AS SETE ARTES LIBERAIS
Autor: João Anatalino
Segundo a Wilkipedia, Artes liberais é o termo que define uma metodologia de ensino, organizada na Idade Média, cujo conceito foi herdado da antiguidade clássica.
Referem-se aos ofícios, disciplinas acadêmicas ou profissões ("artes") desempenhadas pelos homens livres. São compostas do Trivium (lógica, gramática, retórica) e do Quadrivium (aritmética, música, geometria, astronomia). Tal conceito foi posto em oposição às Artes Mechanicae (artes mecânicas),consideradas próprias aos servos ou escravos.
As Sete Artes Liberais
constituíam o currículo de disciplinas que um estudante deveria aprender para
entrar numa universidade medieval. Era o preparo obrigatório para todos aqueles
que quisessem tornar-se doutor, mestre, filósofo, ou seguir carreira em
qualquer outra profissão de nível superior.
Foi na Idade Média, durante o
reinado de Carlos Magno que as Sete Artes Liberais foram reunidas num único
currículo disciplinar, para fins de ensino metódico. Organizadas num sistema de
ensino pelo capelão-mor de Carlos Magno, Alcuino, elas foram divididas em dois
corpos distintos, chamados trivium, que compreendia a retórica, a gramática e a
lógica e o quadrivium, que reunia a aritmética, a música, a geometria e
astronomia.
A utilização dessas
disciplinas para preparo dos estudantes de nível superior já vinha desde os
tempos de Aristóteles, que as utilizava em sua famosa Academia. Durante o
Império romano elas também tiveram larga aplicação no ensino dos romanos bem
colocados.
As Sete Artes Liberais estão
vinculadas a outros conhecimentos tradicionais e apresentam grandes simetrias
com outras disciplinas, como, por exemplo, a astronomia. Dessa forma, é possível
fazer uma analogia com o simbolismo dos planetas relacionando a Retórica com
Vênus, a Gramática com a Lua, a Lógica com Mercúrio, a Aritmética com o Sol, a
Música com Marte, a Geometria com Júpiter e a Astronomia com Saturno. Daí a
atração que esse sistema exerce sobre os esoteristas principalmente, dada a riqueza
simbólica que eles representam.
Nos tempos de Roma, e mais
tarde, de Carlos Magno, o estudante das Artes começava a vida escolar aos
catorze anos, estudando, em primeiro lugar os chamados “três caminhos” do
trivium, que o monge Pedro Abelardo (1.079-1.142) chamava de os três componentes
da ciência da linguagem. Essa tríplice disciplina era composta pela gramática
(ciência de falar sem erro), a dialética, (a aprendizagem que consiste em
distinguir o verdadeiro do falso – lógica) e a retorica, a disciplina que nos
ensina a arte da persuasão.
Em outras palavras, o estudante
precisava primeiro aprender a falar e escrever, a argumentar com lógica e a
produzir discursos com estilo e precisão. Só depois disso é que ele podia
partir para outros aprendizados. O aprendizado dessa tríplice grade curricular
era considerado um verdadeiro desafio para a mente do estudante. Uma vez
vencido ele podia passar ao quadrivium, considerado o aprendizado das coisas
necessárias para o conhecimento do mundo. Então ele aprendia a ciência dos números (aritmética), a harmonia dos sons
(música), as formas simbólicas do universo (geometria) e os segredos dos astros
celestes e sua mecânica de movimentos (astronomia). Só depois de adquirir esses
conhecimentos primários podia o estudante pretender seguir uma carreira de
nível superior.
O trivium era o que poderíamos
chamar, numa analogia com a educação moderna, o primeiro grau do aprendizado.
De fato, para o aluno poder aprender outras coisas era preciso primeiro aprender
a falar, a escrever e a pensar. Por isso tinha que estudar gramática, retórica
e dialética ou lógica. Sem esses conhecimentos dificilmente o estudante
conseguiria acompanhar o difícil e rigoroso método escolástico, de ensino, que
se fundamentava principalmente na lógica de Aristóteles. Depois vinha o
quadrivium, como uma espécie de segundo grau, para complementar o aprendizado
do estudante.
Em algumas escolas americanas,
especialmente aquelas que seguem o modelo clássico, ainda se trabalha com um
currículo semelhante para os alunos que desejam tornar-se máster-of Arts. No
Brasil, até algumas décadas atrás, o nosso ensino de nível médio também
guardava alguma semelhança com esse modelo, pois tínhamos dois currículos distintos,
o ensino clássico para quem quisesse seguir ciências sociais (filosofia, direito,
magistério, sociologia, etc.) e o cientifico para quem quisesse seguir outras
carreiras profissionais (engenharia, medicina, química etc.).
Talvez pela necessidade de
modernização do ritual, seus organizadores tenham modificado as sete Artes
Liberais que no antigo ritual eram, respectivamente: Astronomia, Física, Química,
Fisiologia, Psicologia e Sociologia, associando-as às virtudes do Devotamento,
Tolerância, Justiça, Prudência, Paciência e Coragem, diferentes também dos
originais, virtudes cardeais que eram a Prudência, a Justiça e a Fortaleza, a
Temperança, a Humildade, a Sabedoria e a Compreensão. A importância desse sistema
é que cada elemento contém potencialmente as habilidades filosóficas exigidas
para a vida intelectual madura. É uma pena que esse sistema tenha sido banido
das escolas brasileiras, substituído por um currículo que só carrega a mente do
aluno com informações, sem ensiná-lo a usá-las adequadamente. Dessa forma, a
Maçonaria ao recuperar a importância das Sete Artes Liberais e incluí-la no
programa de aprendizado maçônico, presta um grande serviço à educação. Que o
Irmão possa realmente se valer disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário