sexta-feira, 15 de julho de 2016

A MENTE UNIVERSAL


Autor: João Anatalino

Em suas pesquisas sobre a origem do universo a ciência só conseguiu, até agora, chegar ao conceito do “átomo primordial”, ou seja, um “ponto no espaço” tão densamente carregado de energia, que não podendo conter em si tamanha pressão, um dia explodiu. 

Por falta de um nome melhor para designar essa “densidade energética dos princípios” que vazou para além de si mesma, deram-lhe um nome ainda mais estranho. Chamaram-na de Singularidade, ou seja, “algo” que explodiu, dando início ao tempo e preenchendo o espaço cósmico com a matéria derivada do imenso potencial energético que esse “algo” continha. E daí a visão científica do nascimento do universo através do fenômeno que eles chamam de Big-Bang, ou a grande explosão.
Essa explosão inicial liberou a energia que estava presa dentro dessa Singularidade. Espalhando-se pelo nada cósmico ela tomou o formato de uma enorme bolha de gás e partículas atômicas que, desde então, se encontra em constante expansão. Nessa visão o universo pode ser imaginado como se fosse uma bexiga cheia de pontinhos luminosos, que está sendo preenchida eternamente; a cada soprada ela se torna maior e os pontinhos se afastam cada vez mais uns dos outros 1)


Assim, segundo a moderna ciência, vivemos em um universo em eterna expansão. Essa expansão, todavia, não é aleatória nem descontrolada, porque dentro dele existe uma força que atua em um sentido contrário ao que orienta a sua expansão pelo nada cósmico. É uma força de retração, que está presente em maior ou menor grau em todos os corpos materiais e faz com que suas massas se agrupem e formem compostos e sistemas. Teilhard de Chardin nos dá uma ideia dessa propriedade da matéria universal: “A ordenação das partes do universo tem sido para os homens um motivo de deslumbramento”, escreve ele. “Ora, esse arranjo se revela cada dia mais espantoso, á medida que nossa Ciência se torna capaz de um estudo mais preciso e mais penetrante dos fatos. Quanto mais longe e profundamente penetramos na Matéria, por meio sempre mais poderosos, tanto mais nos confunde a interligação de suas partes. Cada elemento do Cosmos é positivamente tecido de todos os outros; abaixo de si próprio, pelo misterioso fenômeno da “composição”, que o faz subsistir pela extremidade de um conjunto organizado; e, acima, pela influência recebida das unidades de ordem superior que o englobam e o dominam para seus próprios fins.”

(...) A perder de vista, em volta de nós, o Universo se sustenta por seu conjunto. E não há uma única maneira realmente possível de considerá-lo, É tomá-lo como um bloco, todo inteiro."(2)
Portanto, por fora, o universo se forma por dispersão; por dentro ele se organiza pela união. Por fora atua a relatividade; por dentro atua a gravidade. Duas leis que parecem antagônicas, mas que, no entanto, se completam na formação do todo.

Assim, na imensidade do plano cósmico os corpos menores são atraídos pelos corpos maiores e ficam presos em suas órbitas, girando em volta deles, formando os sistemas planetários. Estes, por sua vez, se agrupam formando galáxias, e estas as nebulosas, fazendo do universo uma espécie de organismo, com suas células, órgãos e sistemas.

A força da atração, que se traduz pela lei da gravidade, impede que o universo se torne um imenso caos de forças desordenadas, como se fosse uma manada de bois estourada, correndo em todas as direções. Nasce dessa forma a organização estelar, da mesma forma que a matéria bruta e a matéria orgânica também assim se estruturam para formar elementos químicos, compostos, produtos, biomas, ecossistemas, organismos. É a ordem posta no caos. Ordo ab Chaos.(3)

Nesse particular, o discurso científico não deixa de conter certo esoterismo e na mística contida no discurso esotérico também podemos encontrar fumos de ciência. A matéria bruta é feita de átomos, os átomos se juntam para formar compostos e os compostos constituem a maior parte da matéria universal.

Igualmente a matéria orgânica se forma a partir de células que se juntam para formar moléculas e estas se reúnem em sistemas. Todos com seus domínios e funções, da mesma forma que cada vida, humana ou animal, tem o seu domínio, sua função e sua missão na estrutura do universo. No imenso do espaço cósmico e no ínfimo do núcleo atômico da matéria, fundem-se os domínios da física com os da metafísica para nos dar a compreensão de como o universo funciona e como ele está sendo construído. É uma verdadeira Cosmogênese que se processa, segundo um plano e uma finalidade que talvez nunca cheguemos a compreender, mas que é possível entrever nas leis que regem a formação dos corpos materiais e do próprio fenômeno da vida.(4)

A natureza não faz nada que não seja absolutamente útil. A menor partícula existente na matéria universal cumpre papel extremamente importante nessa formidável rede de relações em que vai se tornando o universo físico que saiu do Big-Bang. Essa rede de relações parece obedecer á um plano extremamente lógico, como se ela estivesse sob o comando de uma Mente Universal que tudo planeja e controla.

Ás vezes temos a impressão de que todos os eventos universais acontecem aleatoriamente, como em um jogo de dados. (5) Mas isso é porque, do nosso limitado campo de visão, nós só temos a perspectiva do imediato. Se nos fosse dado o privilégio de ver todos os desenhos futuros que o tecido universal assumirá, ou no passado todos que já assumiu, então a nossa preocupação seria apenas a de procurar entender o nosso papel nesse processo. Pois, como bem expressa o autor do Fenômeno Humano, nós somos o ápice momentâneo de uma Antropogênese, que por sua vez, coroa uma Cosmogênese, ou seja, somos a espécie mais elaborada que o fenômeno da vida produziu, até agora, dentro de um projeto de vida cósmico, elaborado pela Mente Universal. (6)

Conscientes desse processo, podemos evitar ações que possam causar “defeitos” na urdidura desse tecido, pois embora o universo tenha mecanismos de recomposição para todos os desequilíbrios que nele são gerados, qualquer ação que viola os princípios de organização e desenvolvimento postos na natureza sempre exige um custo maior em dispêndio de energia para realizar uma recomposição. Essa é noção que a Cabala nos dá sobre a finalidade dos conceitos do bem e do mal. O bem é a ação que concorre para a ordem cósmica; o mal, o seu contrário.

A tese de que o universo é uma espécie de tecido único foi expressa na chamada Teoria do Caos, proposta por Edward Lorenz em princípios de 1960. A idéia que está na base dessa teoria é a de que uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. Quer dizer, essa mudança altera todo o curso dos acontecimentos, tornando-os imprevisíveis, trazendo o caos para o processo. Por isso o nome dado á teoria. Assim, se pudéssemos voltar ao passado e mudar qualquer decisão nossa, por mais insignificante que fosse, essa mudança alcançaria toda a nossa vida futura e consequentemente do universo todo, pois ele teria que se recompor para acomodar o resultado dessa ação modificadora. É o famoso “efeito borboleta”, pressuposto mediante o qual o bater de asas de uma borboleta na floresta amazônica pode provocar, futuramente, um furacão no Texas ou em outro lugar qualquer do mundo. O universo sempre se equilibra no futuro, seja qual for o tamanho do desequilíbrio causado por um evento desconexo, mas nesse esforço ele gasta uma energia suplementar que seria poupada se esse desequilíbrio não tivesse acontecido.

Por outro lado, os livros sagrados de todas as religiões do mundo, sejam elas “reveladas” ou frutos da especulação que o homem faz em busca de uma realidade que está além da sua própria sabedoria, sustentam que o universo começou pela ação de uma Divindade, que de alguma forma, deu início ao mundo, tal como o vemos.(7)

A Bíblia, por exemplo, que é a fonte mais conhecida de uma religião revelada, diz que Deus fez todas as coisas tirando a luz das trevas. E quando viu que a luz era boa, Ele fez o restante do universo com ela. Para os cientistas, como já vimos, o universo teve início com a explosão de um “átomo” carregado de energia, há cerca de uns quinze bilhões de ano atrás. Essa explosão, que pode ser vista ainda hoje, liberou “quantas” de energia, em forma de luz. Nesse sentido, luz e energia são sinônimos do mesmo fenômeno, constituindo aquilo que Teilhard de Chardin chama de “estofo do universo”. (8)  
Assim, ciência e religião, no fundo, dizem a mesma coisa: Deus é luz, o mundo foi feito de luz, todas as coisas existentes no universo são condensações de energia luminosa. Inclusive nós mesmos. Por isso temos um espírito, que também é pura luz. E conforme nos ensina a Gnose, a nossa alma é uma centelha de luz (ou energia) presa em um invólucro material. E de uma forma ou de outra, usando diferentes figuras de linguagem, todas as doutrinas trabalham com esse mesmo princípio: a de que somos uma massa corpórea animada por alguma forma de energia. 

Essa é uma interessante concepção que nos dá muito que pensar. Mas ela só pode ser expressa através de símbolos, metáforas e analogias. A mente humana cria figuras de linguagem para descrever realidades que a nossa intuição sabe que existem, mas não consegue descrevê-las porque o sistema de comunicação que desenvolvemos não tem elementos suficientes para fazer uma exata configuração delas. 

Na verdade, o que seduz tanto os místicos quanto os cientistas é a ideia de que toda a matéria universal tem sua origem em uma forma de energia. No principio do universo ─ nisso tanto a religião quanto a ciência concordam ─, existia apenas a energia da grande explosão do Big-Bang. Nesse estágio embrionário do Cosmos, aquilo que chamamos de massa ainda não havia se formado. Nada tinha peso ou qualquer outra qualidade que pudesse ser identificada como matéria. Todos os corpos que existem, existiram e existirão eram somente uma coleção de partículas subatômicas dispersas, movendo-se à velocidade da luz. Um certo tipo dessas partículas (fótons, elétrons, neutrinos) formavam uma espécie de oceano invisível, um campo energético de infinita radioatividade. Foi na interação com esse “oceano” que certas partículas, como os quarks (que formam basicamente toda a matéria universal, inclusive o nosso corpo), adquiriram massa e vieram a se tornar o que conhecemos como universo físico.

Na força que os quarks fazem para atravessar esse oceano oleoso, dizem os cientistas, é que a massa física do mundo acaba sendo gerada. Isso significa que sem esse “oceano primordial” não haveria matéria. Mais ou menos como diz a Bíblia: “No princípio, ao criar Deus os céus e a terra, a terra era sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas.”(9)

Cientista é um bicho teimoso. Não importa que sua teimosia seja chamada de pragmatismo, racionalismo, positivismo ou qualquer outro nome que se queira dar a essa mania de buscar prova material para tudo. E para isso leva anos e anos pesquisando e gastando milhões de dólares em recursos para tentar provar aquilo que o espírito humano já sabe desde que o primeiro homem experimentou a sua primeira reflexão: que Deus existe e que é Ele, seja lá o que Ele for − uma entidade ou uma forma de energia − que dá existência a toda realidade cósmica.

Galáxias, estrelas, planetas, asteroides, tudo são condensações de energia, presas por um vínculo de união e organizadas segundo um padrão de estabilidade. Como disse o físico Heisenberg, se a gravidade fosse retirada do universo, a luz também desapareceria e o mundo desabaria sobre si mesmo.(10)
Por seu turno Hawking nos mostra que no universo existem duas forças que regem a sua formação: a força da expansão, que faz com que o universo se expanda na velocidade da luz e a força da contração, que faz com que as massas cósmicas se agrupem e formem os sistemas planetários. Essas duas forças se traduzem em duas leis: a relatividade e a gravidade. Assim, o que hoje se descobre nos laboratórios já estava presente na intuição dos taumaturgos e pensadores do passado. Bastaria uma consulta ao Zhoar, (a bìbllia dos cabalistas) para ver que a descrição do Big-Bang já estava lá com todas suas cores: “No início, quando a vontade do Rei começou a ter efeito, Ele imprimiu signos na esfera celeste. Uma flama escura brotou do fundo do recesso mais escondido, do mistério do Infinito, qual uma névoa formando-se no informe, encerrado no anel daquela esfera, nem branca nem preta, nem vermelha nem verde, de cor nenhuma. Só quando a flama começou a assumir tamanho e dimensão foi que produziu cores radiantes. Pois do centro mais íntimo da flama brotou uma fonte, da qual emanaram cores que se alastraram sobre tudo que estava embaixo, oculto no mistério do ocultamento do Infinito. A nascente irrompeu, e no entanto, não irrompeu através do éter (da esfera). Não era possível reconhecê-la de modo algum, até que um ponto escondido, sublime, raiou sob o impacto do irrompimento final. Nada para além desse ponto é cognoscível, e é por isso que se chama reschit, o começo, a primeira daquelas palavras criadoras, por meio das quais o universo foi criado.” (11)

É muito bom que os cientistas tenham descoberto (se é que de fato descobriram) o DNA do universo físico (que eles chamam de bóson de Higgs). Mas nada disso nos leva á compreensão do que realmente Deus é, e qual o caminho mais seguro e correto para se chegar a Ele. Isso porque o caminho para Deus nunca será desvelado no estudo do que é simplesmente material. Por isso é que a ciência jamais prescindirá da filosofia (e dentro desta a teologia) como ferramenta de investigação dessa parte oculta do universo, que é a sua porção espiritual. Pois como dizem os mestres cabalistas, a nossa mente é "um telefone" com a qual nós podemos nos comunicar com Deus. O único problema, diríamos, nós é discar o número certo, já que há tanta gente ocupada em nos passar números errados. 
Mas talvez, se os cientistas não fossem tão teimosos eles já teriam descoberto como o universo nasceu na descrição que o cronista bíblico faz da criação do mundo e assim não precisaríamos gastar tanto tempo, fosfato e dinheiro para comprovar o que a intuição taumatúrgica já sabe desde o princípio dos tempos. 

Um respeitado cientista, ao explicar a importância do bóson de Higgs para a formação da matéria universal, utilizou uma interessante comparação: “ele é como a água para os peixes”. (12)
Assim, bastaria observar observar a expressão bíblica que diz, textualmente, que no início “o Espírito de Deus movia-se sobre as águas”. E com isso chegar-se-ia mais fácil á conclusão de que céu e terra (ou seja, o universo) nasceram com o surgimento da luz. Que a luz foi a primeira manifestação da Existência Positiva de Deus (na linguagem da Cabala), e essa luz é o “Espírito de Deus” promovendo a fecundação da vida sobre as “águas primordiais” (o caos de partículas energéticas liberadas pelo Big-Bang).

Tudo isso nos mostra que o universo não é caótico e que Deus não é indiferente ao seu destino. Que existe um processo regulando a sua criação, orientando o seu desenvolvimento. Há uma “Ordo ab Chaos” (uma ordem no caos), da qual participamos, talvez inconscientemente. Por enquanto sabemos apenas que existem duas margens nesse imenso rio que precisam ser ligados por uma ponte. Algumas pilastras já foram postas pelos grandes sábios do passado e do presente. Uma boa parte delas é obra dos mestres da Cabala e da Gnose. Sobre elas caminham os maçons, os rosa-cruzes, os gnósticos, os teosofistas e os cientistas que não perderam a sua espiritualidade. É só andando sobre elas que nós podemos, com muito cuidado, encetar esta nossa aventura espiritual.

O bóson de Higgs-“partícula Deus”- Fonte Wikipédia Fundation.

1.O universo em expansão- Fonte: Revista Científica Universal.
2. O Fenômeno Humano, citado, pg. 96.
3. Ordo ab Chaos. Expressão latina que designa o processo de organização que vem ocorrendo no universo físico que saiu da explosão do Big-Bang. Por isso ela é usada na Maçonaria para simbolizar a esperança maçônica de congregar em uma única proposta filosófica todas as diferentes concepções políticas e religiosas, gerando uma ordem social perfeita, que sirva a todos os povos do mundo. 
4. Segundo Teilhard de Chardin (O Fenômeno Humano, citado), a evolução do universo físico obedece á duas grandes leis: a lei da união, pela qual as partículas elementares que formam a matéria tendem a se unir para formar átomos e estes se unem para formar os elementos químicos; e a lei da complexificação, segundo a qual essa união vai produzindo compostos cada vez mais complexos, dando um sentido á evolução.
5. É nesse sentido que Einstein disse que “Deus não joga dados”. Que dizer, Deus não constrói o universo aleatoriamente, testando alternativas para ver no que vai dar.
6. Teilhard de Chardin- op. citado pg. 27.
7. Religiões reveladas são aquelas cuja doutrina, supostamente, foram transmitidas aos seus fundadores pela própria Divindade. O Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo são exemplos de religiões reveladas. Já o Budismo, o Taoísmo, o Espiritismo são exemplos de religiões metafísicas, pois seus pressupostos são deduzidos a partir de especulações filosóficas ou de experiências psíquicas feitas pelos seus fundadores.
8. O que Teilhard de Chardin chama de “estofo do universo” é a energia primordial que atua na base de todas as coisas existentes no universo.
9. Gênesis, 1: 1,2. Que se
10. Werner Karl Heisenberg (19011976) físico teórico alemão, Prêmio Nobel de Físicaem 1932, pela descrição dos princípios da mecânica quântica.
11..Sepher Há Zhoar, I 15, a.
12. O “bóson de Higgs” é a partícula atômica que segundo os teóricos da física nuclear é responsável pelo surgimento da massa física do universo. Essa partícula essencial, apelidada de “partícula Deus”, foi descoberta pelo cientista Peter Higgs em 1964. Em 2013, a existência e atuação desse padrão energético foi observada e comprovada pela primeira vez através de pesquisas realizadas nos laboratórios do CERN (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares).


João Anatalino

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Os Sete Princípios de Hermes


 Pesquisa Ir.: Jaime Balbino de Oliveira

1º.- O Princípio do Mentalismo "O Todo é Mente. O Universo é Mente." O Todo é Espírito, u’a Mente Vivente Infinita. O Universo é uma Criação Mental do Todo, a qual está sujeita às Leis das Coisas Criadas. O Universo como um todo e, nessa Mente Suprema, tudo vive, move e têm existência. Este princípio fundamenta a Natureza Mental do Universo, assim, explicados estão todos os fenômenos mentais e psíquicos. Este Princípio denuncia a real natureza da Força, da Energia e da Matéria, assim é que "aquele que compreende a verdade da Natureza Mental do Todo, bem avançado está no Caminho do Domínio".

2º.- O Princípio de Correspondência "O que está em cima é como o que está embaixo e o que está embaixo é como o que está em cima." Assim como o Todo é Mente, o homem também é mente. Do mesmo modo que o Todo cria mentalmente, o homem, também, o faz. Os Sete Princípios Herméticos estão interligados ao Princípio de Correspondência nos planos da forma e dos sem-forma (mental e espiritual). O Princípio da Correspondência em tudo se manifesta porque há uma correlação harmoniosa nos diversos planos. Em síntese: todos os Sete Princípios estão interligados entre si. "O que está em cima é como o que está embaixo e vice-versa", compreende um dos Grandes Princípios dos fenômenos universais. Este Princípio é um dos meios mentais mais poderosos que abre o homem a porta do desconhecido.

3º.- O Princípio de Vibração "Nada há parado. Tudo se move e tudo vibra." Este princípio diz, por si só, esta grande verdade: Nada, está parado. Tudo vibra, tudo está em movimento. A cada nova descoberta científica, este princípio é confirmado e ele explica que as diferentes manifestações de Matéria, Energia, Mente e Espírito, são resultados das ordens variáveis de Vibração. Tudo está em vibração, e quanto mais elevada for a vibração, tanto mais elevada a posição na escala vibratória. Desde o ínfimo átomo, com seus elétrons, prótons e neutrons até os mais grandiosos Astros, tudo está em movimento vibratório. Aquele que compreende o Princípio de Vibração alcançou o centro do Poder, diz um Mestre antigo. 

4º.- O Princípio de Polaridade "Tudo é Duplo, tudo tem pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados." Este princípio explica os antigos paradoxos, tais como: "A tese e a antítese são idênticas em natureza, mas diferem em grau. Os opostos são a mesma coisa, diferindo somente em grau. Os pares de opostos podem ser reconciliados. Os extremos se tocam. Tudo existe e não existe ao mesmo tempo. Todas as verdades são meias-verdades. Há dois lados em tudo, etc., etc." Este princípio explica que em tudo há dois pólos ou aspectos opostos e que os opostos são simplesmente os dois extremos da mesma coisa, consistindo a diferença em variação de graus, assim, por exemplo, o calor e o frio, ainda que sejam opostos, são a mesma coisa, a diferença entre eles consiste simplesmente na variação de graus dessa mesma coisa. Essa mesma coisa que se manifesta como calor e frio nada mais é que uma forma, variedade e ordem de vibração. 

5º.- O Princípio de Ritmo "Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o Ritmo é a compensação." Este princípio contém esta verdade: que em tudo se manifesta um movimento para diante e para trás, um fluxo e um refluxo, um movimento de atração e repulsão, um movimento semelhante ao do pêndulo, uma maré enchente e uma vazante, entre os dois pólos que existem conforme o princípio de polaridade. Existe sempre ação e existe uma reação, uma marcha e uma contramarcha, uma subida e uma descida. Isto acontece nas coisas do Universo, nos homens, nos animais, na energia, na matéria e na própria mente do homem. 

6º.- O Princípio de Causa e Efeito "Todas as coisas tem o seu Efeito, todo Efeito tem sua causa. Tudo acontece de acordo com a Lei. O Acaso é simplesmente um nome dado a uma lei não reconhecida, porém nada escapa à Lei." Este princípio contém a verdade que existe uma Causa para cada Efeito e um Efeito para cada Causa, assim se explica que tudo acontece de acordo com a Lei, nada acontece sem razão ou sem motivo, não há coisa que seja casual. Entretanto existem vários Planos de Causa e Efeito, os planos superiores, dominando os inferiores, nada podendo escapar da Lei. Este Princípio de Causa e Efeito está oculto em todas as idéias científicas antigas e modernas e foi anunciado pelos instrutores herméticos nos primitivos dias. O Princípio de Causa e Efeito foi aceito como exato por todos os pensadores do mundo inteiro, porque, pensar de outro modo, sería subtrair os fenômenos do Universo do domínio da Lei e da Ordem e relegá-los ao domínio de uma causa imaginária muito conhecida sob o nome de Acaso. 

7º.- O Princípio de Gênero "O Gênero está em tudo. Tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino. O Gênero se manifesta em todos os planos." O Gênero se manifesta em tudo, os princípios masculino e o feminino se manifestam em todos os planos e estão em ação. Isto é correto não só no plano físico, como também nos planos mental e espiritual. No plano físico este princípio se manifesta como "sexo"; no mental são: vontade(masculino) e imaginação(feminino). Nenhuma criação, quer física, quer mental ou espiritual, é possível sem este princípio. A compreensão de suas leis poderá esclarecer muitos assuntos que deixaram perplexas as mentes dos homens. 

terça-feira, 12 de julho de 2016


Saudação à Bandeira


Autor : Francisco Assis de Carvalho


“Bandeira do Brasil, eu te saúdo!
Em nome desta Assembléia de Homens livres, aqui reunida,
Eu te saúdo !

Eu te saúdo pelo que fostes em nosso passado,
Pelo o que tu és
E pelo que representas para nós!

Bandeira do Brasil, nós, os Maçons,
Temos te seguido os passos através da História, destes tempos imomeriais,

Tu tinhas, em outras épocas, outras cores e outros emblemas,
Porém teu simbolismo permaneceu imutável.

Desde a longínqua data em que o Índio Poti,
Felipe Camarão,
E o negro Henrique Dias, te empunharam,
E te levaram para os campos de batalha

Tabocas, Taborda, Guararapes,
Para lutar contra o estrangeiro invasor,
Tu deixaste de ser a Bandeira de Portugal,
Que também era estrangeira,

Para ser a BANDEIRA DO BRASIL!

Bandeira do Brasil!
Tu estavas com Felipe dos Santos, na revolta de Vila Rica,
Em 1720.

Tu estavas com os Inconfidentes de Minas,
E subistes ao patíbulo com TIRADENTES,
Em 1792.

Tu estavas no Areópago de Itambé, da Revolução Pernambucana,
Em 1817.

E fostes fuzilada com Padre Roma e Padre Miguelinho.
Tu estavas às margens do riacho Ipiranga, com D. Pedro I,
No Grito da INDEPENDÊNCIA,
Em 1822.

Tu fostes arcabuzada com Frei Caneca,
Em 1825, após a Confederação do Equador,

Quando os dois grandes Maçons, CAXIAS E CANABARRO,
Assinaram o Tratado de Poncho Verde,
Pondo fim à Guerra do Farroupilhas.

Tu tremulavas bem junto às Tendas dos dois HERÓIS !
Tu acompanhastes, altaneira, as nossas tropas,
Na Guerra do Paraguai !

Bandeira do Brasil !
Só uma vez, nós te condenamos.

E te condenamos com veemência,
Na voz e nos versos do maior Poeta que o Brasil já teve,
ANTÔNIO DE CASTRO ALVES !

Por essa época, Bandeira do Brasil,
Tu tremulavas impune, na Gávea dos Navios Negreiros,

Mas, Castro Alves, cheio daquela Ira Sagrada,
Que todos os Maçons devem sentir,
Ao te ver ultrajada,

Apostrofou, a ti, e aos donos da Pátria, de então
Com estas diatribes terríveis, que ainda hoje ressoam,
Aos ouvidos da Grande Nação :

- " Existe um povo que a BANDEIRA empresta,
Para cobrir tanta infâmia e covardia,
e deixa-a transformar-se nesta festa,
em manto impuro de bacante fria.

Meu Deus, mas que Bandeira é esta,
Que imprudente, na Gávea tripudia ?
Silêncio Musa, chorai tanto,
Que o Pavilhão se lave no teu pranto !

Auri-Verde Pendão da minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a Luz do Sol encerra,
E as promessas divinas de Esperança !

Tu, que da Liberdade e, após a Guerra,
Fostes hasteada, dos Heróis, na lança,
Antes te houvessem roto, na batalha,
Que servires um Povo de mortalha.

Andrada, arranca esse Pendão dos ares ! - "

BANDEIRA DO BRASIL

Depois tu te reabilitastes.
Tu reabilitastes na voz patética do Maçom Negro,
José do Patrocínio, quando bradou :
"Meu Deus, já não existem mais escravos em minha Pátria !"

Tu reabilitastes nas montanhas da Itália, lutando pela Democracia,
Na última Grande Guerra Mundial.

E quando um presidente da República, te içou, pela primeira vez,
Num mastro metálico do primeiro poço de Petróleo da Petrobrás,
- O Monteiro Lobato - Nesse dia,
Bandeira do Brasil, tu te lavaste nas Águas Lustrais,
Da nossa Soberania.

E por isso, hoje, quando mais Irmãos,
Transpõem os umbrais deste Templo,
Para junto conosco, reverenciar o teu vulto Sagrado,

Eu te saúdo, em meu nome,
Em nome do meu Venerável,
Em nome de todos os Maçons e amigos, aqui reunidos,

EU TE SAÚDO !
EU TE SAÚDO E
BEIJO ! "





O MESTRE INTERIOR - NO TEMPLO




Autor: Pedro Neves


A porta do Templo é um símbolo de acesso ao interior, onde está oculta a verdade e outros tesouros. Quando solicitamos a entrada no Templo interior, somos questionados “Quem é o temerário que ousa interromper as nossas meditações”, e o nosso guia interior responde que é um candidato que não é escravo das paixões e desejos e que não é de maus costumes, pois, no Templo da verdade e da sabedoria, não entra quem é preconceituoso e possui péssimos costumes. Caso não tenhamos o desejo sincero de buscar a verdade, poderemos ser impedidos pela espada do guardião, que impede a entrada de curiosos temerários, invasores profanos e dos mercadores do santuário. Fazemos uma oração para solicitar o auxílio nos momentos de perigo, durante o trajeto na senda. Sabemos que o vício nos arrasta para o mal e que devemos ter disposição na alma para a prática do bem. As coisas boas da vida, a doçura, podem se transformar de uma hora para outra em amargor, em decepções, e temos que estar preparados para isso, Cristo passou por dores e momentos insuportáveis, os momentos difíceis nos deixam vulneráveis. Ao curioso que pensa somente em adquirir poderes, estabilidade financeira com riquezas e auxílios mútuos, e se esquecem do desenvolvimento espiritual, sentem a desilusão, porque, os espera um cálice de amargura, que ao ser apresentado a Cristo, este exclamou: “Pai, se é possível, afasta de mim este cálice”. O verdadeiro postulante, consegue absorver a mudança das doçuras da vida em amargor, e tem fé que o amargor se transforme novamente em doçura pela conhecimento da verdade. Temos que percorrer um caminho difícil e tortuoso, os obstáculos e a instabilidade do tempo (ar), com chuvas e trovoadas, e nessa viagem, começamos o trajeto na realidade exterior (ocidente), e passamos pela noite escura do norte utilizando apenas a visão intelectual, caminhamos com dificuldade, até podermos chegar ao lugar de luz (oriente), após conseguirmos a iluminação da consciência, não poderemos ficar parados neste local, não podemos guardar a luz, temos que levá-la aos que ainda se encontram no mundo material sem luz (ocidente). Temos que ter ciência que representamos o símbolo da sociedade, onde a inteligência de um pequeno grupo conduz as massas ignorantes que não podem se governar. O processo de busca da luz é contínuo, quando estivermos mais esclarecidos poderemos percorrer um caminho mais plano, ainda poderemos ouvir o som dos combates da vida, tinir de espadas, mas, ao final deste caminho, o nosso guia nos leva a uma fonte de água para purificarmos a alma. Novamente temos a demonstração da solidariedade humana. Então, seguimos por um caminho livre de obstáculos, podemos ouvir o crepitar das chamas durante este trajeto e sentimos o calor do fogo, que, além de purificador é o símbolo da descida do Espírito sobre a matéria. Estaremos aptos a nos submeter à terrível prova do batismo do heroísmo, do mártir, oferecemos o nosso fluido vital (sangue). Então, poderemos receber o selo da fé e da caridade em nosso peito. Devemos procurar auxiliar e socorrer os necessitados, os miseráveis e deserdados da fortuna, não podemos ser vaidosos e fazer doações com orgulho, humilhando a quem recebe as nossas dádivas, sentimos a angústia em nosso coração diante da impossibilidade de socorrer os miseráveis e necessitados. Com a prática da caridade, juramos fidelidade ao dever, e retiramos a venda material que nos cobria os olhos, podemos finalmente ver a luz. Somos consagrados e nos tornamos justos e perfeitos. Nascemos de novo, cumprimos o que disse o Divino Mestre Jesus: “O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS”


Pedro Neves .’. M.’. I.’. 33.’.
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A ÁGUIA DE LAGASH




Alguns símbolos adquiriram tal vigor que até o não iniciado sabe que o mesmo se refere à Maçonaria. O esquadro e o compasso são disso mesmo um bom exemplo: pessoas com um pouco de cultura os reconhecem como símbolo da maçonaria. Não sabem é, e só o iniciado sabe, que pela disposição dos mesmos existe um significado intrínseco. A águia bicéfala está num outro patamar, onde somente os mais atentos percebem quando esta é um símbolo maçónico.

A "Águia de Duas Cabeças de Lagash" é o mais antigo brasão do Mundo. Nenhum outro símbolo emblemático no Mundo pode rivalizar em antiguidade. A sua origem remonta à antiquíssima Cidade de Lagash (1). Era já utilizado há cerca de mil anos antes do Êxodo do Egito, e há mais de dois mil anos quando foi construído o Templo do Rei Salomão.

Com o passar dos tempos, passou dos Sumérios para o povo de Akkad (2) (Acádia), destes para os Hititas (3), dos recônditos da Ásia menor para a posse de sultões, até ser trazida pelos Cruzados aos imperadores do Oriente e Ocidente, cujos sucessores foram os Hapsburg e os Romanoff.

Em escavações recentes, este «brasão» da Cidade de Lagash foi descoberto numa outra forma: uma águia com cabeça de leão, cujas garras se cravam nos corpos de dois leões, estes de costas voltadas. Esta é, sem dúvida, uma variante do símbolo da Águia.

A Cidade de Lagash situava-se na Suméria, no sul da Babilónia, entre os rios Eufrates e Tigre, sendo perto da atual cidade de Shatra, no Iraque. Lagash possuía um calendário de doze meses lunares, um sistema de pesos e medidas, um sistema de banca e contabilidade, sendo ainda um centro de arte e literatura, para além de centro de poderes político e militar, tudo isto cinco mil anos antes de Cristo.

No ano 102 a.C., o cônsul romano Marius decretou que a Águia seria um símbolo da Roma Imperial. Mais tarde, já como potência mundial, Roma utilizou a Águia de Duas Cabeças, uma voltada a Este e outra a Oeste, como símbolo da unidade do Império. Os imperadores do Império Romano Cristianizado continuaram a sua utilização e foi depois adoptado na Alemanha durante o período de conquista e poder imperial.

É provável que a águia bicéfala tenha sido usada como símbolo maçônico desde o 12º século. Já as evidências disponíveis indicam ter sido ela usada pela maçonaria em 1758, após a criação do Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente em Paris. Era parte do Rito de Perfeição, do antigo Rito dos vinte e cinco graus, evoluindo em grande parte para o sistema Escocês. Não existe dúvida relativa ao uso da águia bicéfala pelo Supremo Conselho, 33º, Jurisdição Sul dos USA desde 1801.

Os sucessores do Conselho de Imperadores do Ocidente e Oriente, são os vários Supremos Conselhos do Grau 33º espalhados pelo mundo, que herdaram a insígnia do emblema pessoal de Frederico o Grande, considerado como o primeiro Soberano Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceito, conferindo ao Rito o direito de usa-la em 1786. (Sic.) simultaneamente adotou (acrescentou) mais sete graus (Aceitos) aos vinte e cinco conhecidos (Antigos), chegando-se então a trinta e dois graus Antigos e Aceitos. A esses graus foi acrescentado o Grau governativo do Rito de número trinta e três.

Observa-se que os Supremos Conselhos que tinham laços com a grande Loja da Inglaterra têm em seus selos a águia com as asas para cima, conquanto os supremos conselhos que tinham laços com a Grande Loja da França, têm em seus selos a águia com as asas voltadas para baixo. Existe este padrão, seja ele intencional ou não.

Nos compêndios de heráldica encontramos a águia bicéfala e acreditamos que como resultado da presença dos cruzados no Oriente, trazida como símbolo para os Imperadores do Oriente e do Ocidente, cujos sucessores foram nos últimos tempos, os Habsburgos e os Romanovs, em cujas moedas ela aparece sistematicamente, sendo copiado pela maioria das "Cidades Livres da Europa", principalmente as da Alemanha, e como emblema no Império Oriental da união de Bizâncio com Constantino.
O fato de a águia estar representada com as asas abertas para cima ou para baixo é uma questão diretamente relacionada ao desenho do selo por um Supremo Conselho em particular, como resultante do gosto artístico de cada povo, preferindo uns o estilo clássico copiando a natureza, enquanto outros dão preferência à representação marcial. A Águia Bicéfala de Lagash é o mais antigo emblema do mundo e nenhuma outra figura pode gabar-se desta Antiguidade.

Como símbolo do Rito escocês Antigo e Aceito a Águia Bicéfala de Lagash tem suas asas abertas e coroada (encimada) pela coroa da Prússia. Suas garras estão pousadas em uma espada desembainhada que tem uma fita como ornamento serpenteando-a desde seu punho até a extremidade da lamina contendo a divisa: "Spes Mea in Deo Est" ("A Minha Esperança Está Em Deus").


Notas:
1. Lagash é uma das cidades mais antigas da Mesopotâmia. A cidade de Lagash situava-se na Suméria, no Sul da Babilônia, entre os Rios Eufrates e Tigre, perto da atual cidade de Shatra, no Iraque. Possuia um calendário de doze meses lunares, um sistema de pesos e de medidas, um sistema bancário e de contabilidade, sendo ainda um centro de arte e literatura, tudo isso cinco mil anos antes de Cristo. Envolveu-se numa guerra com outra cidade-estado vizinha, de nome Umma, por causa do controle da água, sendo este o primeiro conflito armado de que se tem notícia tendo como causa o chamado "precioso líquido".
2. Cidade que se localiza na parte superior da baixa Mesopotâmia, situada à margem esquerda do Eufrates, entre Sippar e Kish (no atual Iraque, a cerca de 50 km a sudoeste do centro de Bagdad). Geralmente, contudo, é comum referir-se à cidade como Ágade (ou Agade), e à região como Acádia. A cidade/região alcançou seu cume de poder entre os séculos XX e XVIII a.C., antes da ascensão da Babilônia, além de representar o núcleo do reino de Nimrod na terra de Sinar.
3. Os Hititas eram um povo indo-europeu que, no II milénio a.C., fundou um poderoso império na Anatólia central (atual Turquia), cuja queda data dos séculos XIII-XII a.C.. Em sua extensão máxima, o Império Hitita compreendia a Anatólia, o norte e o oeste da Mesopotâmia até a Palestina. Chamavam-se a si próprios Hatti, e a sua capital era Hattusa.


http://www.maconaria.net/portal/index.php/lagash.html


domingo, 10 de julho de 2016



Vitrúvio - o Microcosmo e o Gnómon

Extraído do site http://orvalhodohermon.blogspot.com.br/2013/04/vitruvio-o-microcosmo-e-o-gnomon.html

«O Número é a alma das coisas» (Pitágoras)


1 - O Templo


Até ao advento do cristianismo, a construção de templos aos deuses no mundo greco-romano obedecia a cânones arquitecturais precisos, que só vieram a ser expostos por escrito por Vitrúvio no século I a.C. na sua obra monumental “De Architectura”. Deste extenso tratado de Vitrúvio, expomos em seguida os quatro primeiros artigos do capítulo terceiro, que expõem sucintamente esses cânones para a construção de templos (1):

«A planta dos Templos depende da Simetria, cujas regras devem ser cuidadosamente observadas pelos Arquitectos. A Simetria nasce da proporção, que os gregos chamam ἀναλογία. A Proporção é a devida regulação das dimensões das diferentes partes, entre si e com o conjunto; da harmonia desta regulação depende a Simetria. Assim, de nenhum edifício se poderá dizer que foi bem desenhado, se não atendermos à sua simetria e proporções. Em verdade, elas são necessárias para a beleza do edifício, assim como para uma bem proporcionada figura humana» (Capítulo III, 1).

«O que a natureza estabeleceu é que, na cara, desde o queixo até o alto da testa, ou das raízes do cabelo, correspondem a uma décima parte da altura do corpo todo. Desde o queixo para a coroa da cabeça é uma oitava parte de toda a altura e, a partir da nuca do pescoço à coroa da cabeça, o mesmo. Desde a parte superior do peito às raízes do cabelo um sexto; à coroa da cabeça, um quarto. A terça parte da altura da face é igual à distância compreendida à que medeia entre o queixo e a parte inferior das narinas, outro terço até ao meio das sobrancelhas; e daqui às raízes do cabelo, onde termina a testa, o terceira parte restante. O comprimento do pé é uma sexta parte da altura do corpo. O antebraço, uma quarta parte. A largura do peito uma quarta parte. Da mesma forma os seus membros têm outras devidas proporções, em respeito às quais, os antigos Pintores e escultores granjearam tanta reputação» (Capítulo III, 2).

«Assim, as partes dos Templos devem corresponder entre si, e com o todo. O umbigo é, naturalmente, colocado no centro do corpo humano e, no caso de um homem deitado com o rosto para cima, e as mãos e os pés estendidos, e tendo o seu umbigo como centro, um círculo será descrito, que tocará os seus dedos das mãos e dos pés. Não é só por um círculo que o corpo humano é circunscrito, como pode ser visto se o figurarmos dentro de um quadrado. Medindo desde os pés à coroa da cabeça e, em seguida, à largura dos braços bem estendidos, constatamos que estas medidas são iguais às anteriores; de modo que duas linhas com ângulos rectos entre si, encerrando a figura, formarão um quadrado» (Capítulo III, 3).

«Se a Natureza constituiu o corpo humano de forma que os diferentes membros do mesmo são medidas do conjunto, assim, os antigos, com grande propriedade, determinaram o mesmo na perfeição das suas obras, cada parte deve ser uma parte alíquota do todo; e desde que o estabeleceram, tem vindo a ser observado em todas as suas obras, e de forma mais rigorosa, nos templos dos deuses, onde as suas falhas, tal como as suas belezas, permanecerão até ao fim dos tempos» (Capítulo III, 4).

O ideal greco-romano para a construção de templos cumpre assim um denso esoterismo: o homem é a medida de todas as coisas (Protágoras), e as suas proporções geométricas certificam que o Homem Individual (Microcosmo) presente na arquitectura sagrada é uma projecção do Homem Cósmico (Macrocosmo), divino e perfeito. O templo, tendo o Homem como modelo, enfatizava a sua função de ponte entre o indivíduo e as potências cósmicas.

A forma rectangular dos templos gregos e romanos, representava assim o corpo do homem e, por analogia, os céus. O rectângulo é uma extensão geometricamente proporcional do quadrado (2), e o quadrado ou quaternário, a expressão mais pura do espaço e do tempo: quatro regiões, Idades do homem, Eras do Mundo, estações do ano, fases da lua, etc.

O Homo Quadratus encarnado na arquitectura sagrada, é um símbolo pleno de significado. O seu centro assinala o ponto axial do mundo (o umbigo), uma cruz desenhada no interior do quadrado, e a divisão dos quatro quadrados resultantes em oito triângulos, resultam no seccionamento do quadrado em oito linhas que divergem do seu centro, e que apontam para os pontos cardeais e para os quatro cantos do mundo – divisão óctupla do espaço sagrado.

Assinalemos que o templo em forma de quadrilátero e a valorização religiosa das formas e volumes geométricos, não é uma criação dos gregos, mas que estes prolongam uma tradição milenar perpetuada nas margens do Nilo, onde podem ser encontradas as raízes do orfismo, e onde Pitágoras e Platão foram instruídos por sacerdotes egípcios.

Para a escola de Pitágoras, o quaternário era a origem da natureza divina e a raiz da tétractis (1+2+3+4), de cuja soma resultava o 10, a Década, o Número da Perfeição, e unindo com um traço a cabeça e os membros do Homem de Vitrúvio, obtém-se o Pentagrama, que era para a escola de Pitágoras, o símbolo do homem enquanto microcosmo, síntese do homem e do cosmos (número nupcial, matrimónio do número dois, masculino, e do número três, púbico e feminino). A geometria religiosa dos pitagóricos escalonava assim os números da tétractis: o um era a origem, a fonte da divindade e de todos os números; dois, o desdobramento do um, fonte da dualidade criadora; três, o universo vertical, céu, terra e inferno; quatro a justiça, a estabilidade; cinco o número nupcial; dez a perfeição absoluta. Ou, numa perspectiva espacial, um é o ponto (o ponto axial, do círculo ou do quadrado), dois, a linha, três a superfície, quatro, o volume (3). Todos estes números, mais o seis, o Número da Inteligência, repetem-se nas proporções acima transcritas da tratadística de Vitrúvio, e o seu Homem inscrito num quadrado (homo ad quadratum) interior a um círculo (homo ad circulum), não deixa de evocar a cosmologia pitagórica (4).

Continuemos com Vitrúvio:

«Os antigos consideravam o dez, um número perfeito, porque os dedos são dez em número, e o palmo deriva dele, e do palmo deriva o pé. Platão, atendendo a isso, chamou ao dez, um número perfeito; a Natureza formou as mãos com dez dedos, e também porque o dez é composto por unidades chamadas μονάδες em Grego» (III, 1).

2 – A Cidade Ideal


Para Vitrúvio, a planificação de uma cidade requeria tantos cuidados como a construção de um templo, e dedica grande parte da sua dissertação à disposição da cidade em função dos oito ventos.

«Com uma laje de mármore cria-se um nível fixo no espaço encerrado pelas muralhas, ou faz-se com que o terreno seja aplainado e nivelado de modo que a laje de mármore não seja necessária. No centro deste terreno plano, com o propósito de marcar correctamente a sombra, deve ser erigido um gnómon metálico. Os Gregos chamam a este gnómon cσκιαθήρας. Por volta da quinta hora da manhã, deve ser determinada a extremidade da sombra projectada pelo gnómon, e marcada com um ponto. Do ponto central do terreno, onde o gnómon está fixo ao solo, como um centro, descrever um círculo a partir do ponto assinalado pela extremidade da sombra. Depois do Sol ter passado o meridiano, observar a sombra que o gnómon continua a produzir até ao momento em que a sua extremidade toque novamente no círculo já traçado (5).

«A partir dos dois pontos obtidos na circunferência do círculo, descrever dois arcos interseccionantes entre si, e através da sua intersecção e do círculo inicialmente descrito, traçar uma linha até à sua extremidade – e obtém-se o diâmetro que deve separar os quartos do norte e do sul. A décima sexta parte da circunferência do círculo completo será medida para a direita e para a esquerda dos pontos norte e sul, e desenhadas linhas dos pontos obtidos para o centro do círculo, temos uma oitava parte da circunferência para a região norte e outra oitava parte para a região do sul. Divide-se o que resta da circunferência em cada lado em três partes iguais, e obtemos a divisão das regiões dos oito ventos, então projectar as direcções das ruas em função das linhas que separam as diferentes regiões dos ventos» (Capítulo I, 6, 7).

Vitrúvio descreve a planificação de uma cidade como era tradição no mundo antigo, mas acrescenta-lhe uma dimensão teórica, ideal, não cumprida até então: a cidade deveria não só ser orientada nas oito direcções (pontos cardeais e cantos do mundo), mas ter além disso, a forma de um octógono, a sua forma perfeita, com cada uma das faces voltada para um dos oito ventos dos geógrafos gregos e latinos: Setêntrio (norte), Áquilo, (nordeste), Solanus (Este), Eurus (sudeste), Auster (sul), Africus (sudoeste), Favonius (Oeste) e Corus (Noroeste).

O centro da cidade de Atenas, o seu umbigo, era uma torre com a forma octogonal, a torre dos Ventos de Andronicus Cirrestes, profusamente descrita por Vitrúvio, com faces no término dos oito raios do compasso, cada uma delas decorada com uma alegoria do vento que enfrentava (7).

Esta insistência de Vitrúvio nos oito ventos, dissimula um sentido esotérico subjacente.

Tudo começa com a “escolha” de um centro (o umbigo do microcosmo), muitas vezes, decerto, com rituais divinatórios para auscultar a vontade dos deuses ou perpetuando um lugar sagrado pré-existente. Nesse centro ergue-se o gnómon, que é a unidade sagrada, o ponto de irrupção de divino, eixo que unirá os três mundos na vertical.

A parir do gnómon traça-se o círculo, que delimita a fronteira do espaço cósmico, e desse círculo solar se obterá, com dois círculos interseccionantes, os quatro ângulos do quadrado interno que pode ser esquartelado pela cruz que aponta os pontos cardeais. Círculo, quadrado, cruz, que produzem o octógono, expressão da união da terra (o Quadrado) e do Céu (o círculo). Á divisão óctupla do espaço podemos acrescentar a divisão em oito do dia e do ano que eram praticados na Europa e Mediterrâneo e que persistiu na roda celta das oito festividades anuais. Para os pitagóricos, o oito seria considerado o Número da Igualdade, porque colocava no mesmo plano o mundo terrestre e o mundo celeste, os deuses e os homens (8).

Encontrei um texto de Réne Guenon, no qual ele reforça a ideia de que na arquitectura religiosa, ao quadrado corresponderia o edifício quadrangular em si, enquanto a esfera presidia a construção da abóbada do templo. Ainda que seja um anacronismo falar de abóbadas para o mundo grego, a sua explanação sobre o esoterismo do octógono merece ser seguida:

«As formas quadradas ou cúbicas referem-se à terra, e as formas circulares ou esféricas ao céu; o significado destas duas partes resulta imediatamente disto, e acrescentemos que a terra e o céu não designam aí, apenas, os dois pólos entre os quais se produz toda a manifestação, como ocorre particularmente com a Grande Tríade extremo-oriental, mas que correspondem igualmente, como no Tribhúvana hindú, aos aspectos dessa mesma manifestação que estão mais próximos, respectivamente, dos ditos pólos e que, por essa razão, se designam por mundo terrestre e mundo celeste. Há um ponto sobre o qual tivemos oportunidade de insistir anteriormente, mas que merece ser tomado em consideração: enquanto o edifício representa a realização de um "modelo cósmico", o conjunto da sua estrutura, se a reduzirmos exclusivamente a essas duas partes, seria incompleto no sentido de que, na sobreposição dos "três mundos", faltaria um elemento correspondente ao "mundo intermédio". De facto, esse elemento existe também, pois o domo ou abóbada não pode assentar directamente sobre a base quadrada, e para permitir a passagem de uma forma à outra é necessária uma forma de transição que seja, de certo modo, intermédia entre o quadrado e o círculo, forma que é, geralmente, a do octógono.

«(...) Na construção, a forma do octógono pode realizar-se, naturalmente, de maneiras diferentes, e especialmente, por meio de oito pilares que suportam a abóbada; encontramos um exemplo na China, no caso do Ming-Tang (...), cujo "tecto redondo está suportado por oito colunas que repousam sobre uma base quadrada, com a terra, pois, para realizar esta quadratura do círculo, que vai da unidade celeste da abóbada ao quadrado dos elementos terrestres, é necessário passar pelo octógono, que se encontra em relação com o mundo intermédio das oito direcções, da oito portas e dos oito ventos" (Luc Bennoist, "Art du Monde", p. 90). O simbolismo das "oito portas", que se menciona também nesta passagem, explica-se pelo facto de que a porta é essencialmente um lugar de passagem e representa, como tal, a transição de um estado a outro, especialmente, de um estado "exterior" a outro "interior", pelo menos relativamente, porque essa relação do "exterior" e do "interior" é sempre comparável, em qualquer nível que se situe, à do mundo terrestre e o mundo celeste».

Notas

(1) Servimo-nos da edição online da obra, em língua inglesa, do portal LacusCurtius de autores gregos e romanos
(2) ”O sistema da proporção definida que os gregos empregavam no desenho dos seus templos foi outra causa do efeito que eles produzem sobre as mentes incultas. Para eles não só a altura deveria ser igual à largura, ou comprimento duas vezes a largura - mas toda e qualquer parte devia ser proporcional a todas as partes com que ela se relacionava, em alguma razão tal como 1 para 6, 2 para 7, 3 para 8, 4 para 9, ou 5 para 10, etc. A medida que o esquema avança, esses números tornam-se consideravelmente altos. Nesse caso, eles revertem para alguma razão simples, tal como 4 para 5, 5 para 6, 6 para 7, e assim por diante” (James Ferguson, citado por Nigel Pennick, v. Fontes).
(3) Adaptado da tese “Números para Pitágoras” de Christian Quintana Pinedo.
(4) «Alexandre, no seu “A Herança dos Filósofos” diz ter achado também nos escritos pitagóricos as coisas seguintes: O princípio de todas as coisas é a unidade, e desta procede a dualidade, que é indefinida e depende, como matéria, da unidade que a origina. Assim, a numeração provém da unidade e da dualidade indefinida. Dos números provém os pontos, destes as linhas; das linhas, as figuras planas; e das figuras planas, os sólidos; e destes os corpos sólidos, os quais se compõem de quatro elementos, fogo, água, terra e ar, estes quatro elementos combinam-se entre si e transformam-se completamente uns nos outros, e delas se engendra o universo animado, inteligente, esférico, que tem a terra como seu centro, e a terra também é esférica e habitada no seu interior. Também há antípodas, e o nosso abaixo é o seu acima» (Diógenes Laércio, “Vidas, opiniones y sentencias de los filósofos más ilustres ”, tomo II, Livro VIII – o negrito é meu)
(5) Dito doutro modo, a distância máxima da sombra do gnómon de manhã e à tarde, fornece os pontos cardeais leste e oeste.
(6) «Por isso, Deus tornou o Todo em forma esférica e circular, sendo todas as distâncias iguais, do centro à extremidade. É esta, de todas as figuras, a mais perfeita e a mais completamente semelhante a si mesma» (Platão, "Timeu", 33).
(7) Não nos parece que a torre seja uma mera Rosa dos Ventos, mas um centro, um eixo, construído e respeitado como símbolo do equilíbrio cósmico.
(8) «O octógono resulta da união entre o quadrado da terra e do quadrado do céu, simbolizando a comunicação entre ambos», escreve Paulo Alexandre Loução no quinto capítulo de "Os Templários na Formação de Portugal" (Ésquilo, 2001), capítulo que abre com uma citação de Pitágoras: «O número oito, ou a octóada, é o primeiro cubo, vale dizer, quadrado em todos os sentidos, como um dado, que precede de sua base, o dois, ou de qualquer número; assim, o homem é quadrado ou perfeito".