecida por Jacob II antes de seu exílio a França. Dela nasce o grau de Mestre Escocês de Santo André, que sucede ao grau de Mestre Maçom. Nasce também a Garde Ecossé (Guarda Escocesa) encarregada da proteção do rei da França. Esta tropa, a diferencia de outras ordens de militância teórica, como a Ordem da Jarreteira, era militar autêntica e similar aos Templários. Este regimento foi modelo na França e no mundo, e toda a comandância era filiada à maçonaria, levando suas lojas a França a partir de 1688. 

3) Em 1641 na Loja de Edimburgo se filiam os generais e engenheiros Robert de Moray e Alexander Hamilton. 

4) Em 16 de outubro de 1646 é iniciado o antiquário Elias Ashmole, co-fundador com Moray da Sociedade Real e o primeiro autor conhecido que escreveu a favor dos Templários. 

5) No reinado do rei Carlos II, segunda metade do século XVII, se mantém os graus superiores de Mestre Secreto, Perfeito e Eleito. Esta maçonaria já começa a ser chamada de escocesa. Posteriormente, quando os Estuardo são derrocados e exilados na França, a maçonaria que era a favor dos reis Hannover funda a Grande Loja de Londres em 1717 e trata de apagar todo vestígio da maçonaria escocesa e chamada de jacobita, por causa da ação política dos reis Estuardo exilados: Jacob II, Jacob III o Velho Pretendente e Carlos Eduardo o Novo Pretendente, que desejavam retomar o poder perdido na revolução de 1688. Como parte deste processo, os altos Graus não são aceitos na Grande Loja dos Modernos da Inglaterra, enquanto prosperam na França, Alemanha, Irlanda e na Loja dos Antigos da Inglaterra.]

6) Primeira Loja fundada em França foi em 25 de março de 1688 pelo Regimento Royal Irish conhecido como Regiment de Infrantic Walsh, que havia acompanhado a Jacob II no exílio. Um ano depois chega a Paris o escocês David Claverhouse portando uma Cruz Templária original, anterior a 1307, que pertenceu ao seu irmão o visconde de Dundee e que aparentemente lhe dava a autoridade de Grão Mestre Templário. 

7) A primeira Loja registrada em Paris foi fundada em 1726 pelo escocês Charles Radclyffe, conde de Derwentwater, cujo irmão morreu na revolta jacobita de 1715 contra o rei inglês, e ele mesmo foi decapitado na Torre de Londres em 1746 depois de fracassar a última revolta jacobita na batalha de Cullen. 

8) Em 1737 o escocês Cavalheiro de Ramsay pronuncia seu famoso discurso como Grande Orador da Grande Loja da França presidida por Charles Radclyffe, onde afirma que a maçonaria descende dos Templários e não dos grêmios de pedreiros. Cria os altos graus de Escocês, Novicio e Cavaleiro do Templo, que são rejeitados na Inglaterra. Cita a Loja de Kilwinning como a mais antiga, elogia a Guarda Escocesa como depositaria do Cavalarismo e lembra que os sinais, toques e palavras da maçonaria foram transmitidos pelos cruzados. 

9) Nas Ordenanças Gerais de 1743 da Grande Loja da França (de filiação maçônica jacobita), se menciona uma Ordem de Mestres Escoceses e, em 1755, quando o conde de Clermont e príncipe de sangue real, Luiz de Borbón-Condé, assume o Grão Mestrado da França, reconhece o novo grau de Mestre Escocês, e lhes da a função de serem os Inspetores da Ordem. 

10) Em 1742 o varão Karl G. Von Hund é iniciado por maçons jacobitas e funda o Rito da Estrita Observância Templária (E.O.T.) Divulga uma lista inédita de Grão Mestres Templários, se declara ele mesmo Grão Mestre do Temple e outorga graus maçônicos-templários. Desta Ordem foram membros, dentre outros, Mozart, Goethe e Haydn. 

11) Em Lyon Jean-Batiste de Willermoz participa da criação do Rito Escocês Retificado baseado no rito da E.O.T. Afirmam alguns autores que a ele pertenceu Napoleão I. 

12) Em 1755 em Paris, o Conselho de Imperadores de Oriente e Ocidente organiza o Rito Escocês de Perfeição ou de Heredom, de 25 graus. 

13) Os regimentos instalados nos atuais Estados Unidos eram quase todos filados as Grandes Lojas da Irlanda, Escócia, a Estrita Observância e às inglesas dos Antigos e dos Modernos. Menos a última, as demais ofereciam os altos graus como Royal Arch, Mark Degree, e Royal Ark Mariner. Em 28 de agosto de 1769, em Boston, a escocesa Loja Saint Andrews outorgou o Grau de Cavaleiro Templário.

14) Finalmente a 1° de maio de 1786 é atribuída a Frederico II O Grande, Imperador da Prússia, a unificação de todos os ritos escoceses num único Rito Escocês Antigo e Aceito, elevando a 33 os graus maçônicos. Este é o ritual mais difundido do mundo e o praticado pela nossa Grande Loja Maçônica da Bahia. 

15) Neste rito, o simbolismo construtivo se une com a Cavalaria Templária, manifestando-se, esotéricamente, especialmente nos graus 15° (Cavaleiro de Oriente e da Espada), 17° (Cavaleiro de Oriente e Ocidente), 21° (Noaquita ou Cavaleiro Prussiano), 27° Grão Comandante do Templo ou Soberano Comandante do Templo de Jerusalém, 29° Grande Escocês de Santo André de Escócia, 30° Grande Cavaleiro Eleito Kadosch ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra. 

Corresponde considerar que todos esses graus cavaleirescos são marcados pelo sinete do Santo Graal, sincretismo das tradições judeu-cristãs com os celtas e a mística templária que, passando pela Escócia eclodiria finalmente na França. Nenhuma pesquisa sobre a relação entre os graus escoceses e os Templários terá sucesso se não se referir à busca do Graal, esse Santo Vaso que a Tradição Primordial considera como sendo a representação do centro espiritual do mundo, custodiado eternamente pelos Cavaleiros Templários, num vale cuidadosamente dissimulado à vista dos profanos. 


PARTE IV: A FUSÃO DOS TEMPLÁRIOS COM OS MAÇONS ESTÁ ESCRITA EM PEDRA POR TODA A ESCÓCIA 


"O vinho é forte/ o Rei é mais forte/ as mulheres mais fortes ainda/ mas a verdade conquista tudo". Inscrição no Pilar do Aprendiz, dentro da Capela de Rosslyn, Escócia. 

1) No povoado de Kilmartin, próximo do Loch Awe, no cemitério da Igreja, existem 80 túmulos de templários, com espadas gravadas nas lápidas, datadas dos anos de 1300. Não têm nome nem cruzes cristãs, apenas marcadas com espadas retas e, em algumas delas pode-se observar maços, esquadras, compassos medievais (tipo tesouras). No mundo todo, há apenas 4.460 tumbas medievais cadastradas, quase nenhuma militar, salvo na Escócia e algumas poucas em Terra Santa, todas de Cavaleiros Templários. Precisamente seria em Argyl onde se teria refugiado a frota fugitiva dos templários. 

2) Túmulos no castelo templário de Athlit, hoje Israel, abandonada em 1291 quando a caída de Acre. Uma tumba tem um almirante templário com uma âncora, outra um templário mestre maçom com espada, esquadro e prumo e outro com esquadro e compasso. São os túmulos templário-macônicos mais antigos do mundo, junto com Reims (1263) e Bure-les-Templiers, ambas na França. 

3) Na capela de Kilmory, no loch Sween se encontram 40 túmulos de templários, uma delas claramente bem conservada mostra um esquadro maçônico na cabeça do guerreiro, talhado na lápida. 

4) Resumindo, há tumbas templário - maçônicas na Escócia Oriental, cerca do fiorde de Forth, em Balantrodoch (ex encomenda templária), em Temple, em Pentalnd e em Westkriek, onde as lápidas levam símbolos de régua, compasso, esquadro, maço e malho junto com a espada reta e austera dos templários.

5) Em 1560 um documento da família escocesa Seton afirma que nesse anoos templários foram desempossados do seu interesse patrimonial. Estavam atuantes na Escócia 250 anos depois da dissolução.

6) A Abadia de Kilwinnig foi construída no século XII pela família De Morville. Concederam terras aos Sinclair de Rosslyn e aos templários. Os Sinclair presidiam as assembléias anuais dos maçons nesta abadia, que reclama ser a Loja Maçônica mais antiga do mundo. 

7) A Capela de Rosslyn representa um dos maiores edifícios onde se misturam, talhados em pedra, antigas tradições templárias, de maçons, dos celtas e do homem verde, e provas da navegação ao continente americano, 50 anos antes dele ser oficialmente descoberto por Cristóvão Colombo em 1492. Encontra-se a 5 km ao sul de Edimburgo. Começou a ser construída em 1446 por William St. Clair quem, como mestre de obras e arquiteto, projetou todo o edifício, conforme a geometria sagrada, que foi terminado na década de 1480. Em 1441 Jacob II de Escócia nomeou os St. Clairs como protetores hereditários dos maçons na Escócia. Esta tradição durou até a criação em 1736 da Grande Loja Maçônica da Escócia, já como maçonaria moderna e especulativa, elegendo como primeiro Grão Mestre a William St. Clair. Nesta capela existe a Coluna do Aprendiz, um anjo em postura de iniciação maçônica, tumba de templários com espadas e símbolos maçônicos construtivos, esquadros e compassos talhados copiando o desenho da Jerusalém Celeste de Lambert de Saint Omer de 1121, e plantas originarias da América como milhos e agaves. Em certo sentido, Rosslyn celebra a reconstrução do Templo de Jerusalém por Zorobabel admirado pelos Templários - em uma nova Jerusalém Celeste. 

8) Durante nossa pesquisa tivemos uma pequena mas interessante descoberta: a frase "O vinho é forte/ o Rei é mais forte/ as mulheres mais fortes ainda/ mas a verdade conquista tudo está referenciada como Esdras caps.3 e 4, mas comprovamos que ela não existe na Bíblia. Todavia, é em Esdras onde aparece Zorobabel, e a construção do segundo templo de Jerusalém é tema recorrente em diversos rituais maçônicos. 

9) Uma carta de 1676 afirma que os Sinclair estão obrigados a receber a palavra do maçom, que é um sinal secreto que os pedreiros têm no mundo todo para se reconhecer...

10) Em 1475 o burgo de Edimburgo outorgou Carta de Associação aos maçons, chamada de Carta da Capela de Maria (Marys Chapel), local mais tarde conhecida como Loja N. 1 de Edimburgo Capela de Maria. 

11) Em 1598 o Grão Mestre de Obra e Guardião Geral dos Maçons, William Schaw, nomeado pelo rei Jacob VI de Escócia (mais tarde Jacob I da Inglaterra), redigiu os primeiros Estatutos Schaw reorganizando a maçonaria escocesa e que foram o proto - modelo da maçonaria especulativa atual. 

PARTE V: A GÊNESIS DA MAÇONARIA.


Pedi, e dar-se-vos-à; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-à. Pois todo o que pede recebe; o que busca, encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Evangelho Matheus, 7: 7-8. 

Finalizando a nossa pesquisa podemos esboçar a tese, despretensiosa por certo, de que a Maçonaria atual é o resultado de um sincretismo onde diversas correntes do pensamento e da Tradição confluíram na Maçonaria Operativa, (embora René Guénon disse que na verdade ela sempre foi ao mesmo tempo operativa e especulativa), dando nascimento à maçonaria atual, composta por cavalheiros sem vinculação necessária com os grêmios da construção. Estas correntes incluem o gnosticismo dos primeiros cristãos; o hermetismo através das escolas neo-platônicas renascentistas italianas; a tradição celta e a da igreja culdéia encarnadas em famílias escocesas como Robert de Bruce, os Montgomery, os Sinclair, os Seton, os Schaw, os Hamilton; os esoterismos: católico medieval, islâmico dos sufis e protestante sobre tudo dos rosa-cruzes; e a cabala cristã e a judia. A faísca da Tradição Primordial está presente na transmissão realizada pelas confrarias dos antigos construtores, cujas fontes se perdem nos inícios dos tempos. A Ordem dos Templários, que por dois séculos foi uma espécie de comunidade européia medieval, globalizou e catalisou o melhor do pensamento de Oriente e de Ocidente, depositando tais conhecimentos nas corporações de construtores de Europa. Estas reuniam o mais avançado da intelectualidade da época por lidar com a construção de monumentais catedrais, que exigiam a mais avançada tecnologia do momento, além de dominar teologia, simbolismo filosófico e a Geometria Sagrada. Tudo isso devia ter o beneplácito da Igreja Católica ? ou mantê-la oculta - porque, à menor suspeita de heresia, mandava os acusados à Inquisição. O monge hermetista Giordano Bruno foi queimado vivo em 1.600. Por sua vez, o Templo também foi influenciado pelas tradições da maçonaria operativa. Todavia, só na Escócia sucedeu o fenômeno de que cada corporação de artesãos tinha uma loja maçônica, quase que superposta a ela, cujas reuniões tinham caráter esotérico e iniciático. O historiador escocês David Stevenson, que não é maçom, pesquisou os arquivos e minutas de 25 corporações e suas lojas maçônicas escocesas desde 1590 até 1710, documentando que todas elas tinham um lado misterioso. Hoje sobrevivem 20 dessas Lojas, todo um recorde. Na Inglaterra nenhuma Loja atual pode demonstrar uma antiguidade anterior a 1716/1717, o ano quando se criou a Grande Loja de Londres. Da Escócia, pois, a maçonaria especulativa se expandiu a Irlanda, país de Gales e Inglaterra, e daí ao mundo todo, sendo que na França reencontrou, como vimos, o espírito templário. Por tudo isso preferimos não falar de uma origem da maçonaria, e sim da gênesis do sincretismo que foi construindo e ainda o faz!- a atual maçonaria. 

Finalmente, não podemos deixar de mencionar o que cremos ser a maior homenagem que a Maçonaria brinda a Ordem dos Templários, que é educar os seus jovens na Ordem De Molay, criada em Kansas City em 1919 por Frank Land. 

Lembremos, mais uma vez, as 7 Virtudes que devem guiar a nossa Juventude, inspiradas na conduta do último Grão Mestre Templário Jacques de Molay: AMOR FILIAL, RESPEITO, CORTESIA, CAMARADERIA, FIDELIDADE, LIMPEZA E PATRIOTISMO.
Eugenio Tschelakow 
Núcleo de Estudos e Pesquisas Maçônicas Udo Schleusner.

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