quarta-feira, 23 de outubro de 2013

DIVERSAS GRANDES LOJAS: YORK, IRLANDA, ESCÓCIA ETC - CAPÍTULOS DE HISTÓRIAS MAÇÔNICAS -.PARTE - XII

PARTE - XII DIVERSAS GRANDES LOJAS: YORK, IRLANDA, ESCÓCIA ETC.

 
Por Ir.´. H.L. HAYWOOD, Editor - The Builder Magazine  
Tradução – José Antonio de Souza Filardo – M .´. I .´. – GOB/GOSP  
 

Na parte X da presente série de estudos breves, eu fiz um esboço da organização do “Grande Loja Mãe do mundo”, formada em Londres em 1717, e neste departamento, no capítulo passado fiz um comentário semelhante da fundação da Grande Loja Antiga. Essa narrativa não poderia ser completa sem algumas palavras sobre a formação de outras Grandes Lojas, especialmente considerando que duas delas funcionavam na própria Inglaterra. Começarei com a Grande Loja de York, conhecida como 

I. A GRANDE LOJA DE TODA A INGLATERRA

Muitas das primeiras lendas e tradições do grupo da Maçonaria giram em torno da antiga cidade de York, de modo que até nossos dias é um nome reverenciado entre nós, e também familiar, especialmente nos Estados Unidos, onde ouvimos falar todos os dias do (mal-designado) Rito de York. Segundo uma antiga lenda, Edwin convocou uma Assembleia Geral de Maçons em York em 926, mas isso geralmente é posto em dúvida, porque não há registros para provar isso. Mas, sabemos que há pelo menos dois séculos a Maçonaria operativa era mais bem organizada em York do que na maioria dos países, e ainda temos em existência os antigos Rolos de Fábrica em que eram mantidos os registros da construção da York Minster, para nos mostrar que tipo de homens eram os ntigos pedreiros e como eles conduziam seus negócios, estes “Rolos”, ou registros, abrangem os anos de 1350-1639. 

É provável que uma loja organizada por aqueles Maçons Operativos continuou durante muito tempo após seu trabalho ter terminado. De acordo com Hughan, os registros mostram que, pelo menos, já no ano 1643 existia ali uma loja. Esta Loja, como tantas outras, sucumbiu com o passar do tempo à pressão e começou a admitir “maçons cavalheiros”, ou seja, homens que não tinham intenção de praticar a Maçonaria Operativa, e este elemento “Especulativo” veio a dominar com o tempo, de forma que logo após o início do século XVIII, assumiu totalmente o controle. De acordo com um inventário feito em 1779, a loja possuía na época um manuscrito contendo registros que começam com 07 de marco de 1705 - 6, mas este precioso volume foi perdido, e parece agora ser impossível recupera-lo. As atas de loja existentes remontam a 1712, que era cinco anos antes da fundação da primeira Grande Loja. Naquele tempo, parece que havia em York uma “Loja Mãe”, descrita em anos seguintes, mas de maneira imprecisa, como tendo sido uma Grande Loja, e que esta concedia cartas constitutivas a outras; mas mesmo assim, ela evidentemente possuía pouca força, porque a “Loja Mãe” não realizou qualquer reunião, pelo menos até onde mostram os registros, durante os anos 1717-1721. Um despertar ocorreu depois de uma Grande Loja (propriamente dita) ter sido estabelecida em Londres, e depois de um Livro das Constituições ter sido publicado. As assembleias maçônicas de York tinham sido presididas por um Presidente, mas em 1725 o estilo foi mudado para “Grão Mestre”, e Charles Bathurst foi eleito para aquele cargo; o que tinha sido uma loja “particular” se transformou em uma “Grande Loja” e adotou o nome de “Grande Loja de Toda a Inglaterra.” 

Se não havia atrito aberto entre este Grande Corpo e a Grande Loja já formada, havia, aparentemente, pouca ou nenhuma cooperação ativa, e na Grande Loja de Toda a Inglaterra em si, não havia muita força; depois de ter concedido cartas a algumas lojas (nenhuma delas fora da Inglaterra), ela cessou gradualmente de funcionar em algum lugar entre os anos de 1740-1750. Então, depois de ter permanecido adormecida, ela foi despertada em 1761 para nova atividade, da forma como a seguinte ata explica: “A Antiga e Independente Constituição de Maçons Livres e Aceitos, pertencente à cidade de York, foi, neste dia dezessete de março, no ano da graça de Nosso Senhor de 1761, Revivida por Seis dos membros sobreviventes da Fraternidade pela Grande Loja que está sendo aberta, e realizada na Casa do Sr. Henry Howard, em Lendall, na referida cidade, por eles e os outros a seguir designados”. 

Este ressurgimento da extinta Grande Loja tornou possível um episódio interessante possível na história das Grandes Lojas, conforme aparecerá mais tarde, mas provou-se no longo prazo infrutífera, e no decorrer do tempo, a Grande Loja de Toda a Inglaterra deixou gradualmente de existir através de um processo de absorção, talvez, pelas crescentes Grande Lojas, que se tinham estabelecido em 1717 e em 1751. 

Os membros da Grande Loja Antiga, organizada na última data, sobre a qual publicamos uma narrativa no capítulo anterior, desejavam acima de tudo reclamar para si uma antiguidade tão grande quanto possível; foi por esta razão, sem dúvida, que caíram no hábito de descrever-se como “Antigos Maçons de York”; este foi apenas um subterfúgio, sem direito legítimo ou desculpa, e isso causou certa confusão, desde então. Só agora, quando escrevo, li os Procedimentos de uma Grande Loja nos Estados Unidos em que esta Grande Loja reivindica descendência de York porque ela recebeu carta constitutiva dos “Antigos” e estes “Antigos”, assim se alega no volume, eram Maçons de York; eles tinham se chamado assim. Na realidade, a Grande Loja de York não concedeu qualquer carta constitutiva a lojas na América, e o uso do nome “York” é em tais casos, ilegítimo, embora possa ser aceito pela forma de homenagear um centro maçônico antigo, e uma das melhores cidades amadas no mundo. Sobre este assunto, concluirei com uma citação de W.J. Hughan, retirada da História Revista da Maçonaria de Mackey de Clegg, página 1130: 

“Todas as lojas “York” sucumbiram à morte de sua “Grande Loja Mãe” e não havia um representante da Grande Loja Antiga de York em qualquer lugar que seja, ao longo deste século (XIX). Ela nunca, em nenhum momento concedeu carta constitutiva a Lojas para se reunirem fora da Inglaterra e sempre se opôs aos “Maçons de Athol” [ou 'Antigos'] de Londres, embora estes últimos às vezes denominavam-se injustamente 'Maçons Antigos de York', um título afetado desde então por diversos corpos maçônicos, com tão pouca autoridade.” 

II. UMA CRIANÇA ENTRE GRANDES LOJAS

William Preston, um impressor escocês que veio para Londres em 1760, tornou-se membro em 1774 da Loja Antiquity, um “corpo de tempos imemoriais”, que se alinhou (e ainda o faz), sob as Constituições da Grande Loja de 1717 como o mais antiga loja na lista. Devido ao seu zelo, conhecimentos e capacidade, e por causa de sua inauguração das palestras de Preston, bem como seus escritos do famoso Ilustrações da Maçonaria (publicado pela primeira vez em 1772) Preston se coloca com Desaguliers, Anderson, Dermott e um ou dois outros, entre os nomes mais brilhantes da história da maçonaria Inglesa. (Ver nota). 

Antes da admissão de Preston à Loja Antiquity, aquela famosa e antiga loja havia estado em baixa, mas através da sua energia, e porque ele trouxe uma nova infusão de sangue para ela por meio da iniciação de muitos jovens, sua própria liderança logo a levou a um alto grau de eficiência mais uma vez. 

Esse trabalho atraiu a atenção da Grande Loja, de modo que ele se tornou Grande Secretário Assistente, sendo James Heseltine o Grande Secretário. Heseltine acreditava que uma nova edição das Constituições da Grande Loja deveria ser publicada, assim ele contratou Preston para assumir a tarefa. Depois de tê-lo feito, e o livro estar quase pronto para publicação, Heseltine de repente insistiu que Noorthouck, Tesoureiro da Loja Antiquity, devesse receber parte igual na empresa. Preston se ressentiu disso e como resultado entrou em desacordo com ambos irmãos, especialmente com Heseltine, que não era conhecido por uma disposição conciliatória. 

Enquanto estes sentimentos ainda estavam quentes, Preston foi inadvertidamente e inocentemente levado a uma violação das regras da Grande Loja, coisa que aconteceu dessa forma. Em 27 de dezembro de 1777, Preston levou sua loja ao serviço divino na Igreja de St. Dunstan, na rua Fleet; o serviço terminou, ele e seus irmãos, vestidos com seus aventais e luvas, caminharam alguns metros até a Taverna Mitre. Acontece que em 1747 a Grande Loja tinha aprovado uma resolução que proibia todas as procissões públicas, exceto com o consentimento expresso do Grão-Mestre, por conseguinte, a Loja Antiquity tinha-se tornado culpada de uma violação técnica das regras.

Heseltine imediatamente aproveitou isso como um meio de conseguir atacar Preston. Ao dar uma resposta, Preston caiu em uma armadilha ao assumir a posição de que desde que a Loja Antiquity possuía uma carta constitutiva de “tempo imemorial“ e não tinha sido trazida à existência pela Grande Loja, ela tinha o direito de regular seus próprios assuntos internos. Isso forneceu a Heseltine e seus amigos uma nova arma que eles não demoraram a utilizar; Preston foi expulso pela Grande Loja. 

Com base nisso a Loja Antiquity dividiu-se em duas. A parte dirigida por Preston e seus amigos imediatamente solicitou uma representação da Grande Loja de Toda a Inglaterra (em York: veja acima) e então se definiu como uma nova Grande Loja, usando o estilo, Grande Loja de toda a Inglaterra ao Sul do Tio Trent; que foi constituída em 15 de novembro de 1779. 

A história deste Grande Corpo bebê é tão curta quando história de pobres. Preston diz que concedeu carta constitutiva a várias lojas, mas até agora apenas duas de tais cartas foram descobertas. O movimento estava, evidentemente, em descompasso com a época. Depois de alguns anos, durante os quais Preston perdeu em grande parte o interesse pela Maçonaria, ele conseguiu obter um memorial considerado pela Grande Loja e, depois de ter feito seu arrependimento, em maio de 1789 foi restaurado de pleno direito na Grande Loja. Com isso a Grande Loja de toda a Inglaterra ao Sul do Rio Trent deixou de existir. Ela não deixou qualquer marca sobre a evolução da Maçonaria e nunca foi, em momento algum, nada mais que um cisma privado. 

III. A GRANDE LOJA DA IRLANDA

A seguinte em antiguidade à Grande Loja de 1717, e partilhando com ela e com a Escócia a parte do leão da Maçonaria estabelecida no mundo inteiro, está a Grande Loja da Irlanda. Houve uma época em que pouco se sabia sobre a Maçonaria irlandesa, especialmente do século XVIII, mas esse deixou de ser o caso com a publicação de Caementaria Hibernica (“A Maçonaria da Irlanda”) do Dr. WJ Chetwode Crawley, um trabalho magnífico que se compara à maior história de Gould quanto à sua erudição, mas supera em muito a produção maciça em graça e apelo literário - uma coisa em que o Dr. Crawley simplesmente se sobressai entre os maiores historiadores da Maçonaria. 

O Dr. Crawley, a quem somos totalmente gratos por estes parágrafos, mostra que a Maçonaria era bem conhecida na Irlanda, pelo menos já em 1688, e que em uma data muito precoce (comparativamente falando) o tipo de ritual adotado posteriormente pela Grande Loja de 1717 era praticado pelos maçons irlandeses. Uma das provas disso é o registro encontrado da iniciação da Srta. St. Leger, a mais famosa de todas as “senhoras maçons”. Seu caso mostra, primeiro, que uma Loja especulativa estava funcionando em Doneraile em 1710, o segundo, que dois graus eram praticados então e, terceiro, que as cerimônias de iniciação eram bastante semelhantes àquelas utilizadas após o “Renascimento” em 1717. 

Logo no início daquele século, duas Grandes Lojas floresceram lado a lado na Irlanda, uma delas, com sede em Cork, sendo a Grande Loja de Munster; pouco se sabe sobre o início de qualquer uma delas, mas um registro mostra que o corpo Munster estava em ação, pelo menos, já em 1726, e que ele tinha naquela época, pelo menos um órgão subordinado, cujas atas trazem a data de 2 de fevereiro de 1726. Uma característica muito interessante dessas atas é que eles mencionam a nomeação de diáconos, a primeira de tais menções na história da Maçonaria. A Escócia tinha empregado diáconos no século anterior, mas de um tipo diferente. Sobre este assunto o Dr. Crawley escreveu um parágrafo importante que deve ser lido:

“Nós devemos distinguir cuidadosamente entre o Diácono dos primeiros Livros de Atas Escoceses e o Diácono do Ritual Irlandês. O primeiro ocupava quase, se não totalmente, o mais alto posto entre os seus Irmãos, tendo precedência sobre o Vigilante, e presidindo a reunião quando a ocasião exigia. O segundo ocupava um cargo mais baixo na loja, e estava encarregado principalmente do ritual. O primeiro corresponde à Reitor (isto é, Diácono) da Faculdade; o segundo estava em ordem mais baixa no ministério, o Diácono na linguagem eclesiástica. A semelhança não vai além do nome.” 

Em 1733, a Grande Loja de Munster deixou de existir por absorção ou fusão, provavelmente, com a Grande Loja da Irlanda com sede em Dublin. Tão pouco se sabe sobre a fundação deste Grande Corpo que devemos ficar satisfeitos por saber que até 1725 ele estava no auge, porque naquele ano ele teve como Grão-Mestre, Richard I, Conde de Rosse. Parece que as lojas de Munster ficaram sob sua autoridade em 1731 ou por aí e, como resultado da influência do terceiro Grande Mestre da Grande Loja da Irlanda, James, 4 º Barão Kingston. 

Em 1805, Alexander Seton liderou uma revolta, originária de uma divergência que tinha a ver com os Graus mais elevados, e com alguns amigos e seguidores fundou uma Grande Loja do Ulster cismática. Isso desviou as atividades da Irlanda somente por nove anos. 

As estreitas relações entre a Maçonaria Inglesa e a Irlandesa, nessa época são demonstradas pelo primeiro Livro de Constituições publicadas na Irlanda; ele foi compilado por John Pennel, Grande Secretário de Dublin, e era uma contrapartida quase exata das Constituições de Anderson de 1723. Em 1751, um Livro das Constituições, devidamente revisado para os usos irlandeses, foi preparado por Edward Spratt, Grande Secretário; nesta versão, conforme observado no capítulo anterior desta série, serviu de modelo para o Ahiman Rezon de Laurence Dermott. 

Além de ser a primeira seção da Maçonaria geral a empregar diáconos, a Grande Loja da Irlanda também é notável na medida em que foi a primeira a conceder uma carta constitutiva de loja, como entendemos o termo atualmente, quando concedeu tal instrumento à primeira Loja da Irlanda em 1731; e também na medida em que foi a primeira a conceder cartas constitutivas itinerantes, ou seja, cartas para lojas militares e navais, um fato que posteriormente desempenhou um papel inestimável no desenvolvimento da Maçonaria em geral. 

IV. A GRANDE LOJA DA ESCÓCIA

A história da Maçonaria na Escócia é um assunto de valor peculiar para o estudante maçom porque torna mais claro como a Maçonaria Operativa gradualmente evoluiu para o que temos viemos a chamar de Maçonaria Especulativa, porque, na Escócia, mais do que na Irlanda ou na Inglaterra, os registros são menos fracionados. Unindo uma informação a outra a pessoa pode obter uma imagem bastante completa de todo o processo. 

O que York é nas tradições da Maçonaria Inglesa, Kilwinning é para a Escocesa. Segundo um antigo livro “uma série de pedreiros (maçons) vieram do continente para construir um mosteiro em Kilwinning e com eles um arquiteto ou um Mestre Pedreiro para fiscalizar e realizar o trabalho. Esse arquiteto residia em Kilwinning, e era um verdadeiro e bom maçom, intimamente familiarizado com todas as artes e partes da Arte de Construir, conhecida no continente, foi escolhido Mestre das reuniões dos irmãos de toda a Escócia. Ele deu regras para a conduta dos irmãos nessas reuniões, e decidia, em última instância, os recursos de todas as outras reuniões ou lojas na Escócia.” (Citado de História Revista da Maçonaria de Mackey, por Clegg, página 663.) A Abadia de Kilwinning estava no Condado de Ayr, na costa sudoeste da Escócia, cerca de vinte e cinco milhas de Glasgow, e foi fundada em 1140 por Hugh de Morville. 

Esta é a base da “tradição Kilwinning” e como tal foi aceita pelo autor da História da Maçonaria de Laurie; mas D. Murray Lyon, a principal autoridade de História maçônica Escocesa (ver sua História da Loja de Edimburgo) a atacou, e com tanto sucesso que ela foi muito bem abandonada, pelo menos, pelos historiadores em geral. 

As mais antigas Constituições reconhecidamente autênticas usadas para o rascunho escocês são “Os estatutos e preceitos a serem observados por todos os Mestres Maçons dentro do reino; estabelecidos por William Schaw, Mestre de Obra de Sua Majestade e Vigilante Geral do referido Ofício, com o consentimento dos Mestres a seguir especificados:”

Esses Preceitos são encontrados nas atas da Loja de Edimburgo, também chamada St. Mary's Chapel, que preenchem seis volumes, estendem-se desde 28 de dezembro de 1598 até 29 de novembro de 1869, e contêm outros materiais de valor incalculável. Junto com o Estatuto Schaw, deve ser colocado como de importância quase igual, os Estatutos de St. Clair. O primeiro destes dois preciosos documentos foi, evidentemente, escrito em 1600 ou 1601, assinado por William Schaw. Este documento estabelece que considerando que os Senhores da Roslin tinham de “geração em geração” sido considerados os patronos oficiais e os governadores do Ofício (Maçonaria) na Escócia, e considerando que eles haviam se tornado negligentes, o Oficio tinha, por consenso universal de todos os Maçons, concordado que dai para frente William Sinclair deveria se tornar “seu patrono e juiz abaixo do Rei.” O segundo estatuto de St. Clair é largamente confirmatório do primeiro, e foi escrito, assim se acredita, por volta de 1628.

Um quarto documento importante da história escocesa é o “Manuscrito Edinburgh Kilwinning”. Este foi utilizado pela Loja Kilwinning no século XVII, e também por lojas fundadas por Kilwinning, que era uma “Loja Mãe”, concedendo cartas a corpos subordinados em algo como foi mais tarde empregado por Grandes Lojas. O ponto importante sobre este Manuscrito é que ele é uma cópia muito próxima de um Manuscrito de Constituição Inglês, o que implica que mesmo naquela época a influência da maçonaria Inglesa se fazia sentir no Reino do Norte. 

Nos séculos XVI e XVII, muitos não operativos, muitas vezes senhores de alta posição eram admitidos como membros nas lojas escocesas; estes não operativos exerciam uma profunda influência sobre a Arte, conforme foi o caso na Inglaterra; e, além disso, como aconteceu na Inglaterra, este elemento não operativo veio, com o tempo a dominar, de modo que no início do século XVIII, um movimento definido se instalou, em direção a uma transformação completa da instituição. Essa tendência foi, sem dúvida, muito estimulada em 1721, quando o Dr. John Theophilus Desaguliers, que tinha desempenhado um papel tão importante na fundação da primeira Grande Loja em Londres, em 1717, visitou a loja em Edimburgo. Foram realizadas duas reuniões durante a sua visita nas quais não operativos de alta posição foram iniciados e elevados. As atas dessas reuniões, de acordo com Lyon “tornam provável que se aproveitando de sua posição social, ele tenha influenciado a presença do Reitor e Magistrados de Edimburgo e os outros magnatas da cidade que os acompanharam como candidatos à iniciação maçônica, a fim de dar um exemplo prático do sistema com que seu nome estava tão intimamente associado, com vistas à sua recomendação para adoção pelas Grandes Lojas da Escócia”. 

Em 29 de setembro de 1735, a Loja Canongate Kilwinning nomeou uma comissão para “a elaboração de uma proposta a ser submetida a diversas lojas para a escolha de um Grão-Mestre para a Escócia.” Para continuar este projeto, em Agosto do ano seguinte, John Douglas da Loja de Kirkcaldy foi iniciado na Loja Canongate Kilwinning e, em seguida, nomeado Secretário, a fim de criar “um esquema para eleger um Grande Mestre para a Escócia.” Enquanto isso, tinha sido arranjado para que as quatro lojas de Edimburgo se reunissem visando o mesmo fim e como resultado, quatro lojas, a Mary's Chapel, Canongate Kilwinning, Kilwinning Scots Arms e Leith Kilwinning, reuniram-se em Edimburgo em 15 de outubro de 1736. Outras reuniões foram realizadas, e o projeto foi apresentado a todas as lojas na Escócia. Das cerca de cem lojas, trinta e três se reuniram em Edimburgo em 30 de novembro de 1736, e lá formaram uma Grande Loja. 

Segundo a tradição consubstanciada no Manuscrito St. Clair, a principal autoridade da Arte estava incorporada nessa família; mas na Assembleia a que nos referimos acima, William St. Clair apresentou um documento formal, no qual ele renunciava a toda pretensão a qualquer jurisdição. Ele foi imediatamente eleito Grão-Mestre. 

Posteriormente, quase todas as lojas na Escócia solicitaram cartas constitutivas da nova autoridade, apesar de que vários anos depois muitas deles ainda mantinham o seu caráter Operativo. 

A partir deste relato muito breve - breve demais para apresentar uma imagem adequada da fundação da Grande Loja da Escócia - vemos que, na Escócia, a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa foi feita de forma gradual. E, embora a Maçonaria Especulativa Inglesa, sem dúvida, tenha exercido considerável influência nesse processo, nunca houve em qualquer momento qualquer pedido à Grande Loja da Inglaterra de cartas constitutivas oficiais. O Irmão Clegg, em sua revista História Revista da Maçonaria de Mackey, oferece uma declaração sucinta deste fato importante em um parágrafo excelente que citamos: 

“A Maçonaria da Escócia produziu a partir de suas próprias Lojas Operativas a sua Grande Loja Especulativa, precisamente este foi o caso da Maçonaria da Inglaterra. Neste aspecto, foi diferente da Maçonaria de todos os outros países onde o elemento Operativo nunca foi incorporado ao Especulativo. Este último sempre foi uma importação direta e independente da Grande Loja Especulativa da Inglaterra, totalmente distinta da Maçonaria Operativa que existia ao mesmo tempo.

” Nota: Ver artigo no clube de Estudo de abril de 1924; também o artigo sobre Preston na mesma edição. 

REFERÊNCIAS SUPLEMENTARES
(Mackey's Encyclopedia (Revised Edition): Ahiman Rezon, 37; Aitchison's-Haven Lodge, 42; Aitchison's-Haven Manuscript, 42; Bruce, Robert, 121; Burns, Robert, 124; Chapel, Mary's, 142; Deacon, 197; Desaguliers, 207; Drake, Francis, 220; Ecossais, 228; Grand Lodge, 306; Harodim, Grand Chapter of, 319; Ireland, 357; Kilwinning, 381; Kilwinning Manuscript, 382; Lawrie, Alexander, 427; Manuscripts, Old, 464; Preston, William, 579; Ramsay, Andrew Michael, 607; Schaw Manuscript, 666; Schaw, William, 667; Scotland, 671; St. Clair Charters, 715; St. Clair, William, 716; York Constitutions, 866; York Grand Lodge, 867; York Legend, 867. 

LIVROS CONSULTADOS
A.Q.C. (sobre a Irlanda), VIII, 53, 79, 110, 172; IX, 4, 18, 153; X, 58, 111; XI, 190; XII, 164, 167; XIII, 130, 142; XV, 100; XVI, 69, 174; XVII, 93, 137, 230; XXI, 58, 181; XXIV, 68; XXVI, 131, 196. A.Q.C. (sobre a Escócia), I, 10, 139, 193; II, 164; III, 172; VI, 69, 108; VII, 56, 101, 137; VIII, 4, 45; IX, 171; XI, 195; XIV, 131; XIV, 131, 177; XXIV, 30. Caementaria Hibernica, W.J. Chetwode Crawley. Collected Essays on Freemasonry, R.F. Gould. Concise History of Freemasonry, R.F. Gould. Early History and Records of the Lodge, Aberdeen 1 ter, A.L. Miller. Grand Lodge of England, A.F. Calvert. History of Freemasonry, Findel. History of Freemasonry, R.F. Gould. History of Freemasonry, Laurie. History of Freemasonry in York, Hughan. History of the Mother Lodge, Kilwinning, Robert Wylie. Illustrations of Masonry, William Preston. Irish Master Masons Handbook, Fred J.W. Crowe. Mackey's Revised History of Freemasonry, Clegg. Unpublished Records of the Craft, Hughan.

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