terça-feira, 27 de dezembro de 2016

AS SETE ARTES LIBERAIS





Autor: João Anatalino

Segundo a Wilkipedia, Artes liberais é o termo que define uma metodologia de ensino, organizada na Idade Média, cujo conceito foi herdado da antiguidade clássica.

Referem-se aos ofícios, disciplinas acadêmicas ou profissões ("artes") desempenhadas pelos homens livres. São compostas do Trivium (lógica, gramática, retórica) e do Quadrivium (aritmética, música, geometria, astronomia). Tal conceito foi posto em oposição às Artes Mechanicae (artes mecânicas),consideradas próprias aos servos ou escravos.

As Sete Artes Liberais constituíam o currículo de disciplinas que um estudante deveria aprender para entrar numa universidade medieval. Era o preparo obrigatório para todos aqueles que quisessem tornar-se doutor, mestre, filósofo, ou seguir carreira em qualquer outra profissão de nível superior.

Foi na Idade Média, durante o reinado de Carlos Magno que as Sete Artes Liberais foram reunidas num único currículo disciplinar, para fins de ensino metódico. Organizadas num sistema de ensino pelo capelão-mor de Carlos Magno, Alcuino, elas foram divididas em dois corpos distintos, chamados trivium, que compreendia a retórica, a gramática e a lógica e o quadrivium, que reunia a aritmética, a música, a geometria e astronomia.

A utilização dessas disciplinas para preparo dos estudantes de nível superior já vinha desde os tempos de Aristóteles, que as utilizava em sua famosa Academia. Durante o Império romano elas também tiveram larga aplicação no ensino dos romanos bem colocados.

As Sete Artes Liberais estão vinculadas a outros conhecimentos tradicionais e apresentam grandes simetrias com outras disciplinas, como, por exemplo, a astronomia. Dessa forma, é possível fazer uma analogia com o simbolismo dos planetas relacionando a Retórica com Vênus, a Gramática com a Lua, a Lógica com Mercúrio, a Aritmética com o Sol, a Música com Marte, a Geometria com Júpiter e a Astronomia com Saturno. Daí a atração que esse sistema exerce sobre os esoteristas principalmente, dada a riqueza simbólica que eles representam.

Nos tempos de Roma, e mais tarde, de Carlos Magno, o estudante das Artes começava a vida escolar aos catorze anos, estudando, em primeiro lugar os chamados “três caminhos” do trivium, que o monge Pedro Abelardo (1.079-1.142) chamava de os três componentes da ciência da linguagem. Essa tríplice disciplina era composta pela gramática (ciência de falar sem erro), a dialética, (a aprendizagem que consiste em distinguir o verdadeiro do falso – lógica) e a retorica, a disciplina que nos ensina a arte da persuasão.

Em outras palavras, o estudante precisava primeiro aprender a falar e escrever, a argumentar com lógica e a produzir discursos com estilo e precisão. Só depois disso é que ele podia partir para outros aprendizados. O aprendizado dessa tríplice grade curricular era considerado um verdadeiro desafio para a mente do estudante. Uma vez vencido ele podia passar ao quadrivium, considerado o aprendizado das coisas necessárias para o conhecimento do mundo. Então ele aprendia a ciência  dos números (aritmética), a harmonia dos sons (música), as formas simbólicas do universo (geometria) e os segredos dos astros celestes e sua mecânica de movimentos (astronomia). Só depois de adquirir esses conhecimentos primários podia o estudante pretender seguir uma carreira de nível superior.

O trivium era o que poderíamos chamar, numa analogia com a educação moderna, o primeiro grau do aprendizado. De fato, para o aluno poder aprender outras coisas era preciso primeiro aprender a falar, a escrever e a pensar. Por isso tinha que estudar gramática, retórica e dialética ou lógica. Sem esses conhecimentos dificilmente o estudante conseguiria acompanhar o difícil e rigoroso método escolástico, de ensino, que se fundamentava principalmente na lógica de Aristóteles. Depois vinha o quadrivium, como uma espécie de segundo grau, para complementar o aprendizado do estudante.

Em algumas escolas americanas, especialmente aquelas que seguem o modelo clássico, ainda se trabalha com um currículo semelhante para os alunos que desejam tornar-se máster-of Arts. No Brasil, até algumas décadas atrás, o nosso ensino de nível médio também guardava alguma semelhança com esse modelo, pois tínhamos dois currículos distintos, o ensino clássico para quem quisesse seguir ciências sociais (filosofia, direito, magistério, sociologia, etc.) e o cientifico para quem quisesse seguir outras carreiras profissionais (engenharia, medicina, química etc.).


Talvez pela necessidade de modernização do ritual, seus organizadores tenham modificado as sete Artes Liberais que no antigo ritual eram, respectivamente: Astronomia, Física, Química, Fisiologia, Psicologia e Sociologia, associando-as às virtudes do Devotamento, Tolerância, Justiça, Prudência, Paciência e Coragem, diferentes também dos originais, virtudes cardeais que eram a Prudência, a Justiça e a Fortaleza, a Temperança, a Humildade, a Sabedoria e a Compreensão. A importância desse sistema é que cada elemento contém potencialmente as habilidades filosóficas exigidas para a vida intelectual madura. É uma pena que esse sistema tenha sido banido das escolas brasileiras, substituído por um currículo que só carrega a mente do aluno com informações, sem ensiná-lo a usá-las adequadamente. Dessa forma, a Maçonaria ao recuperar a importância das Sete Artes Liberais e incluí-la no programa de aprendizado maçônico, presta um grande serviço à educação. Que o Irmão possa realmente se valer disso.

Anatalino, João - Mestres do Universo - Ed. Biblioteca 24 horas - São Paulo - SP, junho de 2010.

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