O INCENSO E A ARTE DE DEFUMAÇÃO
Ninguém sabe quando a humanidade começou a usar as plantas aromáticas. Estamos razoavelmente seguros de que os sentidos do homem antigo eram bem mais aguçados, e o sentido do olfafo foi crucial para sua sobrevivência. Há evidência do período Neolítico de que ervas aromáticas eram usadas em culinária e medicina, e que ervas e flores eram enterradas com os mortos. A fumaça ou fumigação foram provavelmente um dos usos mais antigos das plantas, como parte de oferendas rituais aos deuses. Era provavelmente notado que a fumaça de várias plantas aromáticas tinha, entre outros, efeitos alucinógenos, estimulantes e calmantes. Gradualmente, um conjunto de conhecimentos sobre as plantas foi acumulado e passado a centenas de gerações de xamãs.
Os seres humanos tem uma ligação muito forte com as plantas. As plantas aromáticas tem sido honradas de um modo especial desde os tempos antigos. Eram utilizadas em rituais religiosos e mágicos, assim como nas artes curativas. Estas três práticas eram fundamentais para a existência humana (ainda hoje continuam sendo).
As grandes civilizações desaparecidas do Oriente Médio e do Mediterrâneo glorificavam os aromas, que faziam parte de suas vidas. Creio que conhecer um pouco da história dos aromas e da defumação mágica, é uma introdução adequada para sua prática.
DESCENDENTES DE ATLÂNTIDA
Há 4.000 anos, existia uma rota de comércio onde se cruzavam as culturas mais antigas do Mediterrâneo e da África. Através dela, acontecia o comércio e troca de diferentes mercadorias como por exemplo: ouro, olibano, temperos e especiarias em geral; consequentemente, trocavam conhecimentos de suas diferentes culturas. E foi bem no meio desta rota que nasceu a maior civilização desta época: “O Egito”.
A antiga civilização do Egito era devotada em direcionar os serviços em direção ao Divino. O uso das fragrâncias era muito restrito. Inicialmente, sacerdotes eram as únicas pessoas que tinham acesso a estas preciosas substâncias. As fragrâncias dos óleos eram usadas em perfumes, na medicina e para uso estético, e ainda, para a consagração nos rituais. Eram queimados como incenso. Sobre as paredes das tumbas dos templos antigos perdidos no deserto, há um símbolo que aparece com frequência que parece uma fumaça que sai dele mesmo. Isto confirma que no Egito se utilizava o incenso desde tempos antigos. Quando o Egito se fez um país forte, seus governantes importaram de terras distantes incenso, sândalo, mirra e canela. Esses tesouros aromáticos eram exigidos como tributo aos povos conquistados e se trocavam inclusive por ouro. Os faraós se orgulhavam em oferecer às deusas e aos deuses enormes quantidades de madeiras aromáticas e perfumes de plantas, queimando milhares de caixas desses materiais preciosos. Muitos chegaram a gravar em pedras semelhantes façanhas.
Os materiais das plantas aromáticas eram entregues como tributos ao estado, e doados a templos especiais, onde se conservavam sobre altares como oferendas aos deuses e deusas. Todas as manhãs as estátuas eram untadas pelos sacerdotes como óleos aromáticos. Se queimava muito incenso nas cerimônias do templo, durante a coroação dos faraós e rituais religiosos. Se queimavam em enterros para extrair do corpo mumificado os espíritos negativos.
Sem dúvida o incenso egípcio mais famoso foi o Kyphi. O Kyphi se queimava durante as cerimônias religiosas para dormir, aliviar ansiedade e iluminar os sonhos.
OS SUMÉRIOS E OS BABILÔNIOS
É difícil separar as práticas destas culturas distintas já que os Sumérios tiveram uma grande influência dos babilônios, e transcreveram muita da literatura dos seus antepassados para o idioma sumério. Sem engano sabemos que ambos os povos usavam o incenso. Os Sumérios continuaram um ritual queimando esse suave aroma nos altares de Isthar.
Tudo indica que o junípero foi o incenso mais utilizado, eram usadas outras plantas também. Madeira de cedro, pinho, cipreste, mirto, cálamo e outras, eram oferecidas às divindades. O incenso de mirra, que não se conhecia na época dos Sumérios foi utilizado posteriormente pelos babilônios. Heródoto assegura que na Babilônia queimaram uma tonelada de incenso. Daquela época nos tem chegado numerosos rituais mágicos. O Baru era um sacerdote babilônio esperto na arte da adivinhação. Acendia-se incenso de madeira de cedro e acreditava-se que a direção que a fumaça levantava determinaria o futuro, se a fumaça movia-se para a direita o êxito era a resposta, se movia-se para a esquerda a resposta era o fracasso.
OS GREGOS E ROMANOS
Estes povos acreditavam que as plantas aromáticas procediam dos deuses e deusas. O povo chegou a consumir tantos materiais aromáticos para perfumar-se que no ano de 565 foi decretada uma lei que proibia utilizar essencias aromáticas pelas pessoas com temor de não ter suficiente incenso para queimar nos altares das divindades.
NATIVOS AMERICANOS
Os nativos americanos vivem em harmonia com a terra, reverenciam-na como geradora de vida. Os nativos americanos desde muito tempo tem conhecido o valor e poder de cura das plantas, usadas em tendas de suor, cança do tambor, etc. Queima-se sálvia, cedro e resinas para limpeza de objetos de poder. É usada para a saúde e o bem estar de sua tribo.
INCENSO NO TEMPLO
Desde épocas mais antigas, as substâncias aromáticas naturais de plantas tem um papel vital na vida diária dos povos. Estas ligações vitais entre povos e plantas perderam-se, e muitos de nós perdemos o toque com a terra e com nosso próprio estado de saúde.
De acordo com o Zohar, oferecer incenso é a parte mais preciosa do serviço do templo para os olhos do grande deus. Ter a honra de conduzir este serviço, é permitido somente uma única vez na vida. Diz-se que quem teve o privilégio de oferecer o incenso está recompensado pela sorte com riqueza e prosperidade para sempre, neste mundo e no seguinte.
A FUMAÇA AROMÁTICA
A queima de incensos desperta em nosso ser um sentido de beleza e de estar em um lugar limpo, calmo e protegido, aonde cheiros e aromas elevam nosso espírito. Hoje percebo um aumento do interesse pelos incensos naturais como antigamente, e isso se deve ao fato que queremos que em nossa casa seja um lugar mais aconchegante, convidativo e mais agradável. Infelizmente incensos comerciais raramente contém resinas ou óleos essencias e não feitos com essências sintéticas e derivados de petróleo que na verdade não traz benefício algum.
Quando queimamos incensos naturais nossos pensamentos ficam claros e de alguma maneira estamos agradecendo a mãe terra pelo ar fresco e ajudando a clarear o pensamento individual e planetário.
Uma história maravilhosa dos três reis magos que presenteraram com olíbano e mirra o Mestre Jesus quando ele nasceu. Essas resinas aromáticas são presentes mágicos, são incensos de alta importância e fragrância. Em várias igrejas católicas, misturas de incensos contendo resinas de olíbano e mirra são calmamente queimados durante os rituais.
Uma resina é derivada da seiva da planta e de árvores. Várias pessoas associam incensos com rituais religiosos ou com a espiritualidade. Realmente várias religiões usam fumaça aromática em seus rituais, em suas cerimônias. A fumaça que sai do incenso é usada para santificar, purificar ou abençoar, e acreditamos que a fumaça é o mensageiro para o reino dos céus. Nossos ancestrais faziam uso de incensos em suas casas porque pensavam que podiam protegê-los das pragas e doenças. Essa teoria possui alguma verdade, incensos feito de ervas, incluindo tomilho e capim limão há muito tempo são usados por suas propreidades antisépticas e curativas. Estas e outras ervas eram queimadas em quartos de doentes em hospitais antes da descoberta dos antibióticos. Quando queimamos incensos naturais, moléculas de óleos essenciais são soltos no ar. Aqui eles acham seu próprio caminho, seu sistema olfativo e encontra os poros em sua pele, em seu cérebro onde seus efeitos químicos interage, para que posam mudar seu ânimo, e evocar memórias e lembranças. Essa fumaça aromática pode relaxar, estimular, aumentar nossa energia nos levando para o momento de paz e amor.
O incenso vem sendo sabiamente usado há séculos pela humanidade. Encontramos seu uso em todo mundo e cada cultura tem seus próprios incensos. Como já vimos no antigo Egito resinas gomas e madeiras aromáticas eram usadas em templos para cerimônias religiosas. Eram também usados pelos Faraós para neutralizar odores, afugentar maus espíritos e agradecer a presença dos deuses. Os babilônios usavam incensos para fazer orações aos oráculos divinos. Espalhou-se até a Grécia aonde os gregos queimavam o incenso como obrigação e para proteção. Em Roma queimava-se nas ruas e em especial na adoração do imperador, e na Índia os hindus usam no templo, fazendo oferendas domésticas em seus festivais. Na América o incenso é muito reverenciado pelos índios nativos. Eles usam sálvia branca, cedro, pinho, em seus rituais de limpeza e adoração. Na América do Sul resinas aromáticas de copal são ofericidas ainda hoje pelos descendentes Maias e Astecas para suas divindandes anscestrais.
A conexão entre o incenso, religião e medicina e as práticas xamanicas são obvias e seria impossível separá-las, pois uma segue a outra.
A arte de queimar incenso já e um costume popular no Brasil e no mundo. É para aqueles que procuram reflexão e a quietude da mente. Esta arte maravilhosa não cria somente um sentimento de tranquilidade e uma vida mais agradável, mas abre também uma consciência do tempo e do espírito. Os que praticam esta arte agora usam incensos naturais para equilibrar e limpar sua casa, seus quartos e também seus escritorios para comemorar uma data especial, relaxar o corpo e acalmar a mente, depois de um dia de trabalho e antes de dormir.
Autorida desconhecida
José Roberto Cardoso
Loja Estrela D´Alva nº 16 - GLMDF
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