O TRIÂNGULO DA SABEDORIA
Tradução José Filardo
O tema genérico do triângulo já foi tratado em profundidade por muitos autores que agregaram elementos históricos, geométricos, de arquitetura e esotéricos. Às vezes, esse triângulo tem uma função ocultas ou secretas e diante das muitas perguntas sobre os detalhes específicos dessas formas triangulares, é útil resumir sua presença nos símbolos que permeiam todos os Ritos “maçônicos” ou correntes exotéricas e ocultas referindo-se a outras “Vias Iniciáticas”… Esse lembrete, publicado sobre a evolução do triângulo não pretende ser exaustivo, pelo contrário, é simplesmente um olhar sobre algumas maneiras de abordar o “Triângulo” para que ele seja ativo…
DO PONTO AO TRIÂNGULO
Nesse local: “Você pode ver ali a construção do Triângulo de nossa Sabedoria antiga! Muitas longas tarefas esperam por você para fazer nascer a luz em você, a luz que você está procurando!…”
Tendo recebido esse símbolo nos primeiros momentos da cerimônia de Iniciação, o questionamento é particularmente mais vivo em descobrir que essa forma representa a figura geométrica primitiva sucedendo ao ponto isolado e uma linha reta traçada; as duas primeiras expressões desenhadas sobre uma superfície plana. Assim, esse triângulo tem suas origens nos primeiros estágios da humanidade e se torna rapidamente a base de vários traçados, planos, principalmente transpostos para edifícios que foram projetados pelos construtores dessas civilizações distantes. Já na Mesopotâmia desenhos de triângulos são visíveis sobre cerâmica perto de 7.000 anos a.C. Em seguida, os sumérios usaram com frequência triângulos que faziam parte de seus costumes.
O auge da devoção aos triângulos floresceu no Egito, onde representa praticamente a seção vertical da construção das pirâmides, assim como de suas faces. Esse traçado é então elevado ao grau de divindade e sua forma responde a dimensões precisa. A importância desse símbolo contribuiu para carregar significados divinos até lhe impor o valor de “criação do mundo.”
Há uma abundância de formas triangulares, pois basta ligar três retas para obter essa figura geométrica. Para recapitular, aqui estão algumas definições comuns:
– Um triângulo qualquer se diz ” escaleno ” (Desigual).
– Um triângulo com dois lados iguais se diz ” isósceles “(igual).
– Um triângulo com três lados iguais é chamado ” equilátero “.
– Um triângulo com um ângulo reto (90°) se diz ” retângulo “.
3+4+5 = 12
Todas essas figuras têm sido amplamente utilizadas por milhares de anos e Pitágoras (cerca de 580 a.C. a 495 a.C.) a elevou em valor um caso particular de um triângulo retângulo, aplicando-lhe sua famosa fórmula: 32 + 42 = 52 (Ou seja, 9 +16 = 25).
De acordo com papiros do antigo Egito, o uso dessa fórmula desenvolvida foi amplamente aplicado na vida diária, seja para os traçados de construções, seja para as implantações em parcelas de terreno onde a corda era a ferramenta ideal.
É esta progressão de 3 para uma base, e 4 para a segunda em ângulo reto, o que dá automaticamente a diagonal 5 fechando o triângulo. Quando se soma 3+4+5, a linha assim desenvolvida é dividida em 12 segmentos iguais, ou reconstituída em um quadrado de quatro linhas retas de valor 3, sem mencionar a criação de um retângulo de valor 12.
Parece óbvio que todas as civilizações procuraram introduzir elementos simbólicos nas formas construídas em torno de um triângulo. Um dos significados primordiais é a posição do triângulo equilátero apontando para cima representando a mulher (símbolo feminino) e a ponta para baixo referindo-se ao homem (símbolo masculino). Esse recurso simbólico tem a particularidade de ser invertido considerando-se que o triângulo apontando para cima é uma representação refinada do sexo do homem e que a ponta para baixo corresponde à parte íntima da mulher.
O legado de nossos antepassados construtores está repleto de oportunidades simbólicas de formas geométricas incorporando valores numéricos que eles utilizavam para seus ofícios. Essa geometria tornou-se “secreta” pela força das coisas, em função da complexidade da elaboração dos planos. Toda a parte esotérica que é enxertado nessa geometria veio da imaginação transbordante desses mesmos construtores com o objetivo de motivar seus ofícios esperando uma proteção divina sobre o seu trabalho. As oferendas aos deuses foram substituídas por rituais para honrar o Divino. A lista desses símbolos geométricos excede essas poucas observações sobre a figura primária que representa o triângulo. Tomemos por exemplo a reta composta de 12 segmentos e juntemos as duas extremidades para formar um círculo; e em seguida, coloquemos os dois símbolos feminino-masculino no interior desse novo traço. Para alguns “iniciados”, esses dois triângulos invertidos juntos simbolizam simetricamente o material e o espiritual, e á ainda a síntese da Tábua de Esmeralda.
Este símbolo assim formado foi gravado na construção de edifícios marcados pela cultura judaico-cristã. Um exemplo é a catedral de Basileia (Suíça).
Os 12 segmentos do desenvolvimento horizontal do triângulo retângulo de Pitágoras pode ser associada aos laços de amor (lac = laço) da corda de nós que decora a maioria dos lugares onde se reúnem os irmãos e irmãs.
Os laços de amor também representam, com um olhar mais penetrante, o céu estrelado (abóbada celeste) e sua divisão em relação aos 12 espaços do Zodíaco.
Para simplificar, algumas paredes são decoradas com uma corda TRÊS nós reduzindo o número 12 a 3 (1 +2 = 3) oferecendo um paralelo simbólico aos TRÊS pontos de um traçado triangular tornado misteriosa e invisível ou, ainda, uma ligação direta com uma trilogia em relação aos construtores de catedrais. Os mitos e lendas situavam ainda três lugares distintos: – a Terra para os seres humanos – céu para os deuses – o inferno para os demônios muitas vezes sinônimo da morte.
Esse símbolo geométrico TRÊS convertido em versão numérica 3 é assim o fundamento de toda a hierarquia da “criação do mundo” e do equilíbrio de forças vivas da vida. Dada a extrema importância atribuída a este símbolo, parece evidente que as três pequenas Luzes representadas no centro da loja contêm tanto o traçado do triângulo, o valor numérico 3 e a luz que completa esse ternário único e inabalável. Em destaque, essa declinação do TRÊS estará presente na maioria dos graus do Rito sob todas as suas formas: a) sua adição, b) sua multiplicação, c) seu alcance em poder, etc.
DO TRÊS AO NOVE
Essa presença evocadora do TRÊS resultará em muitas baterias em torno deste número, assim como as idades em diferentes graus de iniciação, amplamente atribuídos à família do TRÊS. Esse fio vermelho percorrendo o Rito pode ser objeto de um desenvolvimento particular, que encontramos principalmente nos Telhadores em que é possível tirar algumas lições. A bateria de TRÊS golpes está presente nos seguintes graus (no REAA):
1º. grau Aprendiz Maçom
12º. grau Grão Mestre Arquiteto
20º. grau Mestre Ad Vitam
21º. grau Cavaleiro Prussiano ou Patriarca Noaquita
23º. grau Chefe do Tabernáculo
Vejamos como o TRÊS é descrito por Irene Mainguy: “A unidade primordial ao se dobrar conduz à dualidade. Mas não podemos parar por aí, porque sob seu aspecto negativo ela é a oposição, e sob seu aspecto positivo ela é complementar. Um terceiro termo conciliador permite reencontrar a unidade e sair do binário das oposições. Três é um número arquetípico: 1 representa o Céu, 2 a Terra, 3 representa o ser vivo nascido simbolicamente da união do Céu e da Terra, o Espírito e a Matéria… ”
O escritora também afirma que o TRÊS está ligado aos “Três mundos: mineral, vegetal e animal ou, ainda, aos três mundos físico, psíquico e espiritual”.
Para que esse simbolismo do TRÊS encontre seu equilíbrio e corresponda a um conjunto estruturado, convém também mencionar sua multiplicação por si mesmo que correspondente ao número 9. O sistema de base NOVE daí resultante impõe essa redução automática dos números superiores a 9. Assim, seja os múltiplos de 9 ou de 3 vezes 3 representando a apoteose do Ritual do 3 o grau Venerável Mestre (REAA) pela manifestação do Respeitabilíssimo Mestre: “Meus veneráveis Irmãos e Irmãs, eu vos saúdo por três vezes três…”
Irene Mainguy prossegue em seu estudo afirmando: “… Ele representa o estado perfeito, limite humano ideal… O número 9 recorda os 9 meses de gestação necessários para cada nascimento; esse mesmo número encontra-se nos nove mestres que partiram em busca de Hiram… Esse número 9 simboliza bem a realização necessária do ciclo de perfeição e sua implantação, antes de subir ao outro ciclo luminoso do conhecimento.”
O NOVE está presente na bateria do 3 o grau Venerável Mestre e também é introduzida no 25 o. grau Cavaleiro da serpente d’Airan bem como no 29 o grau Grande Escocês de Santo André. Em seguida, a bateria baseada no NOVE retorna no 31º. grau Grande Inspetor Inquisidor.
Da mesma forma, o número DOZE, originário do triângulo através de seu desenvolvimento 3 +4 +5 em uma linha reta se encontra mencionado em várias ocasiões nos Rituais de diferentes graus, como, por exemplo do 11 o grau Sublime Cavaleiro eleito e também no 19 o grau Grande Pontífice.
Claude Le Moal afirma em uma de suas obras 3 : “3+4+5 = 12, a figura do pendurado no Livro de Thoth, o Lamed do alfabeto hebraico, sinal de tudo o que se estende, se eleva, se espalha, ou ainda de toda ideia de extensão, de elevação, de posse; é um movimento de reunião e dependência… …12 O Pendurado (The Iniciado), o equilíbrio entre Necessidade e Liberdade, a experiência adquirida através do Conhecimento, o Iniciado realizando a Grande Obra através da sublimação das leis da Providência e as do Destino, e que expande sua Consciência nas esferas superiores sutis. Impotência, espírito escapando da matéria e não tendo tido domínio dela, apóstolo, mártir da estupidez “.
A multiplicação de figuras e suas complicações demonstram o campo do possível perto de infinito que os arquitetos e construtores tiveram o cuidado de criar em todas as épocas. Uma ginástica cerebral que permitiu ocultar dados secretos em símbolos anódinos para os profanos. Um meio sutil e lúdico de garantir essa transmissão entre gerações.
OS TRIÂNGULOS DE PLATÃO
Jules Boucher em “O simbolismo maçônico História e Tradição 4 ” evoca Platão (428/427 a.C. morto em 348/347 a.C.), que classificou os diferentes triângulos da seguinte forma: “Platão relatou os poliedros regulares, e em que os lados e ângulos sólidos são iguais aos Elementos … Ele classificou a poliedros regulares da seguinte forma:
– O Tetraedro (Quatro faces formadas de triângulos equiláteros) correspondente para o elemento Fogo.
– O Octaedro (oito faces formadas por triângulos equiláteros) corresponde ao elemento Ar.
– O Icosaedro (vinte faces formadas por triângulos equiláteros) corresponde ao elemento Água.
– O Hexaedro ou Cubo (Seis faces quadradas) correspondente para o elemento Terra.
– A Dodecaedro formado por doze faces que são pentágonos regulares correspondentes correspondente ao que podemos chamar de Éter. (Fim de citação).
As figuras descritas são reproduzidas como segue:
Tetraedro.
O Octaedro.
O Icosaedro.
O Hexaedro.
O Dodecaedro.
Para determinar as circunstâncias das descobertas de Platão, é indispensável lembrar que ele tinha conhecimento de várias narrativas históricas que alimentavam seus contemporâneos, tão longe quanto a Atlântida, a Mesopotâmia e o Egito Antigo. Por isso, é possível manter a suposição de que suas descobertas geométricas remontem aos tempos antes da extinção dessas civilizações, depois de desastres naturais ou a passagem do tempo que levou às suas quedas. Essa suposição é baseada na probabilidade de que essas formas triangulares tenham sido criadas e recriadas em cada etapa da história humana registrada sobre nosso planeta.
A figura reunindo o triângulo, a pirâmide e o Hexaedro tornou-se um dos mais conhecidos símbolos nos Ritos “maçônicos” sob a forma da “pedra cúbica”, que contém os fundamentos da tradição dos construtores desaparecidos.
DO TRIÂNGULO AO TETRAGRAMA
Através dos séculos, a existência extraordinária do triângulo carregou-se de mitos e lendas inevitáveis; ele carrega um exoterismo que é gravado em pedra, bem visível aos olhos de todos. Mas o seu lado esotérico permaneceu encerrado em um “segredo” que lhe foi prejudicial, pois a cada vez é preciso voltar a descobrir sua fonte original em um caminho semeado de dúvidas e muitas vezes de incompreensão.
De uma maneira mais geral, Jules Boucher continua sua explicação: “O triângulo evoca a ideia da Trindade, e essa não é uma concepção própria apenas da religião cristã. A Trindade é encontrada:
No Trimurti Hindu: Brama (Criador);
Vishnu (Conservador); Siva (Destruidor). No Egito incluem: a Tríade de Mênfis, composta do deus Ptah, sua esposa Sekhmet e seu filho Nefertum;
A Tríade Osiriana: Osiris, Isis, Horus;
A Tríade Tebana: Amon, Mut, Khonsu. Persia: Auramazda ou Ormazd, o Mestre ou o Sábio Gênio; Vohu Mano, o bom pensamento; Asha Vahista a justiça mais perfeita.
Poderíamos multiplicar os exemplos de “trindades” na maioria das religiões. (Fim de citação).
Trimurti Hindu.
(Templo de Halebid, região de Karnataka.)
Tríade Menfita. (Museu do Cairo).
Tríade Osiriana. (Louvre, Paris).
Tríade Tebana. (Museu de Luxor).
Para concluir a seção dedicada ao triângulo, Jules Boucher acrescenta: “O Delta Luminoso maçônico, muitas vezes traz, é verdade, em seu centro, o Tetragrama sagrado IEVE em letras hebraicas ou então o Olho Divino. O Tetragrama formado pelas letras Yod, He Vau, He é o nome divino cuja pronúncia era reservada ao sumo sacerdote entre os hebreus, somente uma vez por ano.
O “Tetragrama”, dentro do Triângulo. O “Olho Divino” dentro do Triângulo.
Os estudos sobre o Tetragrama sagrado são numerosos e variados e, digamos, muito confusos; não podemos examiná-los aqui. O Olho simboliza, no plano físico, o Sol visível de onde emana a vida e a luz; no plano intermediário ou “astral”, o Verbo, o Logos, o Princípio criador; no plano espiritual ou divino, o Grande Arquiteto do Universo.” (Fim da Citação).
Frontão da fachada da Basílica de São Pedro (Vaticano)
A igreja de São Vicente de Paula (Marseille) com seus dois símbolos: O Triângulo em sua parte superior e no seu centro a Rosa de 12 intervalos com os laços de amor.
Nos mitos e lendas do REAA, evoca-se que o rei Salomão, junto com o rei de Tiro, restaura o Ternário graças ao reencontro casual do Secretário Jhoaben; três personagens que se reúnem no Triângulo Divino. Em um outro nível: 3 “visitantes” vindos da Babilônia encontram-se em Jerusalém e descobrem o Templo destruído de Salomão… Logo, muitos irmãos e irmãs consideram este Ternário Divino, representado por seu Olho ” que tudo vê ” como a profundidade do” Logos “da primeira frase: “No início… ” do Livro de João, um componente das Três grandes Luzes.
OS TERNÁRIOS TRÊS E NOVE
O que liga o ternário e sua funcionalidade na construção de um movimento imutável de causa e efeito, os arcanos do Tarot e atendem ali as condições. Para completar as observações mencionadas em outras disciplinas estudadas, examinemos os números 3 e 9 que estão diretamente associados à base TRÊS.
A LETRA “GUIMEL” OU O NÚMERO 3
Ela é ilustrada pela carta da “Imperatriz”. Ela usa uma coroa, geralmente com um fundo de 9 estrelas. Algumas leituras fornecem 12 estrelas, das quais 3 escondidas, relacionando-se assim ao Universo pelos 12 signos do Zodíaco. Ela carrega um cetro na mão esquerda apontando sua autoridade na serenidade. A letra “Guimel”, originalmente relacionada com o camelo, também está mais próxima do nome divino Gadol (que atua através das forças Aralym).
Claude Le Moel diz: A “Imperatriz no Livro de Thoth; o Destino do Ternário Divino; na Enéada Heliopolitana o Três é Tefnut. É também a sedução e a manifestação dos desejos, que será o princípio de Formas animadas que não poderão se manifestar na esfera temporal, a não ser recebendo a Consciência animadora do Dois. A reunião da Forma e a Consciência ocorrendo após o estado de evolução cármica da última. Unificação sem a qual nem a Forma nem a Consciência podem se cristalizar e permanecem em dissolução no Oceano infinito do não manifestado, o Zero. No plano planetário, Vênus será a manifestação simbólica desse poder sedutor e atraente que atrairá a alma da vida na matéria e o masculino em direção ao feminino, para permitir a frutificação concreta. O Número Três também é um fogo destruidor, que vai decompor o invólucro que protege a semente para permitir o seu desenvolvimento em sua terra matriz. Fogo que encontramos nas paixões amorosas devoradoras, como era a deusa Sekmet com cabeça de leão do Egito antigo e que personalizava o princípio da energia ígnea do Número Três. A cor verde atribuída a Vênus será também a da vegetação, assim o poder do número três é, por meio da árvore da vida, a função transformadora pela metamorfose das formas. É, portanto, por esta função, o número da Magia Sagrada dos milagres da natureza que consegue unir o visível e o invisível, o espírito e a matéria, o alto e o baixo, o sutil e o espesso, o fixo e o volátil”…
– Meus olhos se arregalam, e eu não enxergo: é chamado o Invisível.
– Meus ouvidos estão atentos, e eu não escuto: é chamado o Inaudível.
– Minhas mãos se estendem e nada encontram: é chamado o Impalpável.
– Três aspectos indefinidos que fazem a unidade… “
A LETRA “TETH” OU O NÚMERO 9
Ela está no alto da carta do “Eremita” ou “Ermitão”. Ele caminha sozinho na noite (ou na escuridão) com sua capa e uma lanterna na mão que é a sua fonte de luz. Ele segura em sua mão esquerda o bastão de peregrino indicando que permanece em movimento apesar de sua solidão, sua busca pela sabedoria. A letra “Teth” significa proteção, resistência ou o escudo, ela simboliza o nome divino Tehor (Mundus Purus).
Para definir a sua presença no Tarot, Claude Le Moel a descreve da seguinte forma: “…Em sua representação hieroglífica nas folhas do Livro de Thoth, o sábio traz consigo a lâmpada da razão iluminada pela fé (o verdadeiro Conhecimento); ele está envolto em seu manto da humildade, virtude sem a qual não existe grandeza possível e se apoia no cajado do Poder, o famoso cetro que Adão recebeu no 6o. dia. O signo de Gêmeos lhe dá dupla filiação, a de ser do mundo adâmico na esfera mortal, e de pertence por essência divina de sua alma ao mundo imortal e angélico, que lhe traz o desenvolvimento de suas faculdades espirituais que elevam à a supraconsciência, e que lhe permitirá em Noé/Capricórnio reconectar-se com o sopro (Palavra Viva) de Aelohim (Ele-o-Deus). O Número Nove no Egito antigo era um Número particularmente divino porque representava a Enéada das origens à ou seja, Atoum, Amon-Rá, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Osíris, Ísis, Seth e Nephty. É também através desse Número Nove que nossa Enéada de Poderes termina; Hermes torna este Número Nove aquele da iniciação e das reflexões divinas em que se expressa todo o poder abstrato. Noé está no final das Nove manifestações diretas das Luzes da Divina Providência, os Números que se seguirão serão declinações e combinações desses Números das Potências originais (Enéada) a que dizem respeito por redução teosófica. Nenhum desses Números princípios pode ser concebida de forma isolada, cada um se manifesta tendo nele a assinatura dos outros. Esse Número Nove é o terceiro do nosso terceiro ternário (7-8-9), ele é, assim, a mais forte de expressão do Destino. Se fizermos a adição teosófica dos Nove primeiros Números: 1 +2 +3 +4 +5 +6 +7 +8 +9 obtemos um total de 45, que corresponde ao total que são letras hebraicas que compõem o nome de Adão e que por redução teosófica (4 +5) nos traz de volta ao Nove, Noé, o iniciado… “.
EM DIREÇÃO AO TRIÂNGULO DE SABEDORIA
Toda essa riqueza simbólica levanta a questão de saber como compartilha-la e vivê-la no presente. Na verdade, seria frustrante, perto do fracasso intelectual, perceber-se que todas as teorias e as demonstrações relacionadas com “ternário” permanecem letra morta. É, portanto, todos os dias e em todos os momentos que o triângulo acompanha a vida na Terra. Esse triângulo, ou na realidade esses triângulos definem uma construção natural e imutável de nosso Universo. Ele tende inalteravelmente em direção ao “Triângulo de Sabedoria”.
Para desfrutar de todas as virtudes capitais, convidemos Claude Le Moel a especificá-las: “A palavra hebraica Cabala, sem dúvida, tem semelhanças com o Ternário Divino das Tábuas da Lei, que inclui Kether, Chok-mah, Binah, o zero sendo o Ain Soph, o equivalente ao Momento Eterno Presente infinito de Aelohim
Mas é o mesmo para os trigramas de Fo-Hi, criador do hexagramas do I Ching, ou ainda com as Tríades Bardicas:
Existem três unidades primitivas e não pode haver mais. São elas: Um deus, uma Verdade, uma Liberdade, ponto de equilíbrio de todas as oposições.
Há três coisas emanadas, por sua vez, de três unidades primitivas. Estas são: a Vida, O Bem, o Poder.
Em Deus há três necessidades primordiais que podem não ser completadas em um outro ser. São elas: Deus é necessariamente a Vida em sua plenitude; Deus é necessariamente o Conhecimento em sua plenitude; Deus é necessariamente O Poder em sua plenitude.
Em Deus há três impossibilidades, porque ele não pode ser ao mesmo tempo: a Plenitude do Bem enquanto Devir; a Plenitude do Bem enquanto Desejo, a Plenitude do Bem enquanto Possibilidade.
As três provas que Deus nos dá daquilo que ele faz e o que ele fará são: seu Poder Infinito, sua Sabedoria Infinita, seu Amor Infinito.
Podemos encontrar o traçado desse Ternário Divino em todas as grandes tradições místicas, mas em minha modesta opinião, nenhuma se igualará jamais à sublime clareza do Ternário Divino que nos oferecem as Tábuas da Lei do Sepher de Moisés, tão felizmente decodificadas por Fabre d’Olivet em seu livro ” A Língua Hebraica recuperada Edições l’Age d’Homme”.
Essa fonte da Cabala é, provavelmente, a única que, em sua pureza original, nos permite alcançar a compreensão, altamente complexa, e como não poderia deixar de ser, do trabalho do Divino Criador, sob a forma de uma Cosmogênese que por reduções sucessivas (adensamento) das forças da Criação, oferece ao entendimento humano, apesar de sua degeneração, os meios espirituais e intelectuais de se elevar através deste ensinamento, sua consciência até suas raízes astrais, cósmicas e divinas.
Pois é evidente que essa Cabala das Tabuas da LeI não é um resumo histórico da história da humanidade, como ela foi abusivamente apresentada, mas um conjunto de poderosos algoritmos espirituais, montados como um sistema e que deve servir para a programação de nossas faculdades intelectuais e sobretudo espirituais, afim de nos permitir acessar as funções mais sofisticadas (espirituais e metafísicas) de nossa aparência divina, e que permaneceriam inativos sem os recursos deste poderoso sistema, conforme evidenciado pela realidade histórica das civilizações. As riquezas desse ensinamento usando uma das faculdades próprias de nossa elevação que é a perfectibilidade, mas sempre respeitando o livre arbítrio que temos, nos deixa o cuidado, seja de ativar o nosso desejo de ascender pelo esforço a essa riqueza, de modo que ela se torne a matriz do nosso Conhecimento; seja a faculdade de tratá-la casualmente com indolência e desenvoltura, deixando assim se perder nessa encarnação, os benefícios da frutificação dos cinco talentos, e aqueles de nossa herança cármica. “
É assim que os “saberes” imemoriais vêm até nós até hoje, a prova está bem aí. É preciso ainda reconhecer que esses “saberes” sofreram degradações consideráveis ??que alteraram os verdadeiros significados dessas tradições. O trabalho consiste em voltar no tempo, ao mais longe possível, às primeiras traduções, já que não é possível reviver a língua de três mil anos atrás. Nesse contexto, certos arqueólogos e historiadores dedicaram suas vidas à busca de “palavras perdidas” e Fabre d’Olivet é um exemplo preciosos.
Deixemos Claude Le Moel continuar sua descrição: “O Número 1, a Providência, em sua função de Eterno Momento Presente de sete manifestações fenomênicas, assim que tenhamos identificado corretamente as analogias sutis, torna-se para todos os efeitos o símbolo dos poderes que ele manifesta. Ele se harmoniza com os outros Números que estão inextricavelmente ligados por osmose e interações.
O Número 2, a Consciência, que polariza o Número 1 para nele manifestar as múltiplas arborescências, como uma Matriz fecundante, dá origem ao movimento (vontade) da Consciência que ela conserva no seu interior, e que o encontraremos quando a resolução de um Número estruturado resultará na sua redução teosófica, o Número 2.
O número 3, o Destino que é a manifestação sob a forma de luz cristalizada do Número 1, que por si só é o centro do círculo dessas manifestações, e do Número 2, a Energia Vital da Matéria Prima, contém todos sem ser nada em particular, será, por sua vez, o símbolo dessa cristalização da Luz original em um material mais ou menos densa; cada vez que por resolução, um número estruturado (além dos primeiros 9) dará por redução teosófica a soma de 3. Exemplo: o 12, o Pendurado nas folhas do Livro de Thoth, que está na categoria do Destino no ternário a que pertence, e é por redução teosófica 1 +2 = 3, será, portanto, uma variação da Imperatriz, o Destino, nesse ternário do Pendurado.
Aqui, você entende o interesse daquilo que os ocultistas chamam de redução ou adição teosófica, e que nunca são claramente explicados em cabala alguma. Se há apenas Nove Números (ou poderes), além do Zero, e cada Número representa uma contingência do ser do Momento Presente Eterno, a filiação as múltiplas declinações possíveis de cada Número ocorrerá graças a essa redução ou adição teosófica. Sem esquecer que cada um desses Números, a partir do 4, está sob a influência de um dos três Números do Ternário Divino.
Assim, cada Número superior a nove, será apenas a expressão mais forte de um desses nove Números dos quais será apenas uma emanação, e do qual sofrerá a influência de suas origens, como um indivíduo sofre a influência de seu progênie, sem ser, no entanto, idêntico a ela…
…esse Ternário Divino … (Providência, Consciência, Destino) contém Tudo, em princípio, em um Momento Presente Eterno, ele se manifestará na criação, sob a forma analógica de um rio com quatro braços, em que cada braço é o símbolo de um dos quatro elementos. Esse Ternário adicionado a suas quatro manifestações (3 +4) nos dará a gama (as cores) das sete tonalidades de seu poder. Esse Ternário multiplicado por suas quatro manifestações (3×4) nos dará as doze manifestações do poder do Zodíaco. O Número 4, portanto, é a chave para todas as manifestações na Obra da Criação, de onde sua importância esotérica em todas as grandes tradições místicas (as quatro letras do nome de Deus), mas também filosóficas, conforme evidencia a tradição pitagórica e sua famosa Tetractys.
As Tábuas da Lei nos plantaram o cenário imutável do Ternário Divino, e a verdadeira magia deste ensinamento reside, como já vimos, no fato de que ela é atemporal; não é suficiente constatar, ainda é necessário tirar as consequências práticas, como aquela de saber: que aquilo que surge a partir dessa sublime fonte de Cabala era rigorosamente Justa e de mesma eficácia há 10, 100, 100.000 anos ou 1 milhão de anos, que é igualmente hoje…
… o Ternário Divino ao se manifestar sob qualquer forma, gera automaticamente a Consciência animadora, nossa sombra (alma-da-vida) específica para essa forma. O Ternário (1 +2 +3) manifestando-se em 4 dá uma quintessência em 5, que encontramos na tradição cristã sob o aspecto do Pai (o Ternário), o filho (a forma), e o Espírito Santo (a Consciência animadora). “ (Fim de citação).
Os elementos do quebra-cabeça se juntaram! Oferecidos à humanidade como um todo, sem distinção de lugar ou de cultura sob a forma TERNÁRIA… Resta apenas reconhecer nele o “Triângulo de Sabedoria” …?
BIBLIOGRAFIA:
1) Trecho do Ritual da Iniciação do REAA.
2) Simbologia dos Graus de perfeição e das ordens de sabedoria: Nos Ritos Escocês Antigo e Aceito Ritos e Francês … de Irène Mainguy. Edições Dervy, Paris, 2003.
3) A Verdadeira História de Adão e Eva finalmente revelada Claude Le Moel. Edições Thot, 2005.
4) O Simbolismo maçônico de Jules Boucher. Edições Dervy, História e Tradição, 1976.
5) Fabre d’Olivet (1767-1825). Para download: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k647859
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