sábado, 9 de março de 2013


O INCENSO E A DEFUMAÇÃO


Ninguém sabe quando a humanidade começou a usar as plantas aromáticas. Estamos razoavelmente seguros de que os sentidos do homem antigo eram bem mais aguçados, e o sentido do olfato foi crucial para sua sobrevivência. Há evidências do período Neolítico de que ervas aromáticas eram usadas em culinária e medicina, e que ervas e flores eram enterradas com os mortos. A fumaça ou fumigação foram provavelmente um dos usos mais antigos das plantas, como parte de oferendas rituais aos deuses. Era provavelmente notado que a fumaça de várias plantas aromáticas tinha, entre outros, efeitos alucinógenos, estimulanes e calmantes. Gradualmente um conjunto de conhecimentos sobre as plantas foi acumulado e passado a centenas de gerações de xamãs. 

Os seres humanos tem uma ligação muito forte com as plantas. As plantas aromáticas têm sido honradas de um modo especial desde os tempos antigos. Eram utilizadas em rituais religiosos e mágicos, assim como nas artes curativas. Essas três práticas eram fundamentais para a existênica humana (ainda hoje continuam sendo). 

As grandes civilizações desaparecidas do Oriente Médio e do Mediterrâneo glorificavam os aromas, que faziam parte de suas vidas. Creio que conhecer um pouco da história dos aromas e da defumação mágica, é uma introdução adequada para sua prática. 

Há 4.000 anos, existia uma rota de comércio onde se cruzavam as culturas mais antigas do Mediterrâneo e da África. Através dela acontecia o comércio e troca de diferentes mercadorias como por exemplo: ouro, olibano, temperos e especiarias em geral; consequentemente, trocavam conhecimentos de suas diferentes culturas. E foi bem no meio desta rota que nasceu a maior civilização desta época: “O Egito”. 

A antiga civilização do Egito era devotada em direcionar os sentidos em direção ao divino. O uso das fragrâncias era muito restrito. Inicialmente, sacerdotes eram as únicas pessoas que tinham acesso a estas preciosas substâncias. As fragrâncias dos óleos eram usadas em perfumes, na medicina e para uso estético, e ainda, para a consagração nos rituais. Eram queimados como incenso. Sobre as paredes das tumbas dos templos antigos perdidos no deserto, há um símbolo que aparece com frequência que parece uma fumaça que sai dele mesmo. Isto confirma que no Egito, se utilizava o incenso desde tempos antigos. Quando o Egito se fez umpaís forte, seus governantes importaram de terras distantes incenso, sândalo, mirra e canela. Esses tesouros aromáticos eram exigidos como tributo aos povos conquistados e se trocavam inclusive por outro. Os faraós se orgulahvam em oferecer às deusas e aos deuses enormes quantidades de materiais preciosos. Muitos chegaram a gravar em pedras emelhantes façanhas. 

Os materiais das plantas aromáticas eram entregues como tributos ao estado, e doados a templos especiais, onde se conservavam sobre altares como oferendas aos deuses e deusas. Todas as manhãs as estátuas eram untadas pelos sacerdotes com óleos aromáticos. Queimava-se muito incenso nas cerimônias do templo, durante a coroação dos faraós e rituais religiosos. Queimavam-se em enterros para extrair do corpo mumificado os espíritos negativos. 

Sem dúvida o incenso egípcio mais famoso foi o Kyphi. O kyphi se queimava durante as cerimônias religiosas para dormir, aliviar ansiedade eiluminar os sonhos. 

É dificil separar as práticas destas culturs distintas já que os sumérios tiveram uma grande influência dos babilônios e transcreveram muita da literatura dos seus antepassados para o idioma sumério. Sem engano sabemos que ambos os povos usavam o incenso. Os Sumérios ofereciam bagas de junípero como incenso à deusa Inanna. Mais tarde os babilônios continuaram queimando nos rituais esse suave aroma nos altares de Ishtar. 

Tudo indica que o junípero foi o incenso mais utilizado. Eram usadas outras plantas também. Mandeira de cedro, pinho, cipreste, minto, cálamo e outras, eram oferecidas às divindades. O incenso de mirra, que não se conhecia na época dos sumérios foi utilizado posteriormente pelos babilônios. Heródoto assegura que na Babilônia queimaram uma tonelada de incenso. Daquela época nos tem chegado numerosos rituais mágicos. O Baru era um sacerdote babilônio esperto na arte da adivinhação. Acendia-se incenso de madeira de cedro e acreditava-se que a direção que a fumaça levantava determinaria o futuro, se a fumaça movia-se para a direita o êxito era a resposta, se se movia para a esquerda a resposta era o fracasso. 

Os gregos e romanos acreditavam que as plantas aromáticas precediam dos deuses e deusas. O povo chegou a consumir tantos materiais aromáticos para perfumar-se que no ano de 565 foi decretada uma lei que proibia utilizar essências aromáticas pelas pessoas com temor de não ter suficiente incenso para queimar nos altares das divindades. 

Os nativos americanos vivem em harmonia com a terra, reverenciam-na como geradora da vida. Eles, desde muito tempo, tem conhecido o valor e poder de cura das plantas de poder, usadas em tendas de suor, dança do tambor, etc. Queima-se sálvia, cedro e resina para limpeza de objetos de poder. É usada para a saúde e o bem estar de sua tribo. 

Desde épocas mais antigas, as substâncias aromáticas naturais de plantas tem um papel vital na vida diária dos povos. Estas ligações vitais entre povos e plantas perderam-se, e muitos de nós perdemos o toque com a terra e com nosso próprio estado de saúde. 

De acordo com o Zohar, oferecer incenso é a parte a mais preciosa do servido do templo para os olhos do grande deus. Ter a honra de conduzir este serviço é permitido somente uma única vez na vida. Diz-se que quem teve o privilégio de oferecer o incenso está recompensado pela sorte com riqueza e prosperidade para sempre, neste mundo e no seguinte. 

A queima de incensos desperta em nosso ser um sentido de beleza e de estar em um lugar limpo e calmo e protegido, aonde cheiros e aromas elevam nosso espírito. Hoje percebo um aumento do interesse pelos incensos naturais como antigamente, e isso se deve ao fato de desejarmos ser nossa casa um lugar mais aconchegante, convidativo e mais agradável. Infelizmente incensos comerciais raramente contêm resinas ou óleos essenciais e são feitos com essências sintéticas e derivados de petróleo que na verdade não traz benefício algum. 

Quando queimamos incensos naturais nossos pensamentos ficam claros e de alguma maneira estamos agradecendo a mãe terra pelo ar fresco e ajudando a clarear o pensamento individual e planetário. 

Uma história maravilhosa dos três reis magos que presentearam com olíbano e mirra o Mestre Jesus quando ele nasceu. Essas resinas aromáticas são presentes mágicos, são incensos de alta importância e fragrância. Em várias igrejas católicas, misturas de incensos contendo resinas de Olibano e mirra são calmamente queimadas durante os rituais. 

Uma resina é derivada da seiva da planta e de árvores. Várias pessoas associam incensos com rituais religiosos ou espiritualidade, realmente várias religiões usam fumaça aromática em seus rituais, em suas cerimônias. A fumaça que sai do incenso é usada para santificar, purificar ou abençoar, e acreditamos que a fumaça é a mensageira para o reino dos céus. Nossos ancestrais faziam uso de incensos em suas casas porque pensavam que podiam protegê-los das pragas e doenças. Essa teoria possui alguma verdade, incensos feitos de ervas, incluindo tomilho e capim limão há muito tempo são usados por suas propriedades antissépticas e curativas. Estas e outras ervas eram queimadas em quartos de doentes em hospitais antes da descoberta dos antibióticos. Quando queimamos incensos naturais, moléculas de óleos essenciais são soltas no ar. Aqui eles acham seu próprio caminho, o sistema olfativo, os poros da pele, o cérebro, onde seus efeitos químicos interagem para que possam mudar o ânimo, evocar memórias e lembranças. Essa fumaça aromática pode relaxar, estimular, aumentar nossa energia nos levando para o momento de paz e amor. 

O incenso vem sendo sabiamente usado há séculos pela humanidade. Encontramos seu uso em todo mundo e em cada cultura tem seus próprios incensos. Como já vimos no antigo Egito resinas, gomas, e madeiras aromáticas eram usadas em templos para cerimônias religiosas. Eram também usadas pelos Faraós para neutralizar odores, afugentar maus espíritos e agradecer a presença dos deuses. Os babilônios usavam incensos para fazer orações aos oráculos divinos. Espalhou-se até a Grécia aonde os gregos queimavam o incenso como obrigação e para proteção, em Roma queimava-se nas ruas e em especial na adoração do imperador, e na Índia aonde os hindus usavam no templo e oferendas domésticas em seus festivais. Na América o incenso é muito reverenciado pelos índios nativos. Eles usam sálvia branca, cedro, pinho em seus rituais de limpeza e adoração. Na América do Sul, resinas aromáticas de copal são oferecidas ainda hoje pelos descendentes Maias e Astecas para suas divindades ancestrais. 

A conexão entre o incenso, religião e medicina e as práticas xamânicas são óbvias e seia impossível separá-las, pois uma segue a outra. 

A arte de queimar incenso já é um costume popular no Brasil e no mundo. É para aqueles que procuram a reflexão e a quietude da mente. Esta arte maravilhosa não cria somente um sentimento de tranquilidade e uma vida mais agradável, mas abre também uma consciência do tempo espiritual. Os que praticam esta arte agora usam incensos naturais para equilibrar e limpar sua casa, seus quartos e também seus escritórios, para comemorar uma data especial, relaxar o corpo e acalmar a mente, depois de um dia de trabalho e antes de dormir. 

Lista dos ingredientes naturais comums e seus atributos emocionais populares. Use a tabela a seguir como guia geral para criar ou usar seus incensos específicos de sua preferência: 

Limpeza – Olibano, elemi, copal, cravo da índia, junipero, louro cedro, lavanda, alecrim, sálvai branca, sangue de dragão, sweetgrass. 
Coragem – Elemi, sangue de dragão, bálsamo do peru, olibano, palusanto, louro, lavanda, cedro, pinho, junípero, sálvia branca, tomilho. 
Criatividade – Anis estrelado, copal, cravo da índia, mastic, elemi, breuzinho, olibano, capim limão, junípero. 
Relaxar – Lavanda, sândalo, vetiver, sandarac, nardo. 
Meditação e oração – Sândalo, mirra, olibano, mastic, copal, nardo, ladano, sangue de dragão, damar, aloes madeira. 
Sono – Sândalo, nardo, gagano, mirra, salvia branca, lavanda. 
Sonhos – Aloés madeira, mastic, louro, lavanda. 
Amor – Sândalos, aloés copal, bejoin, mirra, vetiver, cássia, nardo, rosa, patchuli. 


(Autoria desconhecida)

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