sexta-feira, 29 de dezembro de 2017


CALENDÁRIO AZTECA

Extraído do blog Ponte Oculta


A Pedra do Sol, conhecida universalmente como Calendário Azteca, na realidade nunca foi um calendário, senão um monumento ao sol, muito elaborado, sob suas múltiplas manifestações. Também se dedicou a sacrifícios humanos relacionados com o culto de Tonatiuh, deus do sol. 

É um monólito de basalto de olivina, de 3,57 metros de diâmetro e 24,5 toneladas de peso. Foi esculpido sob a dominação do sexto imperador azteca, Axayacatl, no ano 13-acatl correspondente a 1479, e colocado no Templo Maior. 

Depois que os espanhóis conquistaram o império Azteca, em 1521, veio a destruição dos ídolos, e a Pedra do Sol caiu atirada na Praça Grande. O arcebispo Frei Alonso de Montúfar ordenou que fosse enterrada “pelos grandes delitos de morte que se haviam cometido sobre ela”. Desse mesmo lugar, ao ser descoberta em 1790, se transferiu para a torre ocidental da Catedral, onde esteve até 1887, ano em que foi enviada ao Museu Nacional de Antropologia e História.

Antes dos aztecas, o calendário havia tido três formas. No primeiro calendário, o ano nahoa constava de 365 dias completos, e começava no solstício de inverno; como era um ano sideral, semelhante ao egípcio, se necessitavam 1461 anos para que seu início voltasse ao solstício de inverno. Ao notar esta diferença com o ano solar, introduziram ao uso do dia “intercalar” cada quatro anos, e passaram o começo do ano ao solstício de verão. 

A esta reforma seguiu a tolteca, cujo elemento fundamental foi introduzir o período cíclico de 52 anos, formado da combinação do ano solar com o ritual de 260 dias. Este teve sua origem na observação constante do grupo de estrelas conhecidas como Plêiades, cuja culminação, ou seja sua passagem pelo Zênit, ocorre precisamente a cada 52 anos. Os aztecas, em contato com os toltecas, adotaram o período cíclico de 52 anos, e ainda assim, o princípio do ano no equinócio da primavera. 

Os aztecas tinham a crença de que o fim do mundo se daria ao terminar um ciclo de 52 anos. Se preparavam para essa data, destruindo todas as suas posses, seu templos e até seus fogos eram extintos. Os sacerdotes se dirigiam à Colina da Estrela, e ali aguardavam com grande devoção e silêncio a passagem das Plêiades; se estas atravessavam o Zênit depois de meia-noite, sem que houvesse fim do mundo, havia grande regozijo; tudo que foi destruído seria renovado, os fogos seriam acesos, e com grandes festejos, presentes e ritos religiosos, saudariam o princípio da nova era e do novo sol. 

A lenda conta que quatro sóis foram destruídos (correspondentes a quatro eras cosmogônicas) por diferentes catástrofes. Por isso, Tonatiuh é o sol da quinta era. 

O sol, Tonatiuh era invocado pelos aztecas como “o resplandecente”, o menino precioso”, “o águia que ascende”. Daí alguns dos elementos decorativos que aparecem na Pedra do Sol. 


O sinal hieróglifo 13-actl cana corresponde ao ano de 1479, data em que se terminou a construção da Pedra do Sol. 


Este luxuoso ornamento, que significa luz, força e beleza, tem uma placa de jade chalchiuitl e está arrematado com penas de águia e uma pérola. 

As barras eretas significam o fogo morto, e as chamas representam o fogo novo, que nasce a cada 52 anos.


O último círculo da borda mostra uma sucessão de pequenos círculos que representam a via Láctea.


Em ambos os lados dos hieróglifos 13-cana, descem duas enormes serpentes de fogo, Xiuhcoatls, que transportavam o sol através do firmamento. Na parte superior, as caudas pontiagudas das serpentes estão enfeitadas com ervas e flores, e na parte inferior, de suas faces abertas emergem as faces dos dois deuses: Tonatiuh (o sol), e Xiuhtecutli (a noite). 


Os dois grupos de quatro faixas agrupadas de amatl (papel vegetal de maguey) simbolizam os quatro tlalpilli (atadura de 13 anos) que formam o ciclo de 52 anos. 


Os corpos das serpentes estão formados cada um por 11 segmentos iguais, no que se podem observar as voltas ou chamas representativas do fogo novo.


Esta franja, que rodeia o calendário, tem as figuras de Vênus, deusa noturna, simbolizada por mariposas entre raios de luz. 


PEDRA DO SOL 

Nos dois primeiros círculos centrais da Pedra do Sol está representado Tonatiuh, inscrito no símbolo movimento “ollin”, e os quatro sóis que o precederam. O terceiro círculo contém os signos dos 20 dias, rodeados de raios solares e jóias preciosas, pois para os aztecas o sol era a coisa mais preciosa do universo e o representavam como uma jóia. Finalmente, as franjas exteriores contém duas serpentes de fogo ou “xiuhcoatl”, que transportavam o sol pelo firmamento, e de suas faces saem os rostos de duas deidades. 


CÍRCULO CENTRAL: Tonatiuh, Deus do Sol 



No centro da pedra está Tonatiuh, com a máscara de fogo, seu atributo como rei dos planetas. Este astro regia o universo em todas suas manifestações. Se lhe representava com o pêlo dourado por seu aspecto alourado, e as rugas indicam sua idade avançada. O sinal “ome acatl” que tem sobre a frente, se refere ao princípio da conta de anos ou “xiuhmolpilli”, ou seja, o sol do primeiro dia do ciclo de 52 anos depois da noite em que inicia o fogo novo. Além da gargantilha de seis contas se considerava também símbolo do princípio do ciclo sagrado. A língua para fora, como faca de obsidiana, indica a necessidade de que se lhe alimentara com sangue e corações humanos. 


SEGUNDO CÍRCULO: movimento Ollin 



01 - Os quatro pontos cardeais estão representados na parte superior e inferior deste círculo. O toque do guerreiro simboliza o NORTE. 

02 - A adaga de obsidiana, Tecpatl, simboliza o LESTE, ou luz solar. 

03 - A casa do deus das chuvas e fogo celeste, Tlalocan, simboliza o OESTE. 

04 - O SUL está representado pelo macaco. 

05 - A face de Tonatiuh está rodeada por um grande símbolo “Ollin” (movimento ou terremoto) que ocupa a parte central da Pedra do Sol, porque é o símbolo dominante na era do quinto sol. Nos quadrados laterais do próprio símbolo, estão inscritas as datas em que terminaram as quatro épocas cosmogônicas que precederam a atual. Note-se que em cada um há, além do símbolo correspondente, quatro círculos. 

06 - O quatro pontos concêntricos que se encontram ao lado do símbolo “ollin” indicam a data em que haverá de terminar o quinto sol por causa de um terremoto. 4 tremor 

07 - Em ambos os lados, as figuras rodeadas do símbolo “ollin” contém as mãos de deus armadas de garras de águia, apertando corações humanos, que significam os sacrifícios oferecidos a Tonatiuh com o fim de que o sol se mantivesse em movimento. Em cada pata, um olho e uma sobrancelha indicam que nada pode ocultar-se a esta deidade. 

08 - 4 tigre. A primeira e mais remota das quatro épocas cosmogônicas, se representa por Ocelotonatiuh, deus do jaguar. Durante ela, viveram os gigantes que haviam sido criados pelos deuses, os quais finalmente foram atacados e devorados pelos jacarés. 

09 - 4 vento. A segunda época é representada pela cabeça de crocodilo, Ehecatl, o deus do ar. Durante essa época a raça humana foi destruída por fortes ventos e furacões, e os homens se transformaram em macacos. 

10 - 4 chuva. A terceira época é representada pela cabeça de Tlaloc, deus do fogo celeste e das chuvas. Nesta época, tudo se destruiu pela chuva de lava e fogo e os homens se converteram em aves para sobreviver a catástrofe. 

11 - 4 água. Na quarta época, representada pela cabeça de Chalchiuhtlicue, deusa da água, esposa de Tlaloc, a destruição se deu por fortes e tormentosas chuvas e nela os homens se converteram em peixes para não sucumbirem afogados. 


TERCEIRO CÍRCULO: os vinte dias 


Neste círculo tem vinte casas com os signos dos dias, os quais se lêem começando pela casa superior da esquerda. 

Dia Deuses Signo 

1º Cipactli Crocodilo 

2º Ehecatl Vento

3º Calli Casa 

4º Cuetzpallin Lagartixa 

5º Coatl Serpente 

6º Miquiztli Morte 

7º Mazatl Veado 

8º Tochtli Coelho 

9º Atl Água 

10º Itzcuintli Cachorro 

11º Ozomatli Macaco

12º Malinalli Erva

13º Acatl Cana

14º Ocelotl Tigre

15º Cuauhtli Águia

16º Cozcacuauhtli Falcão 

17º Ollin Movimento

18º Técpatl Pedra 

19º Quiahuitl Chuva 

20º Xóchitl Flor 

O calendário civil constava de 18 meses de 20 dias cada um, agregando-se ao final cinco dias “nemontemi”, fatídicos e inúteis. Estes vinte dias se combinavam de cinco em cinco, dedicando o quinto ao mercado tianquiztli. Como os cinco nemontemi eram inúteis, resultavam no ano 72 dias de mercado, que eram de descanso ou festa, e 288 de trabalho. O calendário ritual constava de 260 dias, divididos em 20 trezenas, e a combinação dos dois calendários dava o ciclo de 52 anos.


As jóias de jade e turquesa adornam ao deus porque os aztecas chamavam ao sol Xiuhpiltontli, “o menino turquesa”. A orla de placas com cinco incrustações ou chalchiuitl, simbolizam a combinação de cinco em cinco dias. 

As figuras concêntricas representam as penas da águia estilizadas, adorno do deus do sol. 

As pontas de flecha que apontam em todas as direções, representam os raios solares espalhando-se e difundindo-se no universo. 

As figuras ovaladas e terminadas em ponta, são as gotas de sangue humano oferecidas ao deus sol. 

CÍRCULO EXTERIOR 

Xiuhcoatls 

O círculo exterior está formado pelo corpo de duas serpentes de fogo que circundam a Pedra do Sol. Na parte inferior emergem duas cabeças de suas faces: Quetzalcóat, personificado como Tonatiuh (o sol), do lado direito, e Xiuhtecutli (deus da noite), do lado esquerdo. Esta alegoria representa a luta cotidiana dos deuses pela supremacia na terra e nos céus. As duas faces têm as línguas para fora, pegadas uma com a outra, e significam a continuidade do tempo, ou seja o sol nascendo e o sol se pondo, sempre em contato. 


No alto da cabeça das serpentes contém em seu interior pequenos círculos que significam o céu estelar. 

Ao redor se podem contar sete olhos entrecerrados, que são as sete estrelas principais das Plêiades; e como cintilantes que são, se assemelham ao olho humano que se abre e se fecha. 

Cabeça de serpente com as faces abertas. 

Os povos do México pré-hispânico desenvolveram conhecimentos astronômicos muito avançados, que lhes permitiu ter um calendário solar de tal perfeição que não havia outro semelhante em sua época. Aliás do cômputo dos dias, tinham conhecimento da precisão dos equinócios, as fases da Lua e Vênus, os anos de Mercúrio e Marte; diversos fenômenos celestes, como os eclipses do Sol, da Lua, e a periodicidade dos cometas cuja aparição podiam predizer com exatidão. Assim mesmo, desenvolveram uma completa cosmogonia em que entrelaçavam os conhecimentos científicos com os conceitos mágico-religiosos, que os aztecas deixaram plasmados na Pedra do Sol, através de símbolos colocados em forma harmoniosa e lógica, fazendo desta uma grande obra de arte. 


(Texto:Dea Lins)

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