A ACÁCIA E O MESTRADO
(Parte I)
Autor: Raymundo Della Júnior
Do livro: Maçonaria – 30 Instruções de Mestre Maçom – Editora Madras
Nesta transcrição, sem qualquer finalidade lucrativa, iremos transcrever apenas a parte I do livro acima referido, vez que não diz respeito aos segredos do grau.
Aqueles que se interessarem pela obra, procurem nas melhores livrarias e a encontrarão com as 30 instruções já referidas.
“A palavra Acácia em hebraico antigo é grafada no singular como Shittah, sendo seu plural Shittin”.
“Além disso, o termo Acácia deriva do grego Ake significando ponta; porém, essa expressão é mais apropriada a um instrumento de metal, como por exemplo, a ponta de uma lança”.
“Contudo, no texto original grego do Novo Testamento, o termo usado é Akanqwn - Akanthon, traduzida para o português como Acácia, e em complemento, como Acanto que também pode significar: espinho – espinhoso – etc”.
“Ademais, essa palavra grega aparece em várias passagens da Bíblia mencionando a coroa de espinhos, e também a Árvore Shittah”.
“Além disso, o grego Akakia é também usado como Moral = Inocência – Pureza de vida – Ingenuidade – e Simplicidade; e há variáveis desse termo: Akakia – Kassia – Kasia – Akantha”.
“ Todas as religiões Místicas da Antiguidade contavam com uma árvore simbólica para sua veneração, tais como: lótus no Egito – mirto na Grécia – e carvalho em Celta”.
“A Acácia é uma árvore ou planta da família das Leguminosas – Mimosas – Acácia Dialbata, um arbusto de madeira dura, espinhosa, pontas penetrantes, folhas leves e elegantes, de região tropical ou subtropical, e flores miúdas brancas ou amarelas, perfumadas e agrupadas, e muito utilizadas como adorno; até porque essa flor imita o Disco do Sol – ou solar”.
“Enquanto há dentre suas espécies as que produzem goma-arábica, outras fornecem caucho – guaxe (fruta comestível) – tanino – e madeiras de grande valor”.
“Para os antigos a Acácia representava um Emblema Solar, como as folhas de lótus e de heliotrópio, pois, como já foi dito, suas folhas acompanham a Evolução do sol, e param esse movimento ao descer no ocaso; por isso, essa flor imita o Disco radioso do Sol, por meio de sua plumagem”.
“A Acácia tem aproximadamente 400 (quatrocentas) variedades, e existe em quase todo o Mundo nos Cinco Continentes, como nos: Estados Unidos – Índia – Egito – Israel – China – Austrália – etc; sendo assim universal”.
“No Brasil há cerca de 300 (trezentas) espécies de Acácia; e somente em região próxima à Monte Negro – Rio Grande do Sul há a Acácia Negra, que de sua casca é extraído o melhor tanino, sendo então a mais promissora riqueza dessa região”
“Essa extração é comparada somente a uma espécie existente na África; entretanto, a Acácia Oriental, produtora da goma-arábica, não vinga nesse Continente”.
“Caso haja interesse em subsídios para estudo mais aprofundados sobre a Acácia, em Israel há enorme variedade dessa árvore; assim, em Jerusalém, Belém, Jericó e todo país, em kibutz, parques e jardins, além de oásis entre desertos e montanhas, existe uma infinidade de Acácias”.
“No Vale do Jordão junto ao Mar da Galiléia, há resquícios de matas naturais onde, é provável, a Acácia foi uma árvore nativa, mas na atualidade, é difícil encontrar exemplares que indiquem ter essas árvores idade avançada, e muito menos parecerem centenárias”.
“Comparado às oliveiras do Sinai e Jericó, por mais antiga que seja a árvore perde o interesse científico, e há no trajeto entre Jerusalém e a Galiléia centenas de velhas oliveiras ainda frutificando, com troncos retorcidos, única sombra que as ovelhas usufruem nesses locais áridos”.
“Nos dias bíblicos no Vale do Jordão, havia um bosque que abrigava feras descrito nos Livros de Jeremias (12:15; 19; 49; 50:44) e II Reis (6:2), quando Jeremias com Eliseu foi ao bosque cortar madeira para construção de uma casa; mas atualmente não existe mais mata densa, apenas algumas Tamareiras, Acácias e outras espécies, não caracterizando esse bosque como mata”.
“No Egito e Acácia tem como peculiaridade possuir espinhos duros, por isso certos autores maçônicos especulam que a coroa de espinhos colocada na cabeça de Jesus era desse tipo de Acácia, como consta na Recueil Précieux de La Maçonarie Adonhiramita, de 1787; tanto que o estudioso maçônico O. Almeida diz que essa “Coroa de Acácia espinhosa em Jesus” é um Símbolo de Sabedoria; e, para os antigos egípcios, a Acácia era sua única Planta Sagrada”.
“Então cabe a pergunta: Como interpretar os soldados romanos ter coroado Jesus com espinhos?; Pode-se depreender ser crueldade com sentido somente pejorativo, ou será que, caso conhecessem a simbologia do Ramo de Acácia, procede indagar se: alguém induziu os soldados a usar este tipo de coroa”?
“Os árabes adoravam a Acácia que chamavam Al-uzza, contudo, Maomé baniu esse mito por considera-la um ídolo; tanto que a aclamação do REAA (Huzzé) pode ter raízes nesse vocábulo; mas, era venerada pelas tribos de Ghaftanm, Koreisch e Kemanah a chamando de “Pinheiro-do-Egito”.
“Ainda, na antiga Numídia os árabes denominavam a Acácia de Houza, que também se acredita poder ser a origem da mesma aclamação do REAA (Huzze); e também é chamada de Hoshea, palavra sagada usada num dos Graus Elevados do Filosofismo, mais precisamente no Capítulo do mesmo REAA”.
“A literatura hebraica evoca muitas vezes a Acácia, entretanto, se na Antiguidade Moisés recomendou que na construção dos elementos sacros: Tabernáculo – Arca da Aliança – Mesa dos Pães da Propiciação – e demais Adornos Sagrados utilizassem a madeira de Acácia, principalmente por suas características de muita resistência a putrefação”.
“Contudo, não significa que o uso proviesse desde aquela época, pois, nos Mistérios Egípcios, sua utilização já era conhecida, e, por Moisés ter estado no cativeiro, deve ter adotado dos egípcios o uso da Acácia Sagrada; assim, a relação entre os israelitas e a Acácia teve início por Moisés”.
“Como foi dito, nas Sagradas Escrituras o termo Acácia aparece como Shittah e Shittuin, traduzido por Setim; contudo, apesar de todo o exposto, até poderia ser que a árvore Setim referida na construção do Grande Templo de Salomão não fosse a Acácia dessa época moderna”.
“O responsável pela ornamentação do Templo de Salomão solicitou esculpirem grandes querubins (anjos) para separa o Santo-dos-Santos do restante; e mais, que ainda esculpissem os demais ornamentos, tudo em madeira de Acácia, para depois recobrirem com laminado de outro”.
“Os povos antigos costumavam simbolizar a Virtude, e outros atributos da alma, adotando árvores e/ou plantas; e mais, extremavam respeito pela Acácia, até considerando-a um Emblema ou Símbolo Solar, porque, como também já foi dito, suas folhas se abrem com a Luz do Sol no amanhecer e se fecham no ocaso, sendo que a flor imita o Disco do Sol”.
“Então, tanto egípcios quanto árabes consideravam a Acácia sua Árvore Sagrada, e a consagrando ao Deus do Dia, e ambos a usaram em seus sacrifícios oferecidos à Divindade”.
“A Acácia é ainda dedicada a Hermes – ou Mercúrio, e seus ramos floridos relembram o célebre Ramo Dourado dos Antigos Mistérios; trata-se efetivamente da Acácia Mimosa, cujas flores se parecem com pequenas bolotas de ouro”.
“A Acácia é a árvore da Fábula de Osíris, que florescida em seu túmulo, ou do Iniciado, assassinado por Tifão, que ali plantara para reconhecer o local do sepultamento”.
“E Giuseppe Garibaldi, conhecido como herói de dois Mundos, descreveu como gostaria que transcorresse seu funeral, porque desejava ser cremado, então elaborou uma relação das espécies de madeira que comporiam a fogueira, e foi incluída a Acácia; entretanto, por ironia, não foi cremado”.
“Para o Maçom a Acácia também traz nostalgia, pois logo vem à lembrança o sacrifício do Mestre encarregado pela obra do Templo de Salomão, pela Lenda do terceiro Grau”.
Na Idade Média os mártires eram sacrificados em fogueiras, como ocorreu com Jacques de Molay, último Grão-Mestre dos Templários, e para transportar suas cinzas, cobriram-nas com Ramos de Acácia; evidentemente reconhecendo e agindo segundo o paralelismo significativo com o Grande Mestre do Templo”.
“No Cerimonial de Pompas Fúnebres da Maçonaria recomenda que os presentes depositem um Ramo de Acácia por sobre o esquife, significando que a morte é provisória, quando referida à imortalidade da alma”
“Uma obra maçônica antiga diz que a Acácia é invocada nas Cerimônias do Grau, em memória à Cruz do Salvador construída num bosque da Palestina onde era abundante a Acácia”.
“Já o significado místico da Acácia é de ser: imortal – indestrutível – e imperecível – não apodrece, devido às suas resinas componentes, mas, é preciso maior conhecimento da Acácia, para afirmar se sua madeira tem qualidades semelhantes da Acácia Vera e Mimosa Nilótica, originais da Península arábica”.
“Os primeiros Maçons organizados adotaram dos hebreus antigos seus principais Conceitos; assim, a Acácia, simbolizando a imortalidade da alma, e como foi dito, considerada pelos hebreus como a Árvore Sagrada, foi logo convertida em Símbolo Maçônico”.
“Por excelência, a Acácia é a “arvore ou planta símbolo” da Maçonaria, representando: segurança – clareza – inocência – ou pureza, e o Símbolo da Iniciação para a nova vida, ou a ressurreição para vida futura: além disso, ainda cabe a indagação: Por que a Acácia é a árvore representativa da Maçonaria?; Pois, como Símbolo da Instituição, porque a Maçonaria como essa árvore, deve florescer por toda a Terra”.
“Quando um Ramo de Acácia é posto nas mãos do Neófito, simboliza substituir o mirto ou myrtus, tipo de erva da família das Mirtáceas com flores de muitos óvulos, que era conduzida pelos iniciados de Mênfis e Heliópolis, assim como o Ramo de Ouro que Virgílio colocou nas mãos de Enéias, constante da obra Eneida – no seu Cântico 6.0”.
“E ainda, no Cerimonial de Iniciação a Acácia é a árvore que simboliza a presença da Natureza, que difere muito do ser humano por pertencer a outro Reino – o Vegetal”.
“Senão muito rica a interpretação simbólica e filosófica da Árvore ou Planta Sagrada, que lembra a espiritualidade de cada ser, que tal qual uma Emanação divina jamais pode morrer; e mais, simplesmente a Acácia é a representação da alma, dirigindo assim, com muita seriedade, aos estudos dos: Espírito – Eu Interior – e Parte Imaterial da Personalidade”.
“O estudioso Maçônico Albert G. Mackey (1807/81) expôs outra importante significação simbólica da Acácia como expressão de inocência; cabendo ressaltar que, como já foi dito, o grego Akakia é ainda usado para definição de: Moral – Inocência – e Pureza de Vida.
“Finalmente, pelo exposto, por já conhecer o simbolismo da Acácia, sempre se espera do Integrante da Sublime Instituição uma conduta exemplar, a mais pura possível que o ser humano possa desempenhar, e absolutamente sem mácula”.
Referência Bibliográfica:
“Junior, Raymundo Ella – Maçonaria 30 Instruções de Mestres – Editora Madras.
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