quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A PRIMEIRA GRANDE LOJA - CAPÍTULOS DE HISTÓRIAS MAÇÔNICAS - PARTE X

PARTE X - A PRIMEIRA GRANDE LOJA

 
Por Ir.´. H.L. HAYWOOD, Editor - The Builder Magazine
 
Tradução – José Antonio de Souza Filardo – M .´. I .´. – GOB/GOSP  

As assembleias populares de todos os cidadãos do sexo masculino para a finalidade fazer cumprir leis eram uma antiga instituição saxã na Inglaterra. Cada cidade ou condado tinha a sua; a assembleia (mais tarde, tribunal) do condado reunia-se duas vezes por ano; a Witanagemote, em que todos os homens do reino deviam se reunir, era convocada uma vez por ano. No decorrer do tempo estas assembleias vieram a ser constituídas por representantes, mas originalmente esperava-se que cada cidadão do sexo masculino estivesse presente pessoalmente. As corporações de Maçons Operativos, como todas as outras corporações do período, também tinha suas próprias assembleias. 

Muito se fala disso nas Antigas Obrigações (Old Charges) mas as referências nela contidas são tão escassas e às vezes tão confusas que até hoje não foi possível saber como as assembleias maçônicas eram organizadas e gerenciadas. R.F. Gould era de opinião que as “assembleias” referidas nas Antigas Obrigações nada mais eram que as assembleias gerais acima referidas, mas G.W. Speth e outros de associados de Gould não podem concordar com ele porque eles encontraram tantas evidências para mostrar que Maçons tinham suas próprias assembleias do ofício como outras corporações. Pode muito bem ser que os maçons tinham suas próprias assembleias, mas as realizavam ao mesmo tempo e local que a assembleia geral dos cidadãos, a fim de economizar tempo e inconveniência. Para o presente efeito, não é necessário discutir a questão; o fato é que os maçons em tempos antigos tinham algum tipo de assembleia geral, ou central, reunida a intervalos fixos em que os assuntos relativos ao Ofício eram tratados. 

Conforme a população aumentou e a máquina do governo se tornou mais complicada, essas assembleias foram interrompidas, em todo caso é o que se pode inferir com base nos escassos registros disponíveis. Na época em que as lojas começaram a ser constituídas por membros especulativos parece que não foram realizadas quaisquer assembleias, e que as lojas existiam independentemente umas das outras, sem qualquer autoridade central que as governasse. Cada uma dessas lojas autônomas poderia iniciar maçons, a seu critério, e de acordo com as regras antigas, de modo que não era necessário, como é hoje, que um grupo de maçons primeiro garanta uma carta constitutiva antes de se organizar em uma loja. 

Este é o quadro que devemos ter diante de nossos olhos quando pensamos na Maçonaria como ela era no início do século XVIII. Aqui e ali, espalhadas pelo Reino, estava lojas independentes; em alguns casos, a adesão era totalmente Operativa, de modo que cada membro se dedicava à atividade da construção; em outros casos, membros não operativos constituíam uma parte do quadro, e em alguns casos, todo ele. A unidade geral do Ofício era mantida pela adesão aos velhos costumes e pelo uso das Antigas Obrigações (Old Charges), que, em muitos casos pode-se supor, funcionava de forma parecida com as cartas constitutivas atuais. 

A PRIMEIRA GRANDE LOJA É ORGANIZADA

Foi em meio de tais circunstâncias que a primeira Grande Loja foi organizada em Londres em 1717. William Preston, cujas Ilustrações da Maçonaria fizeram tanto para moldar a concepção popular da história maçônica, diz que após o incêndio de Londres, várias lojas maçônicas foram organizadas em Londres e que Sir Christopher Wren era uma espécie de Grão-Mestre de todas elas, e quando Wren ficou velho demais para cuidar dos assuntos do Ofício, um movimento foi criado para organizar uma Grande Loja. Na medida em que os registros mostram que Wren era membro da Loja Antiquity e, portanto, pertencia à Maçonaria, não há nada de improvável no relato de Preston, mas Preston tinha deixado em tamanha dúvida por sua precisão em matéria de fato que se deve deixar o assunto em suspenso. 

Quase a única fonte de conhecimento que possuímos da formação da primeira Grande Loja são as páginas das Constituições de Anderson, edição de 1738. Ali se pode ler o relato que se segue, cujas palavras são tão familiares a todos os estudantes da história maçônica:

“Depois que a Rebelião terminou, em 1716 d.C., as poucas Lojas de Londres “... acharam adequado cimentar sob um Grande Mestre como centro de União e Harmonia, entre outras as lojas que se reuniam, 

1. Na cervejaria Goose and Gridiron no adro da Igreja de St. Paul. 

2. Na cervejaria Crown em Parker's-Lane, perto de Drury Lane. 

3. Na Taverna Apple Tree em Charles Street, Covent Garden. 

4. Na Taverna Rummer and Grapes em Channel Row, Westminster.  
“Eles e alguns antigos Irmãos se reuniram na referida Apple Tree, e tendo eleito o mais antigo Mestre Maçom para presidir (agora o Mestre de uma Loja), eles se constituíram como uma Grande Loja pro Tempore, na Forma Adequada, e em seguida reviveram a Comunicação Trimestral dos Oficiais de Loja (chamada a Grande Loja), resolveram realizar a Assembleia e Banquete Anual e, em seguida, escolher um GRANDE MESTRE entre eles, até que tivessem a Honra de um Nobre Irmão como seu Chefe. 

Dessa forma, 

No dia de São João Batista, no 3º Ano do rei George I, 1717 d.C., a ASSEMBLEIA e Banquete dos Maçons Livres e Aceitos foi realizada na referida cervejaria Goose and Gridiron. 

“Antes do Jantar, o mais antigo Mestre Maçom (agora o Mestre de uma Loja) na Presidência, propôs uma lista de Candidatos adequados; e os Irmãos, por Maioria de Mãos elegeram o Sr. Anthony Sayer, Cavalheiro, Grão-Mestre dos Maçons, que, sendo em seguida investido com as insígnias do Cargo e do Poder pelo referido mais antigo Mestre, e instalado, foi devidamente cumprimentado pela Assembleia que lhe rendeu Homenagem.” 

Sr. Jacob Lamb, Carpinteiro e Capt. Joseph Elliot, Grandes Vigilantes 

AS QUATRO LOJAS ANTIGAS

Havia, sem dúvida, diversas lojas de Tempo Imemorial em ou perto de Londres, mas ou apenas quatro delas foram convidadas a participar na formação da Grande Loja, ou então por algum motivo, os nomes das outras lojas participantes foram omitidos dos registros. De acordo com a Lista Gravada de 1729, a loja que se reunia no Goose and Gridiron foi constituída em 1691. Esta antiga loja fez várias mudanças depois de 1717, e uma ou duas vezes mudou seu nome; ela se mudou para a Taverna Mitre em 1768 e começou a se chamar Loja Antiguidade, No. 1. Esta loja não era nem grande nem influente até que em 1774 ela teve a sorte de eleger como seu Venerável o famoso William Preston, que lhe deu prestígio e poder. Quando todas as lojas foram renumeradas após a União dos “Antigos” e “Modernos” a Antiquity foi injustamente numerada Nº 2, a primazia sendo concedida a uma loja formada sob uma carta constitutiva “Antiga” em 1735. 

À segunda das “quatro lojas antigas”, que se reunia na Taverna Crown em 1717, faltou vitalidade desde o início; depois de se mudar de um lugar para outro, ela desapareceu completamente cerca de 1736, e foi riscada da lista gravada em 1740. Em 1752, alguns irmãos, nenhum deles tendo sido membro da Loja originalmente, pediram que ela fosse ressuscitada, mas na medida em que a Grande Loja não os considerou capazes de continuar, seu pedido foi rejeitado. 

A terceira loja entre as quatro antigas se reunia na Taverna Apple Tree, onde a primeira Grande Loja foi planejada. O Sr. Anthony Sayer, primeiro Grão-Mestre, era membro desta loja. Ela também se mudou, e em 1723, assim nos é contado por Anderson, recebeu uma nova carta constitutiva; por que, é impossível dizer. Por alguma razão, talvez por isso, em 1729 ela passou na lista para o décimo primeiro lugar. Em 1740, ela foi transferida para o décimo lugar, e em 1756 recebeu o sexto lugar. Em 1768 ela mudou seu nome para Lodge of Fortitude, e em 1818, após unir-se com a Cumberland Lodge (organizada em 1753), adotou o título Fortitude and Old Cumberland Lodge, n. º 12. 

Da n º 4 original, o Irmão A.F. Calvert, a cujo livro “The Grand Lodge of England” sou especialmente grato neste contexto particular, nos oferece este interessante relato condensado: 

“A partir de 1717 até 1736, a n º 4 original, que se tornou Nº 3 em 1729, e Nº 2 em 1740, era a primeira Loja do período do Renascimento. Considera-se provável que os membros das números 1, 2 e 3 eram compostos em sua maior parte de pedreiros trabalhadores e irmãos da classe dos artesãos, e aquelas lojas eram lojas operativas, enquanto a n º 4 pode ser considerada especulativa ou loja de cavalheiros por excelência, e todos os homens de liderança da Ordem nos primeiros dias vieram dela. Enquanto os irmãos pertencentes a outras três lojas antigas não eram imponentes tanto quanto ao número e posição social, a n º 4 tinha um quadro de setenta membros, e entre as pessoas de posição e eminência Maçônica pertencentes à sociedade estavam o Duque de Richmond, que estabeleceu a Comissão de Caridade; Lord Paisley, o Duque de Queensberry, Lord Waldegrave, Sir Richard Manningham, Conde La Lippe, Barão des Kaw, Sir Adolphus Ongleton, Earl de Loraine, Sir Thomas Prendergast, Lord Carmichael, Conde Walzdorf, Marguis des Marches, Sr. William Cowper, Grande Secretário e os irmãos George Payne, Desaguliers e James Anderson.” 

As outras três Lojas, com seus quadros de cerca de quinze cada, contavam pouco em comparação com a Old Horn Lodge, que durante os primeiros 20 anos da existência da Grande Loja pode-se dizer que foi responsável por sua política e desenvolvimento. Então, ocorreu o declínio que foi experimentado por tantas Lojas antigas, após um período de excepcional destaque e prosperidade, e após cerca de 1735 uma queda perceptível de seus quadros, sua participação na Grande Loja e sua contribuição para a Caridade que tinha sido em grande parte fundamental na fundação. Em 1746, os membros da “Loja n º 2 em Horn, em Westmr”. foram intimados a dar suas razões para se ausentarem das assembleias gerais da sociedade “por um tempo considerável”, e em 03 de abril de 1747, foi decretado que a Loja fosse “apagada do Livro de lojas”. Durante quatro anos, a ordem esteve em vigor, mas em 4 de abril de 1751, lemos em atas da Grande Loja: 

“O Irmão Lediard informou aos irmãos que Venerável Mestre Irmão Payne, LGM, e vários outros membros do Lodge recentemente reunida na Horn, Palace Yard, em Westminster, tinham sido muito bem sucedidas em seus esforços para reviver a referida Loja, e que eles estavam dispostos a pagar 2 shillings para uso da Grande Caridade e, portanto, solicitavam que, por respeito ao irmão. Payne e diversos outros LGMs que eram membros dela, a referida Loja fosse restabelecida, e tivesse sua posição e colocação anterior na Lista de Lojas, o que foi devidamente providenciado.”

“Mas a Loja Old Horn restaurada como corpo independente não conseguiu recuperar seu antigo prestígio e prosperidade, e após mais 23 anos de atividade infrutífera, parecia estar à beira da extinção. Mas, em 1774, a Loja Somerset House, que havia sido formada pelo irmão Dunckerley no HMS Prince em 1762, removido para o HMS Guadalupe em 1764, revivida em uma «Sala particular, Somerset House “em 1766 e numerada como 279 na Lista de 1767, estava em uma condição florescente. Sua lista de membros incluía os nomes de maçons notáveis como James Heseltine, William White, James Galloway, Rowland Berkeley, Rowland Holt, o Exmo. Charles Dillon, o Duque de Beaufort e o Duque de Buccleuch. Ela era um assinante liberal e regular das Caridades da Grande Loja, sua influência era poderosa na Loja dos Grandes Vigilantes, e seu fundador, Dunckerley, exerceu um gênio positivo na generalização e organização da maçonaria. Em 1774, a Loja possuía todos os atributos invejáveis, com exceção da antiguidade, e aquela vantagem ela adquiriu através da absorção do número original e constituição imemorial da Loja Old Horn, que, com seu quadro reduzido a quinze membros, estava, então, arrastando-se para o colapso” .

OS PRIMEIROS GRÃO-MESTRES

ANTHONY SAYER

O Sr. Anthony Sayer, o primeiro irmão jamais eleito para o distinto cargo de Grão-Mestre, como agora entendemos esse termo, é uma figura fraca e patética que, em lampejos que pudemos ter dele através da névoa do tempo, apela mais para nossa simpatia do que nossa admiração. Em 1717, ele foi instalado Grão Mestre “pelos referidos velhos Mestres Maçons presentes”; dois anos depois, Desaguliers o nomeou Grande Vigilante, de modo que, qualquer que tenham sido seus defeitos, ele era evidentemente um homem de certa posição. Cinco anos depois, ele apelou por caridade à Grande Loja sobre a qual ele havia presidido, mas não há nenhum registro para que mostre o auxílio que ele recebeu, se houve algum. Em 1730, ele foi convocado perante a Grande Loja para explicar por que ele tinha ajudado na constituição rregular de lojas. Em 21 de abril do mesmo ano, ele novamente pediu ajuda e recebeu 115 s da Caridade Geral. Mas, em Agosto do mesmo ano ele foi novamente convocado para responder a denúncias contra sua conduta irregular; atas da Grande Loja contêm a seguinte entrada com data de 15 de dezembro de 1730: 

“O Irmão Sayer igualmente compareceu para responder à Acusação feita contra ele, e depois de ouvir ambas as partes, e alguns dos irmãos sendo de opinião que o que ele tinha feito era clandestino, outros que era apenas irregular, e a Loja foi de opinião que era apenas irregular; sobre isso o Grão Mestre Adjunto disse ao irmão Sayer que ele foi absolvido das Acusações contra ele e recomendou-lhe nada fazer tão irregular no futuro.”

A estrela do Irmão Sayer estava, evidentemente, em eclipse. Durante ou logo após 1733 ele se tornou Cobridor da Loja Old King's Arms, Nº 28. Pouco tempo depois, ele recebeu caridade desta loja. Ele morreu em 1742, recebendo um enterro maçônico o qual muitos maçons distintos estiveram presentes. Há conjecturas de que o irmão Sayer possa ter sido um dos antigos Maçons Operativos que nunca se tornaram defensores sinceros do novo regime; em caso afirmativo, isto pode explicar suas irregularidades. Em todo caso, sua conduta revela que nos primeiros anos, a nova Grande Loja enfrentou muitas dificuldades a partir de dentro e também de fora, e que a nova ordem das coisas tinha que ganhar seu caminho contra o sentimento de que sua própria existência era uma inovação aos métodos antigos da Ordem. 

O Irmão George Payne, o segundo Grão Mestre proclamado em 24 de junho de 1718, era um homem de estofo diferente; a partir de suas atividades pode-se supor que, ao contrário de Sayer, ele era um dos líderes mais zelosos no trabalho da reorganização da Ordem a partir de uma base operativa para outra especulativa, e não há dúvida, mas que a Maçonaria está mais endividada com ele do que se pode dizer. Da sua vida privada pouco se sabe, exceto que ele era um Secretário do Escritório de Impostos e tinha alguns recursos. Sua popularidade entre os irmãos é mostrada por sua eleição como Grão-Mestre para um segundo mandato em 1720, sucedendo o Dr. Desaguliers, de quem falaremos mais a seguir. 

Segundo o Dr. Entick, foi Payne quem primeiro interessou a aristocracia Inglês e a nobreza na Ordem, e que, se a afirmação tem fundamento, era em si suficiente para lhe dar um grande nome em nossos anais, tendo em conta os resultados de longo alcance que se seguiram quando um “irmão nobre” foi colocado “à testa” da Grande Loja. Payne estava especialmente interessado, parece, em reajustar as antigas constituições aos novos usos da Fraternidade reorganizada, e foi ele quem realizou, em 1720, o primeiro projeto de Regulamento Geral posteriormente incorporado, com algumas alterações, às Constituições de Anderson de 1723. Ele foi fiel e ativo até ao final de sua vida e serviu como membro da comissão designada para se encarregar da revisão das Constituições feita em 1756. 

DR. JOHN THEOPHILUS DESAGULIERS

Mas, o mais influente dos primeiros Grãos Mestres foi o terceiro, Dr. John Theophilus Desaguliers (ver o artigo do irmão Dudley Wright em outra página), cuja influência era tão grande que Mackey lhe deu o crédito por criar a Maçonaria Especulativa, que, mesmo sendo uma declaração excessiva, não exagera muito a nossa dívida para com este homem notável.

Ele era filho de um refugiado francês protestante que fugiu da perseguição religiosa após a Revogação do Édito de Nantes. Desaguliers tornou-se, em 1714, um membro da Royal Society, a cujo corpo erudito ele deu contribuições tão valiosas que se tornou amigo pessoal de Sir Isaac Newton e em pelo menos duas ocasiões, foi chamado para falar perante o rei. De suas atividades maçônicas, o Irmão Calvert oferece este relato: 

“No ano do Grão Mestrado de Desaguliers (1719-1720), 'vários irmãos de mais idade que tinham negligenciado a Ordem retornaram à sua fidelidade maçônica; alguns Nobres foram iniciados na Ordem, e algumas lojas novas foram constituídas.' O próprio Grão-Mestre 'reviveu os antigos Brindes e Saúdes regulares e peculiares dos Maçons Livres'. Em 1721, por ocasião do Festival, Desaguliers fez 'um discurso eloquente sobre os Maçons e a Maçonaria', e sete anos depois, ele obteve o consentimento da Grande Loja para sua proposta de que, 'a fim de realizar a grande festa da melhor maneira, certo número de administradores deveria ser escolhido, que deverão cuidar e dirigir a referida festa, juntamente com os Grandes Vigilantes.' Inventando discursos após os jantares, introduzindo orações maçônicas, e revivendo a figura dos Stewards era prestar serviço para a prática do Ofício, e garantindo a presença de muitos maçons eminentes e recrutando alguns nobres como membros, Desaguliers foi fundamental para colocar a nova autoridade em uma base mais ampla e popular. 

Sayer era uma nulidade a quem a sorte elevou ao Supremo Malhete; Payne era um homem de substância e de inteligência, que era zeloso com o avanço da Ordem; o próprio Desaguliers, dos três, emprestou uma verdadeira distinção ao cargo de Mestre. E o fato permanece que a Maçonaria definhou até que o terceiro Grão Mestre alistou o interesse de alguns nobres irmãos pela Sociedade e, em 1721, quando o Duque de Montagu aceitou o Grão-Mestrado, a Maçonaria “subiu com um salto para o destaque e estima.” 

Naquele ano, Desaguliers visitou a Loja de Edimburgo, e foi filiado como membro da Fraternidade Escocesa. Sobre este evento memorável, lemos na história da Loja da Escócia de Lyon: 

“Na Marie's Chapell, em 24 de agosto do ano de 1721 - presente James Wattson, Diácono dos maçons de Edimburgo. Presentes Neste dia o Doutor John Theophilus Desaguliers, membro da Royal Society, e Capelão da Ordem de sua graça James Duque de Chandois, último Mestre Geral das Lojas Maçônicas na Inglaterra, estando na cidade e desejoso de ter uma conferência com o Diácono, Vigilante e Mestres Maçons de Edimburgo, o que lhe foi devidamente concedido, e encontrando-se ele devidamente qualificado em todos os pontos da Maçonaria, eles o receberam como um Irmão em sua Sociedade:'“ 

DR. JAMES ANDERSON

Do Dr. James Anderson, cujo nome é conhecido, sempre que os maçons se reúnem, e que compartilha com Desaguliers o lugar mais proeminente ao sol da fama Maçônica, pouco se sabe com certeza, apesar de Thorpe, Vibert, Robbins e vários outros irmãos inglese terem buscado para cima e para baixo cada pedaço de informação possível. Ele nasceu em Aberdeen, Escócia, mas se mudou para Londres, onde serviu por muitos anos como um pastor presbiteriano, e onde era capelão do Conde de Buchan. Não se sabe quando ou onde Anderson foi iniciado maçom, mas foi, talvez, na Escócia, pois que ele estava, evidentemente, familiarizado com a terminologia da Ordem Escocesa, alguns termos dos quais ele introduziu nas lojas inglesas. Sua fama maçônica se assenta em suas Constituições, a primeira edição das quais foi publicada em 1723, a segunda em 1738. De acordo com a última edição, sua própria narrativa desta operação aparece desta maneira:

29 de Setembro de 1721. “Em Culto a Sua Graça e A loja constatando falhas em todas as cópias das antigas Constituições Góticas, o Irmão James Anderson, A.M. ordenou redigir a mesma de um método novo e melhor.” 

27 de dezembro de 1721. “O Duque de Montagu nomeou 14 irmãos eruditos para analisar o Manuscrito do irmão de Anderson, e preparar um relatório”. 

25 de março de 1722. “A Comissão de 14 relatou que tinham lido o Manuscrito do irmão Anderson, entre outros, a História, Obrigações, Regulamentos e Canção do Mestre, e depois de algumas alterações o aprovaram; Sendo assim, Loja desejava que Grão-Mestre desse a ordem para que fosse impresso.”

A maneira na qual, e as razões pelas quais, ele produziu uma segunda edição em 1738 são dados pela Ata da Grande Loja da Inglaterra, 24 de fevereiro de 1735: 

“O Irmão Doutor Anderson, ex-Grande Vigilante apresentou um memorial estabelecendo que, considerando que a primeira Edição da Constituição Geral da Maçonaria, compilada por ele mesmo fora completamente vendida, e uma segunda edição era muito desejada, e que ele havia dedicado alguma reflexão a Algumas alterações e acréscimos que possam muito bem ser feitos na mesma, que estava agora pronta para ser colocada diante da Grande Loja para a sua aprovação, se eles estivessem satisfeitos em recebê-las. 

“Foi resolvido que um comitê a ser nomeado, consistente nos atuais e ex-Grande Oficiais, bem como outros Mestres Maçons que eles achassem adequado convocar para rever e comparar a mesma, e quando terminado eles poderiam colocar a mesma diante da Grande Loja solicitando sua aprovação. 

“Ele ainda declarou que um William Smith, conhecido como maçom, tinha sem o seu consentimento pirateado uma parte considerável das Constituições da Maçonaria citada em prejuízo ao referido Irmão Anderson, sendo ela sua Exclusiva Propriedade. 

“Ficou então resolvido, e ordenado que todos os Mestres e Vigilantes presentes tudo farão em seu poder para interromper prática tão injusta, e evitar que os referidos livros de Smith fossem comprados por qualquer dos Membros das suas respectivas Lojas.

” Neste tempo remoto é quase impossível para nós evitar a leitura naqueles eventos iniciais de nossas próprias ideias de Maçonaria, mas é quase certo que os poucos irmãos que se reuniram pela primeira vez informalmente na Taverna Apple Tree, em 1716, e depois novamente de maneira mais formal na Taverna Goose and Gridiron no ano seguinte, não tinham planos de tão longo alcance de trazer à existência uma fraternidade de nível mundial. Alguns deles, como Sayer, talvez, não tinham pensado a não ser em colocar a Arte antiga em bases mais seguras, deixando-a inalterada em sua natureza; e outros podem ser, tinham planos para uma nova ordem das coisas; mas é mais provável que a maioria estivesse interessada apenas no assunto do momento e se contentavam em deixar as coisas seguirem o seu curso. 

Em todo caso, aqueles irmãos, a quem olhamos para trás com um interesse que os surpreenderia hoje, se pudessem saber disso, fizeram melhor do que sabiam, de modo que, como resultado de seus esforços, existem hoje alguns milhões de nós no mundo ligados pelo Vínculo Místico. A antiga Maçonaria, em que havia desde muito tempo uma mistura de elementos Operativos e Especulativos, foi de uma vez por todas transformada inteiramente em especulativa, embora muitos dos usos antigos tenham sido mantidos. Uma nova forma de organização foi planejada que com o tempo foi plenamente testada; e a partir de algumas fontes ainda desconhecidas de genialidade foi trazida ao mundo uma arte e uma filosofia de vida que atrai hoje os melhores e mais sábios. 

Dessas coisas podemos estar certos, mesmo se o curso atual dos acontecimentos permaneça obscuro, e dessas coisas podemos nos orgulhar, pois houve poucos eventos que marcaram época nos últimos 500 anos além do estabelecimento da primeira Grande Loja em Londres, em 1717. 

REFERÊNCIAS SUPLEMENTARES
Mackey's Encyclopedia - (Revised Edition): Accepted, 10; Anderson, 57; Antiquity, Lodge of, 65; Book of Constitutions, 112; Desaguliers, 207; England, 242; Freemasonry, Early British, 283; Gilds, 296; Grand Lodge, 306; Grand Master, 307; Hall, Masonic, 314; Lodge, 449; London, 452; Preston, William, 579; Revival, 622; Speculative Masonry, 704; Wren, Sir Christopher, 859. 

LIVROS CONSULTADOS
Ars Quator Coronatorum. Author's Lodge Transactions, I, II, III. Builders, The, Newton. Concise History of Freemasonry, Gould. Constitutions of the Freemasons, Anderson, 1738 edition. Evolution of Freemasonry, Darragh. Four Old Lodges, Gould. Grand Lodge of England, The, Calvert. History of Freemasonry, Gould. History of Masonry, Findel. Mackey's History of Freemasonry, Clegg. Minutes of the Grand Lodge of England, edited by Songhurst. National Dictionary of Biography. New Encyclopedia of Freemasonry, Waite. Origin of the English Rite, Hughan. Preston's Masonry, Oliver. Short Masonic History, A, Armitage. Story of the Craft, Vibert. Tradition, Origin and Early History of Freemasonry, Pierson.

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