domingo, 24 de setembro de 2017



AS INICIAÇÕES DOS DRUÍDAS

Revista Hiram Abif - Edição 65 - julho de 2005
Tradução: Pedreiro de Cantaria

Desde a minha iniciação tem sido uma constante preocupação estudar as diferentes formas e representações das iniciações da antiguidade e sua relação com a Maçonaria. Em outras ocasiões, mostrei-lhes as iniciações de Eleusis, dos essênios, dos egípcios e de algumas culturas pré-hispânicas no nosso país.

No presente trabalho tenho por objetivo apresentar o que pude recompilar sobre as iniciações dos druidas, pois é importante saber sobre o nascimento e o desenvolvimento deste culto, tanto por causa da influência tão decisiva que tiveram no desenvolvimento civilizatório das hordas selvagens que perambulavam pelo norte da Europa, bem como o caráter iniciático do dito culto, que em suas origens está intimamente relacionado com o Egito e a Grécia e também pela afinidade de seus ritos e mistérios com a maçonaria moderna.

A religião e os mistérios druídicos foram importados para a Europa pelos Kimris ou Cimbres que viveram na Crimeia e que, em 600 aC. invadiram as regiões do norte e do oeste.

Gradualmente, eles se estabeleceram no vasto território que fica entre a Escandinávia e as cadeias montanhosas dos Alpes e dos Pirenéus.

Os chefes destes foram chamados Drotes na Escandinávia e DRUIDAS na Gália, e foram divididos em três classes: os Vates, os Bardes e os Eubages. Os Vates eram os guardiões dos dogmas secretos da religião e da filosofia, e preenchiam os papéis dos sacerdotes e dos juízes; sem eles os sacrifícios não podiam ser feitos aos Deuses, nem a justiça para os homens.

Os bardos eram poetas que compunham hinos e cantaravam nas cerimônias de adoração os atos heróicos da nação e os dos seus grandes homens.

Os Eubages eram os augures ou adivinhos; descobriam o futuro nas entranhas das vítimas sacrificadas, tinham a seu cargo o governo civil e da agricultura, e também organizava os calendários. Os druidas não tinham templos, pois consideravam o Universo como o único templo digno da glória de Deus e da admiração do homem. Na morte do grande sacerdote, eles escolhiam entre eles, pela pluralidade de votos, quem deveria sucedê-lo. Isso está relacionado ao costume que se tem nas Lojas atuais a respeito de quem sucede o Venerável.

Saídos das florestas, faziam suas assembleias no campo aberto; Alí eles ofereceram seus sacrifícios e realizavam suas cerimônias religiosas em torno de uma coluna de pedra ou uma grande árvore, escolhendo de preferência os carvalhos aos quais tinham uma veneração especial; não se apresentavam diante do povo a menos que tivessem algum negócio público que tornasse sua presença indispensável.

Reconheciam, também, outros deuses subalternos dependentes do Supremo Criador; acreditava na imortalidade da alma e na Metempsicose, mas o principal objetivo de seus cultos era a natureza. Como no Egito, eles comunicavam a instrução sagrada através da iniciação a todos aqueles sujeitos que pareciam aptos e dignos de recebê-la.

Para adquirir a soma do conhecimento preparatório exigido aos discípulos, era necessário, pelo menos, 20 anos de estudo profundo e contínuo; sem livros, nenhuma tradição escrita ajudou a sua memória, porque eles não queriam se expor por acaso ou por qualquer situação imprevista a um olhar profano que pudesse penetrar no segredo de seus mistérios. Após testes e exames muito rigorosos, eles concediam a iniciação aos alunos.

Desde o momento em isso acontecia, os neófitos tornavam-se iguais aos seus professores e assim como aqueles foram objeto de uma maior veneração entre as pessoas. As florestas de Dreux foram consideradas como residência e foco principal da iniciação e na Grã-Bretanha eles estabeleceram seu colégio supremo na Ilha de Man, que na época era conhecido pelo nome de Mona.

Embora existam poucas notícias sobre suas cerimônias secretas, é sabido, no entanto, que eles tinham um altar triangular, a espada de Belino (deus de sol de Belém) e um baú místico. Quando os romanos se instalaram na Gallia e na Bretanha, César ficou irritado com os druidas, e Cláudio acabou aniquilando-os com uma perseguição feroz, mas no século IV ainda havia vestígios que testemunhavam sua existência, preservando-se em todo seu vigor na Germania e na Escandinávia, onde todos os que haviam escapado do extermínio geral haviam se refugiado, de modo que, no século XII, ainda viviam lá em um estado florescente

Por essas datas, os encontramos misturados com outros ritos e é por isso que perderam sua antiga pureza. Esses ritos foram importados do Oriente pelos habitantes da tribo de Asi (asiáticos). No último século foi encontrado o EDDA, ​​livro sagrado dos escandinavos, contendo detalhes sobre as iniciações desses povos. Aqui está um trecho do que o irmão Clavel nos contou sobre isso em seu livro "A História Secreta da Maçonaria”:

“O EDDA” principia com um canto que tem por título “Os Presságios de Har”, e que sem dúvida contém uma descrição das cerimônias tradicionais para a recepção do profano. O postulante se chama GILFE, ou seja, lobo iniciado.

Ele é instruído nas ciências dos Asi (asiáticos), que ocultam o maior mistério. Os Asi, eram uma espécie de videntes e viam aparentes prodígios, eles viam um palácio cujo teto subiu até que se perca de vista, está coberto de escudos dourados. À entrada deste palácio, ele encontra um homem que se exercita no ar jogando sete floretes de cada vez.

Se reconhece, em tudo isso, um emblema comum a todas as iniciações: o palácio é o mundo; o teto é o céu; os escudos dourados, as estrelas do firmamento e os sete floretes, os sete planetas que cercam o espaço que forma o sistema ao qual pertencemos (não devemos esquecer que apenas sete corpos celestes eram conhecidos naquele momento) Se pergunta ao candidato qual é o seu nome e ele responde ser chamado Gangler, isto é, aquele que dá uma volta e distribui no caminho os objetos necessários aos homens. Assim, já vemos o candidato representando o Sol.

Este sabe que o palácio em que se encontra pertence ao Rei, título que os antigos mystagogos davam ao chefe do sistema planetário (o sol).

Em seguida descobre três tronos elevados, um em cima do outro. Ele é informado de que o personagem sentado no trono inferior é o rei e se chama HAR (sublime); que o segundo é FAFUHAR (igual ao sublime), e que o mais alto é chamado TREDIE (o número 3). Todos esses personagens são os mesmos que o neófito viu na iniciação eleusiana: o hierofante, o daudoque ou daudoco e o epibamo, que também são os mesmos que são vistos na maçonaria simbólica ou azul: o Venerável (o hierofante), o 1º Vigilante (daudoque) e o segundo Vigilante (epibano) imagens simbólicas o sol, a lua e do Grande Arquiteto do Universo.

Entre as instruções dadas ao neófito, ensina-se que o primeiro ou mais antigo dos deuses é chamado ALFADER (Pai de todos, é o Tentat dos Gauleses). Dizem que este deus tem doze nomes, que se refere aos doze atributos do sol e aos doze grandes deuses dos egípcios e romanos. Completa suas instruções, com a exposição da Teogonia e a Cosmogonia dos escandinavos.

No número de deuses desta mitologia, particularmente Balde o Bom, que morreu aos golpes do espírito maligno. É plausível que este mito funerário tenha sido posto em prática no cerimonial da iniciação escandinava, de acordo com o uso invariável de todos os mistérios antigos e modernos.

Uma circunstância que não deve ser esquecida, é que na EDDA é uma alegoria que tem uma relação especial com a lenda maçônica. Lê com efeito, no canto 21: GANGGLER a pergunta: de onde vem o cavalo SLEIPNER do qual você me fala? HAR responde: um dia um certo arquiteto, ofereceu-se aos deuses, edificar-lhes, no espaço de duas estações, uma cidade muito bem fortificada, de modo que sem medo ele estaria perfeitamente protegido de incursões de qualquer tipo de gigantes, mesmo que tivessem chegado a penetrar no recinto de MIDGAR (a morada do centro).

Mas, em recompensa, o arquiteto pediu a deusa FREYA (a Vênus escandinava, a natureza) e mais o sol e a lua. Depois de uma longa deliberação, os deuses concordaram com ele na condição de que todo o trabalho fosse concluído, sem a ajuda de qualquer pessoa, no espaço de um único inverno, e que se, durante o primeiro dia do verão, restasse algo a ser feito, ele perderia sua recompensa. Ao ouvir isso, o arquiteto pediu permissão para usar seu cavalo, e os deuses, com a proposta de LOKE (o princípio do mal), concordaram com sua demanda.

Este trato foi confirmado por muitos juramentos e deposições de muitas testemunhas, pois sem essa precaução, um gigante nunca poderia ter acreditar estar seguro entre os deuses, especialmente se THOR estivesse de volta das jornadas que ele havia realizado para o leste para derrotar os gigantes . Desde o primeiro dia, o trabalhador fez seu cavalo conduzir durante a noite, pedras de extraordinária magnitude e peso, e os deuses viram com surpresa que este animal trabalhava muito mais do que seu mestre.

No entanto, o inverno estava se aproximando e, como o arquiteto estava perto de terminar seu trabalho, a construção daquela cidade tocava também a sua perfeição e, finalmente, quando faltavam apenas três dias, o trabalho foi concluído, com exceção das portas que ainda não tinham sido colocadas.

Os deuses se encontraram no conselho e se perguntaram quem deles poderia propor que FREYA se casasse na terra dos gigantes e deixasse o céu e os espaços na Escuridão, permitindo que fossem levados ao sol e à lua , todos concordaram que LOKE era o autor de tão mau conselho e que era necessário fazê-lo sofrer uma morte cruel, encontrar alguns meios que frustrariam a recompensa prometida ao trabalhador. No momento, eles tomaram LOKE, e ele ficou assustado, e ele prometeu fazer o que quisesse, seja lá o que custasse.

Na mesma noite, o arquiteto, como de costume, levava pedra em seu cavalo; quando de repente um burro saiu da floresta chamando o cavalo com suas tranças. Nem bem tivessem acabado de perceber o cavalo, ele entrou em fúria, quebrou os freios e correu atrás do burro; o obreiro quis correr atrás do seu cavalo e não tendo conseguido encontra-lo durante toda a noite, a obra foi adiada até o dia seguinte.

Convencido, no entanto, o arquiteto de que não havia outro meio de completar a tarefa, ele tomou sua forma natural e, vendo claramente os deuses que eram, de fato, um gigante com quem eles fizeram o acordo, ignoraram seus juramentos e chamou o deus THOR, que veio imediatamente e pagou ao trabalhador seu salário, golpeando-o com o maço na cabeça, deixando-o em pedaços e depois o mergulhou em NIFTHEIM (inferno). Um pouco depois, LOKE voltou, dizendo que o cavalo do arquiteto produziu uma galinha que tinha 8 pernas.

No canto 12, se lé, ainda, que Balder possuía um palácio, onde colunas foram encontradas em que os RUNES (sinais característicos da escrita escandinava) foram gravados para evocar os mortos. Além disso, essa alegoria não é peculiar à mitologia de Odin, pois nela se encontram muuitos traços das fábulas do paganismo ".

Até aqui, o resumo feito por Clavel, mas como comentário a margem é necessário observar com respeito ao descrito acima, como quando na passagem que o burro chama com suas tranças o cavalo, a alusão é feita a chegada da primavera; e nas 8 pernas do frango, o número de sucessões das gerações.

É necessário esclarecer que as DRUIDESAS eram sacerdotisas druidas, uma espécie de magas que pertenciam a Ordem deles, mas sem suas próprias prerrogativas e divididas em três classes: as sibilas ou magas, que davam os oráculos e anunciavam o futuro. Elas deviam permanecer virgens e ter o mais escrupuloso cuidado no exercício de suas funções sacerdotais, pois o menor descumprimento era severamente punido. Muitos viveram nas selvas e em lugares remotos onde exerciam seu ministério, tendo um predomínio misterioso sobre os povos que cuidavam de sua subsistência, deixando comida para elas no lugar que designavam com toda antecipação.

As do segundo grupo podiam se casar, mas quase não tinham tempo desocupado já que a maior parte do dia e às vezes da noite, elas o ocuparam nos recintos sagrados, no serviço ao culto. Os últimos eram aqueles que desempenhavam as funções mecânicas nos Colégios Sagrados.

Após a destruição das Galias e dos Colégios Druídicos por Julio Cesar, as iniciações antigas acabarram. Sobreveio um longo sono secular. A maçonaria filosófica que não existia de fato ou de nome, foi concebida e registrada em três rituais em 1646 por Elias Ashmole, que foi quem encontnrou as bases destas antiguas iniciaiações e nelas se baseou para elaborar as liturgias dos três graus azuis, que com muito poucas variações chegaram até nossos dias nossos dias.

Em geral, é a informação coletei sobre os Druidas, no entanto, ao analisar esta informação, podemos conhecer alguma coisa sobre as origens dos nossos rituais e iniciações, para os meus IIr.´. Mestres não lhes deve deixar passar a similitude de alegorias e para meus IIr.´. Aprendizes se com esta obra lhes desperto a curiosidade pelas iniciações antigas e sua similitude com a Maçonaria Moderna, então, este trabalho cumpriu sua missão. 

Blog PEDRA BRUTA – ARLS Plutarco – Elias Calles nº 94 – GLM do Valle do México e das listas maçônicas na Web.

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