terça-feira, 4 de junho de 2013

MAÇONARIA - OS GRÊMIOS DE ARTESÃOS



OS GREMIOS DE ARTESÃOS

Ao lado dos monges arquitetos apareceram os arquitetos laicos. A construção de grandes catedrais fez conviver por um bom tempo numerosos obreiros e artistas e dessa convivência foram estabelecidas entre eles estreitas relações que deram origem às corporações e nelas existia uma verdeira hierarquia (aprendizes, companheiros e mestres) e subordinação. Para essa organização serviram de modelo os Collegia Fabrorum dos romanos e as associações dos alemães.

Os grêmios também conhecidos como Corporações de Ofícios, são entidades associativas ou societárias que aparecem na Europa do sécuo XII, por toda a Itália, Alemanha e França, como uma resposta contestatória ao monopólio dos Grêmios de Comerciantes e com o objetivo de defender-se deles. Na Itália eram conhecidos como Arte, na Alemanha como Zunft ou Innung (Clube) e na França como Corporação de Métier.

A maioria dos Grêmios de Artesãos estava constituído por homens como consequência da cultura cristã medieval onde os varões possuiam e exerciam muitos mais direitos do que aqueles que tinham mulheres. Não obstante, em uma sociedade solidamente caterorizada, existiam ofícios reservados para as mulheres, por exemplo: os relacionados com o bordado e o tecido (tecelã).

Foram famosas as Corporações de Tecelãs no século XV, dentre elas havia na aparência um ramo maçônico possuidor de um rito derivado das ferramenta do bordado e não da construção.

Em alguns Grêmios de Artesãos, cujos ofícios tracionalmente eram desempenhados por homens, era correto admitir mulheres como umprivilégio especial outorgado às viúvas e orfãs dos membros que houvessem falelcido em virtude de uma circunstância excepcional.

Estas Corporações de Ofícios se estabeleceram em volta do castelo feudal ou fora das cidades para realizar atividades artesanais. Em seu apogeu tiveram grande influência política e social e ao que parece, sua origem primitiva se encontrava nas confrarias religiosas fundadas inicialmente com o objetivo de venerar o santo patroeiro dos ofícios. Por exemplo: a dos joalheiros em torno do culto a Santo Ives. O ponto crítico se apresentou quando começaram a se preocupar com as necessidades econômicas dos confrades.

Estes foram concentrando o monopólio de seus ofícios exercendo um poder absoluto em muitas cidades européias passando, inclusive, a estratificar seus membros de acordo com suas destresas e conhecimentos em três classes: aprendiz, companheiro e oficial e mestre. O artesão que não pertencia ao Grêmio dominantes não podia fazer seu trabalho na jurisdição daquele.

A voz cantante nos Grêmios era a dos Mestres que mais que funcionários eram proprietários da unidade econômica, das matérias primas e controlavam a comercialização do produto.

Estes Mestres tinham tantos aprendizes e oficiais quanto lhes aconselhavam as necessidades dos trabalhos contratados.

Uma oficina era ao mesmo tempo escola. Dentro do Grêmio de Artesãos, os aprendizes eram iniciados no ofício pelas mãos de um mestre e enquanto durava o processo de aprendizagem só recebiam comida e alojamento. Muitas vezes viviam na mesma casa ou oficina do Mestre. Quando o Mestre considerava que o Aprendiz já havia assimilado o que lhe correspondia, o convertia em Oficial com um soldo fixo, para posteriormente, mediante a execução de um trabalho que se denominava Obra Mestra, ascender a categoria de Mestre.

Naturalmente os Mestres não estavam ansiosos para aumentar sua competência e ceder parte do mercado que dominavam pelo que cada vez mais as dificuldades e as provas eram mais difíceis de serem superadas pelos Oficiais. 

Nos séculos XIV e XV os oficiais se confabularam para exigir maiores soldos e condições de trabalhoa, chegando ao extremo, inclusive ao organizar greves. Diz-se que estas associações de Oficiais dos Grêmios de Artesãos são os antecedentes mais diretos dos sindicatos.

Os Grêmios de Artesãos chegaram a estabelecer condições ao mercado a partir de seu posicionamento monopólico e como: o preço único dos bens e serviços, o salário regulado, margens de utilidade controladas, jornada de trabalho estabelecida, padrões de quantidade e qualidade dos produtos a serem elaborados. Isto trouxe consigo a elimanção da competência e o estancamento de técnicas. Por exemplo: No ano de 1.300 o Grêmio dos Tintureiros da cidade de Derby, na Inglaterra, havia estabelecido que nenhum outro poderia existir em um raio de 10 léguas ao redor. No século XIV OS Grêmios de Artesãos participavam do poder político das cidades cujo comércio haviam controlado. E o assunto não é de pouca monta já que para a mesma época em Paris existiam mais de 130 Grêmios de Ofícios, entre eles o dos Médicos.

Para um maior controle sobre as Corporações de Ofício cada uma delas se organizava sobre Estatutos, os quais buscavam principalmente assegurar relações comerciais monopolísticas e reduzir a iniciativa individual, o livre comércio e o desenvolvimento da indústria independente.

Os Estatutos assinalavam , na maioria dos casos, as seguintes prescrições, redigidas em uma linguagem religiosa de rasgo judáico/cristã, de acordo com o contexto social da Idade Media, onde o cristianismo possuia um grande poder político e econômico:

1) Hierarquização da Corporação nos níveis de Mestre, Companheiro (Oficial) e Aprendiz;
2) Regulamentação das relações de trabalho com enfase na proteção do Mestre;
3) Proibição do trabalho noturno para garantir a qualidade do produto:
4) Descanso dominical por razões religiosas;
5) Proibição do trabalho a domicílio para não fomentar a concorrência;
6) Fixação dos saláiros aos Companheiros e
7) Desenho de um rígido sistema de valores relacionados com a moral pública e privada de seus membros.

O monopólio dos Grêmios de Artesãos começa a decais com o advento do capitalismo , como sistema econômico que permite a produção em maior escala, favorecendo de imediato a criação de mais canais de distribuição e novas técnias impulsionadas pela maior competência entre os atores dos diferentes mercados.

Na Idade Média, nos séculos XIII e XV, na Inglaterra, França e Europa central a maioria da população era composta de servos que trabalhavam as terras de seus senhores feudais e nunca viajavam além da sua vila natal. Entre os povo, os artesãos faziam coisas que os comerciantes compravam e vendiam. Os tecelãos faziam panos, os ouríves aneis e joias e os carpinteiros contruiam casas de madeira para os habitanres locais. Porém, os maçõns eram distintos. Trabalhavam a pedra e eram muito poucos os edifícios feitos assim, só os castelos dos reis e nobres, as catedrais, abadias e paróquias. Portanto os únicos que podiam dar emprego aos maçons era o rei, alguns nobres e a Igreja. 

A construção de catedrais proporcionava bastante oportunidades de trabalho para os maçons. A obra requeria muita mão de obra qualificada ou não. Necessitava trabalhadores inesperientes que despejavam os escombros para construir cimentos e que carrgavam as pedras e a argamassa até o local da obra. Na França, entre 1.050 e 1.350, foram construídas oitenta catedrais, quinhentas grandes Igrejas e inumeráveis paróquias das quais, algumas delas, demoravam mais de cem anos.

As regulamentações francesas de 1.268 para a construção de catedrais estabelecia que “os maçons, fabricantes de argamassa e estucadores poderiam ter quantos assistentes e criados como lhes convinha, desde que não lhes ensinassem nada de seu ofício”. Muitos servos aproveitavam a oportunidade para escapar das terras onde eram obrigados a trabalhar para seus amos e se dirigiam a uma cidade onde se estava construindo uma catedral, sabendo eu se até um ano após a sua fuga não fossem capturados por seus amos, estariam livres da servidão. Alguns nobres e cavaleiros se ofereciam como voluntários para realizar o trabalho não qualificado como obra de piedade. Em certos lugares, nos sábados santos se obrigava os judeus a realiar estre trabalho como penitência.

Os maçons eram trabalhadores qualificados. Havia duas classes de maçons: os picapedreros ou maçons rústicos, que eram os encarregados de trabalhar a pedra dura comum para realizar os sillares[1] e os maçons mais habilidosos que trabalhavam as belas portadas da catedral. Trabalhavam uma pedra mais macia e terrosa. Essa pedra era conheida como pedra livre ou franca e os maçons especialistas em trabalhá-la passaram a se chamar “maçons de pedra franca” ou pedreiros libertos e, portanto, mais conhecido por francomaçons.

Em volta do lugar de trabalho construiram uma choça que chamavam de Lodge que depois originou a Loja. Estas pousadas estavam proibidas a curiosos e intrusos, tinham o solo de gesso para desenhar nelas os projetos. Ali guardavam as ferramentas, tinham mesas, esquadros e compassos. Vestiam avental, planejavam magníficas catedrais que ainda hoje assombram a humanidade. Se dizia que quando o mal tempo obrigava a celebrar alguma reunião ou se tinha neste lugar alguém que fora supreendido sem se iniciado, este era colocado debaixo de uma calha até que a água lhe saísse pelos sapatos, daí originando a frase “chove no molhado”. O Grémio dos Pedreiros (maçons) era um dos mais apreciados e disciplinados. Alcançar o posto de Mestre Maçom significava converter-se em uma personagem distinguida, respeitada pelas hierarquias eclesiásticas e pelos nobres. Alcançaram um status social muito alto, superior, em relação a de outros ofícios e este ofício de construtor se donsiderou como uma profissão liberal, quae artística e com um caráter sagrado. Os segredos das corporações medievais estavam motivados pelo perigo do que hoje se denomina espionagem industrial. Manter oculta a técnica que permitia a estabilidade dos arcos e dos contrafortes ou a filigrana ou a filigrana dos rosetones[2] garantia o trabalho.

Este obreiros especializados empregavam uma terminologia de palavras, signos e toques que se devia a necessidade de distinguir os membros autênticos dos que não o eram. Como o analfabetismo era quase geral, se usavam santo e senhas, por exemplo: levar a mão dirieta aberta a garganta e depois ao ombro direito era sinônimo de maçonaria.

A Europa da Idade Média era uma sociedade eminentemente disciplinada e regulada. Também a vida dos maçons assim o era. Seus deveres estavam estabelecidos em diretrizes dos Grêmios que os contratavam e eram conhecidas como Cargas. A primeira delas era a obrigação do maçom tinha com Deus. A segunda era a obrigação que com o rei, cuja soberania e leis devia obedecer e a terceira era a obriação que tinha com o mestre empreendedor e com o Mestre Maçom para o qual trabalhava o aprendiz maçom.

As mais importantes dessas diretrizes ou cargas eram:

Não devia trair os segredos de seu Mestre;
Não devia seduzir a mulher, filha ou ama de chaves de seu Mestre;
Não devia ter nenhuma discussão que desobedecesse seu Mestre, sua senhora ou um maçom;
Não cometer adultério ou fornicação;
Não sair depois das oito horas da noite;
Não frequentar pousadas ou bordéis;
Não jogar baralho salvo durante os doze dias de Natal.

O salário e horário dos maçons havia sido estabelecido no Estatuto dos Trabalhadores que foram redigidos depois que em 1.348 uma série de epidemias (Morte Negra ou Peste Negra) assolara a Europa Ocidental. O resultado foi uma escassez de mão de obra que incrementou o poder de negociação dos sobreviventes. A Câmara dos Lordes e dos Comuns editou leis, os chamados Old Charges (Antigos Deveres) que não estabeleciam um salário mínimo mas um salário máximo e era ilegal que os trabalhadores recebessem uma paga superior a fixada. De fato as multas pelo descumprimento desta lei era o equivalente ao soldo de aproximadamente seis meses. Em geral e devido a falta de pessoal pela circunstancia já descrita a lei era descumprida.

Enquanto a retribuição que percebia um maçom por cada dia de quatorze horas de trabalho no verão, de cinco da manhã a sete da noite, com intervalos de duas horas para a alimentação e descanso, consistia por exemplo, na Inglaterra, em seis penny diários , no inverno, o dia de trabalho se extendia desde o amanhecer até meia hora antes do por do sol. 

Na França e igualmente na Inglaterra, os maçons, em especial aqueles que realizavam as talhas ornamentais em pedra franca, formaram uma organização que não tinha paralelo na Inglaterra, a “Compagnonnag”.

Os Compaggnnos – agremiação conhecida por Companheiros de São Maurício - recebiam trabalhadores de quase todos os ofícios. Desenvolveram seu trabalho no centro e sul da Europa e na França atuavam na área de Paris. Intentavam realizar negociações na representação dos trabalhadores dos diferentes ofícios e foram o equivalmente medieval mais próximo de uma moderna confederação de sindicatos. Os reis e governos da França não aprovavam essa situação. Além de vários intentos por declará-la ilegal, um Estatuto de 1.601 proibia que os “compagnons” (companheiros) se saudassem mutuamente na rua ou que mais de três fossem juntos a uma taverna. No entanto, os companheiros não deixaram de trabalhar na clandestinidade defendendo os interesses de seus membros. 

Em alguns lugares da Europa, como por exemplo a Escócia, os maçons de pedra franca trataram de fortalecer seu posicionamento mediante o uso de uma contrasenha que era transmida a todos os mestres maçons qualificados e que nenhuma outra pessoa tinha acesso. Isto permitia que os Mestres Maçons se reconhecesse entre si e evitava, na medida do possível, que os aprendizes ingressados realizassem a tarefa de um Mestre. A palavra chave se fez conhecida como a palavra maçônica e é possivel que fosse Mohabyn, que tem relação com a palavra marrow e que significa companheiro ou camarada e que se crê fora iniciada como palavra maçônica em 1.550.

Os Gremios de Artesãos foram desaparecendo ou sobrevivendo ao incorporar novos membros que sem ser operários do ofício respectivo, desempenhavam trabalhos, profissões ou ofícios relacionados com o objeto inicial do Grêmio, tais como provedores de materiais ou insumos, advogados, médicos do Grêmio, contratantes, etc. 

Entre o século XVI e começo do século XVIII só sobreviviam na Europa os Grêmios de Artesãos que tomaram a decisão de transformar-se em associações econômicas setoriais, entre eles, os Construtores, chamados também de Maçons, devotos de São João Batista, que foram admitindo em seu seio durante todo o século XVI membros não pedreiros, na qualidade de aceitos. 

Um exemplo ilustrativo acerca da forma em que funcionava no Renascimento a hablitação dos novos Mestres e sua vinculação aos Grêmios constitui a preparação de Leonardo da Vinci para contratar em Florença. 

Fruto dos amores juvenis de um futuro notário da República de florença e uma humilde campezina e adotado posteriormente pelo matrimônio de seu próprio pai na idade de quatro anos, Leonardo ingressou em 1.466, com 13 anos de idade, na qualidade de aprendiz, na Oficina de Andrea del Verrochio, um dos maiores artistas florentinos. 

Verrochio, por sua vez, havia começado sua vida de Mestre como órfão, porém depois de ter trabalhado para o Papa Sixto IV, em Roma, se radicou em Florença e montou uma Oficina que lhe proporcionou dinheiro e fama.

Ademais de limpar e assear a Oficina, Leonardo devia preparar as pranchetas para pintar, moer as terras e pgmentos, preparar o verniz e realiza toda classe de trabalhos mecânicos. Leonardo contou com a sorte de preparar-se em uma Oficina polifacética, pois ao prestimoso Mestre Verrochio eram confiadas a elaboração de objetos de bronze e prata, baixo-relevo para altares, esculturas, pinturas religiosas, inclusive trabalhos de engenharia e arquitetura. A esfera de cobre dourado que coroaria a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, padroeira de Florença, é fruto de sua famosa Oficina e a Leonardo correspondeu aplicar a solda da obra. 

Em 1.472, Leonardo Da Vinci terminou seuperíodo de aprendizagem e se inscreveu como Mestre na Corporação dos Pintores de Florencia. Profissionalmente estava habilitado para receber encargos e montar sua própria Oficina. Daí em diante seu talento o levaria a receber múltiplos e variados encargos. Seus principais clientes foram os endinheirados, os monastérios, os Médicis de Florença, os Sforza de Milan, os invasores franceses, os papas Borgia, os republicanosde Veneza e, finalmente, o Rei da França. 

Como se observa, por exemplo de Leonardo, os Mestres assim como suas Oficinas e os Grêmios a que pertenciam, contavam com o privilégio de exercer seu ofício livremente e de maneira franca sem estar presos aos avatares políticos. Esta é uma característica das Oficinas e Grêmios dedicados a construção, em razão de que deviam viajar continuamente de uma região a outra para cumprir com seus encargos. 

Ao terminar o ano de 1.477, Leonardo abandonou a Oficina de seu Mestre, dedicando-se a realizar trabalhos por sua conta, ao estudo e a investigação científica. Nesta mesma época principia sua vida política, que não era do agrado dos Médicis, os quais, por esse motivo, manifestaram seu desprezo a Leonardo, qualificando-o de “Mestre de baixa estirpe”, tanto por conta de seu nascimento como por sua maneira de pensar. 

Funda a Academia de Arquitetura de Milão, que respondia a velha idéia concebida em união com Toscanelli e Vespúcio. Reuniu em seu plantel para o ensino superior e claramente laica, todos seus amigos que se distinguiam por seu conhecimentos de alguma matéria como Américo Vespúcio, Marco Antonio de La Torre, Luca Paccioli, etc. Também trouxe para sua Academia seus amigos Florentinos na qualidade de alunos, formando com os milaneses um grupo, do qual se destacaram Francisdo Melzi, Cezar Cesto, Bernardo Lovino, Andrea Salaino, Marco Vegioni, Antonio Boltrafio, Paulo Lomazo e muitos mais artistas conhecidos, alguns dosquais acompanhara posteriormente Leonardo quando este se mudou para Paris, convidado por Francisco I. O fundador da Academia havia reunido em treze manuscritos os ensinamentos que ele transmitia a seus alunos, muitos dos quais desgraçadamente não chegaram ao nosso conhecimento, em alguns casos por conta do clero. Leonardo tornava compatível seus trabalhos como professor da Academia com seus trabalhos de engenharia e obras de caráter artístico como foram a estátua equestre de Sforza, a Cena de Jesus e os Apóstolos e muitas outras que o fizeram célebre como artista. A Academia de Arquitetura começou a decair devido aos acontecimentos politicos e a queda do Milanesado em poder dos franceses. No entanto, seu exemplo foi seguido em toda a Itália onde foram fundadas outras Academias com diferentes nomes: Ciências de Sábios, de Arquitetura, etc. que encobriam sua verdadeira essencia de organização da Maçonaria Especulativa. 

Quando os franceses entraram em Milão e conheceram a obra de Leonardo, tanto em engenharia e arquitetura como na pintura, compreenderam que se tratava de um gênio, pelo qual professavam sua admiração. Por aquela época foram paralizados os trabalhos dirigidos por Da Vinci que se mudara de novo para Florença onde dá continuidade a seu trabalho artístico e científico concorrendo a Academia fundada por Rostici, Sancobino, Franciavigio, Andrea del Sarto, o músico Alolle e talvez Rafael, ao estilo da de Milão. Elaborou diversas obras de entenharia por encomenta de César Borgia e voltou a Milão com Charles d´Abroise; depois foi a Florença e visitou roma por ocasião do pontifiado de Leão X, onde era hostilizado por intrigas constantes de Miguelângelo. Por fim, Francisco I, da França, que admirava tanto seu traalho e que prentendia transferir para Paris o muro onde Leonardo havia pintado a Cena o convidou a sua corte para que em união com um grupo de artistas e discípulos em 1.516 realizasse aquele intento. Viveu na mansão de Cloux de Amboise e morreu em 1.519. 

Desde o início do Século XIV, as cidades-estados italianas perderam sua preponderância que se foi concentrando pouco a pouco nas mãos dos papas, aspirantes ao domínio universal, formando um grande Estado sob seu poder que disputava com os reis da Espanha, França e Inglaterra a hegemonia Europeia. Porém, ano norte dos Alpes se acentua, precisamente, nesta época, o combate incumbado durante séculos entre a liberdade e a servidão, que desde 1.348 haviam sido brutalmente sufocadas com esquartejamentos e enterros de pessoas vivas, etc., se reproduzem agora com a bandeira da heresia e um novo conceito do cristianismo que se abria um degrau a frente da corrompida Igreja romana. 

Na Alemanha, as cidades como Ulm, Ausburgo, Nuremberg e outras se tornam mais ricas, no entanto ao mesmo tempo se acentua a pobreza e a servidão dos camponeses e mineiros que se agrupam conjuntamente com os herejes emsociedades secretas para combater a nobreza e a Igreja com sangrentas guerras. A Alemanha absorve nesta ocasião todos os fermentos revolucionários que havia perdido na Itália e se rebela decisivamente contr ao poder temporal e espiritual do papado. Toda Europa é invadida pelo espírito da técnica e a imprensa com seu enorme poder de divulgação agrupa também aos artesãos e burgueses que encarnavam o espírito progessista com os humanistas e sábios. 

Acende pois, ao norte dos Alpes, o espírito renacentista que analisamos detalhadamente no caso da Itália e Florença durante o século anterior. Porém, no parnorama europeu existia, a partir do ano 1.500, novos fatores que tornavam mais universais os combates, os interesses e, portanto, as lutas entabuladas entre a Europa medieval e o Renascimento. Existia agora o Estado absolutista com um conceito de poder e da soberania frente a outros Estados que em relação aos combates religiosos e as pretensões da formação de uma monarquia universal deu origem às grandes guerras que assolaram a Europa naquele século, no qual já não havia a ameação séria dos turcos que já haviam se uido aos países europeus em época anterior.

O Estado moderno, por sua extensão em relação com as pequenas cidades-estados exigia agora uma organização muito mais ampla que compreendia as finanças, a justiça, o correio, a marinha e o exército, as comunicações, estradas, pontes, etc. Isto requeria o concurso da ténica para seu governo, razão pela qual os reis e princípes procuravam rodear-se de gente de saber e de especialistas nas diversas matérias e com isso, naturalmente, mudavam de lugar os freis e curas que tradicionalmente desempenhavam os cargos de conselheiros nas cortes. 

Agora, como a Igreja nunca tolerou um poder secular superior ao seu, intrigava os reis Carlos V, Francisco I e Henrique VIII a fim de arrastá-los a guerra e debilitá-los, possibilitando assim o triunfo de sua própria causa. A Igreja, em uma palavra, alarmada pelo progresso da heresia e pela constante dinimuição de sua autoridade ante os povos e os príncipes, prepara sua revanche organizando a feroz contra-reforma com a qual, a partir do Concílio de Trento (1.545-1.563), tratou de liquidar seus inimigos artesãos, sábios, artistas, etc. e estabelece seu controle nas cortes, substituindo-os pelos “ilustrados jesuitas”, autores intelectuais da nova forma da Inquisição dirigida pelo chamado “Tribunal Supremo” do Santo Ofício. 

Quando Leonardo da Vinci se mudou para Paris com um grupo de amigos artistas italianos pertencentes aos agrupamentos da Academia de Milão, se encontrou com umaFrança na qual se mesclavam diversas correntes contrapostas: por uma parte, a corrente a corrente téncico-científica que exigia o interesse do nascente capitalismo e do estado moderno, que unida a humanista e a da Reforma, se opunha a Contra-reforma, representada pela Sorbona dominada pelos teólogos, inimigos de todo progresso. Francisco I e sua irmã Margarita protegiam os artistas, poetas, humanistas e homens da ciência, porém este rei liberal tinha que se subordinar à política papal para conseguir apoio frente a Carlos V, sendo esta a causa que o fazia deixar as mãos libre a Sorbona em sua tarefa de elimar com a fogueira os seus inimigos, em muitos casos seus próprios protegidos. 

Assim, pois tinha a França pleno conhecimento da luta entabulada pelos maçons progressistas florentinos, segundo o plano que haviam formulado Toscanelli, Vespúcio e da Vinci.

Na chegada a Paris Leonardo se colocou em relação com os intelectuais e artistas franceses que com os florentinos e milaneses que haviam chegado com ele da Itália, formaram em 1.517 o primeiro agrupamento de maçons franceses no estilo da de Milão e com os fins que haviam proposto os organizadores daquela.Este agrupamento, pela primeria vez tomou o nome de “Loja Francomaçônica”; Tal denominação sifnigica “lugar onde se reúne homens liberais, para expressar livremente seu pensamento como construtores”. Loja deriva da palavra grega “logos” que indica o lugar onde se discute. Maçon significa “pedreiro ou construtor” e a partícula “franc”, anteposta a um substantivo significa, em francês, livre ou liberal. A denominação de “Loja Francomassônica” se dava aos agrupamentos secretos dos fracomaçons que epara atuar publicamente em relação aos seus fins de ensino superior o faziam sob o nome de “Colégio Francês”, constituído com autorização de Francisco I. A denominação “Colégio”, escolhida pelos francomaçons franceses ao invés de Academia tinha um significado mais preciso que esta última, uma vez que não significava somente o lugar onde se aplica ensinamentos mas também indica que os agrupados estão coligados ou unidos por algo que lhes é comum e que neste caso eram precisamente seus propósitos de luta progressista.

Leonardo organizou e dirigiu os trabalhos deste agrupamento até sua morte ocorrida no ano de 1.519. Ele havia cimentado solidamente as bases da nascente “Francomaçonaria” e, portanto, sua morte não significou o fim da mesma, pois seus colaboradores e discípulos continuaram o trabalho iniciado pelo Mestre, fortalecendo o agrupamento que chegou a reuir emseu seio, nos primeiros anos de sua existência, homens de valia e prestígio como o foram Fransco Melzi, Andrea del Sarto, Juan rozzo, Primaticio e Juan Cousin, entre os pintores; Benvenuto Cellini, German Pitou, Juan goujou, Pedro Bontemps, entre os escultores; Filiberto Delorme, Juan Lescot, entre os arquitetos; Guilhermo Pelicer, Pedro Danés, Jorge Lelve, entre os escritores; Júlio Cesar Escalígero, José Justo Escalígero, Toberto Etienne, Juan Andrés Lascaris, Guilhermo Budee, Miguel Servet, entre os homens da ciência. 

A característica principal do trabalho francomaçônico francês seguia a orientação da Academia de Arquitetura de Mião e consistia em que seus membros não se conformavam com classifar o saber daquirido, mas se dedicavam a observação direta dos fenômenos da natureza e a experimentação, com o fim de poder encontrar as leis pelas quais se rege, seguindo assim o método aceito desde então como método científico. 

Os francomaçons franceses foram os primeiros em precisar a forma de organização e os objetivos ideológicos que deviam reger os agrupamentos da Francomaçonaria Universal e que diferenciava radicalmente dos muitos outros agrupamentos progressistas fundadas por iniciativa ou inspiração do clero para que fizessem oposição tanto aos agrupamentos da Maçonaria Operativa Livre quanto as que seguiam a corrente científica naturalista de então. 

Estes princípios básicos de organização e fins ideológicos foram formulados e aprovados como Constituição da Francomaçonaria Universal, numa Assembléia Geral dos francomaçons franceses que se reuniu em Paris no ano de 1.523, ou seja, quatro anos depois da morte de Leonardo Da Vinci. Esta Constituição da primitiva Francomaçonaria, formulada dois séculos antes da maçonaria inglesa de Anderson, são os Princípios Básicos Cosntitutivos da Francomaçonaria Universal

[1] Sillares – pedras trabalhadas geralmente na forma de paralelepípedo. 

[2] Rosetone – é uma janela de forma circular com vitrais cujo traçado tem a forma radial.


Extraído da Obra do Maçonaria-Origem e Desenvolvimento do Ir.´. Herbert Ore Belsuzarri - Traduzido pelo Ir.´. José Roberto Cardoso - Loja Estrela D´Alva nº 16 - GLMDF

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