CONSIDERAÇÕES SOBRE A ACLAMAÇÃO
“HUZÉ! HUZÉ! HUZÉ!”
Traduzimos e registramos aqui a exposição sobre a matéria, de Jules Boucher, encontrada em seu substancioso compêndio “La Symbolique Maçonique”, às páginas 345 e 346.
Jules Boucher, em seus comentários, cita vários renomados autores. Após cada citação, aduziremos algumas palavras para melhor entendimento de nosso ponto de vista. Passemos a palavra ao mestre:
“Huzza! Huzza! Huzza! tal é a velha aclamação escocesa.
Albert Lantoine fez algumas pesquisas a respeito dessa aclamação e é a ele que recorremos, de início, em nossa argumentação."
Ele diz :
“Eis o que escreve Delaunay às páginas 3 e 5 de seu “Cobridor dos Trinta e Três graus do Escocismo” (1815):“Acrescente-se a trípliceaclamação HUZZÉ, que se deve escrever HUZZA, palavra inglesa que significa VIVE LE ROI! e que substitui o nosso VIVAT”.
Por esta primeira citação, sabe-se que a palavra HUZZA foi tomada do Inglês pelos maçons franceses. Enquanto em Inglês a grafia é HUZZA e a pronúncia ÚZÊ, em Francês a grafia é diferente, é HUZZÉ, mas a pronúncia é idêntica ao Inglês UZÊ, pois como todos sabem o acento agudo em Francês serve para fechar o som da letra E. Continua Jules Boucher:
Vuillaume, no Manual Maçônico (1820), diz:
“Exclama-se três vezes HUZZA! (pronunciar HOUZZAI Este nome nos vem do Inglês; eis aí a diferença entre a grafia e a pronúncia; ele é empregado em sinal de alegria e corresponde ao VIVAT dos Latinos. Os antigos Árabes se serviam da palavra UZZA nas suas aclamações; é também um dos nomes de Deus em sua língua”.
Ainda através de Vuillaume, verifica-se que a pronúncia da aclamação em Francês é UZÉ. Ninguém desconhece que o OU francês corresponde ao nosso U e que o AI no final das palavras soa Ê, como na 1ª pessoa do singular do indicativo presente do verbo AVOIR: J’aurai (jorê ou jorre).
Prossegue Jules Boucher :
“O Dicionário Maçônico de Quantin, aparecido anonimamente em 1825, em Paris, é mais explícito, mas ele não faz senão confirmar a opinião de Delaunay:
“HOUZÉ (huzza) grito de alegria dos Maçons do Rito Escocês. Ele significa VIVA O REI! Assim os Maçons, denunciados como inimigos do trono, manifestam sua alegria pelo grito de VIVA O REI!”
Mais uma confirmação de que a palavra HUZZA é que deve ser pronunciada em Francês: UZÊ, à semelhança do Inglês.
Ainda Jules Boucher:
“Para mim, diz Albert Lantoine, a palavra HUZZA (HOUZÉ) é simplesmente sinônimo de HOURRAH! Há mesmo na língua inglesa o verbo TO HUZZA que quer dizer aclamar. Como a bateria de alegria se fazia sempre em honra a um acontecimento feliz para uma Loja ou para um Irmão, era muito natural que os Maçons Escoceses usassem esta aclamação.”
Em hebreu, OZA significa “força” e é aí, pensamos nós, e não alhures que é preciso procurar a origem da palavra HUZZA; por extensão, esta palavra significa “VIE” tal como a palavra VIVAT.”
Lantonine reafirma o que todos, sem exceção afirmam: grafia em Inglês HUZZA; Pronúncia UZÊ. E a grafia em Francês HUZZÉ, mas sempre pronunciada UZÉ. O Francês alterou a grafia para conservar a pronúncia. Nós no Brasil, por ignorância ou o que seja, alteramos tudo, grafia e pronúncia.
Vejamos como, no Brasil, se tem registrado a aclamação. Otaviano Menezes de Bastos, em sua “Pequena Enciclopédia Maçônica”
“Chama-se também aclamação a uma palavra ou frase especial que se pronuncia em voz alta fazendo determinados sinais e que varia segundo os graus embora nem todos os possuam. As do Rito Escocês são HUZZA! HUZZA! HUZZA!...”
Nenhuma menção faz o mestre brasileiro à grafia e a pronúncia da aclamação em Português. Do que se pode concluir que o autor admite a grafia e a pronuncia HUZZA (UZA).
Nicola Aslan, no seu “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia”, registra assim a aclamação: HUZZÉ. E transcreve do MANUEL MAÇONNIQUE”, de VUILLAUME, o que se segue:
“Exclamam em seguida, por três vezes, HUZZA (pronunciar HUZZÉ)”.
Não percebeu o autor que a palavra HUZZÉ, em Francês pronuncia-se de modo diferente em Português. HUZZÉ, em Francês diz-se UZÊ. HUZZÉ em Português diz-se UZÉ ou O ZÉ.
No Dicionário Maçônico de Joaquim Gervásio de Figueiredo, lê-se:
“HUZE. Grito de aclamação do maçom escocês. HUZZA. Denominação árabe da Acácia, porém com o mesmo significado desta”.
Observamos que a aclamação é exatamente pronunciada na Grande Loja do Ceará, durante quarenta e sete anos. A palavra se apresenta sem qualquer acento. Admissível tal pronúncia.
Já Manuel Gomes, no “Manual do Mestre Maçom”, dando à palavra origem hebraica, registra HUZZÉ! Sem comentários sobre a pronúncia, parece adotar o UZÉ ou O ZÉ.
O “Dicionário Enciclopédico de la Masoneria”, impresso pela Editora Kier S.A., em três volumes, num total de quase três mil folhas, registra apenas o seguinte:
“HUZZA – Nome que davam os antigos árabes à acácia, árvore misteriosa para eles, que a consagraram ao sol, como símbolo da imortalidade, e que sob diversos nomes tem figurado sempre nas antigas iniciações com o mesmo significado emblemático.”
Pelo Dicionário citado, pode-se presumir que os espanhóis não têm problemas ao emitir a aclamação.
Feitos os registros acima, aduzamos mais algumas considerações sobre a pronúncia da aclamação HUZZA, em língua portuguesa.
Tentaremos ser claros, o que não nos será fácil, tendo em vista a impossibilidade de se representar graficamente, com precisão, os sons muito semelhantes da mesma palavra em duas ou mais línguas.
Admitamos que HUZZA nos tenha vindo, realmente, do Árabe. Transmitida aos Ingleses, estes passaram a pronunciá-la HUZZÊ ou HUZZEI, numa adequação compreensível à fonética da língua Inglesa. Dos Ingleses, receberam-na os Franceses, que passaram a redigí-la de duas maneiras de duas maneiras: HUZZÉ ou HUZZAI, grafias diferentes, mas de pronúncia semelhante. O som especial do U em Francês não interessa ao caso em tela. Da primeira representação (HUZZÉ) recebemos nós a aclamação, sem maior exame da grafia ou da prosódia.
Assim, os Ingleses escrevem HUZZA e pronunciam, aproximadamente, “UZÊ”; e os franceses grafam HUZZÉ ou HOUZAI e pronunciam, em qualquer caso, “UZÊ”. No Brasil, na elaboração dos primeiros rituais, transcreveram a forma francesa HUZZÉ, inclusive, sem consideração à fonética, com o acento agudo, o qual, em Francês, fecha o som do E, enquanto o abre, em Português.
Os Franceses puzeram o acento agudo no E para lhe dar um som fechado, semelhante ao A (Ê ou EI) da língua Inglesa. No Brasil, ao contrário, num francesismo fácil de compreender à época, muitos maçons olvidaram a pronúncia e adotaram integralmente a grafia Francesa, inclusive com um acento que tem funções diversas nas duas línguas. Em Francês, como já dissemos, o acento agudo fecha o som do E. Em Português, ao contrário, o acento abre o som do E.
Destarte, se pretendíamos imitar os Franceses, os quais, por sua vez já imitavam os Ingleses, que adotássemos a formula HUZZÊ. O acento circunflexo substituiria o acento agudo do Francês, a fim de que a palavra, em Português, fosse pronunciada da mesma forma: UZÊ. Haveria, pelo menos, uniformidade de pronúncia.
O que parece inaceitável é imitar, servilmente e erroneamente, a grafia francesa e se pronunciar a aclamação como ninguém o faz. Nem franceses nem ingleses nem espanhóis.
Feitas estas considerações, chegamos às seguintes conclusões:
1º - Os Ingleses grafam HUZZA e pronunciam UZÊ ou UZEI;
2º - Os Franceses granfam HUZZÉ ou HOUZAI e pronunciam ambas as grafias: UZÊ;
3º - Em Português escreve-se HUZZÉ e pronuncia-se UZÉ ou escreve-se HUZZE com a pronúncia ÚZE (usada na Gr\ L\ do Ceará durante 47 anos);
4º - Em Português, nenhuma dificuldade prosódica temos para pronunciar a palavra HUZZA (uza);
5º - Se, por fidelidade injustificável à França, quiséssemos adotar a grafia com E ao final, que pelo menos se conservasse a pronúncia francesa, colocando-se um acento circunflexo sobre o E. E, assim, teríamos HUZZÊ.
Por conseguinte, podemos nós :
a) – escrever HUZZA, como universalmente é escrita a aclamação e pronunciá-la UZA.
b) – ou, para conservar uma tradição de quarenta e sete anos, dar-lhe a grafia HUZZE e pronunciá-la ÚZE.
c) – Ou ainda, a fórmula HUZZÊ (UZÊ), assemelhada à maneira de pronunciar do Inglês e do Francês.
Injustificável, inadmissível é estarmos, em nossas reuniões, a gritar UZÉ! UZÉ! UZÉ! ou O ZÉ! O ZÉ! O ZÉ! E isto, por não se encontrar explicação plausível para tal procedimento.
Fortaleza, 5 de outubro de 1977
João Cesar - Grão Mestre da GLMCE
Saudações estimado Ir.'. joão Cesar... Tudo Justo?
ResponderExcluirMeu Ir.'. levei sua pesquisa para ser apresentada em minha Loja (Liberdade e Glória 4033, Rito Escocês, jurisdicionada ao GOEB e federada ao GOB); a repudia foi total mesmo por Maçons jovens e esclarecidos. Gostaria que o Ir.'., se possível, me enviasse material de pesquisa para que eu poça me embasar e apresentar um material mais contundente e que não seja contestado. Desde já agradeço... TFA
SIDNEY JEAN CORREIA TEIXEIRA
CIM: 267466
Meu emai: sidneyjean@ig.com.br e sidneymacom@hotmail.com...
ResponderExcluirMeu Irmão, gostaria de saber se teve exito em sua preposição, pois até hoje, essa duvida ainda paira em nossa lojas, e gostaria muito de receber a biografia do artigo para embasar igual estudo. Marcos Ribeiro/GOEPA email: slproger@gmail.com
Excluir