quinta-feira, 21 de setembro de 2017



ONDE ESTÁ A TORRE DE BABEL?



Por: Cesar Chacon - Revista Hiram Abif - Maio de 2003 - Edição nº 39
Tradução: Pedreiro de Cantaria.

Entre o século XVI e o início do século XX, muitos viajantes ocidentais e exploradores foram para a Mesopotâmia e se esforçaram para localizar o famoso edifício. Alguns propuseram localizá-lo em Afar Quf, a oeste de Bagdá, outros em Borsippa, perto de Babilônia. Somente as escavações arqueológicas permitiriam estabelecer a verdade.

AS PROVAS ARQUEOLÓGICAS

Em 1913, o arqueólogo alemão Robert Koldewey finalmente descobriu a localização da torre. Sua base é um quadrilátero de 91,55 mts. por lado

Seu centro, que é a parte mais antiga, é formado por um núcleo de tijolos crus, cuja altura foi aumentada nos tempos de Nabopolasar e Nabucodonosor e que foi coberta com uma nova camada de tijolos cozidos. As escavações deixaram três escadas, duas laterais e uma central; a última perpendicular à estrutura do edifício.

O TESTEMUNHO DOS TEXTOS ANTIGOS

Essas avaliações foram apoiadas por textos antigos, como a história de Heródoto e, sobretudo, pela tablita (tábua de argila sumeriana) chamada "Esagil", preservada em Paris no Museu do Louvre, copiada em 229 a.C., a partir de um antigo documento antigo que descrevia o estado da torre. De uma altura de aproximadamente 90 metros, o edifício piramidal tinha sete andares, feitos de paredes com protrusões, sem dúvida verticais. O piso superior tinha instalações para adoração, adornadas com tijolos azuis e imitando a cor do céu.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Definida como uma escada entre o céu e a terra, a Torre de Babel aparece no texto de Gênesis, onde é relatado que os homens, reunidos na planície Shinear, após o dilúvio, resolveram levantar uma torre gigantesca. Deus (Yahweh), vendo o que eles estavam tentando fazer, impediu seus planos "confundindo suas línguas" para que os trabalhadores não pudessem se entender. Incapazes de trabalhar juntos, os construtores deixaram a empresa e se dispersaram em diferentes direções. A torre inacabada e a cidade construída ao redor eram chamadas Babel ou Babilônia.

A LENDA DA CONFUSÃO DAS LÍNGUAS

A lenda da confusão das línguas tem origem etimológica. O relator bíblico, que possivelmente escreveu no tempo do cativeiro dos israelitas na Babilônia, interpreta a palavra Babel no sentido de "confusão", neste caso confusão de línguas. Da mesma forma, os gregos, que não entendiam a língua dos estrangeiros e, em primeiro lugar, dos persas, adotaram o costume de designá-los como o nome pejorativo de "bárbaros".

A repetição da sílaba “ba” simboliza a desorganização aparente dos dialetos não gregos, quaisquer que sejam, com respeito a rigorosa organização da língua de Homero.

Ainda hoje, a linguagem abundante e confusa das crianças é chamada de "balbuciar" e, daí, se chamar (quanto se é prolixo) de "blá blá".

Mas a lenda do castigo divino da diversificação das línguas também é parte da nostalgia de uma era de ouro onde todos falaram uma linguagem comum que assegurou a paz e a compreensão. Este sonho é revelado no relato cristão da glossolália e do Pentecostes: São Paulo atribui aos primeiros cristãos a capacidade de se expressar em um idioma diferente do comummente falado sob o efeito de um transe místico, e os Atos dos apóstolos evocam o milagre da vinda do Espírito Santo na forma de línguas de fogo, que dá aos discípulos de Cristo o dom de se expressar em línguas ou dialetos de outra forma desconhecidos para eles.

“QUE O SEU CUME SE ELEVE ATÉ O CÉU”

Mas a lenda da torre se baseia em uma realidade. Havia na Babilônia um edifício de vários andares, chamado ziggurat de acordo com a língua babilônica, de origem desconhecida e restaurada na época de Nabopolasar (625-605 aC), fundador da dinastia Caldéia. Esta construção foi chamada Etmennanki, "a mansão do alto entre o céu e a terra".

Uma inscrição que data da época de Nabopolasar diz: "Marduk (o grande deus da Babilônia) me ordenou que estabelecesse solidamente as bases do Etmenanki até chegar ao submundo e assim fazer com que seu cume chegasse ao céu". Em outra inscrição, desde a época de Nabucodonosor, afirma-se que a decoração do cume foi feita de "tijolos de esmalte azul brilhante, ou seja, adornado com a cor do céu, perfeitamente adaptado para dar a impressão de que o edifício estava perdido no azul infinito.

UM DESTINO FUNESTO

Em Gênesis parece contraditório quando se diz que os construtores tinham más intenções. No entanto, mesmo que tenha sido assim, o relato bíblico também mistura o verdadeiro e o falso. Segundo a lenda, pessoas de diferentes origens, que, portanto, falavam línguas diferentes, trabalhavam na construção do edifício. Em outros lugares, a inscrição de Nabucodonosor afirma: "A todos os povos de muitas nações, forcei-os a trabalhar".

Mas essa diversidade étnica não impediu a conclusão do trabalho. No entanto, de fato, a Torre teve um destino fatítico e insano. Construída com esforço, durante muitos reinados, sobreviveu por pouco tempo. A Babilônia, que caiu em 539 sob o domínio persa, se rebelou em 482. Xerxes, que novamente a colocou sob sua autoridade, aprilcou represálias que causaram sérios danos ao monumento.

Um século e meio depois, em 331, Alexandre o Grande estabeleceu sua capital na Babilônia, e quando viu a torre em ruínas, tentou restaurá-la, mas isso exigiu tanto trabalho, que renunciou ao seu projeto.

A torre serviu então como uma pedreira para os construtores na vizinhança, que a reduziu a um montículo informe. Um edifício foi construído sobre ele, e quando este desabou, cobriu as ruínas da torre original, escondendo-a por muitos séculos.

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