quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017



O MANUSCRITO COOKE


O Manuscrito Cooke (texto integral)


Traduzido do espanhol por José Antonio de Souza Filardo M .´. I .´.


O Manuscrito Cooke é a fonte de onde se elaborou a lenda de Hiran.

Damos graças a Deus, nosso glorioso Pai, Criador do Céu e da Terra e tudo o que nela está e que ele conhece [em virtude] de sua Gloriosa Divindade.

Ele fez todas as coisas para ser obedecido, e muitas delas em benefício da humanidade, lhes ordenou submeterem-se ao homem, porque todas as coisas que são comestíveis e de boa qualidade [servem] para o sustento do homem.

E também deu ao homem inteligência e habilidade em várias coisas, e arte, por meio da qual podemos viajar por este mundo para assegurar a sobrevivência, para fazer muitas coisas para a Glória de Deus e também para o nosso benefício e paz de espírito.

Se tivesse que enumerar todas essas coisas, levaria muito tempo para dizer e escrever.

Mostrarei uma delas, embora deixe outras: Isto é, a forma como começou a Ciência da Geometria, e quem foram os criadores dela e de outras Artes, conforme revelado na Bíblia e outras histórias.

Vou narrar, como disse, como e de que modo começou e esta ciência digna da Geometria.

Você deve saber que existem sete Ciências Liberais e, logo saberá por que são chamadas dessa forma, e porque destas primeiras sete se originam todas as Ciências e Artes do mundo e, especialmente, porque aquela, a Ciência da Geometria é a origem de todas.

Quanto à primeira, que é chamada de fundamento da Ciência, é a Gramática, que ensina o homem a falar e escrever de forma justa.

A segunda é a Retórica, que ensina o homem a falar decorosamente de maneira precisa.

A terceira é a Dialética, e que ensina o homem a discernir o verdadeiro do falso, e é comumente chamada de Arte ou [Filosofia].

A quarta é chamada aritmética, e ensina aos homens a arte dos números, para calcular e contar todas as coisas.

A quinta é a Geometria, que ensina aos homens os limites e a medida e ponderação dos pesos de todas as Artes humanas.

A sexta é a Música, que ensina aos homens a Arte do canto nas notas da voz e do órgão, da trompa, da harpa e todos os demais instrumentos.

O sétimo é a Astronomia, que ensina ao homem o curso do Sol e da Lua e de outros planetas e estrelas do Céu.

Nosso principal objetivo é tratar do primeiro fundamento da excelente Ciência da Geometria, e de quem foram seus fundadores; como disse anteriormente, há sete Ciências Liberais, ou seja, sete artes ou ciências, ou Artes que são livres em si mesmas, as quais vivem apenas por meio da Geometria.

E a Geometria é, como se diz, a medida da Terra: “Et sic dicitur a geoge pin Px ter a Latine e metrona quod est mensura.

Unde Geometria i mensura terre vel Terrarum”, ou seja, que a Geometria é, como eu disse, Geo, terra, e metron, medida e, assim, o nome Geometria é composto, e se chama medida da Terra.

Não se maravilhe que eu tenha dito que todas as Ciências vivem só pela Ciência da Geometria, porque nenhuma delas é artificial [que pressuponha, como a Geometria, o Artífice].

Nenhum trabalho que o homem faça é realizado, a não ser por meio da geometria; uma razão importante: Se um homem trabalha com as mãos e, trabalha então com qualquer tipo de utensílio, e não há qualquer instrumento feito de coisas materiais deste mundo que não venha da Terra e à Terra retorne, e não existe qualquer instrumento, ou seja, utensílio de trabalho, que não tenha proporções.

E proporção é medida, e utensílio ou instrumento, é Terra.

Por isso, pode-se dizer que os homens deste mundo vivem através do trabalho de suas mãos.

Muitas outras provas eu te dei sobre a razão pela qual a Geometria é a Ciência da qual vivem todos os homens razoáveis, mas desta vez não deixarei o longo processo da Escritura.

E agora prosseguirei com a minha tese; você compreenderá que, entre todas as Artes do mundo, a [mais importante] é a Arte do Homem; a Arte da construção tem a maior importância e a maior parte na Ciência da Geometria, conforme está escrito e dito na história, na Bíblia, e no Polycronicon, uma crônica ilustrada e na História de Beda, em De Immagine Mundi e no Ethimologiarum de Isidoro, em Metodio, bispo e mártir, e em muitos outros; digo que a Maçonaria é a principal [Arte] da Geometria, como penso que pode se dizer por que foi a primeira a ser criada; como se diz na Bíblia, no Livro I do Gênesis, Capítulo 4.

E também todos os Doutores mencionados o dizem, e alguns deles mais aberta e simplesmente [com relação], ao que é dito na Bíblia.

O Filho direto da linhagem de Adão, descendente das sete gerações de Adão antes do dilúvio, foi um homem chamado Lameth, que tinha duas mulheres; da primeira, Ada, teve dois filhos: um chamado Jabal e outro Jubal.

O mais velho, Jubal, foi o primeiro fundador da Geometria e da Construção, e construiu casas e é chamado na Bíblia de “pater habitancium in tentoriis atque pastorum”, ou seja, o pai dos homens que vivem em tendas, ou seja, em casas.

E foi professor de Caim e chefe de todos os seus trabalhadores quando construiu a Cidade de Enoch, que foi a primeira cidade jamais construída, e que Caim entregou a seu filho e a chamou Enoch.

E agora é chamada Efraim.

E a Ciência da Geometria e da Maçonaria foi primeiramente inventada e utilizada como Ciência e Arte, e, portanto, poderíamos dizer que foi a origem e o fundamento de todas as Artes e Ciências, e este homem, Jabal, foi chamado “Pater pastorum”.

O mestre da História e Beda, De Immagine Mundi, Polycronicón e muitos outros dizem que, pela primeira vez ele fez a distribuição da Terra, de modo que cada homem poderia individualizar (conhecer) seu campo e seu trabalho.

E também dividiu rebanhos e ovelhas, e por isso podemos dizer que foi o primeiro fundador dessa Ciência.

E seu irmão Jubal, ou Tubal foi o fundador da Música e do canto, como afirma Pitágoras no Polycronicón e mesmo Isidoro em suas Etimologias; em seu livro I diz que foi o primeiro fundador da música e do canto, do órgão e da trompa, e que encontrou a ciência do som através dos golpes dos metais, graças a seu irmão Jubalcaín.

A Bíblia diz na verdade no capítulo IV do Gênesis, que Lameth teve um filho e uma filha com outra mulher chamada Zillah.

Seus nomes eram Tubalcaím, o filho e a filha foi chamada Naamah, e com diz o Polycronicón, era a esposa de Noé; se isto é verdade ou não, não sabemos.

Eu lhe digo que este filho, Tubalcaín, foi o fundador da Arte da Metalurgia e de todas as Artes dos metais, ou seja, do ferro, do ouro e da prata, como dizem alguns Doutores, e sua irmã Naamah foi fundadora da Arte da Tecelagem, fiavam o fio e trabalhavam o ferro e faziam vestimentas como podiam, mas a mulher Naamah encontrou a arte da tecelagem, que agora é chamada de Arte das Mulheres; e estes três irmãos sabiam que Deus se vingaria do pecado e com o fogo ou com a água, e colocaram o máximo cuidado para salvar as Ciências que haviam encontrado e se aconselharam entre si; e graças à sua engenhosidade, disseram que havia dois tipos de pedra de tal qualidade que a primeira jamais podia ser queimada, e esta pedra é chamada mármore, e que a outra pedra não podia ser derretida, e esta pedra era chamado laterus.

E, por isso, tiveram a ideia de escrever todas as ciências que tinham encontrado nestas duas pedras, de modo que se Deus se vingasse com fogo o mármore não se queimaria, e se Deus se vingasse com a água a outra pedra não se derreteria.

E por isso pediram ao irmão mais velho de Jabal que construísse duas colunas com estas duas pedras, ou seja, mármore e laterus, e que esculpisse nos dois pilares todas as Ciências e a Artes que tinham encontrado.

E assim foi feito e, por isso podemos dizer que eles foram muito hábeis na ciência que se iniciou e que prosseguiu até ao seu final antes do dilúvio de Noé; sabendo que a vingança de Deus iria ocorrer, seja por fogo ou água, os irmãos – em uma espécie de profecia – sabiam que Deus ordenaria uma delas e por isso escreveram nas duas pedras as sete Ciências, pois achavam que a Vingança chegaria.

E ocorreu que Deus se vingou e aconteceu tal dilúvio que todo o mundo ficou submerso e morreram todos, menos oito pessoas.

Eles foram Noé e sua esposa e seus três filhos e suas esposas, e destes filhos se originou todo o Mundo.

E [os três filhos] foram chamados assim: Sem, Cam e Japhet.

E este Dilúvio foi chamado Dilúvio de Noé, porque só se salvaram ele e seus filhos.

E muitos anos depois do Dilúvio, como narra a Crônica, estas duas colunas foram encontradas, e como diz o Polycronicón, um grande doutor chamado Pitágoras encontrou uma, e Hermes, o filósofo encontrou a outra, e ensinaram as ciências que encontraram escritas nelas.

Qualquer crônica, a história e muitos outros documentos e, sobretudo a Bíblia testemunham a construção da Torre de Babel, e está escrito na Bíblia, Gênesis, capítulo X, que Cam, filho de Noé, gerou Nimrod, e que este se tornou um homem forte como um gigante e que foi um grande rei.

E o início de seu Reino foi o do verdadeiro Reino de Babilônia, de Arach e Archad e Calan e da Terra de Senaar.

E este mesmo Nimrod começou a construção da Torre da Babilônia, e ensinou a seus trabalhadores a arte da medida, e tinha muitos construtores, mais de quarenta mil.

E ele os amava e os tinha em grande estima.

E isto está escrito no Polycronicón e em outras Histórias e, em parte, testemunhado na Bíblia, no Gênesis, capítulo X, onde se estipula que Asur, que era um parente próximo do Nimrod saiu da Terra de Senaar e construiu a cidade de Nínive e de Plateas e muitas outros, e assim diz: “De Terra illa i de Sennam egressus est Asure et edificavit Nunyven et Plateas civitatis et Cale et Jesen quoque inter Nunyven et hec est civitas magna”.

A razão exige que digamos abertamente como e de que forma foi fundado o ofício da construção, e quem foi o primeiro a dar-lhe o nome de Maçonaria.

E você deveria saber o que é dito e escrito no Polycronicón e em Metodio, bispo e mártir, que Asur, que foi digno senhor de Senaar, solicitou ao Rei Nimrod que lhe enviasse pedreiros e operários do Ofício que lhe pudessem ajudar a construir a cidade que desejava edificar.

E Nimrod lhe enviou trezentos maçons.

E quando deviam partir, ele os chamou diante de si e lhes disse: “Vocês devem se apresentar diante de meu primo Asur para ajudá-lo a construir uma cidade, mas velem para que seja bem dirigida; vou lhes dar um encargo proveitoso para vocês e para mim.

Quando chegarem diante deste Senhor, procurem ser tão leais a ele quanto o são a mim; façam, como se fossem irmãos e permaneçam lealmente unidos; e aquele que têm maior capacidade ensine a seu companheiro e o impeça de se voltar contra seu Senhor, para que assim eu possa receber o mérito e o agradecimento por tê-los enviado a ele, e por ter-lhes ensinado a Arte. ”

E eles receberam o encardo de seu patrão e Senhor e chegaram diante de Asur e construíram a cidade de Nínive, no país de Plateas, e outras cidades entre Cale e Nínive.

E assim, a Arte da construção foi engrandecida e imposta como ciência.

Nossos primeiros antepassados, os maçons, tiveram esta responsabilidade, como está escrito nos nossos Deveres, e também como já vimos escrito em francês, em latim, e na história de Euclides; mas agora diremos de que maneira Euclides veio a adquirir conhecimentos de geometria, assim como está escrito na Bíblia e em outras histórias.

No capítulo 12 do Gênesis diz-se que Abraão chegou à terra de Canaã e que o Senhor lhe apareceu e disse: “Eu darei esta terra a ti e teus descendentes”, mas houve uma grande fome sobre a Terra e Abraão tomou Sara, sua esposa, consigo e partiu para o Egito em peregrinação, e enquanto durou a escassez eles permaneceram ali.

E Abraão, como diz a Crônica, era um homem sábio e um grande Doutor e conhecia as sete ciências e ensinou aos egípcios a Ciência da Geometria.

E este digno Sábio Euclides foi seu aluno e aprendeu com ele.

E eles deram pela primeira vez o nome de Geometria, porque antes não tinha este nome.

Assim, diz-se no Ethimologiarum de Isidoro, no livro 5, capítulo I, que Euclides foi um dos fundadores da Geometria, e que lhe deu este nome porque naquele tempo havia um rio no Egito, o Nilo, que cresceu até tal ponto na terra que os homens não podiam habitá-la.

Por isso, este digno estudioso, Euclides, os ensinou a fazer grandes paredes e valas para reter a água e eles, com a geometria, mediram a terra e a dividiram em muitas partes, e cada um fechou sua parte com paredes e valas, e por isso a terra se tornou fértil e deu a todos os tipos de frutas e jovens, homens e mulheres, mas eram tantos os jovens que não podia viver bem.

E os governantes, senhores do país, reuniram-se no Conselho para ver como ajudar a seus filhos que eles não tinham encontrado sustento.

E neste Conselho estava este digno Douto Euclides, e quando viu que não podiam decidir sobre o assunto, lhes disse: “Tomem seus filhos e coloquem-nos sob o meu comando, e eu lhes ensinarei uma ciência tal que viverão com ela dos Senhores, sob a condição de jurar que me serão fiéis e eu farei isso por vocês e por eles.”.

E o Rei e todos os Senhores o garantiram.

E eles conduziram seus filhos diante de Euclides para que ele os guiasse ao seu critério, e ele lhes ensinou esta Arte, a Maçonaria, e lhes deu o nome de Geometria, devido à divisão do terreno que havia ensinado ao povo no tempo da construção dos muros e fossos, e Isidoro disse no Ethimologiarum que Euclides a chamou Geometria.

E ele lhes deu o dever de chamar Companheiro uns aos outros, e não de outra forma, porque pertenciam a uma mesma arte e eram de sangue nobre e filhos de Senhores.

E que o mais habilidoso deveria ser o guia no trabalho e ser chamado Mestre, e lhes atribuiu outras tarefas que estão escritas no livro dos Deveres.

E assim eles trabalharam com os Senhores da Terra, e construíram cidades, castelos, templos e palácios.

Naquele tempo, os filhos de Israel que viviam no Egito aprenderam a arte da Maçonaria.

E logo, quando foram expulsos do Egito, chegaram à Terra de Behest, agora chamada Jerusalém.

E o Rei David iniciou a construção do Templo de Salomão.

O Rei David amava os Maçons, e lhes deu direitos que não tinham antes.

E na construção do Templo, nos tempos de Salomão, tal como referido na Bíblia, no 3º livro Regum, capítulo quinto, Salomão tinha oitenta mil construtores ao seu serviço.

E o filho de Tiro era seu chefe.

E em outras crônicas e em outros livros de Maçonaria diz-se que Salomão lhes confirmou a tarefa que Davi, seu pai, havia dado aos maçons.

E o próprio Salomão lhes ensinou em formas pouco diferentes daquelas utilizadas hoje.

E desde então esta importante ciência foi levada para a França e outras regiões.

Houve um tempo um digno Rei da França chamado Carolus Secundus, ou seja, Carlos II, e este Carlos foi eleito Rei da França pela Graça de Deus e por sua estirpe.

E este mesmo Rei Carlos era maçom antes de ser Rei e quando chegou a Rei amou os maçons e os teve em grande estima, e lhes deu deveres e regulamentos em conformidade com o seu plano, e alguns deles ainda estão em uso na França; e ele mesmo determinou que devessem se reunir em Assembleia uma vez por ano para falar entre si, Mestres e Companheiros, e para [decidir quem] havia de guiá-los e [para acertar] todas as coisas erradas.

E pouco depois Santo Adabelio chegou à Inglaterra e converteu Santo Albano ao Cristianismo.

E Santo Albano amava os maçons e lhes pela primeira vez os cargos e usos na Inglaterra.

E lhes ficou uma hora conveniente para lhes pagar pelo trabalho.

E depois houve um importante rei da Inglaterra chamado Athelstan e seu filho mais novo amava a Ciência da Geometria, e sabia bem que a arte manual do Oficio praticava a ciência da Geometria como os Maçons, e por isso os [reuniu] em Conselho e adotou a prática desta ciência na especulação, porque na especulação era mestre e amava a Maçonaria e os maçons.

E ele mesmo se fez Maçom e lhes deu cargos e nomes que ainda estão em uso na Inglaterra e em outros países.

E estabeleceu que [os Maçons] deveriam ser pagos razoavelmente por seu trabalho, e conseguiu um decreto do Rei que [sancionou], o direito de se reunir em Assembleia quando achassem que havia passado um período razoável e que viessem [escutar] seus Conselheiros, como está escrito e se ensinava no Livro de nossos encargos e deveres, pelo que deixo já o argumento.

Os homens de bem, por esta razão e desse modo, [fizeram com que] começasse a Maçonaria.

Ocorria às vezes, que os grandes senhores não tinham grandes posses, e assim não podiam ajudar seus filhos nascidos livres, porque tinham muitos e, portanto, se aconselharam sobre a forma como lhes podiam ajudar, e estabelecer que pudessem viver honestamente.

E os enviaram aos Sábios Mestres da importante Ciência da Geometria, para que eles, com sua sabedoria, pudessem dar aos filhos uma maneira honesta de viver.

Por isso, um deles, chamado Englet, que foi um sábio fundador muito inteligente, estabeleceu uma Arte e a chamou Maçonaria, e assim, com sua Arte, instruiu os filhos dos grandes Senhores, a pedido dos pais e com a livre vontade dos filhos; quando eles foram educados com grande cuidado, após um certo período, nem todos foram igualmente capazes, de forma que o referido Mestre Englet determinou que todos os que terminaram [a aprendizagem] com habilidade deveriam ser admitidos [no ofício] com honras, e chamou o mestre mais qualificado para instruir os mestres menos qualificados, e foram chamados mestres pela nobreza de seu engenho e por sua habilidade na arte.

Assim, a referida Artes, iniciada na terra do Egito, se espalhou de Terra em Terra, de Reino em Reino.

Depois de muitos anos, na época do Rei Athelstan, que foi rei da Inglaterra, seus conselheiros e de outros grandes senhores, de comum acordo, devido a graves culpas lançadas contra os maçons, estabeleceram certa regra para eles; uma vez ao ano, ou a cada três anos [se isso correspondia] aos desejos do rei e dos Grandes Senhores do País e do povo, de província em província, e de país em país, se reuniriam em Assembleia todos os maçons e companheiros da referida Arte, e em tais reuniões os mestres seriam examinados sobre os artigos [da Constituição], que foram logo escritos e se estabeleceu que fosse verificado se os mestres eram capacitados e habilitados, em benefício de seu Soberano e para honrar sua Arte.

E, além disso, foi estabelecido que devessem cumprir bem seu encargo de empregar os bens, grandes ou pequenos, de seus senhores, porque deles recebiam o pagamento por seu serviço e seu trabalho.

O primeiro artigo é o seguinte: Que cada mestre desta arte deve ser sábio e leal ao Senhor a quem serve; e não pagar a nenhum trabalhador mais do que ele pense que seja merecido, distribuindo seus benefícios realmente como gostaria que fossem distribuídos os seus, depois de ter [levado em conta] a escassez de grãos e alimentos no país, e não prestando quaisquer favores, para que todos possam ser remunerados de acordo com o seu trabalho.

O segundo artigo é o seguinte: Que cada mestre desta arte deverá ser informado antes de entrar em sua Comunidade; que sejam [recebidos] como convém; que não possam ser desculpados [por sua ausência], senão somente por algum motivo [válidos].

Mas se forem considerados rebeldes [diante de] tal Comunidade, ou culpados de qualquer forma, de danos aos próprios Senhores, os autores nesta Arte não serão perdoados de forma alguma, [e serão julgados e será verificada] sua expulsão, e quando se encontrarem [em perigo de morte], [ou enfermos], sem risco de morte, o mestre que seja o chefe da Assembleia [quem o deve julgar] será avisado.

O terceiro artigo é este: que nenhum mestre tome um aprendiz por um período inferior a sete anos, pelo menos, porque, em um período mais curto, não pode chegar adequadamente à sua Arte e, portanto, não será capaz de servir fielmente ao seu Senhor, e de compreender [a Arte] como um Maçom deve compreendê-la.

O quarto artigo é este: que nenhum mestre tome para educar, sem proveito qualquer aprendiz ao qual esteja ligado por vínculos de sangue, já que, devido ao seu Senhor, a quem está ligado, o desviará de sua Arte e poderá chamá-lo diante de si fora de sua Loja e do lugar onde trabalha; porque seus companheiros talvez lhe ajudem e lutem por ele, e aqui poderia surgir um homicídio, o que é proibido, e também devido a que sua arte começou com os filhos de grandes senhores, nascidos livres, como já foi dito.

O quinto artigo é este: que nenhum mestre envie seu aprendiz, durante o tempo de sua aprendizagem a outro, pois nenhum benefício pode advir disso, e embora pense que pode agradar a seu novo Senhor, o mais importante é o benefício que o Senhor poderá obter do lugar onde foi treinado em seu ensino.

O sexto artigo é o seguinte: que nenhum mestre, por ganância ou proveito, tome aprendizes para lhes ensinar coisas imperfeitas, e que tenham mutilações e, portanto, não possam realmente como deveriam.

O sétimo artigo é o seguinte: Que nenhum mestre seja visto ajudando ou protegendo, ou sendo o sustento de qualquer ladrão noturno, pelo qual [por causa do roubo] seus companheiros não possam cumprir com o trabalho diário e não possam se organizar.

O oitavo artigo é o seguinte: Que não ocorra quer qualquer Maçom que seja perfeito e hábil venha buscar trabalho e encontre um modo de trabalhar imperfeito e incapaz; o mestre do lugar receberá o maçom perfeito e dispensará o imperfeito em benefício de seu Senhor.

O nono artigo é o seguinte: que nenhum mestre assumir o lugar de outro, porque foi dito na arte da construção, que ninguém deverá terminar um trabalho iniciado por outro, em benefício de seu Senhor; assim, quem já o começou [tem o direito de] acabar ao seu próprio modo, e sejam quais forem os seus métodos.

Esta resolução foi adotada por vários senhores e mestres de diversas províncias e Assembleias de Maçonaria, e diz o seguinte:

O primeiro ponto: é necessário que todos os que desejam ser Companheiros da referida arte Jurem por Deus, pela Santa Igreja e por todos os Santos, diante de seu mestre e seus Companheiros e irmãos.

O segundo ponto: ele [o companheiro] deve cumprir seu trabalho diário, em virtude do que lhe foi pago.

O terceiro ponto: ele [deve aceitar] as decisões dos seus companheiros em Loja e em Câmara e em qualquer outro lugar.

O quarto ponto: Não enganará a sua Arte, nem a prejudicará, ou sustentará afirmações contra a Arte ou contra alguém da Arte, senão que os manterá com dignidade porque ele pode.

O quinto ponto: Quando receba seu pagamento, o tomará humildemente, já que o mestre estabeleceu o tempo do trabalho e o resto (por ele) ordenado está permitido.

O sexto ponto: Se surgir qualquer discórdia entre ele e seus companheiros deverá obedecer humildemente e permanecer às ordens do mestre, ou na sua ausência, ao vigilante [nomeado] pelo mestre; e na próxima festa religiosa se colocará à disposição dos Companheiros; não em um dia útil, deixando o trabalho e o proveito de seu Senhor.

O sétimo ponto: Que não deseje a esposa ou a filha de seu mestre ou de seus companheiros, e se for casado, não tenha amante, porque poderiam surgir divergências entre eles.

O oitavo ponto: se acontecer de ser nomeado vigilante por seu mestre, que seja um transmissor seguro entre seu mestre e seus companheiros, e na ausência de seu mestre, substituindo-o com empenho, para a honra do mestre e vantagem do Senhor a quem serve.

O nono ponto: se for mais sábio e agudo que o companheiro que trabalha com ele na Loja ou em qualquer outro lugar, e se perceber que o outro deve deixar a pedra sobre a qual está a trabalhar por falta de habilidade, deverá instruí-lo para que o amor cresça entre eles e a obra do senhor não seja perdida.

Sobre a Assembleia de Justiça.

Quando o Mestre e os Companheiros sejam avisados e chegam a tais Assembleias, se for preciso serão convidados a participara junto com os companheiros e o mestre da Assembleia, o xerife do condado, o prefeito da cidade, e o conselheiro mais antigo da Cidade onde se celebra a Assembleia, para servir de ajuda contra os rebeldes e para manter o direito do Reino.

Em princípio [entram no Ofício] homens novos que nunca foram condenados, de modo que não sejam nunca ladrões, ou [cúmplices] de ladrões, e que desenvolvam seu trabalho diário pela recompensa que recebem de seu Senhor, e deem um verdadeiro resumo a seus Companheiros das coisas que devem ser explicadas e escutadas, e os amem como a si mesmos.

E devem ser leais ao Rei da Inglaterra e ao Reino, e ater-se com todas as suas forças aos artigos mencionados.

Depois disso será perguntado se algum mestre ou companheiro que tenha sido instruído infringiu algum artigo e ali se estabelecerá se nunca fez tais coisas.

Por isso, vale dizer, se algum Mestre ou Companheiro que tenha sido avisado [da acusação], antes de vir a tal Assembleia, se rebela e não comparece, ou ainda tenha transgredido algum artigo, se isso for demonstrado, deverá renegar sua qualidade de membro da Maçonaria, e não poderá, jamais, usar sua Arte.

E se ousar praticá-la, o Xerife do país em que for encontrado trabalhando deverá colocá-lo na prisão e colocar todos os seus bens nas mãos do Rei até que seja mostrada e concedida a graça.

Por este motivo, [os participantes] nesta Assembleia estabeleceram que tanto o mais baixo quanto o mais alto deve ser fiel servidor de sua Arte em todo o Reino da Inglaterra.

Amém.

Assim seja.

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