quinta-feira, 17 de novembro de 2016


O MESTRE DE CERIMÔNIAS


Pesquisa e compilação: Pedreiro de Cantaria (José Roberto Cardoso)

Para falarmos sobre o Mestre de Cerimônias, dada a importância do cargo, necessário se faz que tenhamos um mínimo de conhecimento sobre sua origem.

É preciso levar em conta, que nas eras primitivas, o temor ao desconhecido levava à necessidade de se acreditar em algo. A solidão, a disputa pelo poder, tudo se transformava em cerimônias de adoração, de oferta.

Esse cargo aparece já entre os gregos cerca de 3.000 anos a. C., anunciando as fases das reuniões que aconteciam nos anfiteatros. 

Na China e no Japão o Mestre de Cerimônias narrava as competições de Arco e Flecha utilizando a força e o ritmo da voz para destacar as equipes mais importantes, calcado num conceito do poder e da nobreza.

Na Roma antiga, ele surge na figura do chefe dos trombeteiros que, sobre seu cavalo, após o toque das trombetas, anunciava a passagem do imperador ou as medidas reais como aumento de taxas, maior submissão, proibições e sanções.

“Na época Medieval, o Marechal era o oficial responsável pela parte disciplinar e logística dos exércitos, mas hoje está ligado à sua mais alta patente. Como tivemos exemplo do Presidente Marechal Manoel Deodoro da Fonseca e Silva (bastante ligado a Maçonaria, chegou a ser Grão-Mestre do GOB e Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito). Mais adiante as monarquias europeias adotaram um cargo de nome igual, mas com função cerimonial, que era responsável por anunciar autoridades e convidados em festas, cerimônias e nas mais variadas situações. Ainda hoje algumas famílias reais como a inglesa e até mesmo o Vaticano têm um cargo semelhante”.[1]

“No momento de tradução do Ritual para o português, poderia se usar tanto um como o outro nome da função (Marechal ou Mestre de Cerimônias), mas acertadamente foi escolhido o de Mestre de Cerimônias, que evita a confusão do cargo cerimonial com o militar. Ainda foi adotado um bastão como insígnia. Isto também é herança da Idade Média e que também ainda está em uso nas culturas, europeias principalmente. O Marechal Militar ou o Mestre de Cerimônias medievais usavam um bastão como símbolo do seu cargo, denotando comando e liderança. O simbolismo é o de comando, semelhante ao cetro real, ao caduceu de Hermes ou o bastão de ofício dos sacerdotes e oficiais dos faraós egípcios.”[2]

Já próximo de nossa época ele aparece na figura do Arauto. Vestido de acordo com os costumes, anunciava a entrada dos convidados em festas da nobreza batendo três vezes um bastão sobre um batente, produzindo um som alto e seco. Talvez venha daí a batida que alguns Mestres de Cerimônia dão com o bastão, no chão das lojas, para chamar a atenção. 

O Arauto

Assim, foi se firmando a figura do Mestre de Cerimônias. Sempre em posição de destaque, iniciando e conduzindo as fases de uma solenidade, hoje diríamos que é uma das pessoas mais importantes para a implantação de um evento, pois a partir de sua presença "as coisas começam a acontecer”.

É um cargo de pompa, nobre, por suas próprias características. Nunca deve ser confundido com o Chefe do Cerimonial e quando isso acontece há o acúmulo de funções, podendo tirar o brilho do evento.

O Chefe do Cerimonial cuida de detalhes, daquilo que a solenidade necessita e, volta e meia, tem que deixar o local para cuidar e resolver percalços que acontecem durante o evento.

O Mestre de Cerimônias precisa de conhecimento, treinamento e aperfeiçoamento de sua função, necessita saber o que faz, como sair de imprevistos, como se dirigir e conquistar os obreiros, sem aparecer. 

Entre nós ele surge com a ritualística maçônica que não nasceu de uma eclosão do Céu. Sua criação é artificial, humana. A ritualística, no nosso caso, nasceu dos Antigos Costumes e sua proliferação (de rituais) criará ritos e isso fará com que a vaidade, a ganância, muitas vezes ajudadas pela imaginação, faça com que a razão perca espaço. A história dos rituais é muito complexa e a recitação das cerimônias, entre nós, parece ter ocorrido na França. 

Lembremos que o cargo de Mestre de Cerimônias surgiu na nobreza, e na maçonaria ele também tem a ver com os chamados Altos Graus, por conta dos aspectos esotéricos dos ensinamentos por eles ministrados.

Os aspectos teatrais, desde o ingresso no Templo, até as iniciações, elevações e exaltações, estão permeados dos costumes da nobreza.

O Mestre de Cerimônias é o responsável pela liturgia e ritualística de uma Loja Maçônica. Executa, dirige e conduz todas as movimentações em Loja. Sempre que um qualquer dos elementos da Loja deve circular nela, fá-lo acompanhado pelo Mestre de Cerimónias (melhor dizendo: seguindo-o). Sempre que a posição ou o estado de um dos objetos com significado ritual deve ser corrigida, quem efetua essa ação é o Mestre de Cerimónias. Cumprindo instrução nesse sentido do Venerável Mestre ou por decisão própria. É o responsável por toda a circulação no espaço da Loja e, consequentemente, pela sua fluidez e correção. É ele quem indica por onde se deve ir, para se fazer o quê.

O ofício de Mestre de Cerimônias é fundamental na execução do ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, porque é ele quem marca os ritmos e, assim, quem agiliza ou soleniza cada cerimônia.

A joia do Mestre de Cerimônias, no ritual de 1804 era uma vara com uma espada cruzada, passando a ser uma régua graduada, símbolo do aperfeiçoamento moral, da retidão, do método, da Lei além de carregar uma gama de simbologia, a partir do ritual de Mário Behring, pois ele é o encarregado por todo cerimonial da Loja, devendo, portanto, ser um profundo conhecedor da ritualística. É um cargo de muita importância na Loja uma vez que dele depende a perfeição dos trabalhos. Simboliza o aperfeiçoamento moral, a retidão, o método.
A régua

Vale lembrar também que o Mestre de Cerimônia empunha com a mão direita um Bastão (sucedâneo da Espada e da vara usada no ritual de 1804) encimado por uma régua que nos faz recordar do cajado dos primeiros pastores.

A Régua, que tem como uso principal o traçado de linhas retas, tem origem bastante antiga. Consta que era usada para medir as enchentes do Rio Nilo. É ainda utilizada, quando chamada “Régua de 24 pole­gadas” como instrumento para marcar o Tempo, que não deve ser desperdiçado na ociosidade, mas aplicado nos trabalhos para melhoria da Humanidade.

Deve o Mestre de Cerimônias ter pleno conhecimento dos Sinais, Toques e Palavras de todos os Graus. Deve também ter o mais completo domínio do cerimonial Maçônico, nas sessões Ordinárias e princi­palmente, nas sessões Magnas. O Mestre de Cerimônias, embora não seja uma das Dignidades da Loja, tem grande responsabilidade no andamento dos trabalhos, e por isto, para exercer este cargo, deve-se escolher criteriosamente um Irmão experiente.

Seu lugar em Loja é no Ocidente, junto à balaustrada que separa o Ocidente do Oriente, no pé da esca­da de acesso a este, à frente do Ir.´. Tesoureiro. O Mestre de Cerimônias é o diretor do cerimonial e a ele cabe cumprir a ritualística contida no Ritual.


Fonte de Pesquisa, entre outras:



[1] http://www.gabinetern.com/2011/02/ja-se-perguntaram-por-que-o-mestre-de.html 

[2] Idem.

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