O BALANDRAU
E SEU USO EM LOJA
Embora, na opinião de muitos, não seja esta uma discussão tão
importante, é, de fato, uma questão interna de Loja que sempre causa alguns
transtornos nas Sessões Maçônicas, entre aqueles que condenam o uso do
balandrau e aqueles que o defendem. Para alguns Irmãos, o traje maçônico
correto é o terno escuro, de preferência preto ou azul-marinho, especialmente
em sessões magnas, sendo tolerado o uso do balandrau.
Outros sustentam a idéia de que tanto em Sessões Magnas, quanto
Ordinárias, pode-se usar apenas o balandrau.
Discussões à parte, para
mim o mais importante é o Maçom participar da Sessão com todo o seu coração,
imbuído da seriedade que o momento exige. É como diz o ditado “o hábito não faz
o monge”.
Embora alguns autores afirmam que o balandrau não é veste
maçônica, na realidade o seu uso remonta à primeira das associações organizadas
de ofício, a dos Collegia Fabrorum, criada no séc. IV a.C., em Roma.
Quando as legiões romanas saíam para as suas conquistas bélicas,
os collegiati acompanhavam os legionários, para reconstruírem o que fosse
destruído pela ação guerreira, usando, nesses deslocamentos, uma túnica negra;
da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos maçons medievais,
quando viajavam para outras cidades, feudos, ou países, usavam um balandrau
negro. Assim, o balandrau, que é veste talar – deve ir até os talões, ou
calcanhar -, foi uma das primeiras vestes maçônicas.
Teve inicialmente o seu uso ligado às funções do 1° Experto,
durante os trabalhos de Iniciação em que atendia o profano na Câmara de
Reflexões e na cena de S. João. Acreditamos que o nosso clima tropical, a
comodidade que o mesmo oferece ao usuário e especialmente o seu baixo custo
fizeram com que se difundisse entre nós.
Segundo Nicola Aslan, a presença do Balandrau remonta à última
metade do séc. XIX, tendo sido introduzida na Ordem Maçônica pelos Irmãos que
faziam parte, ao mesmo tempo, de irmandades católicas e de Lojas Maçônicas, e
que foram, sem dúvida, o motivo da famigerada Questão Religiosa, nascida no
Brasil por volta de 1872. Rizzardo Da Camino, escreve:
“O Balandrau surgiu no Brasil com o movimento libertário da
Independência, quando os maçons se reuniam sigilosamente, à noite; designando o
local, que em cada noite era diverso, os maçons percorriam seu caminho,
envoltos em balandraus, munidos de capuz, com a finalidade de penetrando na
escuridão permanecerem ‘ocultos’, nas sombras para preservar a identidade”.
Fica aqui, pois esclarecido que o emprego do Balandrau é aceitável
e freqüente, na Maçonaria Brasileira, desde que comprido até os pés, mangas
largas, de cor preta, fechada até o pescoço e sem qualquer insígnia nele
bordada. Mas lembrando sempre: que a consciência do homem está no seu interior
e não na roupa.
O negro significa ausência de cor, empresta as sessões um clima
pesado de luto; igualando a todos, não haverá distinção para analisar qualquer
personalidade; todos emergem em um oceano de neutralidade. Que lições podem
tirar desse costume maçônico? Que a parte externa de nós próprios, em certas
oportunidades mostra-se em trevas ansiando todos por uma luz.
Lendo alguns artigos de autores maçônicos da atualidade,
percebemos que há até entre eles algumas idéias que, se não chegam a se
contradizerem, mostram algumas diferenças de pensamento, principalmente em
relação ao uso do balandrau em Loja.
Este trabalho visa trazer algum esclarecimento sobre o tema aos
meus irmãos da Loja Maçônica Asilo da Virtude, Loja essa que me proporcionou
enxergar a luz maçônica e da qual tanto me orgulho. Tentarei ir por partes e
peço um pouco de paciência, caso venha extrapolar um pouco o tempo, que eu sei
ser de 15 minutos.
BALANDRAU [lat. balandrana; it.
palandrano] é uma Capa em feitio de batina, feita de tecido leve e preto.
Loja Maçônica Obreiros do Irajá
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