domingo, 4 de dezembro de 2016



Catedrais Góticas: Marcas da Presença Humana

Autor: José Filardo M.'. M.'.

Catedrais góticas me fascinam! Sou capaz de entender perfeitamente o objetivo delas de elevar os homens, de conduzir o olhar para o alto, para o divino.

Mesmo não sendo um crente, sinto vontade de ajoelhar-me toda vez que me vejo dentro de um desses monumentos que para mim são monumentos à capacidade construtiva do Homem e à habilidade dos maçons operativos cujas ferramentas e costumes inspiraram a Maçonaria Moderna.

E pensando nesses milhares de maçons desconhecidos, eu sempre procuro encontrar os sinais de suas presenças, além da manifestação esplêndida que o conjunto arquitetônico nos mostra.

Especificamente, refiro-me às marcas que o maçom esculpia nas pedras que produzia, para que se computasse o seu pagamento. Esse costume, ou técnica construtivo-administrativa das guildas de pedreiros deram origem ao Mark Mason, uma ordem de Maçonaria de graus filosóficos que vem crescendo no Brasil, que transmite lições de moral e ética em alegorias ritualizadas baseadas na construção do Templo de Salomão. Nela o maçom é ajudado a escolher uma marca de maçom e lhe é apresentada uma extensão do mito Hirâmico relacionado com a fabricação, perda e reencontro da pedra angular da Arca Real daquele grau.

Este é um quadro que ajuda a situar a Ordem dos Maçons de Marca na constelação de ordens de pedigree anglo-saxão.

Quadro das Ordens Anglo Saxãs complementares do simbolismo (Craft)

Estive recentemente a perambular pelo interior de Portugal, onde se encontram exemplares maravilhosos dessa arte, onde o gótico se manifesta com todo o seu esplendor. E em suas pedras encontrei as assinaturas ou Marcas daqueles pedreiros.

Percorremos o norte de Portugal onde vimos alguns exemplares de grandes construções nas quais estiveram envolvidas as guildas de pedreiros da Idade Média.

Alguns exemplos:

Mosteiro de Alcobaça

Mosteiro de Batalha

Sé de Coimbra

Igreja de São Francisco (Porto)

Igreja em Guimarães, o Berço de Portugal

Sé de Braga, tão velha que se cunhou a expressão “Mais velho que a Sé de Braga”. Múltiplos estilos se sucedem em sua construção.

Torre do Castelo Templário de Tomar

Mosteiro dos Jerônimos onde se encontram os túmulos de Fernando Pessoa, Luiz de Camões, Vasco da Gama e outras figuras importantes

Sé de Lisboa

Museu do Carmo, em Lisboa. Foi parcialmente destruída no grande terremoto de 1755 e não foi reconstruída, perdendo o teto e transformada em museu.

Torre do Castelo de São Jorge, construído inicialmente pelos Mouros e posteriormente pelos cristãos.

Em todas elas encontramos os sinais da presença humana, quais cicatrizes indeléveis nas obras de arte que cada maçom realizou e pela qual seria pago. Realizado o trabalho e entregue a peça, registrava-se a produção e pagava-se o obreiro.

Ao sul, em Lisboa, Alcobaça, Batalha, Coimbra, Sintra predomina o calcário





















incluindo uma curiosa swastica de 700 anos de idade:


e ao norte Braga, Porto, Viseu, Tomar temos o granito:









No Museu do Carmo, constatamos uma curiosa assinatura datada de cerca de 1780 (quando da primeira tentativa de reconstrução da igreja destruída, onde o obreiro manteve a tradição, e assinou a peça “Moniz”.


E assim, ficou perpetuado na pedra polida…

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