quinta-feira, 12 de outubro de 2017


OS MONGES MALDITOS


CAPÍTULO XXVII


A SERPENTE DO FARAÓ

João Anatalino Rodrgiues

O dia 20 de abril de 1314 nasceu ensolarado e com o céu excepcionalmente limpo no condado de Gard, sul da França. A primavera tinha chegado mais cedo naquele ano e os vinhedos da famosa Côte Du Rhone estavam começando a florescer. O velho castelo de Roquemaure, doado por Raimundo VI, de Toulouse, ao papa Inocêncio III, para que este não o acusasse de abrigar e proteger os hereges albigenses, estava engalanado para receber Clemente V e sua corte. O papa pernoitaria ali, para na manhã seguinte continuar a viagem que empreendera, de Avignon para sua cidade natal, Gorth.

Roquemaure era um castelo que tinha boas histórias para contar. Situado ás margens do Ródano, no centro da região onde floresceu e viveu a heresia cátara, ainda conservava uma forte tradição ligada a esses estranhos inimigos da Igreja de Roma, que acreditavam em um mundo regido por dois princípios – as trevas e a luz, – princípios esses que guiavam as almas dos homens para Deus ou para o Diabo, conforme se escolhesse ser vassalo de um ou de outro. 

O castelo de Roquemaure fora uma das fortalezas sitiadas por Simão de Montfort, em julho de 1244 e ali ocorrera a chacina de mais de uma centena de Cátaros, em uma de suas últimas e desesperadas tentativas de defesa. Dizia-se que os fantasmas dos hereges queimados costumavam aparecer lá, em meados de julho, guarnecendo as ameias do castelo, á espera das tropas católicas e ainda se podia ouvir o retinir das espadas em choque, os gritos dos combatentes, o crepitar das fogueiras erguidas no pátio para queimar os sobreviventes da pavorosa matança que os cruzados de Simão de Montfort promoveram naquele dia.

Clemente V não acreditava em fantasmas. E nem estava preocupado com o fato de aquele castelo estar agora nas mãos de Filipe, o Belo, pois ele havia sido adquirido pelo rei Luis IX junto ao papa Bonifácio III em 1229. Só queria uma boa cama para descansar seus ossos torturados pela viagem de trinta e seis quilômetros que fizera entre Avignon e Chateauneuf du-Pape e mais os dez que separava essa nova morada papal de Roquemaure. Ah! e não desprezaria uma jarra do excelente vinho produzido naquela região.

Eram cerca de seis horas da tarde quando o séquito papal cruzou a pesada porta do castelo. João de Cherchemont, o condestável de Roquemaure, á frente de um destacamento de arqueiros estava á sua espera em frente á ponte levadiça, que mandara baixar. O papa desceu da sua liteira e estendeu a mão ao condestável, para o beijo protocolar.

– Estávamos á espera de Vossa Santidade para as horas noas – disse o condestável. – Espero que tenhais feito boa viagem, embora isso seja quase impossível por essas nossas terríveis estradas litorâneas ─ disse o condestável. Era verdade. Aquela região era bela, mas difícil de transitar, com suas colinas, barrancos e terras de aluvião, que se desmanchavam sob a pata dos cavalos.

– Não se deve marcar hora para encontros quando se trata de viajar por essas estradas, meu filho, – respondeu o papa. – Por sorte, viajo bem de liteira, pois se tivesse que cavalgar, os meus rins já estariam moídos á esta hora.

– Imagino que deveis estar bem cansado e desejando vos recolher ao leito o mais rápido possível. Mas gostaríamos que antes compartilhásseis da nossa pobre ceia – disse, todo solícito, o condestável.

– Sem dúvida, meu filho, sem dúvida. Essa viagem me deixou com muita fome. E tomarei, com prazer, umas taças do vosso bom vinho. A fama dos vinhos produzido nesta região precede o seu nome.

– É verdade, Santidade. E com o maior prazer vos serviremos o melhor dos nossos vinhos. A propósito, justamente hoje temos conosco Messieur Jean, um renomado vinhateiro que veio de Valence e nos trouxe um bom estoque da sua melhor safra. 

– Vejo que a minha estada aqui compensará, de longe, a fadiga desta viagem – respondeu Clemente V, com um sorriso de satisfação.

O séquito papal seguiu o condestável para dentro do castelo. A ponte levadiça foi baixada e o Sumo Pontífice conduzido aos seus aposentos.

Na cozinha, Jean du Pré, o vinhateiro, supervisionava os preparativos da ceia que seria servida ao papa e seus convivas. Prestava especial atenção na escolha dos vinhos que seriam levados para a mesa. Sabia que Clemente V apreciava os bons vinhos tintos da Côte du Rhone e essa era uma das boas razões porque o papa se dera bem em Avignon, terra onde essa fonte de prazer era perene e farta.

Prestava especial atenção também á jarra de prata onde o vinho seria servido. E não se descuidava da bela taça dourada, timbrada com o brasão de armas da família Cherchemont, na qual o Pontífice o beberia. Jean du Pré poliu os dois utensílios com extremado cuidado e um estranho sorriso de satisfação. As sobrancelhas negras e espessas ocultavam dois olhos pequeninos e maldosos. A farta barba negra, salpicada de tufos brancos, escondia em parte a enorme cicatriz que saia da cavidade do olho esquerdo e terminava no canto do lábio superior. Não fosse a espessa barba que lhe cobria todo o rosto, ninguém acreditaria que aquele homem fosse o dono de um lagar, produtor de um dos melhores vinhos da região, e não um soldado que já havia lutado em muitas guerras. 

Sim, pois que o suposto fabricante de vinhos era, nada mais, nada menos, do que mestre Jean Du Pré antigo membro da Ordem do Templo, que escapara da Inquisição e se empregara em uma das melhores casas de Valence, produtora de bons vinhos. Iniciado na ciência dos Adeptos, como se chamava então a alquimia, tinha aprendido com Mestre Everardo de Evreux diversas composições químicas que se usavam como ácidos e sais no processo de obtenção da Obra, assim chamada o grande sonho dos alquimistas, a pedra filosofal. Um deles era um produto chamado “serpente do faraó”, um sal feito á base de mercúrio, que se apresentava como um pó branco, fino e quase inodoro, cujo gosto não poderia ser pressentido se diluído em água. Misturado ao vinho era imperceptível e bastava uma pequena dose para causar muito estrago no estômago de um consumidor. E se ele fosse portador de alguma lesão interna, como uma úlcera gástrica ou intestinal, seria a morte certa em menos de duas horas. Era assim chamado por que se dizia que esse veneno havia dado cabo de muitos faraós. 

O papa Clemente V estava alegre naquela noite. Afinal, fazia tempo que não visitava a sua amada Gorth, local do seu nascimento e sede da sua primeira diocese. Estava também satisfeito com os rumos que as coisas tinham tomado. Havia feito as pazes com Filipe, o Belo, e recuperado, em parte, os poderes que lhe cabiam, como chefe da Igreja. Tivera que mitigar o desejo de influenciar na política da França, é claro, pois nos territórios controlados por Filipe o poder da Igreja, juntamente com os dos nobres, havia sido eclipsado pela autoridade real. Mas ele poderia conviver com isso. Aplicaria uma política de tolerância em relação aos assuntos franceses e continuaria mantendo a sua influência nos demais reinos europeus, contando, para isso, com o próprio peso da França, então a maior e mais poderosa monarquia da Europa. Assim, contados todos os prós e contras, não tinha do que reclamar. Ter Filipe, o Belo, como aliado, afinal, poderia lhe trazer bastante lucro.

Só havia uma coisa que o incomodava. Sentia um aperto no coração quando pensava nos Templários. Não estivera presente na Ilha dos Judeus, para ver, de corpo presente, os dois grandes dignatários do Templo na fogueira. Mas não podia deixar de fazer uma imagem da cena. Afinal, Jacques de Molay havia sido seu amigo pessoal e sempre estivera ao lado dos papas nas suas querelas com os reis. Sentia tristeza e culpa ao mesmo tempo. E uma certa vergonha por não ter sido mais corajoso para enfrentar o rei da França nessa questão. 

Aliás, ele não concordara com a decisão de mandar o Grão-Mestre do Templo e o preceptor da Normandia para a fogueira. Escrevera a Filipe dando ciência do seu desgosto por aquele desfecho, mas sabia que estava fazendo isso só por desencargo de consciência, por que em nada adiantaria. Sua culpa, nesse caso, não seria afastada. 

Talvez houvesse, entre os Templários, alguns Irmãos que haviam se afastado do caminho. Em todas as Ordens sempre ocorrera casos desse tipo. Homens que vivem juntos num claustro nem sempre são fortes o suficiente para mitigar os seus instintos. Isso devia ter acontecido com os Irmãos do Templo. E também, quanto ás demais acusações, não era difícil entender que pessoas submetidas a tantas influências, envolvidos com diversas doutrinas, tradições e crenças diferentes, não tivessem, em algum momento, as suas cabeças transtornadas por essa mixórdia em que havia se transformado a religião cristã, com suas inúmeras interpretações doutrinárias. 

Afinal, o cristianismo era mesmo uma doutrina muito confusa. Desde o início existiram sérias polêmicas doutrinárias entre seus líderes. As dissidências entre os discípulos de Pedro e Paulo, que sacudiram o cristianismo nos seus primeiros anos de existência, ainda não haviam sido superadas. Eram tantas as formas de entender a mensagem de Jesus, que vigoravam nos primeiros séculos do cristianismo, que a Igreja de Roma precisou usar a força do poder secular, encarnado no imperador Constantino, para botar ordem no caos doutrinário. O Concílio de Nicéia estabelecera, a ferro e fogo, uma linha de entendimento, gerando a ortodoxia católica. Mas embora essa ortodoxia tenha vencido no Ocidente, onde a Igreja substituiu o esfacelado poder do estado romano, no Oriente, as visões alternativas da mensagem cristã ainda estavam bem vivas. Assim, não era difícil entender o que acontecera com os Templários. Eles viveram por mais de um século junto á comunidades que comungavam dessas visões. Sem dúvida absorveram alguma coisa desse pensamento. Afinal, se pessoas que viveram nos primeiros séculos do cristianismo, e algumas delas talvez até tenham conhecido e convivido com Jesus e ouvido de sua própria boca a doutrina que ele ensinava, tinham visões tão diferentes a respeito da sua vida e da sua mensagem, o que se poderia dizer de pessoas que estavam recebendo essa doutrina mais de mil anos depois? 

Clemente V não era puro nem ingênuo. Conhecia bem a Igreja que dirigia e o povo a quem servia. Tinha consciência de que todas as tradições cultivadas pelo populacho, referentes á feitiçaria, bruxaria, magia, demonologia e outras crendices populares eram fruto da ignorância que a própria Igreja incentivava para evitar que o povo se afastasse dos dogmas e da doutrina da Igreja. Heresias eram apenas crenças antigas que o Vaticano havia condenado, mas que continuavam sendo professadas por grupos sectários, que ousavam adotar independência de pensamento. Mas liberdade de pensamento era o primeiro passo para outro tipo de liberdade, perigosa demais para quem detém o poder. Isso era o que Clemente V mais temia. Mais até que o poder dos reis, pois com esse ele podia negociar. Mas com a liberdade para o povo escolher no que, e em que acreditar, seria mais difícil compor. Ele sabia que no dia em que isso acontecesse nunca mais a Igreja seria a mesma.

Ele não podia deixar que isso ocorresse justamente no seu papado. Não queria passar para a História como um papa que fora impotente para evitar a divisão da Igreja e a perda do seu poder espiritual. Se a Ordem do Templo estivesse cultivando uma semente que fosse, dessa planta maligna, então a sua supressão tinha sido justificada. Na dúvida, era melhor a precaução. Isso acalmava sua consciência e ele se sentia agora confortado por ter mandado encerrar o Pergaminho de Chinon no mais secreto da biblioteca do Vaticano e não ter dado luz ao verdadeiro pensamento que Igreja tinha em relação aquele processo contra os Templários. 

Até achava que algumas superstições tivessem contaminado os ritos praticados pelos monges da Ordem. Era normal que isso acontecesse. Em todas as fraternidades eclesiásticas havia, num certo grau, um componente de mistério e magia que fazia o charme dessas organizações. As pessoas se sentem mais importantes quando pensam que dividem um segredo que ninguém mais conhece. Assim, as Ordens iniciáticas se valiam do romantismo esotérico para cooptar seus membros e iludi-los com a ideia de que compartilhavam de um poder que os mortais comuns não possuiam. Afinal, a própria Igreja não se valia dessa mistificação? Não eram os seus bispos e prelados pessoas cujo poder vinha da crença de que eles tinham mais intimidade com Deus do que o homem comum? Não era o próprio papa o Vígário de Cristo? Se o povo deixasse de acreditar nessa mistificação, o que seria da Igreja?

Os tempos eram pródigos de crendices supersticiosas. Destarte, a própria Igreja não conseguira evitar que muitos dos seus monges mais preparados se dedicassem á procura da pedra filosofal, por exemplo. Ele, Clemente V, nunca acreditara nessa quimera. Achava que isso fosse um sonho de malucos, uma ilusão de românticos amadores do insólito, mas havia importantes cabeças dentro da Igreja praticando a arte da alquimia. Seu secretário e camerlengo Jacques Duézze era um deles. Diziam que seu antecessor, Bonifácio VIII, também fizera suas experiências nesse sentido.

A Ordem do Templo não deveria ser diferente. Encastelada em sua própria magnificência, por certo não escapara da contaminação da época. Provavelmente deixara incubar em seu seio ideias e práticas heterodoxas, contrabandeadas dos diversos grupos e povos com os quais se interava. Judeus, muçulmanos, cristãos ortodoxos, bizantinos, seitas orientais, enfim, em todo o amplo espectro no qual ela se movimentara no exercício das suas múltiplas atividades. Mas dificilmente se acreditaria que isso tivesse envolvido a Ordem como um todo, transformando-a numa organização demoníaca, herética, devassa e corrompida, como Filipe e seus ministros fizeram por demonstrar. 

Clemente V guardara, a sete chaves, o pergaminho com o relatório dos bispos que primeiro interrogaram os dignatários do Templo. Neles, a conclusão fora pela inocência daqueles homens e da Ordem, em geral. Por isso ordenara que o Pergaminho de Chinon, como ele o chamava, com as conclusões dos inquisidores e a sua própria sentença de absolvição fosse ocultado até que as condições políticas se modificassem. Fora atropelado pelas ações do rei, mandando queimar os dois principais oficiais da Ordem e já não adiantava mais divulgar essa decisão. Jacques de Molay e Geoffroy de Charney eram, agora, um punhado de cinzas, dispersas pelo vento. Os outros altos dignatários do Templo definhavam nas masmorras. Logo estariam mortos, se é que já não estavam. Não convinha mexer mais nesse assunto. Eles tinham sido os cordeiros do sacrifício. Sacrificara-os para salvar a Igreja. Esse pensamento o confortava e o justificava.

Fora informado do anátema lançado por de Molay sobre ele, o rei e sua família, que foram os responsáveis pela destruição do Templo. Seu camareiro, o bispo Arnaud de Auch, assistira as últimas horas de vida do Grão-Mestre templário, sendo inclusive o responsável pela leitura da sentença que mandava os dois dignatários do Templo para a fogueira. Rindo, dissera ao papa que o velho monge-guerreiro, em meio ás chamas que começavam a torrar-lhe as barbas, lançara sobre todos aqueles que lhe causaram a perdição uma terrível maldição. Segundo o bispo, todos estariam mortos durante aquele mesmo ano. 

Clemente V desdenhara daquele vaticínio, pois estava com apenas cinquenta anos e nenhum sinal em sua saúde que indicasse uma possível morte prematura. Tinha aqueles problemas gástricos que o incomodavam de vez em quando, mas seus médicos sabiam como controlar isso. E depois ele não era tão supersticioso a ponto de acreditar que a imprecação de um velho tivesse o condão de levantar as forças do inferno contra ele. 

No entanto, ele sabia com quem estava lidando e conhecia o ambiente em que vivia. Papas e reis nem sempre morriam de morte natural. Por isso tinham camareiros e escudeiros que andavam na sua sombra dia e noite, protegendo suas costas, provando a comida que comiam e vestindo primeiro as roupas que eles usariam, pois não foram poucos os reis e os potentados da Igreja envenenados pela comida que comiam ou pela roupa que usavam. 

Todavia, naquele castelo onde se dizia que as almas dos hereges cátaros que ali foram queimados costumavam aparecer de vez em quando, Clemente V pensava não correr perigo algum. Não obstante, tomara todas as precauções, mandando revistar o quarto que lhe havia sido reservado e verificar toda a roupa de cama, bem como as roupas que vestiria pela manhã. Quanto á comida e o vinho, seu monge escudeiro a provara antes e continuava ali, em pé, ás suas costas, aparentemente bem. A comida era variada e de boa qualidade. O papa comeu até se fartar. Todo mundo conhecia seu apetite á mesa. Era proverbial. O vinho era bom, podia beber á vontade. E ele bebeu a jarra toda. 

“Neste castelo habitado por fantasmas” pensou, com a alegria do vinho se espalhando pelas suas veias, “talvez eu esteja mais seguro do que em meu próprio palácio em Avignon.” 

As primeiras dores começaram mal ele havia se deitado. Era como se alguém estivesse dando um nó em suas tripas. Depois veio a sensação, dilacerante, de que o seu estômago estava pegando fogo. Sentiu uma dor atroz, que o obrigou a sentar-se na cama, apertando com os braços o abdome em brasa, lutando contra a ânsia de vômito que começava a subir pela sua garganta.

– Arnaud! – gritou, com a voz embargada. Mas a voz perdeu-se na garganta, misturada à golfada de sangue pisado, enegrecido, cheirando a vinho e carnes deterioradas, que lhe saiu pela boca, como lava expulsa pela cratera de um vulcão. 

– Arnaud! – Tentou chamar de novo, mas o que saiu de sua boca foi mais sangue, cada vez mais negro e malcheiroso, em meio a restos de comida ainda não digeridos. Levantou-se, cambaleante, arrastando os lençóis manchados pela pasta nauseabunda que golfava de sua boca a cada contração que seu estômago dava. Saiu tateando, encostando-se pelas paredes, procurando a porta, na penumbra do quarto, iluminado por uma única vela. Não conseguiu chegar até ela. Escorregou no próprio vômito e caiu. Ficou ali, no chão, os braços apertando a barriga, contorcendo-se na gosma escura que começava a inundar o quarto. Até que se pôs em uma posição fetal, o corpo todo tremendo, os lábios arroxeados, os olhos sem brilho. Um último jorro de sangue chegou até a garganta, mas não teve forças para ser expulso em jato. Ficou parado na cavidade bucal, escorrendo aos poucos pelos lábios roxos, manchando a barba rala do papa já sem vida. Clemente V morreu afogado no próprio vômito.

Era o dia 20 de abril de 1314. Há pouco mais de um mês, no dia 18 de março, Jacques de Molay, o último Grão-Mestre da Ordem do Templo e o Preceptor da Normandia, Geoffrey de Charney, haviam sido queimados em Paris, na Ilha dos Judeus.

As intimações para que seus algozes comparecessem perante o tribunal divino começavam a ser cumpridas


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